Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 25
Broken


Notas iniciais do capítulo

Obrigada minhas fofinhas por comentarem explicaçoes de atraso no final...



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(Maria Madalena / Lisboa / 26 de Novembro de 2009 / Quinta-feira / 12:17)



Pequenos raios de luz atingiram-me o rosto e, ao senti-los deixei-me sorrir. Era a primeira vez em alguns meses que o fazia e também a primeira vez que conseguia acordar com os raios de sol provenientes do mundo lá fora. Mundo este a que eu deixara de ir há meses, desde aquele dia.
O meu quarto era o meu mundo, o meu pequeno mundo. Não estava a pensar sair tão cedo. Apenas sairia quando estivesse preparada. O meu sorriso foi desaparecendo aos poucos e poucos. Preparada a vários níveis, tanto psicologicamente como fisicamente.
A conversa que tivera com a minha mãe há um mês atrás ainda pairava sobre a minha cabeça. O que seria melhor? Esquecer tudo com ajuda de comprimidos ou, continuar a lembrar e, não me meter nesse tipo de coisas. Essa era a pergunta que me levava sempre a adiar a resposta à minha mãe. Eu não conseguia decidir.

Ai que raiva! – Disse frustrada, mandando todos os lençóis para o chão do quarto, enquanto a pulseira com pingentes verdes balouçava pelo meu pulso. Olhei-a atentamente, mas o bater da porta acordou-me dos pensamentos. – NÃO ESTOU PARA NINGUEM! – Gritei para a porta fechada.
Nem para mim? – Perguntou uma voz que eu tão bem conhecia.

Maria. A minha prima Maria. Podiam-se ter já passado três anos, mas eu reconheceria aquela voz em qualquer lado e em qualquer situação. A Maria sempre havia sido um género de irmã para mim. Era também uma rapariga fácil de se gostar: simpática, carinhosa, boa conselheira, mas acima de tudo, boa amiga.

Entra lá! – Respondi friamente, tocando na fina pulseira para que parasse de balouçar.

Ela não disse mais nada e, apenas entrou trazendo consigo um daqueles sorrisos dela que eu tão bem conhecia. Aproximou-se de mim e, depositou-me um pequeno beijo na testa, sentando-se logo de seguida no sofá em frente à cama, onde eu acabara de me sentar.
Olhei-a e, conhecendo-a como conhecia sabia perfeitamente que ela não iria falar. Aproveitei o silêncio para a poder olhar ao pormenor, conseguindo perceber algumas mudanças a nível do seu exterior. O seu cabelo antes castanho-escuro e curto, estava agora loiro e comprido. Os seus olhos continuavam com a mesma tonalidade de castanho e muito brilhantes. A sua pele estava pálida como sempre e, o seu estilo de antes todo baseado no preto, fora trocado por roupas mais leves e coloridas. Ela tinha também emagrecido e crescido bastante.
Ela tinha mudado, em três anos ela passara da típica miúda gótica para uma mulher simples e ainda mais bonita.

Estes com muito melhor aspecto, desde a ultima vez que te vi. – Disse-lhe, levando a que ambas acabássemos por sorrir com tal afirmação.
Sim, eu sei. – Declarou sorridente.
Oh, que pena. Ainda continuas convencida. – Acrescentei, forçando um novo sorriso. – Como estão os outros? – Perguntei, pois a única pessoa que tinha visto nos últimos meses fora a R e, tinha sido no aeroporto.
Não muito bem. Eles estão preocupados contigo. Estão a sofrer contigo também. Eu também estou, sabes? – Perguntou-me retoricamente, assumindo uma expressão séria.

Aquilo atingiu-me fortemente cá dentro. Como poderia eu ser tão egoísta ao ponto de não querer saber dos meus amigos, para estar a curtir a minha depressão? Não fazia sentido. Eles agora também estavam mal e, sabendo disso eu também estaria.
Eu estava revoltada também, pois se não tivesse entrado naquele avião, não estaria a passar por tudo isto. Não tinha o coração desfeito em pedaços e, os meus amigos não teriam de estar a sofrer por mim também.

A culpa é minha! – Disse num tom baixo, levando a Maria a olhar-me.
Não sejas ridícula Pim. – Levantou-se e dirigiu-se até mim. – És tu quem está a sofrer muito mais, a culpa não é tua. Nós só estamos assim por nos sentirmos inúteis, em relação a toda a tua dor. – Aproximou-se mais de mim e puxou-me, pegando no meu rosto com as suas mãos. – Nem cá estavas.
Por isso mesmo. – Baixei novamente a cabeça, preferindo encarar o chão.
Nós nem vamos ter esta conversa! - Afastou-se de mim e, sentou-se no sofá novamente. – Eu vim aqui para falar de ti e, não de mim e do grupo.

Olhei-a e, de seguida voltei para a cama, deixando-me cair sobre ela. Eu ainda não estava preparada para ter esta conversa. Não agora. Era cedo de mais. A ferida ainda estava em sangue e, doía, doía muito.
Por momentos fui atacada por uma dor ainda pior, a dor que há semanas me assombrava. A dor vinha sempre quando eu não bloqueava todas as lembranças do passado.

Não há nada para… falarmos. – Disse-lhe, tentando não revelar a dor que se havia acendido dentro de mim.
CREDO MARIA MADALENA! – Gritou-me, enquanto se levantava do sofá. – O que é feito da minha Pim? – Perguntou e, pude ouvir no seu tom de voz que não era uma pergunta retórica.
Morreu… – Disse secamente.
Eu… Desculpa Maria Madalena. – Pediu, olhando me nos olhos e, lançando me um sorriso sincero. – Tens razão para estares chateada, mas repara que tu ainda estás bem viva. – Falou, agora num tom mais baixo. – Há mais de dois meses que estás enfiada neste quarto, longe de tudo e todos. Acho que devias seguir o conselho da tua mãe e, ires a um psicólogo. – Fitou-me e, como não obteve reacção nenhuma da minha parte voltou a gritar. – Tens de voltar a viver. Eu não faço a mínima ideia do que se passou naquela ilha, mas nada justifica o que estas a passar neste momento. – Acalmou-se e, sentou-se novamente no sofá olhando-me. – Vive! Vive Maria Madalena! Por mim, pela tua mãe, pelos teus melhores amigos, pelo Bill… – Ela parou para ver o meu rosto ficar branco e, perceber que tinha tocado na ferida – Por ti, acima de tudo… por ti.

Não consegui mais e, tive que explodir.

Tu não percebes! – Gritei-lhe – Ninguém percebe! Ele era a pessoa que me fazia respirar, que me fazia viver. Durante três anos. TRES ANOS. Não foram três meses, foram dois anos. – Parei para respirar fundo, continuando a ignorar a dor que atacava ainda mais por falar no assunto – E depois de um dia para o outro, fico sem a minha razão de viver. O que queres que faça? – Perguntei-lhe, não esperando sequer por uma resposta. – Que ande para aí a festejar? Não consigo, ainda é demasiado cedo.
Só é cedo para ti. – Disse-me ao fim de uns momentos a olhar para mim. Levantou-se e dirigiu-se até a sua mala, onde procurou por algo e, quando achou atirou-me para o colo. – Quando quiseres seguir em frente e, consultar algum psicólogo, apita. – E sem dizer mais nada, saiu.

Não conseguindo ignorar mais a dor, deixei cair as lágrimas que se haviam formado nos meus olhos. Lágrimas de dor, a dor que provinha do meu coração despedaçado. Ainda com elas nos olhos, olhei para o que tinha no colo. Era uma revista, sem pensar duas vezes olhei para a capa, que continha em letras grandes:

“Tokio Hotel voltam aos palcos!”

Não quis ver mais nada da entrevista, se já pensar nele fazia-me mal, uma fotografia iria matar-me, literalmente, por dentro.
Mas eu não podia ficar mal por ele já estar bem. Não podia cair no fundo outra vez. Ele estava a fazer aquilo que mais gostava, aquilo pelo qual o nosso amor foi sacrificado. Ele estava a viver! Eu não estava nem perto de o consegui, não queria nem conseguia.
Eu teria que seguir em frente, tal como ele deveria querer que o fizesse. E o melhor que tinha a fazer era consultar alguém, talvez conseguisse superar tudo isto coma ajuda.
Dirigi-me ao telemóvel e, marquei um número que eu bem conhecia e, depois de três toques, atendeu.

És rápida. – Disse a Maria e, pelo seu tom de voz consegui perceber que sorria.
Um psicólogo? – Perguntei a medo.
É o melhor. Estás preparada para falar? – Perguntou-me.
Não. – Respondi sinceramente.
Óptimo. – Disse alegremente.

E ambas desligamos o telemóvel. Eu tentando arranjar forças para poder falar sobre tudo o que estivera até agora a entalar-me cá dentro.

I'm falling apart, I'm barely breathing
With a broken heart that's still beating
In the pain there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on, I'm holdin' on, I'm holdin' on
I'm barely holdin' on to you”

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Notas finais do capítulo

Então... ando numa de ser má xD Por isso é que demoro a postar. Vejo o nr de leitoras sempre a aumentar, mas de reviews nem por isso. Eu já disse que iria parar de postar, mas bem só agora é que vou começar a cumprir a minha palavra. MUAHAHA, okay LOOOL não é para ser má, mas é que os reviews são a gasolina para eu continuar a escrever. Beijinhos a todas



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