Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 20
Light Up The Sky


Notas iniciais do capítulo

Nhéééé. Obrigado a quem tem comentado e ainda bem que estão a gostar desta porcaria.



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( Pim / Num navio, algures no meio do Oceano Atlântico / 10 de Agosto de 2009 / segunda-feira / 15:09 )


Não é bem isso, estás a fazer uma tempestade num copo de água. – Disse apreensivo, enquanto pegava no meu rosto e a segurava firmemente.
Acorda para a vida! Não existe tempestade nenhuma, muito menos um copo com ela lá dentro. – Falei num tom seco, tirando as suas mãos de cima de mim – Aliás nunca devíamos ter começado com um “nós”. – E com as mãos fiz as aspas.
Também nunca disse que tínhamos começado sequer. – Gritou-me o Bill, ao que eu respondi com um murro no seu rosto.

A sua única reacção foi baixar a cabeça para fitar o chão, fazendo-me sentir ainda pior de como já estava. Apressei-me a faze-lo olhar-me nos olhos, pondo a minha trémula mão de sob o seu queixo e levantando-lhe o rosto.

Desculpa.– Murmurei muito baixo, para que apenas ele me pudesse ouvir.

Ele abanou negativamente com a cabeça, não de uma forma chateada, mas sim de um forma triste. Ele pegou em ambas as minhas mãos com as suas e, fez-me sentar no seu colo. Abraçou-me suavemente, com aquele jeitinho com que só ele me sabia abraçar. Um abraço do qual eu iria sentir as maiores saudades.

Sabes muito bem que nós não podemos continuar, não sabes? – Perguntou-me murmurando ao meu ouvido, eu apenas consegui afirmar com a cabeça tristemente. – Eu não disse que até hoje tudo aquilo que tivemos tenha sido em vão, não foi! Eu sei apenas é que nos temos de separar. Mas tu também sabes isso perfeitamente. Desde o primeiro dia que o sabemos. – Aumentou o seu tom de voz e, afastou-se um pouco mais de mim, para me poder fitar – Eu amo-te pateta e, muito. Durante este tempo, todo eu achei que iria ficar contigo para sempre, mas parece que me enganei. Desculpa por ter de te deixar. – Pediu carinhosamente. – Acredita que gosto tanto disto, como tu. – Acrescentou com um fraco sorriso.

Olhava-o atentamente, ainda nos seus braços. Não o queria deixar, não agora nem assim. Ele tinha-se tornado a minha essência, num aparte um pouco lamechas mas bastante verdadeiro: a razão pela qual tinha sobrevivido estes três anos.
Afastei-me um pouco mais de si e beijei-o sem qualquer aviso prévio. Ele, a principio, limitou-se a tentar para o beijo. Mas ao fim de algum tempo cedeu, apertando-me mais contra si. Sorri pela sensação que apenas um beijo conseguia exercer sobre mim. Era uma sensação de alegria, carinho, conforto, afinidade, amizade e amor. Era, agora também, uma sensação de tristeza por nunca mais poder sentir tudo isto ao mesmo tempo.
Afastei-me do seu beijo, mas não dos seus braços e, encarei-o sorrindo debilmente.

Eu nunca te vou conseguir esquecer Bill Kaulitz.
Eu nunca te vou querer esquecer.


Sorrimos um para o outro e, demos por terminado o assunto da despedida que teríamos que passar dentro de dias. Continuamos ali, naquele sofá, a passar os últimos momentos que nos restava juntos. Não referimos palavra alguma e, por muito que quiséssemos o contrario, deixamos o tempo fluir.
Nada do que se pudesse passar agora conseguiria nos separar.
Eu era dele.
Ele era meu.
Nós pertencíamos um ao outro.


(21:57)



O dia já tinha terminado à algum tempo e, tinha dado lugar à noite. A lua cheia reflectia-se sobre o imenso mar à nossa frente. Cá de dento podia também ver as estrelas lá bem em cima no céu. Num outro dia podia achar toda essa paisagem harmoniosa, mas hoje só me trazia à cabeça memórias tristes.
Inspirei profundamente, levando o Bill a descongelar ao meu lado, pela primeira vez naquela tarde. Conseguia apenas escutar o bater do seu coração, junto às minhas costas. Começou por mexer os seus finos braços, esticando-os para a frente. Depois tirou-me do seu colo, sentando-me no local onde tinha passado as últimas horas comigo, levantando-se e começando a saltar.
Com aquele seu comportamento, não pude deixar de soltar uma pequena gargalhada sem qualquer bom-humor patente nela. Só quando ele se ia sentar é que me percebi do porque daquilo tudo, as suas pernas deveriam estar dormentes por terem carregado toda a tarde comigo.
Esbocei um débil sorriso, ao qual ele me respondeu com um rosto bastante abatido. Eu estava a passar pelos piores momentos da minha vida, mas ao olha-lo conseguia perceber que ele também não estava muito melhor que eu.

Bill… – Tentei falar, mas o que saiu fui um grunhido rouco. Logo de seguida clareei a voz, tossindo várias vezes em seco. Quando a minha voz voltou ao normal, recomecei – Não vamos falar mais? – Perguntei, preferindo encarar o chão ao seu belo rosto, frágil e branco.

Senti-o movimentar-se a meu lado, mas apenas quando levantei a cabeça é que me apercebi que ele estava à minha frente, ajoelhado. Pegou no meu rosto com as suas mãos, fazendo-me encará-lo.
O seu rosto estava absorvido pela tristeza, o que me fez ficar ainda pior, se é que isso ainda era possível. Senti os meus olhos serem inundados por lágrimas, acabando por as expulsar. O Bill beijou-me as bochechas onde as grossas lágrimas morriam, fazendo com que os seus delineados e suaves lábios limpassem os resíduos de agua salgada, agora inexistentes no meu rosto.

Meninos… – Pela primeira vez durante toda a tarde, tinha-me apercebido que havíamos estado sempre na companhia do Comandante do navio. Embora estivesse todo o dia calado, a hora chegou e num português bastante abrasileirado, dirigiu-se a nós e, começou a falar. O Bill sentou-se rapidamente a meu lado e fitou o comandante. – É melhor irem descansar para uma cabine. Amanha chegaremos ao Rio bem cedo e, vocês serão logo enviados para o aeroporto para partirem para Portugal, onde as vossas famílias vos esperam. – Fez uma pausa para pegar num pequeno papel que estava no bolso do seu casaco, comprido e de um azul-escuro bonito. Abriu e, prestou-lhe atenção por apenas alguns segundos. De seguida olhou-nos novamente, com um rosto reconfortante. – Durante o dia todo, desde que vossas famílias sabem que estão vivos e bem, têm-vos tentado contactar. Eu disse-lhes que vocês estavam a descansar e, quando chegassem ao Rio ligavam. Por isso você… – Dirigiu-se a mim, pois o Bill não estava a perceber nada do que o Comandante estava a dizer –, me dê um bom motivo para não ligar já para sua mae a dizer que já acordaram. – Olhei-o nos olhos e, fui invadida por uma sensação de calma.

Virei rapidamente o rosto para fitar o Bill e, ele estava com a mesma sensação estampada no seu rosto. Com o máximo das minhas forças, sorri e, voltei a encarar o Comandante.

Nós vamos ter muito tempo para matar saudades das nossas famílias. – Baixei o olhar até aos pés e, sorri tristemente ao relembrar da despedida.
Mas eles já não estão com vocês à muito tempo. – Disse, ainda num tom de voz reconfortante.
Conseguiram passar três anos sem nós. Mais três dias não iram fazer mal a ninguém. – Suspirei e lancei um olhar expressivo ao Bill. – Eu amo mesmo este rapaz. – Disse para o Comandante, ainda olhando para o Bill, que estava com um rosto confuso, pois não percebia aquilo que dizíamos.
Se vocês quiserem podem ficar juntos, basta quererem. – Opinou ele, de uma forma que me fez pensar se o que iríamos fazer era realmente o acertado.
Não é assim tão simples. – Confessei, virando o meu rosto para, finalmente, fitar o Comandante que estava em pé à nossa frente.
Pois não. – Acabou por confessar. – Mas vocês acima de tudo se amam. Eu te digo que no princípio tudo irá ser um pesadelo, mas lá no seu país costumam dizer muitas vezes e com muita razão: depois da tempestade vem a bonança. Acredite que você irá acabar por ficar com o rapaz que realmente merece o seu coração. Vocês terão de lutar, mas sem luta ninguém vai à lado nenhum não é?

Acabei por sorrir ao mesmo tempo que acenava afirmativamente com a cabeça.

Acho melhor irem comer algo, para depois irem descansar.
Não nos pode levar já para a cabine?
– Pedi gentilmente – Ficámos habituados a não comer muito e, posso mesmo afirmar que neste momento tenho tudo menos fome.
Claro, me siga.


Levantei-me daquele sofá onde tinha passado as últimas horas e, fiz sinal ao Bill para fazer o mesmo e seguir-me.


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Notas finais do capítulo

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