Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 19
Worst Day Ever


Notas iniciais do capítulo

Nhééééé, desculpem mesmo pela demora fofinhas. Mas tenho andado sem tempo por causa dos testes. Espero que gostem  deste capitulo



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Já haviam passado várias horas desde que tínhamos deixado a ilha para trás, aquela que tinha fora o nosso lar durante muito tempo. Eu ainda não sabia realmente quanto tempo tínhamos passado lá, mas de uma coisa eu tinha a certeza que sabia: já sentia saudades da ilha. Das suas cores, dos seus cheiros, do lago, da gruta, de tudo aquilo com que eu vivera nestes últimos tempos.
Sim, eu em parte estava feliz por ir embora, iria finalmente para casa, para os meus pais e amigos. Mas por outro lado eu estava triste, pois sabia que agora o meu futuro e o do Bill iam seguir rumos diferentes.
Desde que havíamos entrado neste grande navio de carga brasileiro, não tínhamos sequer trocado uma única palavra. Sabíamos que era o fim, mas ambos também sabíamos que por muito que não quiséssemos, era o mais acertado a fazer.
As nossas mãos estavam agarradas uma à outra, como se esse pequeno gesto fosse a única coisa que nos manteria juntos. Os nossos olhos também não se moviam, o azul cor do mar e o castanho cor de chocolate miravam-se, tentando acumular na mente todos os pequenos traços do rosto um do outro. Neste momento só nós existíamos, os homens lá fora não existiam, a senhora simpática que nos havia oferecido comida não existia e, o comandante à nossa frente não existia. Era só ele e ele, como tinha sido sempre nos últimos tempos.

Posso? – Perguntou a senhora simpática, à porta do centro de comando do navio, onde eu e o Bill estávamos sentados no sofá verde sujo com o comandante junto ás máquinas.
Claro, entre. – Disse o comandante num português muito pesado.

A senhora entrou e veio até nós, com passadas pequenas e apressadas. O Comandante e a Senhora tinham sido as únicas pessoas a falarem connosco. Iam para o Brasil e, haviam passado pela ilha, porque se tinham enganado nas rotas. Desde que havíamos entrado no navio que a senhora havia mantido um extenso monólogo, onde eu apenas acenava e respondia àquilo que era realmente necessário.
E aquilo que eu queria mesmo evitar, aconteceu: voltarem-nos a incomodar nestes últimos momentos que tínhamos para estar juntos.

Então, quem são vocês mesmo? – Perguntou a senhora, sentando-se num banco à nossa frente.

Levei alguns segundos a conseguir desviar os meus olhos dos do Bill, para poder fitar a senhora a minha frente.

Eu sou a Maria Madalena e, este é o Bill. – Falei num tom fraco e quase inaudível, ao mesmo tempo que apontava a mão para o peito do Bill.

Ele deu um meio sorriso à Senhora. Eu conseguia senti-lo tenso e, sabia exactamente no que é que estava a pensar: ele também queria ficar a sós comigo, para poder aproveitar os últimos momentos comigo.
Mas isso iria ser complicada, pois a Senhora continuava com o seu interrogatório.

E de onde são? – Voltou a perguntar.
Eu sou de Portugal e ele é da Alemanha. – Disse, continuando a falar num tom fraco.

As palavras saíam me da boca instantaneamente, não por querer falar mas apenas por simpatia. Eu não queria gastar o pouco tempo que tinha a falar de mim.

Eu me lembro de vocês. – Exclamou a Senhora bastante excitada e, a partir daí, começou novamente com o seu monólogo. – Vocês foram aqueles dois jovens que se perderam nos ares. Houve mais sobreviventes? Não, claro que não.

Os meus olhos desviaram-se e, foram encontrar um Bill bastante entediado, mas nos seus olhos pude ver mais do que tédio, vi também tristeza, melancolia e dor. Eu iria sentir muitas saudades dele, começando logo pelo seu sorriso, pela forma de como me amava e compreendia, pelos seus abraços reconfortantes, dos seus beijos, das suas gargalhadas estridentes e, acima de tudo, de si e do seu toque.

Pergunta-lhe quando tempo passou. – Pediu-me o Bill em alemão num tom débil, fazendo-me despertar do transe. – Pergunta-lhe. – Desta vez ordenou-me, num tom duro.
Quanto tempo se passou desde o dia 25 de Junho de 2006? – Perguntei virando os olhos para a senhora, conseguindo ainda vê-la arregalar os seus pequeninos olhos.
Você já esta naquela ilha desde 25 de Junho de 2006? – Perguntou, ainda muito espantada. Eu apenas afirmei com a cabeça. – Estamos a 10 de Agosto querida.
De 2007? – Perguntei, não muito interessada na resposta.
Não. De 2009. – Respondeu a Senhora calmamente.

Agora fui eu que fiquei espantada, tinham passado três anos desde que eu e o Bill nos tínhamos despenhado. Três anos sem a minha família. Três anos sem os meus amigos. Três anos numa dieta intensiva. Mas acima de tudo, há três anos que o Bill fazia parte de mim. Tinha sido sem dúvida muito tempo longe da civilização, das pessoas, de tudo.
O Bill apertou-me ainda mais a mão, pois eu tinha ficado bastante tensa. Olhei-o e, vi que ele também me olhava, bastante preocupado.

Passaram se três anos Bill. Estamos a 10 de Agosto de 2009. – Disse num tom fraco.

Desta vez foi ele que ficou ainda mais tenso do que estava antes e, como forma de o acalmar lancei-me aos seus braços, enquanto grossas lágrimas já brotavam dos meus olhos.

Olhe, você pode me dar um número de celular para eu poder ligar? Para dizer que vos achei? – Pediu a Senhora.

Muito contrariada lá me separei dos braços do Bill e, numa pequena folha que me tinha entregue escrevi o número da minha mãe. Logo a seguir a Sra. deixou-nos e, voltei-me a lançar aos braços do Bill, agora com a intenção de só os largar quando alguém me obrigasse a faze-lo. Fechei os olhos e, deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.
Momentos mais tardes, quando as lágrimas já se haviam secado, senti os braços do Bill a puxarem o meu corpo, para que me deitasse sobre o sofá. Abri os olhos rapidamente e, vi que ele estava à minha frente a fitar-me.

Dorme amor. – Disse o Bill, muito debilmente.
Não quero. – Respondi e, levantei-me outra vez para me agarrar a ele.
Tu precisas. – Falou, enquanto me punha ao seu colo e me fazia festinhas no alto da cabeça, que havia encostado ao seu pescoço.
Eu também preciso de ti e, no entanto quando chegar-mos à porcaria da civilização tu vais voltar a ser o Bill Kaulitz e, vamos ter que nos separar. – Disse exaltadamente, enquanto brotavam novamente grossas lágrimas dos meus olhos.

Ele pegou no meu rosto e beijou-me suavemente os lábios. Um beijo que continha todo o amor que sentia-mos um pelo outro. Voltou-se a afastar de mim e olhou-me nos olhos.

Eu também preciso de ti. – Fez uma pausa e, com os seus dedos enxugou-me as lágrimas que teimavam em brotar dos olhos. – Mas também preciso de ti feliz…
Eu sou feliz contigo! – Interrompi-o num tom de voz fraco, marcado pelas lágrimas.
Na ilha eras. E quando eu não puder estar dias, semanas ou até meses contigo, por causa dos concertos? Ou quando tivermos de esconder o nosso amor por causa das fans? Ou mesmo quando voltares a ver o teu namorado Pedro à tua espera? – Uma pequena lágrima formou-se no canto do seu olho e, impedindo-a de rolar pelo rosto, limpou-a logo.
O meu namorado és tu. – Disse, segurando o seu rosto com as minhas mãos, para o fazer olhar-me nos olhos.
Não Maria Madalena. Temos que voltar à realidade. – Disse, preferindo encarar o sofá verde.
Queres dizer então que estes três anos para ti, não foram reais? Nada do que se passou foi real? Eu nunca fui uma realidade para ti, é isso que queres dizer? – Perguntei, voltando a exaltar-me.

Como é que ele podia querer que eu voltasse à realidade? A realidade era aquela. Tínhamos passado três maravilhosos anos e, ao fim desse tempo todo teríamos de nos separar. Sim, mais realidade do que isso não existia. Eu dentro de dias teria de abdicar de todo o meu amor, para que ele pudesse seguir o seu sonho e, ser feliz.
Dentro de dias não haverias mais nós, haveria só o Bill Kaulitz, o famoso cantor da banda alemã chamada Tokio Hotel que sobreviveu a uma queda de avião e, a Maria Madalena, a rapariga que sobreviveu também a uma queda de avião.
Duas pessoas diferentes, dois destinos diferentes.


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Notas finais do capítulo

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