Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 18
The Dark Side of the Sun


Notas iniciais do capítulo

E o que voces tanto desejavam acabou de acontecer. Mas depois não me venham bater com o que se passar a seguir xD Voces é que pediram. Beijinhos



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Já era de noite, suspeitava até que já era de madrugada. Não conseguia dormir e, parecia-me a mim que não era a única.


 

Temos que falar Maria Madalena. – Pediu-me o Bill, ao mesmo tempo que se virava para mim.


 

Maria Madalena? Vinha aí assunto sério. Ele só me tratava pelo nome quando precisa de falar sobre alguma coisa séria.


 

Diz amor. - Disse calmamente, não querendo ficar já preocupada.
Se qualquer dia voltar-mos a casa… - Fez uma pausa e olhou-me profundamente nos olhos -, o que é que iremos fazer?
Como assim? – Perguntei, pois não estava a perceber onde é que ele queria chegar.
Como é que ficamos? – Interrogou-me e, pude ver no seu olhar que estava triste por ter que falar neste assunto.
Temos mesmo que falar sobre isto agora? – Falei num tom amargurado.

 

Eu não podia simplesmente lhe responder que o melhor que tínhamos a fazer era seguir direcções opostas, porque além de me magoar a mim, iria magoa-lo a ele também. Isso eu não queria. Preferia mil vezes sair eu magoada, do que sair ele.
Mas também não poderia mentir, para além de ele já saber quando eu mentia ou não, isso não estava certo. Tratava-se do nosso futuro, da nossa felicidade.

Bill… – Comecei por dizer, tentando a todo o custo responder à pergunta em si. – Nós havemos de arranjar alguma solução. – Disse empregando um tom calmo e suave. Para o acalmar a ele e a mim.
Maria Madalena, não me venhas com falinhas mansas, porque tu conheces-me e sabes que comigo isso não pega. – Disse num tom bastante sério mas ao mesmo tempo magoado – Custa-te, por uma vez na vida, dizer-me a verdade? – Perguntou olhando-me nos olhos.
Não nos vamos chatear agora por causa disso, pois não? – Questionei virando-me e, deitando-me de costas sobre a pedra, preferindo assim encarar o tecto da gruta ao Bill. – Não vale a pena.
O que não vale a pena é adiarmos o assunto. – Disse ainda no mesmo tom magoado e sério.
Ok Bill. Queres a verdade? – Perguntei furiosa, enquanto me sentava de frente para ele.
Quero. – Respondeu simplesmente, levantando-se também.
Ok. Tu é que a pediste. – Falei num tom baixo e contido – Se nos descobrirem, teremos de seguir caminhos diferentes. – Disse agora num tom calmo e alto. Mas a cada palavra que disse, foi como se largas facas trespassassem o meu coração.
Porque? – Perguntou-me pegando no meu rosto e fazendo-me olhar para ele nos seus olhos.
Ora Bill, porque achas? – Perguntei retoricamente – Eu já te expliquei um monte de vezes. Eu tenho a minha família e amigos em Portugal e, tu tens a banda pelo mundo. Sim, eu sei que também tenho o meu pai na Alemanha, mas como seria nos meses em que tu terias de estar fora? – Perguntei, já com as lágrimas a virem aos olhos – Eu tinha de esperar por ti? Bill, só estás a pensar em ti. Eu também tenho de viver os meus sonhos. – Não consegui deter mais as lágrimas e, deixei-as brotar dos meus olhos.
Desculpa, tens razão. – Pediu o Bill e, com um movimento suave abraçou-me. – Vai ter mesmo que ser, não é? – Perguntou-me, com a voz abafada pelos meus cabelos.
S-sim. – Consegui dizer entre soluços.
Então não chores mais, por favor. Dói-me ver-te assim – Voltou a pedir, enquanto se afastava ligeiramente de mim e me limpava as lágrimas.


 

Voltei-me a deitar, mas desta vez deitei-me sobre o peito deles, enquanto recebia suaves festas sobre o cabelo. Sabia-me bem estar assim e, depois de ter-mos estado a falar sobre um assunto que nos magoava a ambos, umas horas entre o conforto e carinho do Bill eram o melhor remédio para esquecer todo o assunto.
Várias horas mais tarde, voltei mais uma vez a adormecer nos braços daquele que eu realmente amava. O meu Bill.


***

 

Bill, amor. Traz-me um casaco por favor. – Gritei-lhe da praia.

Desde aquele dia no lago que a nossa relação ficara mais intima e séria. Ele já não era apenas mais um pseudo-namorado, ele era o meu namorado. O meu Bill.
Não haviam também discussões que nos fizessem ficar chateados um com o outro. Não era como antes, que tínhamos sempre o receio de poder dizer algo de errado, isso estava ultrapassado. Tínhamos aprendido a lidar com a pessoa que éramos e, com o feitio dessa mesma pessoa. Ele completava-me. Sim, essa era a palavra certa para tudo isto.

O verde ou o preto? – Pude ouvir ele também gritar da gruta e, abanando a cabeça desviei todos os pensamentos que se haviam formado na minha cabeça.
O preto. – Gritei-lhe de volta.

Neste momento o sol estava no ponto mais alto do céu, deveria ser meio-dia. O sol podia estar bem visível e muito brilhante, sem nuvens a esconde-lo, mas as rajadas de vento fustigavam nas árvores com uma certa brutidão, levando o tempo a ficar bastante frio ali na praia.


 

Toma amor. – O Bill deu-me para as mãos o casaco e, voltou as costas.
Obrigada. – Sorri-lhe e, reparei que ele voltava para a gruta. – Não vens para aqui? – Apressei-me a perguntar.
Vou. – Disse virando-se para mim e, soltando um sorriso perfeito. – Vou só buscar alguma fruta para tu comeres. – E penetrou pelo arvoredo a dentro, ignorando qualquer possível resposta que eu pudesse dar.

Voltei a focar o meu olhar no sol, até que este se tornou demasiado forte para que os meus claros olhos pudessem aguentar. Deixando o sol, preferi fitar o mar à minha frente.
Fui obrigada a piscar várias vezes os olhos para conseguir perceber se aquilo que eu via à minha frente era realidade ou apenas mais uma ilusão. Mas depois de piscar os olhos uma data de vezes, não pude mesmo deixar de sorrir. Estávamos salvos, finalmente.
Era um navio enorme que navegava no mar. E a minha única reacção foi gritar.

BILL! BILL! – Gritei para a gruta, muito agitada – ESTAMOS AQUI! – Desta vez gritei para o navio à minha frente, enquanto saltava e acenava com as mãos.
Sim, eu sei que nós estamos aqui. – Disse calmamente vindo na minha direcção – Mas porque é que estas aos gritos? – Perguntou confuso e, já minha frente.
BILL! OLHA PARA ALI. – Com a mão direita apontei para o navio que agora se aproximava mais de nós.

O Bill virou-se para o mar e, logo que viu o navio começou também aos gritos e aos saltos como eu.
Estávamos salvos. O fim estava perto. O futuro iria começar no lado negro do sol.

 

"Hello the end is near
Hello were still standing here
The futures just begun
On the dark side of the sun
On the dark side of the sun"


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Notas finais do capítulo

... se tiver tempo posto mais um...



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