Miles Apart escrita por rutepim


Capítulo 13
I'm Confessin' (That I Love You)


Notas iniciais do capítulo

Gosto muito deste capitulo e do seguinte



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(Pim / Algures no meio do Oceano Atlântico / 8 de Julho de 2006 / Sábado / 15:11H)

Já não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde a minha discussão com o Bill. A partir do quarto dia deixei de contar os dias, entregando-me por completo à dor que sentia por dentro, nunca ficando sem soltar algumas lágrimas por ele.
Estava a viver de fruta e, passava os meus dias a descobrir a ilha, tentando a todo o custo o encontrar para que lhe pudesse pedir desculpas. Sabia que não poderia continuar a viver naquela ilha sem ele, mas certamente o mesmo não se passaria com ele.
Neste momento andava a procura de mais fruta para os próximos dias. Passei por uma grande pedra e, não vendo a mais pequena que estava à sua frente, acabei por cair no chão.

AU! – Gritei de dor.

Já achava muito estranho que nos últimos dias não tivesse caído para ai. Agarrei-me com força àquilo que eu pensei ser um ramo de uma árvore, mas imediatamente arrependi-me.
Não era um ramo, era um cobra. Uma cobra bastante grande e muito grossa.
Tentei gritar, mas as palavras congelaram na minha garganta. A cobra era só o animal pelo qual eu mais temia. Sempre havia sido o meu maior medo. As crianças em pequenas normalmente haviam ganho o medo aos bichos que se escondiam debaixo de cama ou atrás da porta, mas eu não. Eram as cobras, aquelas por quem eu não dormia noites e noites seguidas com medo de aparecer na minha janela.
Queria me levantar para fugir, mas era como se os meus pés tivessem atados um ao outro. Mas de repente senti a cobra a subir-me pela perna acima e, ai todos os meus pensamentos pararam. Apenas existia um: eu iria morrer, sem poder dizer ao Bill o quanto gostava dele ou sem me despedir da minha família e amigos.
Sem qualquer impedimento rendi-me, àquilo que seria a minha morte. Esperei pelo fim, sem luta.
Mas apenas alguns segundos depois, deixei de sentir a pressão que antes a cobra exercia sobre a minha perna. Ouvi um grito abafado não muito longe de onde eu estava e, abri os olhos.
Ali estava ele, embora estivesse em circunstancias pouco favoráveis, eu estava feliz por o ver. Feliz não, radiante. Mas só depois de o apreciar é que me apercebi que ele tinha a cobra pendurada por um ramo na sua mão. Ele exibia um rosto pálido e consumido pelo medo.

Bill manda isso fora! – Gritei-lhe assustada, não só por mim mas por ele também.

E sem pensar duas vezes, assim o fez. Mandou para o seu lado direito e desatou a correr em frente, pegando na minha mão, assim que passou por mim. Dei por mim com as nossas mãos dadas e a correr, como se o mundo pudesse acabar a qualquer momento, para algum sítio que eu esperava não ter cobras.
Passados apenas uns 3 ou 4 minutos comecei a visualizar a gruta, que à dias atrás me tinha acolhido. Entrei apressadamente dentro dela, ainda com o medo apoderado de mim.
Sentei-me a um canto ofegante e, por momentos senti-me desfalecer. Mas antes que isso pudesse acontecer, comecei a tentar respirar com mais calma.

Obri… obrigado. – Consegui dizer, por entre a minha respiração irregular.
De nada … Pim. – Disse já calmamente

Mas quando eu ouvi ele dizer o meu nome o meu coração voltou a bater irregularmente e, tentei detê-lo de continuar assim.
O silencio agora havia se instalado entre nós e, apercebi-me que a dor, que sentira todos os dias anteriores, agora estava adormecida ou talvez, morta. Ele estava à minha frente, o rapaz pelo qual o meu coração batia. O rapaz que conquistou o meu coração de uma forma bastante surpreendente e arrebatadora. Está bem que ainda era tudo muito recente, mas eu já não me conseguiria ver daqui para a frente sem ele.
O meu mundo já não virava apenas em volta da minha família e amigos, agora virava também em torno dele. Respirei fundo para arranjar coragem para conseguir dizer tudo aquilo que se passava na minha cabeça, tudo aquilo que sentia por ele, mas essa coragem não apareceu. Respirei fundo novamente, atraindo sem querer a sua atenção, levantando-se e vindo ter comigo.

Passa-se alguma coisa? – Perguntou, pondo o seu braço em volta dos meus ombros – estás bem? – Insistiu.
Sim… e sim. – Olhei para o seu rosto muito perto do meu, e deixei soltar um meio sorriso.
Conta-me. – Pediu-me.
Eu estava a pensar se alguma vez iríamos sair daqui. – Menti, ao qual ele se apercebeu rapidamente.
Boa tentativa. – Sorriu – a verdade Pim.
Tenho saudades da minha família e dos meus amigos. – Menti outra vez, acabando por não ser bem sucedida outra vez. – Farta de aqui estar? – Perguntei, esperando que desistisse.
A verdade… – levantou outra vez a sua cabeça e olhou-me nos olhos – Sabes que podes confiar em mim. – Falou num tom sincero.
Nos últimos tempos nem parece que possa falar contigo, quanto mais confiar em ti. – Disse e fitei o chão, temendo pela sua reacção.
Estás a querer dizer alguma coisa é? – Perguntou-me, dando ar de quem estava prestes a ficar irritado.
Não Bill, não estou. Credo podemos ter uma conversa civilizada por um vez na vida ou nem por isso? – Perguntei retoricamente, mandando as mãos para o ar – Nunca percebi por que é que me tratas mal, – fiz uma pausa para me levantar – Acho que nunca te fiz mal nenhum e, se fiz peço desculpa por isso. Sabes? Eu acho realmente que somos incompatíveis. É a única razão plausível que eu arranjei. Mas sabes ainda outra coisa? Tu magoas-me desde o primeiro dia em que nos vimos. Sim, e esta é uma das partes da verdade. Não compreendes? Quando me chamas nomes, ou falas mal comigo é como se cá dentro, – apontei para o meu coração – tudo se desfizesse. Magoa, magoa muito Bill. – Parei para poder acalmar a minha respiração, que havia acelerado bastante durante todo aquele discurso.
Já acabaste? – Pergunto-me com uma expressão vazia.
Não! – Disse rudemente – Esta é outra parte da verdade. – Fiz uma pausa para respirar fundo e arranjar toda a coragem que ainda restava dentro de mim – Bill, tu agora fazes parte de mim. Literalmente, é claro. O meu mundo agora gira também à tua volta. – Parei para o olhar e, tentar perceber o que ia dentro dele. Mas o seu rosto continuava inexpressivo. – O que eu quero dizer com isto tudo é que eu estou apaixonada por ti. – ele baixou o olhar, preferindo encarar o chão – Desculpa, mas é a verdade. E estes dias que passei afastada de ti, foram horríveis. Por saber que podias estar em perigo e, eu não poder fazer nada, e tudo por orgulho. – Pude vê-lo a sorrir suavemente e, voltou a encarar-me – E Bill, tu podes não sentir o mesmo por mim, mas eu peço-te que nunca mais me deixes sozinha nesta ilha. – Finalizei, em tom de súplica olhando para ele e, sorrindo.
Agora já acabaste ou ainda não? – Perguntou, ainda sorrindo.
Agora já! – Respondi, sorrindo-lhe também enquanto me sentava à sua frente.
Até que enfim. Queres que eu comece por onde? – Perguntou, agora exibindo um rosto sério.
Pelo fim Bill. – Revirei os olhos, dando ênfase ao sarcasmo patente na minha voz.

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Notas finais do capítulo

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