Crônicas de Arkauss escrita por Annonnimous J, Aline Shintaku


Capítulo 3
Capítulo 3 - Uma chama na caverna


Notas iniciais do capítulo

Fala galera! Mais um capítulo dessa história que esta cada vez melhor. Abraços!



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 Ambos iniciam, então, a caminhada em direção à caverna que eles usariam como abrigo para a tempestade que os alcançava. Rapidamente, nuvens pesadas vinham do Leste com um vento que deixava o clima mais frio do que normalmente era naquela montanha, que já possuía um frio mortal para aqueles que não fossem fortes o suficiente para aguentá-lo por muito tempo.

 - Então - fala Connor, quebrando o silêncio que para ele estava mais incômodo que o frio - onde é mesmo essa caverna que pode nos ajudar com essa tempestade?

 - Está naquela direção - aponta a jovem com um olhar decidido, mas distante e um tom de cansaço na voz.

 - E estamos muito longe dela? – Pergunta ele.

 - Não, está vendo aquela vegetação? Ele é logo atrás dela.

 O rapaz assente, mas percebendo que o silêncio mortal estava prestes a imperar novamente, volta a puxar assunto com a garota, mas dessa vez de maneira a conhecê-la melhor:

 - Desculpe, eu ainda não sei seu nome...

 - Luna, - ela responde sem o olhar diretamente - e o seu?

 - Connor, meu nome é Connor.  – Responde ele de forma gentil, mas um pouco atrapalhada.

 Ele acena com a cabeça e continua andando com a garota a seu lado. A neve começa a cair aumentando levemente sua velocidade à medida que o tempo passa, banhando a paisagem e os andarilhos com um branco cada vez mais vivo.

 Depois de um tempo, enfim se aproximam da entrada da caverna.

 A partir de certo momento, andar já era uma tarefa difícil para o cavaleiro e seu cavalo, o frio estava atingindo os ossos de ambos, apesar de suas vestimentas grossas e a pelagem do animal. O metal de sua armadura rangia com o frio e pequenos cristais de gelo se formavam em suas placas reluzentes.

 Espantava o jovem a visão da garota que parecia tão frágil em suas roupas simples de bruxa, finas e escassas, andando como se o frio da montanha não existisse, como se a neve não pesasse em seus pés, como se ela tivesse uma força dentro de si que ele não conseguisse medir.

 - Como... você consegue? - Pergunta ele em meio a uma baforada de fumaça que sai pesada de sua boca.

 - O quê? - Pergunta ela esboçando algo que quase se parecia com um tímido sorriso.

 - Você sabe, andar... dessa maneira.

 - Já te disse, sou uma bruxa que tem poderes sobre o gelo, um clima assim não me afeta.

 - Ah, é verdade, você me disse isso antes – ele sorri com a pergunta que agora lhe parece idiota – o gelo deve estar afetando o meu cérebro, me fazendo esquecer algumas coisas.

 Diante do silencio dela, ele sente seu rosto corar, “que raios de pergunta foi aquela?” Ele pensa, mas se obriga a parar de pensar nisso e continua seu caminho, agora ele sente o cansaço de seu cavalo eu seu braço, que se esforça cada vez mais para puxá-lo.

 - Vamos amigão, estamos quase lá – murmura ele para o animal, depois se vira e apressa o passo para acompanhar Luna.

 A neve já estava caindo rápida e pesadamente quando atingem a caverna. Connor, Luna e seu cavalo alcançam a gruta, já totalmente brancos pela neve, o homem tem dificuldades de pegar sua espada agora, o metal frio machuca suas mãos, então ele apenas a retira do cinto e a apoia na parede.

 - Esse parece ser um bom lugar para ficarmos mesmo, foi muita sorte minha você estar comigo para que essa tempestade não me pegasse de surpresa no caminho do castelo – diz ele examinando o interior da gruta e encontrando lenha seca – Você tem problema com fogo?

 - Não. - Responde ela se sentando no lado oposto da caverna olhando a neve caindo. Mas não parecia que ela estivesse ali, parecia que ainda estava no vilarejo agora distante.

 Rapidamente, o fogo se inicia no interior da caverna vindo de uma fogueira improvisada que Connor fez com a lenha que encontrou. A luz começa a encher o grande espaço vazio que antes era tomado por trevas. Connor examina sua sacola e vê um pedaço de carne de sol comprada naquele dia, um punhado de ingredientes de sopa e um pote de barro de água. Connor abre o pote e percebe que a água não congelou e respira aliviado, teriam comida pelo menos por aquela noite.

 Assim que ele desembarca suas coisas, cobre o animal com um cobertor que ficava sob a sela, o cavalo relincha e logo se aquieta, como se adormecesse instantaneamente

 - Aqui. – Diz ele oferecendo a água e a carne – Você precisa comer.

 - Eu não estou com fome, mas aceito a água, obrigada. – Diz a jovem Bruxa pegando o pote de água – Você que precisa comer. Subir essa montanha de fato não é fácil.

 - Não foi nada demais. – Responde ele sorrindo.

 - Está machucado?

 - Acho que não, alguns socos não são nada para mim.

 - Me refiro à neve. O frio pode ter te machucado, te deixado cansado – Luna abaixa a cabeça e coloca o jarro no chão – Ou algo do tipo.

 - Não, eu lhe garanto que estou bem – responde o rapaz entregando a ela um cobertor de lã enquanto pega seu saco de dormir.

 - Que seja então. – Responde a garota de forma firme. Connor se assusta com a resposta da jovem.

 - Luna, seu humor muda constantemente...

 - Ah... – ela para, sem ter o que dizer - vamos dormir, amanhã será um dia bem longo para você. –  Diz ela mudando de assunto – Boa noite Connor.

 Enquanto cada um se acomodava como podia, do lado de fora da caverna um grande barulho se ouviu. Sobre eles, o teto da caverna começa a rachar bem devagar, uma estaca de gelo que estava bem acima de Connor se desprende do teto, e com toda certeza o atingiria, mas Luna o chuta para longe, rolando para o lado momentos antes da estaca se chocar com o chão e ser reduzida a lascas de gelo. Luna tinha acabado de salvar a vida do jovem cavaleiro.

 - Luna? – Chama Connor com olhos arregalados.

 - Sim? – Responde a garota tentando parecer calma, mas com a adrenalina correndo em suas veias.

 - Amanhã iremos procurar uma casa para você.

 Ela sorri do gesto repentino do rapaz, mas logo volta a sua expressão fechada.

 - Eu não tenho dinheiro, tudo que eu tinha está na minha antiga cidade, sendo tomado por moradores que não tiveram a intenção de me entender. Eu agradeço e aprecio sua preocupação, mas o único que corre perigo aqui é você. Eu não sinto frio, não serei morta por pedaços de gelo e...

 - E morrerá de fome e solidão se ficar aqui! – Diz Connor um pouco exaltado, passando a mão nos longos cabelos negros que agora estavam soltos – Eu não vou te deixar sozinha.

 - Não preciso que fique! – Retruca a jovem o encarando nos olhos.

 - Não vou ficar sempre com você, mas sempre irei voltar para te ver, não vou deixa-la sozinha, consegue entender? Em toda sua vida ninguém demonstrou o que é amor, e isso eu não posso te dar também, mas posso te ensinar os laços que formamos, posso te mostrar que sou amigo, seu amigo agora. – Connor se aproxima de Luna e gentilmente segura em sua mão, ela treme de leve – Amanha iremos procurar uma casa para você, eu irei me encarregar das primeiras despesas, você pode procurar um emprego depois.

 Luna fica sem reação, de fato ela jamais soubera o que era amor depois da morte de sua família, mas isso já fora apagado dela, dez anos vivendo como uma amaldiçoada causara a ela danos irreversíveis, ou pelo menos ela achava que eram.

 Connor não exige uma resposta, ele apenas olha em seus olhos e espera um simples gesto que mostrasse aceitação, sem dizer mais nenhuma palavra.

 Ela olha em seus olhos e ele pôde ver uma pequena lagrima se formando, mas que logo fora totalmente apagada por um sorriso terno.

 - Você é teimoso Connor, eu gosto disso... é melhor dormimos antes que seja tarde demais.

 Connor concorda e apenas vai para perto da pequena fogueira que fez. Ele se deita de costas para Luna, como se quisesse dar privacidade a jovem que agora passava a mão em seu rosto enquanto só conseguia pensar “eu finalmente não estou sozinha”.

 Logo ambos adormecem.

 A noite é longa e fria, por várias vezes o jovem se levanta e tenta inutilmente conservar as chamas que o aqueciam. Todas as vezes que levantava, dava uma espiada na garota que dormia serenamente. Ele se sentia mal por ela, sua vida não parecia boa, mas mesmo assim ela se mantinha forte.

 Ele passava alguns minutos estudando sua aparência, seus cabelos de um tom roxo escuro que se deformava ao se aproximar das extremidades; seu corpo esguio, mas bonito; suas vestes surradas e claras, que transmitiam um interior bondoso e misterioso. Ele desvia um pouco o olhar para examinar o local da queda da estaca de gelo, se não fosse pela garota, ele certamente não estaria ali agora.

 Afastando esses pensamentos, ele cutuca a fogueira com um graveto para reanimá-la, sem sucesso. Por fim, seu corpo reclama e ele volta a dormir ao lado de sua protegida, ou seria guardiã? Ele esboça um sorriso, que logo se desfaz e ele cai no sono.

 O tempo passa e a manhã finalmente vem. Com ela, o sol começa a nascer por de trás da montanha, seus raios iluminam o gelo que brilha à sua luz, as nuvens são poucas e o céu está com um tom de azul claro vibrante, uma típica manhã daquele reino.

 Connor acorda lentamente, deixando que seus olhos se acostumem com a claridade que agora entrava pela abertura da caverna. Ele se levanta, examinando tudo ao seu redor e logo percebe que Luna não está ao seu lado.

 De um salto, ele se põe de pé e quando caminha para a saída quase esbarra na garota, que vinha entrando quase que ao mesmo tempo. Seus olhos se cruzam por um instante e Connor sente seu coração perder o compasso, assim como o de Luna:

 - Bom dia – fala ela, desviando um pouco o olhar.

 - Bom dia – responde ele.

 Ele nota que ela traz consigo alguns ramos e lenhas secas apoiados nos braços cruzados à altura do peito. Ela os segura de uma maneira desajeitada, mas que mostrava experiência, como se ela já fizesse isso há muito tempo. Antes que ele ofereça ajuda ela passa por ele e entra na caverna.

 - Está com fome? Vou preparar algo para que possamos comer – diz ele entrando também.

 - E o que eu faço? – Pergunta ela.

 - Como? – Pergunta ele ajeitando o amontoado de madeira que ela trouxera.

 - Como eu posso ajudar? – Insiste ela em pé ao seu lado.

 - Bem, você pode pegar os ingredientes que estão na minha sacola enquanto eu acendo o fogo.

 Sem falar nada, ela se vira na direção do amontoado de pertences encostados. Por a caverna não ser tão grande, ela não demora a alcançá-los. Luna se agacha e começa a vasculhar a bagagem.

 Durante sua busca por ingredientes sua mão encosta em algo redondo, mas que parecia estar embrulhado. Ela o ignora a princípio, puxando todos os preparativos necessários. Mas então sua curiosidade fala mais alto, sobre seu ombro ela dá uma espiada e percebe que o jovem cavaleiro está muito ocupado ascendendo a fogueira para notá-la. De forma sorrateira ela retira o pequeno pacote de dentro da sacola e o examina: é feito de pano e envolve algo que deveria ser precioso, pois estava muito bem amarrado e continha um brasão que ela não conhecia. Quando ela inicia o processo de desamarrar o pequeno pacote, ela escuta uma voz vinda de trás de si:

 - Eu agradeceria se não abrisse isso – diz Connor com uma voz séria – é um pouco pessoal.

 Um arrepio segue a coluna de Luna quando ela escuta essas palavras, rapidamente ela guarda o embrulho e se levanta, entregando os ingredientes para o rapaz. Ambos se dirigem para a fogueira sem dizer uma palavra sequer, assim que chegam ela se senta e ele começa a misturar tudo que tinham para fazer algo para comerem.

 Em alguns minutos, ele divide a sopa que acabara de ficar pronta em duas rudimentares xícaras de madeira e oferece uma à Luna, que a aceita de bom grado, tomando todo o seu conteúdo. Connor faz o mesmo, soltando um grunhido de satisfação assim que a sopa acaba.

 - Agora sim, podemos ir –diz ele se levantando – está pronta?

 - Sim – responde ela – vamos.

 Ambos começam a organizar as coisas e em pouco tempo eles estavam saindo da caverna. Eles caminham em silencio por um bom tempo, até que um dos dois resolve pôr um fim naquilo.

 - Desculpe ter pegado suas coisas – fala a garota – aquilo não foi correto.

 - Tudo bem, – responde ele –  eu que devo me desculpar por ter te assustado daquela maneira, foi desnecessário, me desculpe.

 - Tudo bem – responde ela de forma complacente.

 - Não me leve a mal, eu te explico o que aquilo é em outra ocasião.

 - Você não precisa me contar tudo – ela responde rápida e duramente – está tudo bem.

 - É... – Ele fala em um sussurro, quase que para si mesmo.

 Depois de quase uma hora de descida a pé na montanha em meio à neve acumulada, eles finalmente encontram uma estrada que os levaria para o vilarejo nas imediações do castelo do reino. O jovem pula no cavalo rapidamente e estende sua mão:

 - Vamos – chama ele.

 - Nós vamos... montados? – Pergunta ela, temerosa.

 - Claro, leva metade do tempo – responde Connor em meio a um sorriso quase encorajador – você já andou comigo uma vez, não deve ter sido tão ruim.

 - Sim, mas...

 - Não se preocupe – corta ele – eu lhe dou minha palavra que vai chegar em segurança ao vilarejo.

 Ela finalmente sede e sobe no cavalo com o auxilio da mão do rapaz. Ele espera que ela monte e inicia o galope com um movimento rápido da rédea. Com o aumento súbito da velocidade, Luna se desequilibra e se segura na primeira coisa que encontra, o que no caso era a cintura do rapaz, ele vira o rosto levemente e sorri para ela

 - Agora se segura, vai ser uma viajem turbulenta. – Avisa ele – Gosta de velocidade?

 - O quê? – Ela pergunta, se esforçando para ser ouvida.

 Ele então acelera o trote do cavalo que rapidamente se transforma em um galope rápido descendo a colina. O vento uivava nos ouvidos da bruxa, uma mexa de cabelo do rapaz se desprende e agora atinge o rosto dela, mas isso não a incomoda. A adrenalina agora começa a correr por suas veias, e os urros de satisfação do cavaleiro enchem seus ouvidos, de modo que ela começa a perder lentamente o medo que estava sentindo. O medo dava lugar a uma sensação nova, ou melhor, antiga que ela não sentia há muito tempo, seria alegria? Sim! Tudo aquilo que tinha acontecido com ela, a fez esquecer que essa emoção existia.

 Cada vez mais animada, ela se agarra mais forte na cintura de Connor para manter o equilíbrio enquanto olha o horizonte a sua frente, a essa altura, já saíram do pé da montanha e agora cortam caminho por uma plantação de trigo que já estava na altura do dorso do animal. No horizonte, manchas negras e irregulares se levantavam lentamente, do tamanho de grãos de ervilha ou de feijão amontoados. Era o castelo, e perto de seus muros estaria o vilarejo, a nova casa de Luna.

 Depois de algumas horas de correria, eles param à sombra de uma árvore para descansar e repor suas energias. Ao lado da arvore se via um pequeno riacho sinuoso que desaparecia na plantação de trigo, mas que era totalmente visível ao pé da árvore.

 - O que achou do passeio? – Pergunta Connor, ajudando Luna a descer.

 - Foi bom – responde ela ainda se recompondo e prendendo seu cabelo atrás das orelhas.

 Ele sorri.

 - Muito bem então, descanse um pouco, vou pegar água para o resto da viajem.

 - Sim – responde ela.

 O jovem pega a jarra de barro e se direciona ao riacho enquanto a garota se senta e encosta na arvore, aproveitando a brisa fresca que começa a soprar naquele instante. Alguns minutos depois Connor retorna, prende a jarra ao cavalo e se junta a ela, se sentando na mesma árvore, mas a alguns centímetros da bruxa.

 Ele examina o céu quando é surpreendido por uma pergunta de Luna:

 - Connor, posso te fazer uma pergunta?

 - Claro – responde ele virando o rosto para a direção dela.

 - Bem, qual o seu interesse com o castelo? Já que você veio de tão longe para esse fim.

 - Ah, isso? É que eu vou me tornar um soldado do rei, eles chamaram todos os jovens do meu vilarejo, mas apenas alguns de nós quisemos ir, entre eles, eu.

 - Hum – ela exclama olhando para baixo- você que escolheu ir?

 - Sim, queria fazer a diferença em pelo menos alguma coisa. – Diz ele voltando a fitar o céu azul - fazer algo nobre, que pudesse ser lembrado, ou simplesmente ajudar a mudar alguma coisa para melhor.

 - Entendi – fala ela olhando para ele com uma expressão pensativa, com aquela expressão, seus olhos pareciam mais escuros, mas ainda belos.

 Ele acorda de seu estado de contemplação e se levanta, chamando-a e oferecendo a mão para que ela suba novamente no cavalo, mas dessa vez ela ignora a mão e sobe sozinha no animal sem grandes dificuldades. Connor bate palmas pela execução majestosa da montaria e também monta o animal.

 Sendo assim, eles disparam novamente pela plantação em direção ao borrão preto que devagar ia aumentando. O galope ritmado do animal distraia a bruxa de uma maneira tão grande, que ela só foi libertada de seu transe quando o jovem anunciou a chegada ao vilarejo horas depois.

 Assim que entraram, desceram do animal e procuraram um local para que pudessem se hospedar. Não demorou muito, encontraram uma pequena e aconchegante hospedaria perto de uma taverna em uma das principais ruas da cidade. A hospedaria não tinha nada que chamasse atenção, era uma construção de pedra e barro, com janelas e portas de madeira viradas para a rua e apenas um degrau separava a porta do chão do passeio.

 Assim que os dois entram, são recebidos por um senhor forte e alto, no qual apenas os cabelos brancos na cabeça e na barba evidenciavam sua idade:

 - Pois não? – Diz o senhor alto.

 - Gostaríamos de pedir dois quartos para passarmos a noite.

 - Não preferem um quarto de casal, assim terão mais privacidade – diz educadamente o senhor.

 O rosto de ambos cora por um instante, Connor solta uma risada tímida e bem-humorada, porém Luna responde rapidamente antes dele:

 - Não somos um casal.

 - Oh, me desculpem, por favor, temos dois disponíveis, os dois primeiros à esquerda –diz o homem de maneira desajeitada e envergonhada, mas muito cordial. – Há água quente na lareira de ambos, caso queiram se limpar da viagem.

 Assim que pegam a chave, cada um vai para seu quarto, que era vizinho ao outro. Assim que iriam entrar, Luna para rapidamente e se vira para Connor dizendo com uma voz que parecia uma mistura de alívio e segurança:

 - Boa sorte amanhã.

 - Obrigado - responde ele realmente agradecido – tenha uma boa noite.

 Ela sorri e entra no quarto, ele faz o mesmo.

 Uma vez lá dentro, ele ajeita suas coisas em um canto perto da cama e para por um instante admirando seu escudo e sua espada encostados na cabeceira da cama. Ele vira-se, tira suas roupas e toma um banho. Nunca sentira tanta saudade de fazer algo que era tão natural, a água quente relaxava cada músculo em que ela entrava em contato e curava qualquer ferida feita pela neve do dia anterior.

 Por fim, ele veste uma roupa que ele guardou e se deita na cama, pronto para se entregar ao sono, quando começa a escutar um barulho no quarto ao lado. O barulho era pausado, quase ritmado, o som inconfundível de água sendo despejado em um corpo dentro de uma bacia vem à mente de Connor. Luna estava se lavando. Pensamentos diferentes e estranhos do habitual começam a invadir sua cabeça, como lampejos de luzes em diferentes direções, fugindo da mesma maneira com que vinham.

 O jovem os reprime e se concentra no barulho que a água faz ao se chocar com o corpo da garota e depois se derramar na bacia abaixo dela, vagarosamente os sentidos ficam mais distantes dele, seus pensamentos ficam turvos e ele adormece, esquecendo-se por um instante do que ele deveria fazer amanhã e de tudo o que passara até chegar ali.


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Notas finais do capítulo

É, esta meio grande... mas espero que tenha gostado. Até o próximo capítulo. Abraços!!



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