Suporte escrita por LittleHobbit


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

É a minha primeira vez. Primeira vez com Stanner. Primeira vez com super-heróis. Primeira vez com a Marvel.
Era uma fanfic pro desafio do mês passado, mas foi impossível postá-la antes. Como eu sou teimosa demais pra deixar as coisas pra lá eu resolvi postar isso mesmo assim.
Não está perfeito por isso só peço um pouco de paciência e que vocês possam se divertir com meus erros.
Até as notas finais o/



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A primeira coisa que o atingiu quando sua consciência começou a se recobrar, em ondas doloridas e latejantes em sua têmporas, foi a garoa gelada contra a sua pele parda.

Fez um esforço descomunal para sentar-se, mas desistiu quando cada pedaço de seu corpo gritou com a dor que sentiu com o movimento. Voltou a recostar o corpo contra a superfície úmida e pinicante. Era grama que usava como cama daquela vez. “Menos mal”, pensou com amargura.

Mas não podia ter certeza que o outro cara extravasara sua raiva apenas ali. Ele podia ter deixado um rastro de destruição até chegar na floresta. “Se ao menos eu pudesse me lembrar” e Bruce não tinha certeza se isso seria melhor ou pior do que perder todo o controle quando o Hulk ficava no comando da situação.

Quando esse pensamento começou a tomar forma em sua mente. Quando imagens de prédios destruídos e civis gritando em pleno desespero invadiram sua cabeça foi como se tudo recomeçasse. Seu pulso aumentou e a raiva de si mesmo impregnava em seus pulmões com uma respiração irregular e superficial.

Respirou fundo e implorou.

Natasha estava em missão na Itália e Bruce nem ao menos deveria estar no meio de todo aquele caos. Mas as coisas aconteceram tão rápido e fora de controle que agora estava ali. Sem poder ter certeza de quantas pessoas matara daquela vez.

Sem a “canção de ninar” fora impossível controlar o impulso de Hulk por esmagar qualquer coisa que ficasse em seu caminho.

Por que ele ainda insistia naquela história?

Ser um super-herói. Ser um Vingador. Aquilo significava ajudar as pessoas, salvá-las, mas tudo o que Bruce conseguia fazer era ser um monstro incontrolável com sede de destruição.

O que ele mais fazia era ferir as pessoas que deveria proteger.

Bruce sentiu o corpo encharcado tremer, enquanto encolhia-se contra o chão. O frio corroía sua carne, mas ele não se importou. A dor que sentia em seus ossos não importava. A solidão que enchia seu peito não o incomodava.

Ele merecia aquilo. O Hulk merecia aquilo. E ele se puniu. Nu e sozinho em algum lugar longe de todos. Só queria que tudo acabasse.

Mas era impossível. Lampejos de gritos e concreto se quebrando piscavam contra suas pálpebras fechadas. Rostos distorcidos e explosões enchiam sua mente. Tudo podia ser um pesadelo, denso e enevoado, mas a lembrança do calor do fogo em sua pele era vívida, a textura da pedra se quebrando em seus dedos com tanta facilidade e o medo no rosto das pessoas.

Ecos dos gritos se misturavam com os seus próprios berros inumanos e primitivos, e Bruce não sabia mais o que havia acontecido hoje ou há anos.

As lembranças se misturavam, vertiginosas, em sua mente. Tantas mortes, tanta destruição, tanto ódio.

Tudo a sua volta era verde. Grama e as milhares de folhas que cobriam sua visão do céu, como uma abóbada verde-vivo. Como uma piada de mal gosto.

Suas mãos começaram a tremer e Bruce implorou uma segunda vez. Sabia o que aconteceria se acabasse se transformando novamente. Mais da destruição que era sua constante.

Não podia deixar isso acontecer.

Fechou os olhos de maneira apertada e se concentrou. Procurou qualquer fagulha de felicidade em sua mente caótica. Estava tudo tão frio, tudo tão quieto e solitário.

Rostos se projetaram na escuridão. Rostos antigos e que machucavam mais do que acalmavam. Feridas que ele não queria curar, mas tinha medo de olhar pra elas. Ignorou o passado e as imagens mudaram. Uma russa de cabelos ruivos e uma canção doce cantada de lábios vermelhos. Aquilo era novo e confuso demais. Não servia.

E então, em algum lugar do caos que era sua cabeça a luz azulada do reator Arc brilhou em sua mente.

Tony.

Ele fora sua nova vida. Ele lhe dera abrigo quando estava se sentindo perdido em Nova York. Bruce fora o primeiro a frequentar a Torre Stark, antes mesmo de ela se tornar de fato um tipo de quartel geral dos Vingadores.

Ele sempre estivera ali, lhe enchendo com piadinhas sem graça ou com seus olhares que misturavam malicia com ternura. Mas ele não estava ali agora.

Onde ele estaria?

Sentiu o peito apertar com a incerteza da pergunta. Sempre temia machucar qualquer um de seus amigos, mas Tony?

Esfregou os punhos contra o rosto, segurando a frustação ardente dentro de seus olhos castanhos. Respirou fundo, sentindo os pulmões se enchendo de ar uma, duas, três vezes até que sentiu o coração desacelerar dentro de seu peito.

“É melhor assim”, Bruce obrigou-se a lembrar, ainda respirando profundamente.

E depois da raiva uma tristeza se apossou de seu peito.

Cobriu os olhos com o braço e sentiu vergonha por chorar. Por chorar de raiva de si mesmo. Pelo que sentia por Tony e por sentir tanta falta dele ali com ele.

Se sentiu como uma criança pequena com saudade de casa. Estava acostumado a deixar as coisas pra trás, mas o sorriso egocêntrico de Tony enchia sua mente.

No final ele sabia que teria que voltar. A S.H.I.E.L.D. seria incapaz de perdê-lo ou deixá-lo solto pela cidade. No final ele não queria ficar sozinho. Só queria que ele o encontrasse.

Talvez a solidão fosse pior do que a raiva que sentia. Era uma consequência do que era. Tinha tanto medo de ficar sozinho quanto uma criança tem medo do escuro, mas era impossível pra si não passar por aquilo. Quantas vezes não tivera que deixar as coisas pra trás, sem nunca mais poder voltar pra elas?

Pensar que um dia teria que fazer a mesma coisa com Tony o deixava com ainda mais medo.

Puxou o ar pelo nariz, enquanto um tremor violento envolvia todo o seu corpo desprotegido. Ainda chovia e o som da água a sua volta enchia seus ouvidos com suavidade. Mas não foi a chuva que o fez sobressaltar. Foi a voz forte acima de si.

–Vai acabar pegando uma pneumonia se continuar nessa chuva – zombou. – Ainda mais estando nu desse jeito.

Bruce descobriu os olhos enquanto olhava a figura de armadura vermelha em pé ao seu lado. Tony sorria com o canto da boca, mas seus olhos estavam escuros de preocupação.

Ver Tony fez seu coração acelerar. Ele estava ali. Estava mesmo ali. Os cabelos castanhos, a barba perfeitamente desenhada no queixo fino, os olhos sempre tão egocêntricos transbordando uma preocupação morna. Bruce ficou ainda mais culpado diante daquele olhar, mas não pode deixar de se sentir feliz em saber que era importante para o outro até esse ponto.

Seu desejo de não estar sozinho apenas se intensificou ao ver a figura de armadura. Seu desespero o levava a desejar se agarrar ao homem ao seu lado e nunca mais soltar. Queria perguntar porque ele havia demorado tanto, mas não podia. Tinha que pensar em quanto destruíra.

–Tony – balbuciou. – O que aconteceu...

–Conseguimos – ele disse. – Está tudo bem agora. Podemos voltar.

Tony estendeu o braço coberto com o titânio pintado de vermelho vivo em sua direção. Um convite claro para voltarem pra realidade. Pra voltarem para o mundo onde todos estariam falando do Hulk, mas também para voltarem pra casa. Bruce queria tanto aceitar aquele convite.

–Quantos dessa vez? – perguntou com amargura.

Sabia que Tony entenderia a pergunta. E de fato, o homem de armadura não pode deixar de franzir o cenho ante o questionamento. Era doloroso para os dois.

–Você veio direto pra cá – ele não abaixou a mão. – Não aconteceu nada.

Bruce sabia muito bem que era mentira. Tony sempre fazia isso, sempre mentia como se assim pudesse protegê-lo.

–Tony – ele pediu, implorou. – Quantos?

O Homem de Ferro inflou as bochechas com impaciência. O braço ainda estendido.

–Não confia em mim? – perguntou.

–Não – Bruce foi mais seco do que gostaria.

–Certo, eu não esperava essa resposta – rebateu um tanto magoado. – quatorze feridos, mas nenhum morto. Juro pela minha armadura. Agora quer fazer o favor de pegar a minha mão? Meu braço está ficando cansado.

Bruce suspirou em uma mistura de culpa e irritação, mas o que mais ele podia fazer?

Ele era culpado pelos feridos e precisava se responsabilizar por eles. Não podia se esconder naquela floresta pra sempre.

Bruce segurou firme na mão de Tony. Como se todo o seu futuro pudesse depender de estar com ele.

–Engraçado como você não confia em mim, mas sempre faz o que eu digo – Tony zombou enquanto o ajudava a levantar.

–Não seja tão convencido, Homem de Ferro – Bruce devolveu. – Mas preciso admitir que você é um homem muito persuasivo.

Tony sorriu enquanto envolvia o corpo do homem com cuidado, a armadura que usava não era a coisa mais confortável do mundo para se deixar envolver, mas Bruce não reclamou. Qualquer proximidade com Tony era mais do que bem-vinda.

–Eu tenho meus truques – a voz maliciosa soou em seu ouvido. –, mas você os conhece bem – beijou a bochecha gelada com os lábios quentes. – Agora vista isso, embora eu não reclamaria de continuar tendo essa visão.

Bruce vestiu as roupas quentes, enquanto se deixava levar pela lembrança dos lábios de Tony em sua pele molhada.

Ainda tinha medo. Medo de ver o que fizera na cidade, e não pode se impedir de deixar isso transparecer. A tranquilidade em suas falas não chegava em seus olhos.

–Eu estou com você – foi o que Tony respondeu diante da sua ansiedade. – Você não vai se livrar do meu charme tão cedo.

E Bruce não pode deixar de sorrir de si mesmo quando se esquecera disso mais cedo. Tony sempre estaria ali pra ele, e tudo o que Bruce precisava fazer era se acostumar com esse novo fato.


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Notas finais do capítulo

Eu queria muito escrever com eles e como eu estava muitíssimo animada com o segundo filme dos Vingadores eu resolvi esperar até depois da estréia pra escrever algo que acontecesse durante, ou no mesmo tempo que o filme. O que eu não esperava é que o segundo filme acabasse/destruísse com o meu shipp.
Eu fiquei sem vontade de escrever por pura tristeza minha, mas eu precisava tirar isso de dentro de mim.
Deu nisso! Espero que alguém tenha gostado!
Espero críticas, positivas ou negativas, de quem quer que tenha chegado até aqui!
Até o/



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