A princesa e o dragão

Era uma vez uma bela torre no meio de uma floresta, como a de Rapunzel. Mas aquela não era a torre dela. Era a de uma bela moça preciosa para os pais, que para estar em segurança, a solução que acharam foi escondê-la de tudo e de todos.

Para se certificarem de que ela não fugiria seus pais lhe confiaram um dragão para cuidar de sua torre, e para não permitir que ninguém a tirasse de lá.

A garota de longos cabelos loiros adorava cantar pelo amanhecer, com sua doce voz hipnotizante. O dragão, sem perceber, foi se apaixonando cada vez mais pela princesa, que não sabia o que era o amor.

Aquele Dragão chamava-se Natsu, e tendo a capacidade de se transforar em humano fazia visitas constantes á garota, levando-lhe comida e água e também alguns livros, que eram como ela passava seu tempo. Ela já tinha 17, estava em uma idade em que era necessário sentir-se livre, para o terror do dragão, que tinha que estar sempre de olho para que ela não fugisse.

A mesma não sabia que era o dragão seu visitante, acreditava que fosse algum servo do rei, então não tinha receio dele e pedia-lhe todas às vezes que a tirasse daquele lugar. Dizia que se sentia presa como um pássaro, impedida de viver sua vida em liberdade. Uma vez, falara que não era porque ela estava cansada de lá, mas sim porque tinha medo do dragão. Aqueles dentes afiados, a pele pegajosa e seu olhar amedrontador a fazia estremecer sob sua sacada.

De certa forma, isso magoou Natsu, e depois de muito pensar ele resolveu que estava na hora de contar à Lucy quem ele realmente era. Contar que batia o coração de um homem dentro daquele dragão. Porém, obcecado e com medo de que a garota nunca mais quisesse chegar perto dele, resolveu que estava na hora de tirá-la daquele lugar. Queria ao menos realizar um dos desejos da bela princesa, mesmo que escondido de seus pais.

Quando saíram, Lucy estava radiante, ele nunca vira a garota sorrir para ele daquele jeito e teve vontade de guardar aquele sorriso em uma caixinha de lembranças eternas. Por um momento, almejou que o tempo parasse, só para poder ficar olhando para ela pelo resto da vida.

Assim que contou à garota quem ele realmente era, o sorriso desapareceu. Ela arregalou os olhos e o brilho de seu olhar se foi. No lugar, vieram gritos e choros de raiva por ele nunca ter contado isso antes. Sua expressão, totalmente confusa e abalada o deixou desolado, como se enfiassem uma faca em seu coração.

A garota se afastou e, apesar de ela amá-lo intensa e secretamente, não podia acreditar que aquele homem a manteve presa por todo aquele tempo. Ele vira como ela sofrera por não poder correr em liberdade pelos bosques e tomar um delicioso banho de chuva. Ele vira como a garota se animava com as histórias dos livros e ficava iludida, pensando em como seria ter uma vida normal. Ele vira tudo isso, e mesmo assim, a tinha deixado presa por 17 anos, que demoraram uma eternidade para passar. Isso era imperdoável.

Assim os dois corações partidos foram se desfalecendo até deixar para trás o outro, como se o passado fosse riscado do mapa. Não havia um dia em que não se lembrassem um do outro, mas a culpa os corroía por dentro, juntamente com o amor que sentiam. E assim, separados, os dois seguiram suas vidas. Mas nunca se esqueceram daquele sentimento que fazia suas pernas tremerem e suas mãos suarem. O amor.