Promise escrita por Thalita Moraes


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Então, pessoas. A história está chegando ao seu final. Não posso culpar vocês por não estarem gostando, mas acho que criar uma continuação para uma fic de um ano atrás... É, melhor deixar quieto, não? Mas pelo menos tapei um buraco que a outra história deixou.
Mas eu não vou abandonar. Eu vou terminar mesmo. Depois desse, haverá mais três capítulos e então the end.
Sem mais delongas, eis o capítulo. Espero que gostem.



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—Era exatamente isso que eu queria evitar quando falei em te treinar. — O dragão bufou nervoso. — Você poderia ter morrido.

Lucy entendeu isso quando sentiu o soco flamejante passar perto do seu rosto. Ela tinha quase certeza de que se queimou só de chegar perto de Lisanna.

Ela cruzou os braços e engoliu seco, respirando fundo, como se estivesse se acalmando ainda. Ela estava brava com Natsu por não ter dito nada. Ele nunca foi de manter segredos, ele nunca foi de mentir. O que tinha mudado? Ela queria muito descobrir isso.

Mudando seu foco de visão de Natsu para o dragão, Lucy suspirou e perguntou:

—Por que eu preciso de treinamento?

—O poder dentro de você é instável. — O dragão disse, Lucy já tinha descoberto isso. — Você não tem controle. Num mundo ideal, você deveria levar em torno de dois anos para treinar você, mentalmente e fisicamente. Mas não temos tudo isso de tempo. Isso deverá levar em torno de duas horas.

—Vocês continuam falando que não tem tempo. Mas ainda não me explicaram nada. Porque não tem tempo?

—O que possuiu Lisanna é um demônio que nos persegue a cada mil anos. Por mais que tentássemos, nunca conseguíamos fazer com que ele desaparecesse de uma vez por todas, ele somente dormia. Temos até a terceira lua cheia para colocá-lo para dormir de novo ou ele extinguirá toda a nossa raça.

—Mas hoje é lua cheia. — Lucy disse e o dragão precisou apenas trocar um olhar triste com Lucy para que ela percebesse o que ele quis dizer. Por isso que eles não tinham tempo. Ela descruzou os braços e parecia estar um pouquinho menos brava do que antes. Mas apenas um pouquinho. Ainda estava magoada que Natsu não contou nada.

O dragão abaixou a cabeça para chegar perto de Lucy, ela não tinha o olfato tão desenvolvido quanto eles, mas ela podia sentir o cheiro do dragão. Talvez por proximidade.

—Da mesma forma como antes, isso vai te levar à um lugar dentro de si mesma para entender seus poderes e aceitá-los. E, aí dentro, você enfrentará seus medos. Não soa muito bom, mas confie em mim quando eu digo que fará uma grande diferença em sua força.

—O que acontece se eu não conseguir enfrentar meus medos?

—Então você não conseguirá sair. Ficará num círculo eterno até aprender a lidar com seus medos.

Lucy suspirou, fechando os olhos, tentando imaginar que tipo de medo que ela tinha, preparando-se mentalmente para a tortura, não conseguindo imaginar nada. O estranho é que, quando você para pra pensar no que te faz ficar com medo, nada lhe vem à cabeça. É necessário você estar no meio do choque para perceber que é aquilo.

—Está preparada? — O dragão perguntou inspirando fundo e segurando o ar, fumaça esverdeada saindo de seu nariz.

—Que outra escolha eu tenho? — Ela disse, prendendo a respiração, tensa e nervosa. Ela fechou os olhos e apenas esperou.

O dragão expeliu todo o ar reunido, rodeando Lucy com uma fumaça esverdeada. Ela logo se viu naquela escuridão da sua mente novamente, a voz do dragão ecoando.

—Não se esqueça. Identifique, enfrente e aceite.

Como se fosse fácil.

***

Lucy sentiu como se estivesse acordando. Ela sentiu uma dor agoniante em suas pernas, e sentia como se tivesse perdido o ar, seja lá onde ela estava, era um lugar muito quente. E quando abriu os olhos entendeu porque. Aquilo parecia ser seu inferno pessoal.

Havia uma viga ardente em suas pernas, fogo ao seu redor. Ela sentia o cheiro de queimado. Ela sentiu o desespero subir à sua garganta e enquanto ela tentava respirar fundo para se acalmar, ela sentia as lágrimas descerem pelo seu rosto. Ela já tinha pesadelos constantes com aquela visão, não precisava de mais.

Onze meses atrás, ela tinha passado por aquilo. Tinha sofrido com queimaduras de terceiro grau, ficara sem conseguir andar por uma semana, quase perdera sua magia por completo. Quem imaginaria que aquela menina de onze meses atrás, agora teria que passar por isso de novo para controlar poderes que ela nem sabia direito de onde vinha.

Ela engoliu em seco novamente, tentando lembrar a si mesma que era apenas uma ilusão. Apenas uma ilusão. Ela não tinha medo de fogo. Não tinha medo de fogo.

Aceite. Aceite. Aceite. Ela repetiu o mantra.

Seria fácil assim, não é?

A resposta correta é não. Pois logo o cenário de fogo dissipou-se e ela se viu novamente na floresta onde encontrou Lisanna. Mas dessa vez, ela não via Lisanna encarar ela com desgosto. E sim Natsu. Ele sorria de maneira que a deixava com medo, de maneira que fazia seu coração bater acelerada. Ela sentiu seu queixo tremer enquanto ela tentava segurar as lágrimas descerem.

Ela fechou os olhos, tentando imaginar alguma forma de aceitar aquilo. Como ela poderia enfrentar a imagem de Natsu? Porque ela via Natsu no meio dos seus medos? Porque ela tinha medo dele?

—Me parece que você não conseguiu entender a parte de identificar. — Ela ouviu uma voz ressoar em sua mente. Lucy abriu os olhos e ela viu nada além de escuridão. Quem era? O que aquilo deveria significar? — Você ainda não entendeu?

Lucy levantou-se com um pouco de dificuldade.

—Quem é você?

O vulto que ela via no meio da escuridão tinha adquirido forma humana. E, novamente, como se tivesse alguma luz ali, no momento em que o vulto dera um passo para frente, a luz iluminou seu rosto mostrando olhos castanhos e cabelos loiros. Era ela mesma, mas, ela não conseguia ver a si mesma dentro daquele casulo. Era como se fosse outra pessoa.

—Eu sou você. — A outra Lucy disse em retorno. Sua voz parecia ter algum tipo de ódio, algum tipo de mágoa que Lucy não conseguia identificar.

—Eu tenho medo de mim mesma? — Ela perguntou em voz alta. — Agora sim, nada mais faz sentido.

—Não, querida. Você não tem medo de si mesma. — A outra disse, dando um passo para frente. Seu quadril balançava de um lado para outro, como um leopardo prestes a atacar a presa. — Você tem medo do que você pode se tornar.

Lucy ficou apenas olhando para ela, tentando entender. Não fazia sentido. O fogo, Natsu, e agora ela mesma?

—Eu acho hilário que você não consegue entender a si mesma. — A outra disse, cruzando os braços. — Eu vou ter que desenhar para você entender? Ou devo aproveitar esse momento de fraqueza e tomar conta? Ou... — Ela disse, e então deu outro passo, sorrindo um pouco mais, falando um pouco mais baixo, como quem troca um segredo. — Jamais deixar você sair daqui?

Ela era extremamente agressiva. Lucy tinha congelado onde estava, incapaz de se mexer. O que estava acontecendo? Ela pensou. Lucy queria uma resposta.

Ela só queria entender o que estava acontecendo.

A outra Lucy então parou de sorrir e, como se atendesse o seu pedido, ela resolveu explicar.

—O que está acontecendo é que, você não consegue mais fazer nada sozinha. Você se acha inútil, você não conseguiu combater Lisanna sem pensar no seu namorado que você deixou para trás. Porque você deixou ele para trás, por falar nisso? Ah, sim. Porque, no fundo, lá no fundo, você ainda deseja que você e Natsu sejam amigos, mesmo depois de tudo que vocês passaram. Por isso você veio sozinha. E mesmo assim, ele mentiu pra você, te enganou. Você não pode mais confiar nele.

Lucy desabou enquanto ouvia o que ela tinha a dizer. Ela sabia de tudo aquilo. Tudo aquilo era verdade.

—E sabe o que é pior? — A outra perguntou. — Você ainda ama ele. Não daquele jeito inocente e fofo como antes, mas de uma maneira psicótica e louca. É um amor destrutivo. Do pior tipo. Você está se sabotando para que Gajeel termine com você, porque você não acha que merece ele. Ele é bom demais para você, ele faz te sentir bem. Mas, você sabe, lá no fundo, que você não merece. Você quebra facilmente, é uma boneca de porcelana. Você precisa dele, porque se ouvir a si mesma...

—Eu tenho medo do que eu posso me tornar. — Lucy terminou a frase. Ela mordeu o lábio inferior. Era tudo verdade? Talvez. Talvez não. Talvez era uma parte de si mesma tentando convencê-la de que ela não deveria ouvir a si mesma. Foi então que ela entendeu.

O fogo não passava de uma mera lembrança. Um símbolo. Ela não tinha medo do fogo, mas sim, tudo o que aconteceu desde então. Desde aquele dia. Foi o que mudou dentro dela.

Foi preciso apenas aquela faísca, para que uma outra personalidade completamente destrutiva crescesse dentro de si mesma. Aquela princesa queimada que substituiu quem ela costumava ser.

Era aquele o medo que vinha moldando sua vida.

Não era o fogo.

Não era Natsu.

Era ela mesma.

E agora ela sabia disso.


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