Esquecida escrita por savage


Capítulo 9
Nono


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Esse é o último Capítulo! Obrigado por lerem até aqui e eu espero que vocês tenham gostado do final que eu dei a estória!



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Eu sei que se continuar aqui o pouco de vida que ainda tenho me será tirado. Minha lucidez que já é pouca se perderá para sempre, e eu não posso deixar isso acontecer, não posso ser controlada pelos remédios, não posso ser controlada por ela.

Tenho que tentar fugir. Já tive essa ideia várias vezes durante o início de minha “estadia” aqui, mas sempre soube que não iria conseguir. Continuo com pensando do mesmo jeito agora, mas é o único jeito de escapar da minha morte mental.

Dra. Davis não gosta de ser desafiada. Não quer ser enfrentada e nem aceita ser contrariada. Ela criou uma ditadura aqui dentro. Cabe a mim escapar dela.

Meu tempo esta diminuindo, preciso me apressar.

E quando um nome vem a minha cabeça. Beth!

Sim, Beth! E isso, ela é a única que pode me ajudar, ela a única que poderá me dar a chance de sair daqui.

O turno de Beth já deveria ter começado. Sei que não sou a única paciente mais torço para que eu seja a favorita dela.

Levanto – me ainda zonza e fico andando de um lado para o outro, atordoada, quero quebrar as paredes. Quero destruir tudo e todos e fugir para muito, muito longe!

A porta é aberta. Estou de costas para ela então não vejo quem entrou. Por favor não seja Dra.Davis, por favor!

– Meu doce?

Quero dar pulos de alegria! Quero gritar e correr para abraçar Beth. Viro – me e a vejo com seu uniforme de enfermeira de costume.

– Beth!

– o que foi que aconteceu?

Ela me olha com preocupação.

– Eu preciso de sua ajuda.

Conto todo meu plano para ela. Ela tem que fingir que vai me levar para a sala de arte para na verdade me levar no vestiário das enfermeiras. Depois disso ela vai tentar atrasar Dra. Davis com alguma coisa para que eu possa arranjar um jeito de sair Dalí.

– Kyla não! Eu não posso fazer uma loucura dessas.

Suspiro. Sabia que não seria tão fácil convence – la. Vou ter de lhe contar tudo que aconteceu.

Começo narrando detalhe por detalhe do que aconteceu entre mim e Dra. Davis, falo sobre os remédios e tudo mais. Tenho mais uma carta na manga.

– Beth, eu lhe imploro. – Ajoelho aos pés dela – Se eu continuar aqui eu vou ficar drogada sem saber nem mesmo o meu nome. Por favor, me ajude a viver!

Ela me olha com tristeza. Consigo ver em seu olhar que ela esta pensando.

– Okay. Mais saiba que isso não vai ser nada fácil! – Ela coloca as mãos em meus ombros em um gesto de insegurança – Vamos, quanto antes melhor.

Faço minha melhor cara de alucinada e saio ao lado de Beth. Nós passamos pelos corredores velhos e rachados que sempre foram a marca registrada de minha prisão que, por sorte, estava prestes a acabar.

– Escute – Beth sussurra ao meu ouvido – Vamos passar pela área de recriação para poder chegar até os vestiários. Por sorte hoje esta vazio, então não precisaremos nos preocupar com as enfermeiras enxeridas.

Aceno com a cabeça. Não importa o que eu tiver que fazer, eu vou sair daqui.

Entramos na área de recriação, o lugar onde guarda o pouco de vida que ainda resta de tudo isso, aqui é o lugar mais colorido da construção toda. Várias pinturas, a maioria borrões de tinta, grudados na parede junto com esculturas feita de coisas que não são letais.

Andamos devagar. Fingir que sou como todos os outros aqui não é difícil, porque já fui assim, e se não estivesse fugindo agora voltaria a ser desse jeito.

Estamos quase saindo da sala quando avisto minha pintura. Ela esta bem escondida, coberta por algumas outras coisas, quase imperceptível. Sinto vontade de parar e pegar Ela mais não o faço. Fugir já será difícil, pior ainda com uma pintura em mãos.

Saímos de lá. Marco mentalmente que a primeira etapa esta completa.

– Kyla, aumente o passo, vamos ter que nos adiantar.

Começamos a andar mais rápido até chegarmos em uma porta que só é aberta com o crachá de um funcionário.

Olho para Beth. Ela o tira do bolso e o passa em frente a o identificador.

E um vestiário. Como aquele da escola. As lembranças voltam a minha mente muito rapidamente, chegando a doer.

– Rápido, vamos achar um uniforme para você.

Aquilo estava parecendo com aquelas novelas mexicanas em que o vilão coloca uma roupa de médico para que possa matar o mocinho em seu leito do hospital. No meu caso é para fugir do meu vilão que estou fazendo isso.

Beth revira as coisas das outras enfermeiras que deixam as bolsas ali, uma por uma, meu coração gela só de imaginar que não vamos encontrar um uniforme, mais bem nessa hora Beth tira um de uma bolsa.

– Rápido, tire a roupa!

Obedeço-a sem nem pensar duas vezes. Livro - me daquela roupa de hospital psiquiátrico e coloco a roupa que Beth me dá. E dois números acima do meu, Beth tem que amarrar e prender algumas partes com seus grampos de cabelo mas no final, por incrível que pareça, deu certo.

Quando estou prestes a cruzar a porta, Beth me impede com um leve puxão no ombro.

– Espere! – Ela diz com uma voz embargada – Você precisa parecer mais comum, tem que se diferenciar mais ainda dos loucos daqui! – Ela rapidamente prende meu cabelo em um coque frouxo, como o de várias mulheres que eu vi aqui.

Quando penso que acabou ela tira um batom do bolso, sinto vontade de sorrir.

– Venha, falta o Grand finale!

Ela tira a tampa do batom e passa em meus lábios. Quando acaba ela me lança um sorriso.

– Eu vou ficar aqui para não dar suspeita, agora vá, antes que ela sinta sua falta!

Ela beija minha testa e me mandar ir.

Nunca fui muito boa com despedidas então abro a porta e saio. Pela primeira vez dês de que essa loucura começou eu sinto medo. Continuo andando, um pouco rápido demais sentindo que todos estão me observando, quando desacelero um pouco acho que estou devagar demais, então acelero novamente.

Minhas mãos começam a tremer então as coloco no bolso do uniforme para que ninguém perceba.

Esse lugar sempre foi uma prisão para mim, mais não um labirinto. Eu sei exatamente onde devo ir, onde devo cruzar. Sou guiada pelos meus extintos quando minhas memórias do caminho falham. Queria estar correndo agora, correndo para fora daqui, mais tenho que manter as aparências e manter a calma.

Estou perto da saída do edifício. Meu coração acelera parecendo que vai explodir dentro do meu peito. Minha respiração fica pesada e começo a transpirar. Percebo que mesmo disfarçados para se parecerem mais com o ambiente, a seguranças na porta.

Acalme- se Kyla! Digo a mim mesma.

Tenho que aparentar tranquilidade e calma, sou apenas mais uma funcionária saindo depois de seu expediente.

– Boa tarde.

Falo com a voz mais natural que consigo fazer. Eles me respondem com um aceno de cabeça, sem ligar muito.

Passo pelas portas. Estou quase surtando. Lagrimas querem sair do meu rosto quando chego no jardim da parte da frente, agora já fora do edifício.

Ando por aquele jardim bonito e bem cuidado, feito para ser uma máscara para o que há lá dentro.

Ando devagar agora, finjo estar procurando alguma coisa no meu bolso quando cruzo o outro portão, agora sou menos notada do que antes.

Quando meus pés cruzam a divisão do lugar mais horrendo do mundo para a rua sinto vontade de gritar. Gritar por ter conseguido fugir, gritar por ter conseguido me livrar dá pior época da minha vida.

Ando mais rápido, mais rápido e mais rápido. Cruzo ruas, viro curvas e atravesso nos faróis. Já estou muito longe do lugar que quero esquecer, do lugar que estava me privando de ser feliz, o lugar que estava me privando de poder viver como um ser humano normal.

O meu maior prazer e imaginar a cara de Dra. Davis ao me procurar por aquele inferno inteiro e não me encontrar.

Corro muito agora, sinto o vento em meu rosto, solto meus cabelos para que eles possam dançar junto comigo nessa ventania.

Estou sorrindo para as pessoas a minha volta, estou gargalhando comigo mesma enquanto os finos pingos de chuva molham meu corpo.

Agora me sinto mais parecida como a chuva. Caindo sem rumo e sem destino, apenas caindo. Só que agora livre para cair onde quer, uma chuva que já quebrou sua barreira já quebrou seus limites com sua força, e que agora pode continuar a cair mais forte do que antes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem o que acharam e me digam as suas considerações finais da estória e tudo mais!
Muito obrigado novamente por lerem até o fim!
Vejo vocês na minha outra estória "A sobrevivente" acho que vão gostar... (sim já postei, só dar uma olhadinha! :3) Até mais
Bjokas!



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