O garoto sem nome escrita por Gessikk


Capítulo 8
Carta 8


Notas iniciais do capítulo

Oi lindos! Não demorei essa vez, na verdade escrevi tão rápido, que tive que esperar para postar e já comecei a escrever a próxima carta :3
Ao mesmo tempo que estou feliz com o resultado da fic, estou triste porque vai acabar, mas desde o ínicio já tinha planejado os dez capítulos!
Enfim, leiam e aproveitem (ou sofram?) e nos vemos nas notas finais, tenho uma pergunta importante para vocês!



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I can feel your pain- Manchester Orchestra

"He took my bones and turned t them into bread.

Cause I can feel your pain, in my bones, in my bones.

I was scared to call your mother

For news that you weren't getting better

Well my God, what the hell am I supposed to do?

(...)

I only say that word for you

Cause I can feel your pain, in my bones, in my bones.

And I can feel your pain, deep in my bones, deep in my bones.

And hallelujah to the one in our bones

And hallelujah to the one that we love"

Hoje é quarta feira, já está de noite e Derek acabou dormindo no mesmo quarto que eu, em uma poltrona. Espero não o acordar com a luz que estou usando para escrever.

Eu pensava que não poderia acontecer nada mais doloroso do que me despedir de Kira e Melissa, mas estava completamente enganado.

Quando as vi, o desejo de estar morto, de nunca sequer ter existido, foi simplesmente devastador, mas me despedir de Derek, fez com que brotasse o desejo mais sombrio e aterrorizante de todos: eu quis viver, quis de alguma forma, ressuscitar tudo que há de morto dentro de mim e obrigar meu corpo debilitado a se curar, obrigar meu coração a continuar batendo.

Ele me fez desejar a vida, quando sei que não tenho esse direito. A morte chegou a mim quando mal sabia como respirar e continua me rondando, me impedindo de experimentar o que é viver.

E agora, só consigo ter a expectativa de que amanhã vai ser ainda pior, que vou chorar e desejar ser enterrado vivo para ter uma morte lenta e dolorosa, que é o que eu mereço, por ferir todos que eu amo.

Amanhã será a última pessoa que verei, a dona de olhos verdes e sei que nada que eu pense, nada que eu faça, vai me preparar para vê-la. Assim que me deparar com aqueles olhos desconcertantes, o que resta intacto em mim irá se desfazer, vou me quebrar em pequenos pedaços, sangrar dentro do meu próprio corpo e ela será capaz de enxergar isso, será capaz de invadir minha alma e desmembrar cada sentimento meu.

Agora é tarde demais para desistir.

Junto com o desejo sufocante pela vida, hoje, mais uma vez, tive a certeza de que isso não é algo que eu possa escolher.

Acordei cedo, completamente destruído e Derek, parecendo ter um radar interno foi poucos minutos depois ao quarto que se tornou meu, sentou na cama e me encarou com os olhos estranhamente reconfortantes.

Seus olhos verdes, eu definitivamente amava verde.

" Você quer fazer alguma coisa hoje? "

Eu neguei com a cabeça e ele concordou, passando um braço por meus ombros e me ajudando a ficar de pé. Aquilo já tinha se tornado uma rotina para nós dois, vivíamos em uma proximidade constrangedora, ele sempre me ajudava em tudo e eu, constantemente, ficava envergonhado, mas permitia que ele fizesse tudo por mim, simplesmente porque não conseguia fazer quase nada.

" Você quer ficar sozinho? ", enquanto comíamos o café da manhã, ele fez aquela pergunta e novamente, neguei com a cabeça. Eu queria ficar com ele, precisava ficar.

Depois de um tempo, sentamos no sofá, um de frente para o outro, em silêncio.

Queria conseguir descrever o cuidado, a preocupação e o carinho explícitos no rosto de Derek que me observava como se eu pudesse desfazer a qualquer momento, como se buscasse algo que fosse me machucar, para então, me proteger.

" Como, você, vivo, sua família"

Não sei que pessoa sã, seria capaz de entender a pergunta que tentei inutilmente fazer, mas Derek, de alguma forma, compreendeu.

" Como consigo continuar vivo, mesmo após a morte da minha família? ", agradeci internamente por ele ter dito o que tentei perguntar. " Eu perdi tudo o que tinha, Stiles."

Em outra época, não iria conseguir compreender a dor devastadora em sua voz, mas eu sentia aquela mesma dor corroendo meus ossos.

Antes que ele continuasse a responder, eu queria falar, mas não conseguia. É difícil explicar como é a sensação, por mais que eu queira descrever.

É semelhante a ter uma pedra na garganta, incômoda, o sufocando e impedindo de respirar e uma corda presa a base de sua língua que a puxa para os movimentos contrários que você quer fazer na hora de falar e aí, em vez de sair algum som coerente, a sua boca apenas se abre, mas a corda e a preda, fazem com que não controle a saliva e então, baba em seu rosto e blusa.

Eu sempre fico constrangido da mesma forma quando melo meu rosto com saliva, mas Derek nunca demonstrou incômodo, desagrado ou nojo ao me limpar.

E foi o que ele precisou fazer quando tentei falar e a sua expressão permaneceu tranquila e cuidadosa, ele apenas pegou um papel e esfregou na minha boca, tirando a baba que escorria como se eu fosse um idoso com dentadura.

Como sempre fazia, Derek percebeu a agonia em meus olhos e se arrastou no sofá até ficar perto de mim, bem perto, me abraçando meio desajeitado e ergueu o celular em minha direção.

" Prefere escrever? ", concordei apesar de inseguro e ele, novamente, usou os poderes tele cinéticos que eu jurava que escondia de mim e acrescentou: "Você pode perguntar o que quiser, qualquer coisa."

" Como foi quando perdeu sua família? Quando perdeu tudo? " digitei as palavras com insegurança, pois sabia que Derek jamais tocava naquele assunto.

" Eu nunca falei disso com ninguém"

" Não precisa responder ", disse com dificuldade, tossindo e Derek passou novamente o papel na minha boca.

Ele ficou em silêncio por tanto tempo, que não esperava mais a sua resposta, por isso, me assustei quando Derek me puxou para ainda mais perto e começou a fazer um carinho gostoso no meu cabelo.

Logo que seus dedos se enroscaram em meus fios bagunçados, ele começou a falar.

Mesmo que tivesse capacidade de dizer algo, não falaria, ficaria calado, assustado, os olhos lacrimejando da exata maneira como eu fiquei.

Derek falou tudo com descrições minuciosas.

Eu não acreditava que ele estava se abrindo daquela forma, não o Derek Hale que conheci na época do colégio, o mesmo lobisomem rabugento, frio, que sempre me assustou, mas lá estava ele, a voz embargada, contando sobre sua vida.

Quando criança ele brincava sozinho na floresta, seus pais o ensinavam como controlar os dons de um lobisomem e como se defender, lutar, aprendeu tudo desde cedo. Depois, me contou como jogava bem no basquete e como conheceu Paige.

Ao falar da morte da primeira namorada, como teve que cravar as unhas em seu corpo para alivia-la do sofrimento horrendo e assim ganhou seus olhos azuis, percebi em sua voz que ele chorava, mas não tive coragem de encara-lo, não saberia o que fazer, afinal, eu mesmo chorava.

Sua história continuou com uma série de acontecimentos trágicos, quando conheceu Kate, se apaixonou perdidamente e acreditou que ia se recuperar com a mulher mais velha, com quem teve suas primeiras experiências sexuais. Por algum motivo, ele me contou esse detalhe, que a Argent o iniciou sexualmente e o ensinou várias práticas nessa área.

Ruborizei enquanto ele falava isso. Derek percebeu e mesmo com o assunto sério, riu e apertou minhas bochechas como se eu fosse um bebê.

E então, o assunto ficou sério novamente.

Ele me contou sobre o incêndio, sobre os gritos da família, o cheiro de seus corpos sendo queimados, como fugiu e descobriu que tinha sido Kate.

Ele contou tudo.

" Bem, mas você perguntou como contínuo vivo", foi assim que ele parou de falar sobre o incêndio " Às vezes é difícil acreditar que de fato estou vivo, sabe? É mais como se eu tivesse morto e meu corpo estivesse bem por algum motivo."

" Entendo ", a palavra cuspida por minha boca não parecia demonstrar como eu de fato entendia, como sabia exatamente qual era a sensação de estar morto e continuar sobrevivendo, a diferença era que meu corpo apodrecia com o meu interior.

" Tentei me matar cinco vocês, mas é muito difícil para um lobisomem, por mais que tentasse, eu me curava, então, só busquei uma razão para continuar, acreditei que talvez ainda tivesse algo bom no mundo para mim, ou que eu pudesse ajudar alguém a não passar pelas mesmas coisas que eu."

Derek Hale tinha tentado se matar, isso está corroendo meus pensamentos até agora e o horror de pensar nele morto, fez com que eu questionasse minha decisão.

Assim que ele disse isso, eu pensei em desistir de tudo, em simplesmente continuar vivendo, mesmo que desse jeito doentio.

"Só procurei uma justificativa para ficar bem, já que percebi que não ia conseguir me matar mesmo" e ele riu, como se fosse uma piada negra, negou com a cabeça e segurou meu rosto, o inclinando de modo que encarrasse meus olhos " Eu também achava que Peter era bom e lá no fundo, tinha esperanças que ele voltasse, mas obviamente não voltou da forma como eu esperava."

"Jennifer", só fui capaz de sussurrar o nome da Darach maníaca, ainda inseguro de estar falando sobre os pontos fracos do Hale, mas seu olhar continuava doce, apesar de triste.

" Sim, depois aconteceram mais desastres que você conhece muito bem e acho que isso que me tornou o que eu sou. "

"Chato?", ele sorriu genuinamente com minha ironia.

"Fechado, zangado, ameaçando todos a minha volta, aparentemente corajoso, quando na verdade só tenho medo de que tudo desabe novamente, que eu perca tudo o que amo."

" Você falando ", mais uma vez disse uma frase incoerente que ele entendeu de imediato.

" Sim, estou falando com você porque é meu amigo, Stiles. Acho que é estranho falar isso, mas você é a primeira pessoa que eu confio sem nenhum medo desde Kate. "

Sorri e peguei o celular, digitando, com os dedos trêmulos, a frase maior do que poderia falar: "É melhor tomar cuidado, isso tudo pode ser fingimento, eu posso estar escondendo meus poderes e mata-lo lentamente."

Ele riu, uma risada gostava que julgava ser impossível que ele desse logo após se abrir comigo, falar algo que nunca disse a ninguém e só ai, parou de fazer o carinho no cabelo. Eu reclamei com ele, tentando colocar sua mão de volta na minha cabeça, o que fez com que ele continuasse rindo.

Quando sua risada parou, continuamos um bom tempo no sofá. Ele voltou a fazer o carinho no meu cabelo, eu me ajeitei no sofá e ficamos daquele jeito estranho, porém reconfortante.

" Por que você perguntou isso, Stiles? "

Não respondi.

"Eu sei que você está tentando se despedir das pessoas, só quero entender porquê está fazendo isso", nem sequer me mexi, continuei com a cabeça em sua clavícula, aproveitando o calor de seu corpo para me aquecer, " Mas hoje você não pediu para ver ninguém. "

Eu quase pude ouvir a conversa interior de Derek, sabia que ele entenderia e que brigaria comigo. Foi exatamente isso que aconteceu, mas foi muito pior do que eu imaginava.

Estou me controlando para continuar escrevendo, por você Derek, que quando estiver lendo essa carta, vai saber que era tarde demais para mim.

Vendo você dormir, só tenho vontade de pular na poltrona que está, me encolher e ficar escondido do resto do mundo.

Espero que me perdoe um dia e entenda que você se tornou meu irmão, que foi meu amigo quando me julguei incapaz de me aproximar de alguém.

Apesar da minha decisão, eu amo você, da mesma forma que ainda amo Scott. Nunca conseguiria explicar a sua importância e nem a profundida do que sinto.

Tudo bem, desculpa por esse papo meloso, provavelmente não vai gostar de ler isso, então vou continuar a contar o que aconteceu, pois quero que seja capaz de enxergar através dos meus olhos.

"Você está se despedindo de mim!", simplesmente me encolhi, mas ele se afastou "Stiles, por favor, diz que não é isso! "

Novamente não respondi e Derek mostrou sua capacidade de mudar de sentimentos e reações em questão de minutos.

Ele ficou furioso, os olhos brilharam com o azul gélido e as presas apareceram. Acho que ele nem percebeu.

" Stiles, eu sei que está doente! Sei que está mal, mas por que está agindo como se estivesse prestes a morrer? " Ele gritou com tanta fúria, que não percebeu minha tentativa de falar.

" Você não vai morrer, está escutando? Eu não vou deixar que você morra! ", o Hale levantou, completamente transtornado e me assustou, socando a mesa de centro com uma força que fez com que o móvel partisse ao meio.

Ele gritou tantos palavrões que não acho que seria bom escrever aqui. Talvez, alguém esteja se perguntando o que eu fiz e bem, o corajoso e forte Stiles, abraçou as próprias pernas e chorou.

Ser covarde é uma coisa típica minha.

" Você não pode desistir! Eu não posso perder.... Eu não vou deixar que você morra! ", ele parou de andar de um lado para o outro, furioso, quando percebeu como eu estava assustado "Como você acha que Lydia ficaria? Ela liga para mim todos os dias perguntando como você está, sabe disso não é?"

Eu não sabia e naquele momento, senti algum órgão se desintegrar dentro de mim.

Lydia, a dona dos olhos verdes, a garota que mesmo depois que fui completamente bêbado para sua casa, após ter dormido com várias mulheres e ficado tanto tempo a evitando, voltou a me ver com frequência.

Eu só não escrevo sobre as diversas vezes que ela veio ao loft, como corta meu cabelo, lê um livro para mim toda vez que me ver e como ela e Derek se aproximaram por minha causa, brincando e fazendo palhaçadas para me animar, porque me obrigar a pensar nela, me destrói ainda mais.

"E como você acha que eu vou ficar, Stiles?"

De todas as reações que imaginei, de todas as coisas que ele poderia falar, eu não esperava por aquilo. Foi como um tiro no estômago, como um caminhão passando por minha cabeça e estourando meus miolos.

O lobisomem chorou, não como o choro contido quando lembrou de seu passado doloroso, ele chorou de verdade. Lágrimas densas escorrendo, um soluço doloroso rompendo o peito.

Nunca vi o Hale frágil daquela maneira e a única coisa que consegui fazer, foi levantar e cambalear até ele.

Joguei o corpo contra o seu, o abraçando com força, deixando meus braços trêmulos apertando sua cintura.

Choramos.

"Por que você não quer tentar se transformar? Isso pode dar uma chance de viver!", ele disse entre soluços, me apertando " Se você disser apenas um sim, eu deixo você na casa da Lydia e procuro um Alfa. Eu juro que encontro em no máximo dois dias e mato o primeiro que encontrar, me torno alfa novamente e eu mesmo o mordo."

Segurei o rosto de Derek e sua barba espetou minhas palmas, enquanto fazia com que ele me encarasse. Devido ao meu tremor, sua cabeça balançava no mesmo ritmo que meus braços tremiam, mas ele não pareceu se importar.

" Eu sou humano", minha voz ameaçou a falhar, mas me esforcei, sentindo minha cabeça e garganta doerem "É o que sou, Derek". Os dedos enormes do lobisomem passaram por baixo da minha boca, tirando a saliva que escorria pelo canto dos meus lábios" Se me morder, eu morro ".

Eu tenho essa certeza, de que simplesmente não posso me transformar em nada, mesmo sem ter nenhuma explicação lógica para saber disso.

Eu sou humano, um humano miserável e fraco, sou apenas isso. O mundo sobrenatural me destrói, a única experiência que tive com poder, com o demônio que me possuiu, fez com que eu enlouquecesse.

" Mas eu não quero que você morra", ele implorou.

Derek Hale implorou.

"Nem eu"

Foi assim, que o desejo horrível, devastador, pela vida me atingiu.

Eu não mereço viver, já não tenho prazer em continuar respirando, não tenho motivo para continuar aqui, mas ele não queria que eu morresse.

Sempre feri as pessoas a minha volta e agora, quando me aproximo da morte, que eu mesmo planejo em segredo por meses, percebo que vou ferir ainda mais a todos.

O resto do dia passou silencioso.

Derek se empenhou na cozinha, fazendo uma comida deliciosa, mas o clima estava pesado enquanto comíamos.

Depois, já estava suado e melado de lágrimas junto a própria baba, que hoje decidiu escapar da boca, então ele me deu banho.

Acho que nunca disse como é meu banho. Sei que pode parecer um detalhe inútil e que Derek, não precisa ler para saber como é algo que faz, mas ele não vai ser o único a ler e de alguma forma, parece apropriado dizer.

O Hale só começou a me dar banho, quando me machuquei pela primeira vez no chuveiro, algo que já disse em uma carta anterior. Ele sabe o quanto sou tímido com meu corpo e que é extremamente humilhante não conseguir tomar banho sozinho, então ele sempre torna o momento o mais agradável possível.

É quase um ritual, não importa se Derek está triste ou irritado, sempre quando vamos ao banheiro, ele sorri para mim, me ajuda a tirar a roupa e olha somente para o meu rosto.

Gosto de banhos demorados, mas não consigo ficar muito tempo em pé, então sempre tem um banco de plástico perto do box, onde várias vezes, ele me ajuda a sentar, para que eu fique debaixo d'agua, mas independentemente disso, Derek sempre me segura pelos ombros com firmeza.

Nos melhores dias, eu consigo passar o sabonete sozinho e lavar o cabelo. Nos piores, Derek praticamente entra por inteiro no box e precisa até mesmo me lavar.

Sim, ele já teve que lavar meu corpo inteiro.

Depois de vários banhos assim, Derek começou a implicar comigo, me fazendo rir apesar da vergonha, falando mal do meu corpo, comparando com o dele e dizendo que eu era como um sorvete de flocos. Sim, porquê sou muito branco e com muitas pintas.

Hoje em especial, quando sai do banho e finalmente me vesti, Derek falou que eu era sexy e que sempre lamentava quando me vestia novamente, que por ele, eu ficaria sem nada o dia inteiro. Ele falou isso com um sorriso zombateiro e eu, não pude evitar de rir.

Enfim, hoje estou escrevendo demais e é só porquê não queria ter que me despedir e não sei o que falar para você, Derek.

Toda essa carta é para você e queria ter algo especial para dizer, mas não tenho.

A culpa está acabando comigo, quando fomos ver aquele filme horrível de terror que você tanto gostou, fiquei pensando nisso. Se o plano que fiz há meses, realmente deveria ser comprido e cheguei na conclusão de que sou egoísta.

Sei que vou mais uma vez, destruir tudo a minha volta, como sempre faço. Quem estiver próximo a mim vai ser atingindo pelos estilhaços da minha morte, vou ferir as pessoas que me restam, mas só assim, vou ser capaz de acabar com meu sofrimento.

Eu não suporto mais, não sou forte e corajoso como você é. Não sou quem você acredita que sou.

Quando acordamos e você me levar a casa de Lydia, será a última vez que me verá. Depois disso, vocês acharão meu corpo, em minha antiga casa.

A doença está piorando, estou cada vez mais humilhado e dependente, não quero esperar eu ser obrigado a ficar na cama de hospital e deixar que vocês me vejam definhar na cama, complemente insano.

Minha mãe morreu assim, louca, sem me reconhecer. Não quero isso para mim, tanto você, como Lydia, já têm uma visão ruim o suficiente minha, humilhante o suficiente, isso não precisa piorar.

Não sei como terminar essa carta, Derek. O que vou dizer, quando antes de dormir você disse que me amava?

O que vou dizer a pessoa que me fez sorrir em meio ao caos? Ao único que suportou meu desespero quando meu melhor amigo morreu? O homem que se tornou o único membro da minha família?

Você cuidou de mim em todos os sentidos, fisicamente e mentalmente. Queria ser capaz de cuidar também de você, de tirar toda a sua dor.

Eu não consigo, não consigo fazer o que você faz.

A única coisa que posso dizer é que sinto a sua dor, dissolvendo meus ossos e esfarelando meu coração. Mesmo quando eu morrer, lembre-se que uma pessoa foi capaz de pela primeira vez, sentir no próprio corpo a sua dor insuportável.

Eu entendo o porquê você se tornou tão fechado, o porquê muitas vezes age com tanto rancor, pois tive o privilégio de conhecer o melhor que há em você e esse homem, escondido na sua máscara de raiva, é o verdadeiro Derek.

Essa carta, grande demais e ao mesmo tempo tão pequena, é o meu adeus.

Agora eu sei que quando morrer, parte de mim continuará viva em você.

O garoto sem nome.


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Notas finais do capítulo

RESPONDAM!

Então amores, como disse que estou triste que a fic vai acabar, eu estou pensando em começar outra fic desse estilo...sem muitos capítulos, focada em algum personagem específico, talvez outra songfic e estou com umas idéias e não sei qual escolher.
Poderiam me ajudar a dizer nos comentários qual dessas gostariam que eu escrevesse?
— Peter e Lydia
— Stiles e Allison
— Stiles, Malia e Lydia
— Derek
— Lydia