How You Remind Me – Nickelback

"Never made it as a wise man

(...)

I'm sick of sight without a sense of feeling

(...)

I was waiting on a different story

(...)

This time I'm mistaken

For handing you a heart worth breaking

(...)

And it must have been so bad

Cause living with me must have damn near killed you"

Sempre gostei de lendas e mitologias, descobria jogos que envolvia esses assuntos e acabava aprendendo cada vez mais. Porém, eu nunca imaginei que lobisomens existissem, até é claro, meu melhor amigo ser mordido.

Agora, provavelmente, se quem estiver lendo não conhecer a verdade escondida nesse mundo, ou vai me julgar como louco ou vai arranjar alguma desculpa da psicologia para desvendar o motivo, o significado, por trás do que vou dizer do sobrenatural.

Essa foi outra fase que deu uma reviravolta na minha vida e mais uma vez o destino brincou comigo, me obrigando a amadurecer rápido demais, a novamente enfrentar situações em que era muito novo para suportar. Era muito peso para um humano aguentar.

Nunca disse a Scott como isso realmente afetou a minha vida, afinal, ele que foi mordido e eu não queria perturba-lo com meus problemas, pois já tinha o suficiente com que lidar. Eu tinha que ser forte por Scott e foi isso que fiz, o apoiei em tudo, o ajudei e somente de noite, quando deitava, prestes a dormir, era que eu permitia me sentir perdido e assustado, sempre temendo que algum monstro forte e poderoso me atacasse, enquanto eu continuava sendo o frágil e pequeno Stiles.

De tudo o que passei, graças ao mundo sobrenatural, de todos os problemas e alegrias que vivi, dois fatos se destacaram. O primeiro, faria com que eu enfrentasse tudo novamente, diversas vezes, somente para desfrutar da melhor coisa que a mordida e a Allison trouxeram na minha vida: O convívio com Lydia e o segundo, foi a pior desgraça que me aconteceu desde a morte da minha mãe e nunca consegui classificar qual dor foi mais intensa, qual situação foi a mais devastadora: Eu fui possuído por um demônio, conhecido como Nogitsune.

Vou começar falando da primeira parte e caso esteja se perguntando quanto tempo passou desde o relato da primeira carta, foram anos e só isso que importa saber. E sim, após anos eu continuava apaixonado pela mesma garota, a dona do par de olhos verdes, a pessoa mais inteligente e linda que eu conheci e a que mais me ignorou, parecendo incapaz de notar a minha presença. Porém isso mudou com a chegada de Allison na escola, a garota que Scott ficou simplesmente apaixonado.

Allison e Lydia se tornaram grandes amigas e Scott, começou a namorar a Alli. Foi assim que eu finalmente conheci mais Lydia, me aproximei dela.

Antes de Allison chegar, eu já havia gravado toda aparência de Lydia, sabia sua altura, a cor exata de seus olhos e cabelos, as curvas de seu corpo. Também sabia o quanto era inteligente e que se fingia de burra por Jackson, o garoto que ela namorava desde o fundamental, mas eu só a conheci de verdade quando ela percebeu a minha existência.

"Que diabos é Stiles?" mesmo sabendo que Lydia estava grogue quando disse isso, foi uma frase que me assustou. Ela de fato não sabia quem eu era, por isso, assim que tive a oportunidade de conversar verdadeiramente com ela, aproveitei todas as chances. Talvez eu tenha me tornado irritante para Lydia, mas não podia evitar de a seguir no corredor tagarelando e sempre que eu sabia que ela corria algum perigo, fazia tudo para protege-la, de qualquer forma que pudesse.

Eu praticamente enlouqueci quando Lydia sumiu, andando nua pela floresta e quando vi a marca em seu pescoço, após Jennifer ter tentado sacrifica-la. Eu pensava que Lydia não notava essas coisas, que não percebia minha preocupação, nem que tentava a proteger, que ainda não percebesse a minha presença, mas ela me surpreendeu de maneira maravilhosa.

"Você é muito inteligente para ler instruções, você não precisa disso, Stiles, você sempre dá um jeito", quando ela disse isso, foi uma das primeiras vezes que eu percebi algo que sempre julguei como impossível, Lydia se importava comigo, eu fazia diferença para ela. Com o tempo isso só se intensificou, seus olhares não eram mais de desprezo, eram carinhosos, afetivos e desenvolvemos uma amizade inesperada, ela sabia quando eu estava mal, me conhecia e eu sentia quando havia algo errado com ela, sempre estava perto em seus piores momentos.

Nunca pensei que os ataques de pânico pudessem um dia trazer algo de bom para mim, até o dia que Lydia me beijou. Em um momento de desespero eu me senti de volta a minha infância, quando chorava todos os dias pela morte da minha mãe e comecei a desenvolver os ataques que me impediam de respirar, era sufocado por dentro, tinha a sensação de estar sendo esmagado por todos os lados, era dominado pelo desespero. Eu senti isso naquele inesperado dia em que os lábios de Lydia foram até os meus, ela que tomou a inciativa, segurou meu rosto e me beijou, roubando completamente meu fôlego.

Ela disse que para interromper um ataque de pânico era preciso prender a respiração e que quando me beijou, eu parei de respirar. Eu estaria mentindo se dissesse que não alimentei uma esperança tola dentro de mim, acreditando em segredo que ela realmente quis me beijar, que não foi somente pelo ataque de pânico.

Depois desse beijo muitas coisas mudaram na nossa relação, mas eu realmente esperava que fosse uma história diferente da que vou contar, eu abriria mão de todos os momentos que passamos juntos se pudesse evitar o que isso provocou. Talvez meu grande erro tenha sido doar meu coração inteiramente para ela, meu coração podre, que merecia ser quebrado, jogado fora e não abrigado por uma garota como ela.

Eu jamais quis que Lydia se magoasse, que algo pudesse a atingir, mas fui o responsável por ela ter se ferido. Lentamente, de acordo com os acontecimentos que se seguiram após o beijo, eu fui a matando, a destruindo, enquanto tentava desesperadamente me tornar o homem que ela merecia que eu fosse.

Nunca consegui sequer me passar por um homem sábio, mas minha maior estupidez foi achar que algo maravilhoso pudesse acontecer comigo sem consequências severas, ainda mais depois de todos os erros que cometi quando fui possuído.

Provavelmente, ao ler a palavra "possuído", você já imagina algo realmente péssimo e imagens de filmes de terror venham a sua memória, mas mesmo assim, nada se compara quando isso acontece com você.

Imagine qual deve ser a sensação de se afogar, com os braços e pernas acorrentados, em uma piscina repleta de demônios que realizassem seus piores pesadelos enquanto suas narinas ardem, a água invade a sua boca, sua garganta se fecha e você se sufoca aos poucos, lutando inutilmente, mesmo sabendo que é em vão. Essa é a sensação que se assemelha a estar preso dentro do seu próprio corpo, incapaz de controlar seus movimentos, sendo usado para matar pessoas, incapaz de não sentir prazer com isso, se sentindo poderoso enquanto tortura seu melhor amigo, questionando seu próprio caráter e todos preceitos que julgou ter por toda sua vida. Foi isso que aconteceu comigo.

Por mais que quisesse, não conseguiria contar detalhadamente sobre o que aconteceu, é dolorido demais para que eu me obrigue a reviver os momentos, não sou capaz de escrever os detalhes que nunca tive coragem de dizer a ninguém. O importante a se dizer é que o garoto que Lydia ficava, Aiden, morreu e Allison também. Isso a mudou completamente, mudou a todos nós.

Lydia perdeu duas pessoas importantes na mesma época, o que foi completamente devastador, Scott perdeu o primeiro amor e eu, perdi por completo a inocência que me restava, me tornei um torturador, um assassino.

Uma coisa boa aconteceu no meio de todo pesadelo: Malia, uma garota que passou anos de sua vida como um coiote e não estava nada satisfeita ao voltar a forma humana. Ela não confiava muito nas pessoas, nem se apegava a ninguém, mas por algum motivo, ela confiou em mim, deixou que eu me aproximasse, invadiu minha vida quando eu nem a conhecia e permitiu que eu invadisse a dela.

Nós compartilhamos o primeiro momento de intimidade de ambos, estávamos feridos, assustados com nós mesmos, confusos e encontramos o conforto um no outro. Foi assim que tive minha primeira vez com uma desconhecida, no porão de um hospício.

Eu nunca esqueci Lydia, continuava apaixonado por ela, mas foi simplesmente irresistível não me aproximar de Malia. Em pouco tempo já a amava como alguém da minha família e enquanto lutava contra meus próprios traumas, dediquei meu tempo para a ajudar a superar os seus e a ensinar como agir como uma humana normal.

Nos envolvemos mais do que esperávamos e nenhum dos dois tinha qualquer experiência com aquilo, foi difícil no começo de conseguirmos conciliar nossas personalidades, mas quando menos esperávamos já eram tratados por todos como um "casal". Assim, iniciamos um namoro e eu me permeti me apaixonar por ela, a me dar ao privilégio de um amor correspondido, a viver momentos de verdadeira felicidade com uma pessoa importante para mim.

No tempo que passei por todas essas coisas, uma mulher que julgávamos como morta, reviveu como uma Were-jaguar, assassinos profissionais, pagos para matar meus amigos sobrenaturais surgiram por toda Beacon Hills, o Nemeton tornou a cidade um farol para diversas espécies sobrenaturais, Scott teve seu primeiro beta, Liam, e começou a namorar com Kira, Lydia descobriu que não era humana, mas sim uma Banshee e seus dons começaram a aflorar, apesar de ser incapaz de controlar.

O que já era confuso se tornou uma loucura, Beacon Hills se tornou lar de diversos assassinos e seres sobrenaturais, o que fez com que lobisomens e caçadores se unissem com um mesmo propósito.

Enquanto todos eram fortes e desenvolviam seus lados sobrenaturais, eu permaneci fraco, inútil, um humano no meio de monstros e heróis. Apenas com um passado sombrio em que experimentei a força sobrenatural, quando Nogitsune me tornou mais poderoso do que todos os meus amigos.

Apesar de tudo, eu já estava acostumado com aquele caos a minha volta, já tinha aceitado o fato de que o mundo era um verdadeiro hospício para mim. Então, o que de fato me surpreendeu não teve nenhuma relação com o mundo sobrenatural, foi algo completamente humano e adolescente, até mesmo clichê e previsível: Graças ao meu namoro com Malia, eu conquistei Lydia.

O garoto sem nome.