O garoto sem nome escrita por Gessikk


Capítulo 10
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu nem sei o que falar, simplesmente não acredito que chegamos ao final.
Na verdade, esse capítulo está pronto há algum tempo, mas faltou coragem para postar e eu também só ia colocar quando tivesse publicado a fic mais votada, porém graças ao Enem, percebi que vou demorar um pouco e não quis enrolar tanto para lerem o último capítulo, por isso estou postando logo e nas notas finais vou dar informação sobre essa nova fic!
Enfim, como já mencionei, não sei muito o que dizer... Estou com a sensação de dever cumprido, alegre e triste ao mesmo tempo, amei escrever cada palavra, sofri em cada letra, com cada tragédia, mas acima de tudo, foi uma tortura deliciosa escrever essa fic, então espero que também tenha sido para vocês!



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Breathe Me- Sia

Be my friend

Hold me, wrap me up

Unfold me,

I am small and needy

Warm me up and breathe me

Ouch, I have lost myself again

Lost myself and I am nowhere to be found

Yeah, I think that I might break

Lost myself again and I feel unsafe

**

I Don't Feel It Anymore- William Fitzsimmons and Priscilla Ahn

Hold on this will hurt

more than anything has beforeWhat it was,

what it was, what it wasI've brought this on us more than anyone could ignore

What I've done, what I've done, what I've done

I've worked for so long just to see you mess around

What you've done, what you've done, what you've doneI want back the years that you took when

I was youngI was young, I was young, but it's done

Oh take it all awayI don't feel it anymore

Oh take it all away

Oh take it all awayI don't feel it anymore

Oh take it all away

We'll fall just like stars being hung by only string

Everything, everything, here is gone

No map can direct how to ever make it home

We're alone,

we're alone,

we're alone

**

Na manhã daquela sexta-feira, Lydia Martin acordou gritando.

Aquilo não era um bom sinal, os gritos de uma Banshee anunciam a morte.

Quando a mulher olhou para os lados e não encontrou o humano na sua cama, entendeu que era tarde demais.

Stiles Stilinski estava morto.

Ela se moveu sem consciência do que fazia, os pés descalços se moveram por vontade própria e Lydia não teve dúvidas que estava sendo atraída até o corpo. Com o presságio ruim tomando sua mente e sem conseguir parar suas pernas que caminhavam para fora do quarto, pegou o celular em sua cômoda e discou o número de Derek.

A Martin já estava em frente a porta de sua sala, prestes a sair de casa, quando o Hale atendeu com um "Alô" preocupado.

— Derek, ele sumiu.

A garota só precisou dizer aquilo e o homem respondeu que ia até ela imediatamente, após Lydia falar que estava andando seguindo um pressentimento ruim, sem saber o destino.

Apesar da preocupação e do peso que esmagava seu coração, os pensamentos da mulher estavam vendados por uma névoa de torpor, completamente perdida em sua intuição, o que impedia que se desesperasse, mesmo tendo a certeza que tinha algo de errado com o humano. Lydia entendia em parte o porquê suas pernas se moviam, caminhando até a rua onde era a antiga casa do Stilinski, mas seus dons estavam tão incrivelmente aguçados, que não podia raciocinar que o motivo da sua respiração pesada e da dor indescritível na cabeça, era a perda do homem que amava.

A Banshee encontrou a porta da casa dos Stilinski, aberta. Ela entrou, cambaleou devagar pelas escadas, sentindo pontadas dolorosas nos músculos toda vez que estendia a perna para pisar no degrau seguinte e assim, subiu dolorosamente, com extrema lentidão.

Com os olhos arregalados, a pele transpirando, as mãos trêmulas, a Banshee andou pelo pequeno corredor e parou em frente a primeira porta a esquerda, que estava entreaberta, era o quarto do xerife.

Lydia Martin respirou fundo, encheu os pulmões e expulsou o ar pela boca. Com as palmas suadas espalmadas na madeira, ela empurrou a porta com delicadeza.

A porta rangeu, abriu, revelou o terror dentro do quarto.

A mulher gritou.

Diante da dona dos olhos verdes, havia a cena mais macabra e mórbida que alguém que ama, pode presenciar. Nem em seus maiores medos, ela imaginou algo tão doloroso, tão horrendo.

Ela sentiu o corpo perder todo o calor, a pele ficou fria, os pelos do braço se arrepiaram. O coração se contorceu, se esmagou, se mutilou. O ar sumiu, o oxigênio se tornou ácido e acima de tudo, se deu conta do quanto era pequena e do quanto era vazia, um buraco se formou no centro de seu estomago, rasgando sua pele, devorando seus órgãos.

Os joelhos fracos cederam, Lydia desabou no chão.

Tonta, cega pelas lágrimas densas, a mulher distinguiu dois bolos de envelopes brancos e com dificuldade, se esticou para resgata-los do vermelho vivo que ameaçava inundar os papeis.

Não conseguiu ler o que tinha nas cartas, não conseguiu entender, ela somente chorou, encarando o sangue fresco, grudento, que se espalhava.

Derek se guiou pelo cheiro característico de Lydia e em poucos minutos estava correndo na escada da antiga casa do Stilinski, o corpo tremendo ao sentir a fragrância metálica de sangue.

O lobisomem encontrou a mulher de cabelos ruivos desabada no chão, berrando, tremendo, o rosto contra o taco sujo de um vermelho vivo.

Sujo do sangue de Stiles.

Derek Hale paralisou, prendeu a respiração, sentiu os músculos cederem e então, gritou, não com o desespero de Lydia, mas com uma raiva alucinante que em questão de segundos se transformou em rosnado animalesco.

Em completo descontrole, o homem assumiu sua forma mais primitiva. Os olhos verdes se transforam em azuis brilhantes, as presas romperam de seus dentes, as garras saltaram de seus dedos, o rosto se contorceu como o de uma besta, a testa se sobressaltou, as sobrancelhas quase sumiram, pelos rasgaram sua pele.

De todos os desesperos, de todos os lutos, de toda solidão, nada foi mais insuportável, nenhuma dor foi tão forte como aquela. Ele perdeu a única que pessoa que era capaz de invadir seu íntimo mais sombrio e regatar a humanidade que lhe restava.

O grito se uniu aos berros da mulher e se transformaram em uivos agoniantes, desesperados.

O corpo de Stiles estava desabado ao lado da cama do pai, as pernas estiradas no chão, os braços contorcidos. Cada centímetro do físico magro e debilitado, estava intacto, da exata maneira do dia anterior, mas, acima do pescoço, não havia mais uma cabeça.

A arma que foi usada, ainda estava encostando nos dedos inertes, não deixando nenhuma dúvida do que tinha acontecido.

O tiro que ceifou a vida já condenada, estourou a cabeça do humano. Onde antes tinha o rosto de feições doces, se resumia a um grande buraco por onde saltavam grandes pedaços rosas, pendurados, despencados no chão, seus miolos.

O sangue se acumulava como um rio asqueroso, atingindo a maior parte do corpo e espalhando por todo piso que estava infestado de pedaços, carnes, do que um dia foi a cabeça do garoto que tirou a própria vida.

**

—São cartas. — Lydia, trêmula, disse com dificuldade. — Ele escreveu para a gente.

Derek não reagiu, continuou imóvel, sentado com a coluna ereta, encarando a parede do loft, o rosto sem expressão.

— Essas têm o seu nome. — Ela esticou o braço sobre a mesa e colocou o bolo de cartas em frente ao homem. — Não sei se tenho coragem de ler, o que pode ter... 

Um soluço alto escapou da menina que se remexeu na mesa, recomeçando a chorar. Derek, mostrando que a ouvia apesar da falta de reação, segurou a mão de Lydia com força, passando o polegar em seu pulso fino.

— Vai ficar melhor se eu ler agora com você? — A voz do Hale estava rouca, sofrida, os olhos verdes completamente distantes.

A mulher concordou com a cabeça, a expressão tão desolada que se assemelhava a uma criança órfã, os olhos arregalados, o rosto abatido e ainda mais magra do que estava três dias antes, quando encontraram o corpo de Stiles.

Derek empurrou a cadeira até ficar perto da mulher, suspirou, apertando com mais força a mão de Lydia, enquanto sua mão esquerda, escondida debaixo da mesa, estava com as garras de fora, ferindo a própria palma, para que a dor não permitisse que ele se descontrolasse e assumisse a forma de lobisomem.

Os olhos verdes felinos, raivosos e os olhos verdes assustados, temerosos, se encaram por longos minutos até que juntos, com os dedos entrelaçados, tiveram coragem de abrir o primeiro envelope, revelando a letra desengonçada e desajeitada do garoto, subindo e descendo, sem manter linha reta, aquela era a primeira carta.

Eles ficaram em silêncio por horas seguidas, sem levantarem por nenhum minuto, fixos nas palavras devastadoras que liam. Assim que acabavam uma carta, rasgavam o próximo envelope e devoravam as novas linhas tortas, que desmascaravam o humano de uma forma intima e assustadora.

Derek chorou em silêncio, Lydia chorou com arquejos.

Suas mãos tremeram, se esmagaram e em determinado momento, a mulher precisou jogar o corpo contra os ombros largos do homem, buscando apoio e ele precisou esconder o rosto no pescoço dela, quando as palavras lidas foram fortes demais para que suportasse.

— Meu Deus! Derek, ele já estava...

— Enlouquecendo. — Completou com dureza, sem conseguir respirar. — Ele acreditava realmente que Melissa e Kira estavam vivas.

O peso emocional no garoto era tão forte e a doença estava tão avançada, que ele simplesmente não assimilou o fato de que Kira morreu no mesmo acidente que matou Scott e que Melissa faleceu meses depois da morte do xerife, sem suportar tamanha tristeza.

Na época em que a asiática e a enfermeira morreram, ele entendeu e passou pelo luto de ambas as mortes, mas com o decorrer que a demência tomava sua mente, ele começou a falar sobre elas com Derek e Lydia como se estivessem vivas e orientados pelos médicos, os amigos não desmentiram Stiles para que ele não ficasse ainda mais desestabilizado, então, quando o humano pediu para se despedir das mulheres, o Hale o levou até as antigas casas delas, na esperança que ele lembrasse o que aconteceu, mas em vez disso, Stiles ficou conversando e reagindo com o próprio Derek como se fosse as falecidas.

O garoto estava em um estado tão avançado, que Derek teve que suportar a cena, vendo o menino, completamente enlouquecido, o chamar de Kira, o chamar de Melissa, falar sozinho e ficar um bom tempo calado como se escutasse a resposta das mulheres. Só através das cartas, o lobisomem entrou na cabeça perturbada do garoto e pode entender o que ele viu enquanto estava perdido na própria loucura.

— Ele também não conseguia lembrar que fiquei desse jeito depois que meus pais morreram. — Novamente, Lydia falou baixo, encarando o próprio corpo. — Pelo menos ele não pensou em mim no estado deplorável da anorexia.

— Ele só conseguia perceber o quanto é perfeita, Lydia. — O homem consolou baixinho, os dois sem conseguirem pronunciar o nome do garoto que amavam.

Terminaram de ler a última carta, horrorizados.

Os dois choravam, os dois tremiam e estavam assustados com a maneira tão clara que Stiles demonstrou o amor desesperador que sentia por eles.

Apesar de internamente, estarem destruídos e mortos de maneiras diferentes, os amigos tinham em um pensamento comum: A vida deles, o que eles eram, o que faziam, nada podia os tornar digno daquele garoto que até o fim, se revelou a pessoa mais incrivelmente doce e altruísta que poderiam conhecer.

Quando Stiles conheceu os dois, Lydia era fútil, egoísta e Derek era completamente fechado, ranzinza. Mesmo com o pouco tempo de vida e as desgraças que o cercaram, o Stilinski foi o único capaz de os mudar inteiramente.

Derek Hale nunca seria o mesmo.

Lydia Martin nunca seria a mesma.

Stiles os mudou, os moldou, revelou o melhor que nem sabiam que existia dentro deles e através de sua força e coragem imensuráveis, foi o único motivo que os manteve vivos mesmo após a sua morte, pois ele viveria dentro deles até o ultimo dia de suas vidas.

Após a última carta, tinha um papel diferente para cada um, com o único texto distinto que receberam.

As cartas foram exatamente iguais, mas aqueles últimos conselhos, foram feitos separadamente de acordo com o que queria dizer.

E nessas folhas, estava escrito:

“ Derek, meu Derek, prometa que vai cuidar de Lydia.

Ela é uma mulher durona, mas tem um coração frágil, vai precisar de sua ajuda, de seu abraço.

É provável que ela tenha crises de choro e se recuse a comer, mas você deve insistir até que se alimente, não deixe que ela estrague a saúde por minha causa.

Lydia, às vezes, é um pouco impaciente e por mais que tenha aparência de que é segura de si e seja capaz de demonstrar aos outros uma falsa arrogância, ela precisa ouvir o quanto é linda e importante quase que diariamente para se sentir bem.

Palavras são importantes para ela e sei que você é muito calado, mas por favor, se esforce para dizer coisas que farão com que ela se sinta linda, especial, pois isso afeta muito o seu humor e o emocional.

Confesso que não consigo prever como ela vai reagir a minha morte, ela é extremamente imprevisível, mas sei o quanto é intensa e que provavelmente, terá uma reação tão horrível que me surpreenderia se eu pudesse ver. Então, só fique ao lado dela, tente fazer com que mantenha a calma e cuidado com o que vai dizer para não deixá-la em pânico ou subitamente furiosa.

Se fosse para dar dicas sobre como conviver com ela, eu diria para mexer na nuca dela, isso sempre a acalma, seque suas lágrimas com a ponta dos dedos, tenha atitudes delicadas e sempre repita palavras de carinho.

Ah! Não se esqueça de se despedir dela com um abraço e um beijo na testa toda vez forem se separar, ela fica chateada se você não falar direito na hora do adeus.

Espero que um dia vocês percebam que apesar de tão diferentes, podem ser a solução uma para o outro.

Esse é meu último pedido. ”

“Lydia, minha doce Lydia, prometa que vai cuidar do Derek.

Assim que ele descobrir que eu morri, ou até mesmo ver o meu corpo, por favor, se afaste um pouco, dê alguns passos de distância, pois ele vai se transformar em lobisomem. Espere ele quebrar alguns objetos, gritar e depois, não precisa ter medo ao abraça-lo, ele não a machucaria por nada, nem mesmo acidentalmente.

Ele vai se fechar, Lydia, vai tentar afasta-la por tudo, vai dizer que me odeia, me xingar e depois de alguns dias, dizer que não sente mais nada. Ele vai mentir, Lydia, então por favor, se você realmente me ama, não permita que ele faça isso.

Viste-o todos os dias, o abrace, durma no loft, faça com que ele consiga chorar, pois se Derek ficar novamente fechado, prender tudo para si, vai ficar ainda mais ferido, vai enlouquecer de dor e eu o amo, ele é meu melhor amigo, então por favor, não permita que isso aconteça.

Cuide de Derek, lute por ele mesmo quando parecer que é somente um lobisomem insuportável, agressivo e grosseiro, pois vale a pena todo o esforço que tiver com o Hale.

Quando você desabar, quando você precisar, ele vai levanta-la e vai se tornar a sua pessoa predileta de todo mundo, vai deixar que você conheça seu lado mais amável, doce e forte.

Eu conheci o verdadeiro Derek, ele me protegeu, cuidou de mim, foi meu pai, meu amigo, foi minha pessoa predileta de todo o mundo.

Ele é somente um homem ferido, machucado por todos e precisa de alguém que o ame incondicionalmente.

Você pode lhe dar esse amor, use o poder natural que têm de aproximar as pessoas e fazer com que elas se sintam queridas.

Quem sabe até mesmo, um dia, vocês se descubram perfeitos um para o outro, pois são fortes, amáveis e já sofreram demais.

Esse é meu último pedido. ”

Derek e Lydia estavam sozinhos, despedaçados, mas após lerem os últimos pedidos do garoto, entenderam que precisavam buscar forças, por ele, para continuarem a viver e honrarem a vida da pessoa que se doou completamente a eles.

Os olhos verdes se encaram mais uma vez em completo silêncio e naquele olhar, de duas pessoas completamente diferentes, perceberam onde achariam a força inexistente, como seriam capazes de levantar, continuar e amar novamente.

 


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Notas finais do capítulo

Em primeiro lugar na votação, foi Stallison (Stiles e Allison), mas é essa fic que eu ainda não tive tempo de começar, então ainda não tenho previsão de quando vou posta-la, mas é certo que vai ser depois do Enem (se tudo der certo, tem grandes chances de publicar no início de Novembro), quando posta-la vou anunciar nas outras fics que eu tenho, para que vocês possam acompanhar!
Em segundo lugar, só com um voto abaixo de Stallison, foi O’Broden ( Holland e Dylan) e essa fic eu já postei somente no site Spirt, porque no Nyah não pode categoria celebridar, para achar é só procurar Morango e Neve ou procurem por Gessikk que vão achar lá todas as fics que posto aqui!
Mas, além dessa fic, hoje eu acabei de postar outra nova (pra tentar saciar a saudade enorme que vou sentir de escrever Garoto sem Nome), ela é Stydia, se quiserem ler, aqui está o link:
https://fanfiction.com.br/historia/653257/Aniquila-me/
É isso amores, obrigada por cada comentário, por cada incentivo, por chorarem comigo e embarcarem nessa história tão triste!