“Quando te vi passar fiquei paralisado

Tremi até o chão como um terremoto no Japão

Um vento, um tufão

Uma batedeira sem botão

Foi assim, viu

Me vi na sua mão”

Marcelo Jeneci

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— Poderia me dizer o porque desse sorriso bobo na sua cara, Sr. Lombardi?

— Lay! — Eike disse se assustado com a chegada repentina da garota — Só lendo umas cartas antigas…

— Cartas? — Ela se sentou ao lado do homem — Vocês guardaram as cartas que você escrevia?

— Estela que guardava. Achei faz alguns dias, pouco antes da sua formatura, Layla — Eike disse, já sorrindo novamente.

— Sério? — Layla pega um envelope qualquer, e ao abri-lo encontra vários bilhetes — Pelo jeito, ela guardava até seus bilhetes.

Eike olhou os bilhetes, ao perceber o que eram, ele riu.

— Esses eu realmente não me surpreendo. — Ele sorria como um bobo — Eu os usei pra a pedir em casamento…

— Isso vocês nunca me contaram… Como foi? — Ela perguntou curiosa

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Guarulhos

27 anos trás - 12 de Março de 1987

— Hey! Estela! — Kiara disse se aproximando da amiga — O que foi?

— Kiara! Você viu o Eike? Estou procurando ele a manhã inteira… — Estela disse preocupada

— Claro! Ah! Ele pediu para te entregar isso agora pouco — Entregou um pequeno bilhete.

— Hum? — Estela o abriu e leu em voz alta

“Okey. Você deve estar super preocupada comigo agora. Eu sei, me desculpa. Eu decidi fazer algo, mas quando te vi, fiquei paralisado. Tremi até o chão, como num terremoto. Eu tenho certeza que estou completamente na sua mão…

Antes de te dizer o que eu quero, realmente, vamos jogar um jogo? Uma adivinha. Você se lembra onde foi o nosso primeiro beijo?”

— O que ele quer dizer com um jogo? — Perguntou Estela para Kiara.

— Não sei — Respondeu dando de ombros com um sorriso. — Por que você não descobre?

— Vou ter que ir até lá, não é? — Estela riu. Tinha certeza que a amiga sabia muito bem o que estava acontecendo.

O primeiro beijo deles, foi numa praça, próximo a faculdade onde eles estudavam agora, debaixo do único Ipê amarelo que havia lá. Estela sorriu com a lembrança e correu para lá, aproveitando o horário de almoço.

Assim que chegou lá, encontrou não Eike, como esperava, mas Phillip. Um pouco desapontada se aproximou do amigo.

— Phillip?

— Chegou, então Estelinha? Aqui, pra você — O rapaz entregou outro bilhete para ela, e foi embora — Boa sorte!

“Desculpe, de novo. Mas eu disse que era um jogo.

Aqui foi o nosso primeiro beijo… Foi aqui que eu decidi que se fosse necessário, daria adeus a tudo que tenho, largaria tudo, só para ficar com você… Eu gostaria de saber se era o mesmo contigo...

Vamos continuar? Você se lembra, tenho certeza que sim, de onde foi o nosso primeiro encontro?”

Ela nem mesmo precisou pensar muito. Não foi muito longe de lá, num parque. Um piquenique.

Assim que chegou no lugar onde eles haviam feito o piquenique, ela encontrou seu irmão, perto da árvore onde eles tinham ficado aquele dia.

— James? O que está fazendo aqui? — Perguntou

— Só ajudando o idiota do seu namorado. — Reclamou — Só por sua causa. Toma. — Entregou outro bilhete para Estela. — Ele é um idiota.

— Gosto dele assim. — Falou, sorrindo docemente.

“Não tenho que repetir, não é mesmo?

O nosso primeiro encontro como oficialmente um casal. Foi um dia perfeito! Eu, pelo menos, achei que sim. Ficar com você era um sonho se tornando realidade. Aos poucos fomos construindo nossa própria história, nosso romance. Eu sei que você adora romances…

E eu sou um idiota apaixonado que faço qualquer coisa para te agradar. E a culpa é sua por eu ser assim. De ser completamente louco.

Louco por você.

Acredito que logo o nosso horário de almoço logo irá acabar então, por que não volta para onde nós sempre nos encontramos no almoço?”

— Ele vai me fazer voltar para a faculdade… — Estela murmurou

— Deveria voltar mesmo. Você tem mais quanto tempo? — Perguntou James, preocupado com a irmã.

— 40 minutos. Levo mais uns 10, ou um pouco menos, pra voltar para lá. — Ela disse

— Você vai ficar sem almoço desse jeito… — James falou, mas a irmã já havia corrido para longe, voltando para a faculdade. Ele soltou um suspiro.

Novamente, quando Estela chega ao local onde Eike indicava no bilhete, ela não encontrou seu namorado. Dessa vez, sentada na mesa onde os dois sempre sentava, estava sua professora.

— Sra. Souza? — Perguntou Estela

— Como vai Srta. Johnson? — A jovem professora sorria para a sua aluna — Só vim realiza um favorzinho de um aluno muito fofo, na minha opinião. Pegue. — Ela entrega outro bilhete para Estela, que sorri em agradecimento.

“Esse é o último, prometo.

Passar todos os dias, com você, é sempre mágico para mim. Passamos por altos e baixos, mas agora estamos aqui. Juntos, depois de três anos. Mas para mim ainda temos muitas histórias para sonhar…

Afinal, você é a minha Estrelinha…

O local final é o lugar que eu sei que você mais ama, dentro de todo esse complexo de salas.”

O local que ela mais ama… A sala de música. Com toda certeza era aquele lugar. Estela correu para lá e em poucos minutos, chegou. Dessa vez, ela encontrou Eike, sentado na frente do piano, tocando sua peça preferida: Primavera, de Vivaldi.

— Finalmente te achei — Ela disse, rindo. Eike parou de tocar, e sorriu.

— Me desculpe. — Disse ele — Aqui. — Ele entregou mais um bilhete, mas nele só havia mais duas palavras.

“Para sempre?”

Vendo a cara de confusa dela, Eike riu.

— Ainda tem os outros bilhetes, certo? — Perguntou. Ela tirou os outros 4 bilhetes do bolso — Leia somente a palavra que está escrita de outra cor. Na ordem em que eles te foram entregues.

Estela estranhou, mas fez. Lendo-as desse jeito, e juntando com o último bilhete que lhe foi dado, ela encontrou uma frase:

“Você gostaria de ser minha para sempre?”

Rindo, abobada, ela abraçou Eike.

— E então? Aceita ser minha? Para todo o sempre? Aceita casar comigo, Estrelinha?

— Sim. Sim. Sim!