Sete Penas do Amor Errante escrita por Labi


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Faz certa de três anos e meio, mais coisa menos coisa, em que um dia decidi faltar a uma aula para escrever uma fanfic. Essa fanfic foi a primeira sobre Portugal no Nyah e teve uma repercussão tão grande que quase todo o fandom do Nyah começou a usar o nome do meu Portugal nas fanfic (Afonso) muito para meu contentamento. Mas não foi só isso. Essa fanfic foi também a primeira BraPort do Nyah e ainda mais que isso Lembro de ter recebido uma PM de uma pessoa que (por algum motivo que me é alheio ainda) gostou tanto da Fic que veio falar comigo e perguntar mais coisas sobre o meu país, sobre a personagem e sobre o Ship. O que eu não imaginava é que, essa mesma pessoa, continuaria falar comigo diariamente (da maneira mais literal que possa existir) e a aturar as minhas parvoíces (bobagens?). Após um RP que durou dois anos e uma centena deles depois disso, sempre com o Luciano e o Afonso, essa pessoa ainda aguenta ouvir-me falar de ideias para AUs idiotas e ainda caí no erro de alinhar nelas. Então, por esse motivo, dedico esta pequena one-shot à Doubleside, a minha mestra do drama. Ela sabe que eu não sou boa com palavras e nem há palavras descrever esta amizade que surgiu de uma forma tão incomum mas que se expandiu bem para lá da maldita distância que o Atlântico tenta impor. Dona Doubleside, aguardar-te-ei um dia, no aeroporto, com um bacalhau gigante.
(Esta fic é uma continuação desta coisa datada de 2011: http://fanfiction.com.br/historia/166374/Fogo_Que_Arde_Sem_Se_Ver/)



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Afonso ainda dormia quando Luciano conseguiu, finalmente, chegar a casa do lusitano. Foi-lhe complicado alcançar o quarto do menor sem que o deixasse cair pelas escadas.

Luciano podia não parecer, por natureza, uma pessoa muito cuidadosa. Na verdade, a maior parte dos seus pares achava que ele era barulhento e desastrado, porém, aqueles que já o tinham visto a brincar com animais ou a falar com crianças entenderiam sem dificuldade que o moreno era bem mais carinhoso do que aquilo que aparentava e dava a entender.
Foi com um cuidado enorme que ele pousou o pequeno português na cama. Pequeno, sim. Afonso em comparação consigo era agora mais baixinho ou não fosse Brasil um país enorme em comparação.

Ele deu-se ainda ao trabalho de fechar as janelas, que o mais velho sempre deixava abertas nos dias de sol, por muito frios que fossem, para deixar entrar o cheiro e o barulho do mar que nunca falhava em o embalar mesmo nos tempos mais difíceis depois do anoitecer. Naquela noite em particular, e depois daquela pequena troca de palavras momentos antes, Luciano não deixaria que mais ninguém, a não ser ele mesmo, zelasse pelo sono do português.

Talvez achasse que estava a passar um certo limite de confiança e de boa educação para com o lusitano mas…Não resistiu em tirar os seus sapatos e casaco e em meter-se por baixo dos lençóis junto dele. Quando era criança sempre fazia isso, sempre depois do seu tutor adormecer uma vez que era demasiado orgulhoso para lhe pedir para dormir consigo, é claro. Mas isso tinha acontecido séculos antes. Ele não era mais uma criança, Afonso não era mais o seu tutor e a conjuntura em que se encontravam era diferente, tão mas tão diferente que o coração do brasileiro sentia os impactos directos dessa diferença.

Ele não estava só a implicar quando reclamou do clima de Portugal. Ele realmente tinha frio e ainda tinha a roupa um pouco húmida. O problema é que tinha deixado toda a sua tralha no hotel por isso teria de ficar assim mesmo.

Enroscou-se junto ao português e este, sentido algo perto de si, abraçou apertado, ainda adormecido. O pobre brasileiro não escapou ao abraço de koala de Afonso e seria usado como almofada toda a noite. No entanto, não se importava. Gostava do calor dele, do conforto e da familiaridade daquele abraço, do cheirinho a cravo do mais velho… Gostava dele, talvez.

Ficou ainda por um tempo sem dormir, distraído a brincar com os longos cabelos castanhos do lusitano, soltando-os do laço que os prendia. Só adormeceu uns minutos depois, com um sorriso no rosto. O lusitano era adorável.

##

“Luciano.”

O moreno resmungou algo e escondeu o rosto na almofada para evitar os raios de sol que lhe batiam na cara.

“Quero dormir…”

“São horas de acordar.”, Afonso murmurou suavemente, naquele tom baixo de voz que fazia Luciano derreter-se.

“Não quero.” , respondeu teimoso e o lusitano riu um pouco, pousando a mão nos caracóis do moreno para lhe fazer cafuné. Era um duplo beneficio. Afonso gostava tanto de mexer no cabelo de Luciano como este de receber carinho, que o fazia ronronar como um gatinho mimado.

Ele não viu, porque estava com o rosto enfiado na almofada, mas Afonso sorriu de uma maneira bem ternurenta por o moreno receber bem o seu mimo. Era agradável sentir que havia alguém que gostava da sua atenção… Havia alturas em que Afonso realmente achava que estava sozinho no mundo. Nessas alturas era como se tivesse perdido a sua chama. A vontade e a força... Aquela sua aura aventureira que o incentivava a descobrir novos lugares, novas histórias, novas gentes… Mas visto talvez em retrospectiva... Até o Adamastor parecia ser um alvo mais fácil a abater que a maldita crise e melancolia que o perseguia.

Assustou-se quando Luciano moveu a cabeça para virar uma bochecha para cima e se espreguiçou, “Fonfon~! Mais para a esquerda~! Não pare.”

“Vou parar sim!”, ele implicou, cruzando os braços, “Está na hora de levantar.”

O brasileiro fez um biquinho amuado, “Eu carreguei você até aqui. Mereço um descanso. Olhe que você é mais pesado do que parece. Tanto bacalhau vai deixar você gordo.”

“Hey! Tu é que quiseste trazer-me! Eu pedi para pousares-me no chão e eu não sou gordo!” , o mais velho retorquiu logo, em protesto e apontou-lhe o dedo, “Gordo és tu, devorador de brigadeiro!”

Luciano sentou-se logo e o biquinho aumentou, “Eu não sou gordo!”

“Imagina!” , esticou a mão para lhe cutucar a barriga e como Luciano era bem sensível deu um pequeno guincho com as cócegas e retaliou de imediato, bem mais rápido do que o tempo que Afonso teve para se defender.

Era fácil para ele derrubar Afonso sobre o edredon branco e fofo da sua cama e prende-lo de leve para o encher de cócegas mesmo que ele se tentasse encolher, “Achava que me vencia, senhor bacalhau?”

Afonso, que ria como um condenado, tentava sair dali em vão, “E vou vencer, brigadeiro obeso!”

O brasileiro sorriu de lado e parou quieto por um momento, segurando os pulsos do baixinho, “E como tenciona fazer isso?”

A expressão de Afonso suavizou – o que deixou o mais novo um tanto confuso- e ele sorriu, “Tenho os meus métodos.”

“Hum… Envolve guerra com bacalhau?”

O menor abanou negativamente com a cabeça e Luciano pestanejou, sentindo-se corar um pouco por ter o olhar tão verde do mais velho assim tão concentrado em si…

“Se me soltares as mãos eu mostro.”

“Isso é trapaça.”

“Eu prometo que não faço mais cócegas. Palavra de soldado.”

Luciano semicerrou os olhos, fazendo aquela expressão desconfiada de quem não confia no português. Não podia ser censurado! Tantas e tantas vezes que em criança Afonso tinha prometido que não o ia obrigar a comer sopa e no final fazia justamente o contrário!

Sempre atento aos movimentos dele, acabou por o soltar, mas sempre pronto para usar cócegas nele caso se justificasse. Em guerra toda a prevenção era pouca.

No entanto, o ataque de surpresa de Afonso foi tão repentino que nem mesmo Ludwig conseguiria fazer algo assim.

Afonso usou as suas mãos para segurar nas bochechas de Luciano, apertando-as para que ele ficasse com uma ‘duck face’ amorosa e a expressão confusa do moreno fê-lo riu baixo e esticar-se para a frente até que os seus lábios tocassem nos carnudos e macios de Luciano.

Atrapalhado, corado até ás orelhas e com o coração aos saltos, o brasileiro fechou os seus olhos e abraçou Afonso pela cintura, mesmo ficando todo torto para isso. Puxou-o um pouco para mais perto para cessar toda a distância entre eles.
O europeu lentamente soltou as bochechas do moreno apesar de ficar a fazer carinho com o polegar.

Luciano deixou-se levar.

Mesmo quando Afonso se afastou um pouco para respirar, apenas a uns meros centímetros de si, e o encarava, também corado, com um pouco de receio mas também de esperança, o brasileiro sentia-se ainda perdido nele.

Abriu a boca para dizer algo mas o europeu mordiscou-lhe levemente o lábio inferior e sorriu matreiro, provocando uma outra onda de calor pelo corpo do moreno.

“A-Afonso--?”

O lusitano aproveitou a distracção dele para lhe cutucar a barriga e saltar rapidamente para o chão, “Ganhei a guerra~!”

“V-Você tinha dado sua palavra!”

“Eu dei a minha palavra de soldado.” , deu de ombros e ajeitou o cabelo, prendendo-o novamente, “Mas já devias saber que sou marinheiro~!” , mostrou-lhe a língua e saiu do quarto,”E agora que acordaste, anda ajudar a fazer o pequeno-almoço.”

“E-Eu—Eu já ia fazer isso de qualquer das formas.”, resmungou, aquele beicinho aparecendo novamente nas suas feições amuadas, “Não precisava de me beijar para me convencer.”

Seguiu o lusitano até à cozinha e foi só o mais velho começar a preparar um pão para que ele o fosse abraçar por trás, “Além do mais, você já não é mais marinheiro. Vai ter de pagar pelos seus crimes de guerra.”

Virou o lusitano para si e levantou-lhe delicadamente o queixo, baixando-se para o beijar outra vez –e sentindo uma satisfação enorme pelo baixinho não reclamar e retribuir de imediato, ainda com o bónus das bochechas coradas dele-

“E quem me vai julgar?”

Luciano sorriu, “A partir de agora, apenas eu.”

Eu não sei se os teus olhos se gaivotas,
mas era o mar e a Índia já perdida.
As ilhas e o azul o longe e as rotas,
minha vida em pedaços repartida.


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Notas finais do capítulo

Apesar de ter melhorado, continuo a não usar correctamente o Pt-Br, peço desculpa pelas falas do Luciano.

Sim,ficou apressado e meio sem piada, sem sentido e sem objectivo mas é que eu já não tenho jeito para fanfics e enfim. Peço desculpa.