Insonia escrita por Armamudi


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Gente demorei um pouco pra postar mas está aqui!! Um novo capítulo. Espero que apreciem. Não devo demorar pra postar o novo capítulo. Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61341/chapter/5

 Não sabia precisar o que eram aquelas imagens. Eram distorcidas, falhas, sem sentido. Ora aparecia um prédio escuro e velho, um letreiro caído do lado esquerdo da grande parede( não dava pra ler o que estava escrito); a cena mudava pra outro lugar escuro, não dava pra ver muita coisa. Viu um par de pernas curtas, se debatendo. Mas não via o resto do corpo. Ouviu um som ecoando. Começou baixo, mas foi se intensificando, tomando conta do lugar. Levou as mãos aos ouvidos, pra protegê-los da cacofonia, mas foi em vão. O som penetrava, agredindo seus tímpanos sem piedade. Ajoelhou-se, e vendo as pernas se debatendo, pôde ver um vulto logo acima das pernas. Era imenso, mas não sabia dizer se era homem, animal ou " Aquele ser". O som continuava intenso.

 Tentou se arrastar até as pernas daquela pessoa...era uma mulher? uma criança? Não sabia precisar.

 

- O que essa coisa tá fazendo com essa pessoa? Criou a pergunta em meio ao som perfurante. E olhando pra frente novamente, o grande vulto se virou pra ele. A parca iluminação não deixava ele ver quem era.  Viu uma enorme mão (não, não era uma mão. Não daquele tamanho e forma...era uma garra!), que se dirigindo à ele, alcançou seu pescoço. Levantou-o do chão, e viu duas esferas vermelhas brilharem no escuro. Ouviu uma voz forte e quente dizer: - Suma daqui Daniel. Você não merece estar aqui!

 

Acordou de imediato. O rádio-relógio gritava seus impropérios cotidianos, e automaticamente ele levou a mão no botão de snooze no painel. Esfregou os olhos e se espreguiçou, e pareceu que ele tinha dormido por mais de dez horas. Mas fora somente meia. Não esquecera das cenas e do encontro no corredor e no banheiro. O cheiro podre do gato vinha á sua narina. A imagem das larvas era nojenta. Olhou para o lado, e viu que Cíntia não se encontrava mais na cama. Deve estar na cozinha preparando o café, pensou enquanto se virava para levantar da cama. Coçou a cabeça e a barriga( hábitos matinais de um homem casado), e se dirigiu para o banheiro, afim de executar sua primeira tarefa do dia: tomar um banho, e escovar os dentes.

 Entrou no banheiro e imediatamente a imagem da Aparição-Jhon, sentada na banheira segurando o gato morto-vivo veio claramente. Balançou a cabeça na intenção de espantar tal cena, mas mesmo assim ela permanecia. A banheira estava limpa, não havia sangue ou larvas no chão ou envolta da pia. Graças a Deus. Tomou seu banho rapidamente e aprvoeitou pra escovar os dentes enquanto se enxaguava. Voltou para o quarto e vestiu uma calça de linho azul, calçou os sapatos e desceu para a cozinha, levando a camisa e o paletó no ombro. Acostumou com esse ritual, pois quase sempre ele deixava cair café na roupa. O que deixava Cíntia irada.

 Passou pelo corredor maldito, e tudo se encontrava em seus devidos lugares. O tapete de veludo esticado no chão; o carpete de madeira logo abaixo do tapete; o maldito vaso de planta que o atrapalhou na noite passada. Mas espere! Agora que vira o vaso, notou que sua perna não estava doendo mais!  Levantou a perna da calça e viu que a perna direita não estava inchada e nem com hematomas. Muito estranho. Tinha certeza, e sentira, que havia batido a perna no vaso à noite. Desceu as escadas e foi para a cozinha. O sol entrava pelas grandes janelas de vidro da frente da casa, iluminando toda a sala. Lá fora o quintal estava intacto. Não havia imagem em preto e branco. Lester ainda dormia. Cachorro vagabundo!

 - Bom dia para todos! E entrando na cozinha, viu Cíntia levando os pães para mesa. Jhon estava sentado do lado esquerdo, e devorava um pedaço de bolo de chocolate. Lucas não tinha descido ainda.

 - Bom dia papai ! Disse Jhon com a boca cheia, mostrando os dentes marrons de chocolate. O senhor está bem?

 - Sim filho, estou bem, mentiu para o filho. E você dormiu bem também?

 E o que veio em resposta para Daniel foi somente um...unhum!

 

 Cíntia veio ao seu encontro, depois de colocar a cesta de pães na mesa e dando-lhe um beijo também dera o bom-dia e fizera a mesma pergunta de Jhon. Novamente ele deu suas respostas articuladas, esquivando de pormenores. - E onde está o Lucas Cíntia? perguntou enquanto se sentava na cadeira na ponta da mesa, onde todo patriarca que se preze assenta.

 - Adivinha! e ela colocou as mãos na cintura. Dormindo ainda é claro! E ela deu um sorriso para ele. Mas eu já fui no quarto dele e abri as janelas e chamei novamente. Deve estar descendo.

 - Que bom, disse por fim.

 Começou a tomar seu café com algumas bolachas de água e sal, e ficou olhando para a janela da cozinha, na tentativa de ver algo lá fora. Só havia os arbustos e o gramado verde enfeitando o jardim lá fora. Lester agora se encontrava na porta da cozinha, sentado olhando para eles. Estava com fome. Daniel já sabia o que seu velho amigo queria. Levantou-se da mesa e pegou um pão, atirando em direção do cão que acrobaticamente o pegou no ar. Saiu com pão na boca indo pra sua casa, abanando o rabo. Foi nesse momento que Lucas entrou na cozinha.

 - Bom dia pra todos, e sentou-se do lado de Cíntia, opostamente de Jhon.

 Daniel olhou para Lucas e viu que havia algo estranho no rosto do filho. Estava branco demais. Aliás, Daniel achava o filho muito estranho nos últimos anos. Roupas estranhas, com cores fortes demais, mudava o cabelo de cor constantemente( certa vez ele tomara um susto quando chegou em casa e viu o filho com o cabelo azul!), ficava trancado no quarto o dia todo. Alguma coisa estava errada com ele, e tinha que descobrir o  que era.

 - Bom dia filho, dormiu bem? e olhando afavelmente para Lucas, na tentativa de uma conversa amistosa, recebera um seco e direto...

- Dormi sim obrigado. E você mamãe dormiu bem?

 - Ah sim, dormi sim filho, obrigada. Ela respondeu tão rapidamente, que Daniel viu o constrangimento dela por Lucas ter desviado sua atenção para mãe.

 

Ele tem os meus olhos, pensou tomando o café, olhando Lucas de soslaio. Os mesmos olhos castanhos, duros, analíticos, espertos. E tem o meu gênio, inflexível, inquisidor. Mas ele é amável, pelo menos com Cíntia e com Jhon. Não conseguia se lembrar do porque Lucas era tão distante dele. Achava que o filho o evitava, ou o temia. Não sabia qual o motivo. Tirou esse pensamento da cabeça por enquanto, e com um leve sorriso, disse para a família que daqui a dois dias estaria de férias, e iria aproveitar o fim de semana que estava chegando para levá-los para um passeio em alguma pousada, ou algo do tipo.

 - Que legal papai! Mal posso esperar pra chegar a sexta-feira, se animou Jhon, enquanto terminava de tomar o leite. Eu posso levar o Thiago pra brincar comigo?

 Thiago era um dos melhores amiguinhos de Jhon, e sempre estava na casa. Quase sempre Daniel não o via, pois chegava tarde em casa. Só o via nos fins de semana, quando os dois meninos brincavam o dia todo. - Claro que ele pode ir filho, desde que os pais dele liberem pra ele viajar conosco.

 - Legal! Vo avisar ele na escola papai, e se levantou, indo para o quarto, pra pegar a mochila.

 Cintía, olhou para o marido e sorriu, elogiando a atitude dele. Sabia que o marido tinha as responsabilidades no trabalho, e de sua falta dentro de casa. Mas sabia que ele se dava ao máximo para trazer conforto para todos eles.

 - Vai ser maravilhoso querido, animou-se ela. Vou começar a organizar as coisas pra viagem. Como você sabe, eu não gosto de deixar pra arrumar as coisas de última hora né! e sorriu.

 E você Lucas, olhou para o filho. Não está animado para viajar?

 O garoto olhou para o pai, e terminando de dar um gole no suco de laranja, disse taxativo: - Eu não vou. Ficarei aqui em casa.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!