Enquanto Selena estava deitada no leito do hospital seus pensamentos focaram-se em lembranças que ela nunca tinha vivido, sua mente havia sido apagada por um motivo que ela não conhecia muito bem tão bem quanto os seus pais, suas lembranças não passavam de borrões que retornavam em forma de pesadelos, ela não lembrava de nada de sua infância, brinquedos favoritos, uma boneca preferida, desenhos que assistia...nada, uma de suas ultimas lembranças era de seu irmão no hospital, ele era o único amigo de quem ela se lembrava.  

Ela finalmente começava a lembrar porque se mudava tanto, porque nunca parou de ter medo anoite, porque sua vida era um caos... ela estava começando a lembrar de tudo o que aconteceu...  

Enquanto ela pensava nisso, Nina  apareceu no quarto, ela não estava vestida de Lolita, estava com roupas casuais e normais, era a assim que ela se vestia quando Lysandre não estava por perto.  

—Soube do que aconteceu Irmãzona- ela abraçou Selena de leve- fiquei preocupada  

—Não foi nada demais Irmãzinha, eu ainda estou aqui não estou?- Selena forçava um sorriso que Nina sabia que era forçado.  

—Nada demais? isso já aconteceu antes- Nina começava a lacrimejar- eles acham que eu não sei que a minha mãe continua te perseguindo, ela se preocupa mais em te eliminar do que falar comigo que sou a filha dela  

—Oh Nina- ela se ajeitou na cama e abraçou sua prima que agora já estava aos prantos  

Era verdade o que Nina acabara de dizer, a mãe dela era uma das sombras que a perturbava quase toda noite em seus sonhos, seus olhos cruéis, porém sedutores; sua risada sarcástica; seu jeito de ser cruel e conquistar apenas por diversão sem se preocupar com as pessoas. Aquela era a sombra de uma mãe que deixava a sobrinha de 6 anos reparando da filha de apenas 2, enquanto ela recebia vários homens em sua casa. Selena era uma criança relativamente independente para sua idade, mas aquilo era responsabilidade demais, fora que ela não entendia o motivo de sua tia chegar acompanhada de tantos homens quando seu tio Erick ficava até mais tarde no trabalho.  

Erick nunca desconfiou, aos 6 anos Selena ficava mais tempo brincando com Nina e desenhando nas folhas que sua tia dava, pra pensar no que dois adultos faziam trancados dentro de um quarto. Nunca desconfiou até o dia em que ele ficou mais tarde no trabalho e resolveu ligar pra casa no meio da noite pra avisar que precisaria fazer uma viagem de emergência por causa de um caso e quem atendeu foi a sobrinha, Selena estava procurando comida na cozinha na hora e atendeu o telefone, Erick pediu pra passar o telefone pra sua tia, mas ela disse que ela não podia saber que ela ainda estava acordada e que não podia incomodar ela quando o quarto estivesse trancado, mas seu tio pediu que ela entrasse mesmo assim, e Selena obedeceu.  

Com suas mãos pequenas ela agarrou a maçaneta e viu que a porta estava aberta, e entrou devagar, ela chamou por sua tia que estava bem ocupada no momento, Selena havia a interrompido quando estava no quarto com um homem um tanto mais jovem que os demais, e ela ficou furiosa, que gritou com ela, mas nada relacionado a pessoa que estava com ela, pegou o telefone e expulsou Selena do quarto.  

Sem saber o que fazer a menina de 6 anos foi para o quarto de sua prima se esconder, mas o esconderijo não deu muito certo porque assim que a ligação acabou sua tia entrou no quarto com uma cinta  

—O que foi que eu lhe disse querida?-  

—Que eu não posso entrar no quarto  

—E o que você fez?  

—Eu fui levar o te-tele- Selena gaguejava tentando se explicar  

—NÃO! Você desobedeceu a mim... e você sabe o que acontece com meninas más e desobedientes  

Sem se importar com a própria filha presenciando tal ato de violência, Lucy bateu na sobrinha com ódio, depois de tantos anos, não iria deixar que seu marido desconfiasse de algo por causa daquela pirralha inútil. E para se certificar que ela não iria falar nada para o marido dela, a tia de Selena a dopou, com um remédio controlado cujo um dos sintomas era a perda de memória recente. 

Essa lembrança que voltava em momento tão inoportuno foi como uma peça de quebra-cabeça que fora encontrada depois de muito tempo perdida, na manhã seguinte, uma notícia chegou até Selena, algo que ela jamais poderia esperar. Quando traziam a filha de carro para casa, Erick confirmou o rumor que Richard disse por telefone.

—Selena, lembra do dia em que estávamos em casa e você começou a bisbilhotar a nossa ligação? 

—Sim, pai- ela respondeu 

—Era o seu tio Erick no telefone aquele dia- Richard continuou- haviam encontrado o corpo de uma mulher que batia com a idade e aparência da sua tia Lucy... ela foi vista 

—Num canal? E as últimas pessoas que viram ela foram um casal que passava na rua? 

—Como você sabia disso?-o pai de Selena ficou surpreso- Não tem como ter ouvido isso pelo telefone 

—Não ouvi, pai... eu sonhei com isso alguns dias atrás, mas pensei que fosse besteira... 

—Filha... O DNA bateu- Richard respirou fundo tentando manter a calma- aquele corpo era mesmo o da Lucy, sua tia... Ela está morta