"It's like I've been awakened

Every rule I had you breaking

It's the risk that I'm taking

I ain't never gonna shut you out"

NICOLE P.O.V.S

Acordei com leves batidas na porta, fato que estranhei pois estava sozinha em casa. Levantei da cama ainda grogue com o pensamento na noite anterior. Abri a porta lentamente. Era Sophie.

–Nicole, eu vim assim que soube da tia Isabella. –Ela diz me puxando para um abraço e eu luto contra as lágrimas. –Vai ficar tudo bem, Nic.

–É o que todos estão me dizendo, mas não dar pra ficar calma sendo que minha mãe tem 95% de chances de não sobreviver. –As lágrimas vieram involuntariamente dessa vez.

Sophie simplesmente continuou me abraçando e com o tempo eu fiquei um pouco mais tranquila.

–Eu preciso ir pro hospital. –Digo secando as lágrimas.

–Mas ainda tá muito cedo. –Ela diz porém eu apenas sigo em direção ao banheiro.

Ao terminar o banho, pego uma roupa qualquer no closet e a visto rapidamente, não usei maquiagem até porque eu não tinha o menor animo para fazê-lo, então passei apenas meu batom vermelho casual. Ondulei meu cabelo e desci as escadas rapidamente, chegando a sala encontro Sophie e Lucas conversando, o fato deles pararem a conversa me fez pensar que era algo que eu não podia ou não precisava ouvir.

–Pode até estar triste, mas descer do salto? –Sophie fala levantando-se.

–Nunca. –Completo e ela ri. –Eu tô indo pro hospital, até mais tarde.

–Eu levo você. –Lucas fala levantando-se.

–Mesmo? –Pergunto e ele assente com um sorriso lindo.

–Mas, você só vai depois de tomar café da manhã. –Ele diz e eu reviro os olhos.

–Não, eu tô sem fome e realmente preciso ir pro hospital.

LUCAS P.O.V.S

É impossível negar minha preocupação com Nicole. O fato da mesma não querer comer me deixava impaciente pois começava a imaginar o que poderia acontecer se ela continuasse com isso.

–Não, eu tô sem fome e realmente preciso ir pro hospital. –Eu queria que ela comesse, mas quem sou eu para obriga-la a fazê-lo. –Vamos, Lucas?

–Eu vou com vocês. –Sophie falou pegando a bolsa.

Saímos em seguida, não trocamos muitas palavras durante o caminho, Sophie e eu percebemos a aflição de Nicole e achamos melhor deixar ela quietinha. Ao chegarmos fomos a diretamente á sala de espera que ficava próximo à sala que a mãe da Nicole estava. Algum tempo depois o médico responsável pela mãe da Nicole entra na sala.

–Bom dia. –Ele diz nos cumprimentando. –Nicole, sua teve uma reação logo cedo, o que significa que vamos fazer a cirurgia ainda hoje, mas antes eu vou permitir que você e seus irmãos entrem na sala. Só peço que aguardem alguns minutos.

–Ok. –Nicole fala e eu não consigo definir sua expressão.

O Dr. Cezar saí e nós nos sentamos, alguns instantes após Nathalie aparece acompanhada do médico. Nicole levanta e põe a bolsa sobre a cadeira.

–Vamos? –O médico fala e Nicole e Nathalie a seguem.

NICOLE P.O.V.S

É tão difícil aceitar que essa pode ser a última vez que eu vou ver minha mãe com vida. Nathalie entra sozinha na sala e eu fico aguardando no lado de fora, isso está acabando comigo, não sei o que eu vou fazer se minha mãe morrer. Passando-se 20 minutos, Nath saí da sala e eu entro, um leve tremor percorre minhas pernas me impedindo de prosseguir, fico certo tempo encarando o corpo dela com vários hematomas jogado sobre a cama. Sento-me em uma cadeira ao lado da mesma e seguro a sua mão onde se encontram vários fios.

–Mãe, uma vez quando a vovó ficou doente e nós fomos visita-la no hospital, a senhora me disse que ela me escutaria se eu falasse com ela, talvez a senhora esteja me escutando agora. –Minha voz falha e eu fico em silêncio por certo tempo, enquanto tento segurar minhas lágrimas. –Mãe, eu sei que você vai conseguir sair dessa, e... Eu não sei o que eu faria sem você, por favor tenta resistir, por nós, por mim.

Levanto da cadeira e vou ao outro lado da cama, passando levemente minha mão sobre seu rosto. Vejo que ela tenta abrir os olhos e isso me conforta, em seguida ela levanta um dos dedos de sua mão direita.

–Eu te amo, mãe. –Digo encarando o rosto dela.

Ela tenta falar alguma coisa, mas sua voz sai rouca e eu não entendo absolutamente nada.

–Mãe, não se esforça ta bom? Você vai fazer essa cirurgia e vai dar tudo certo... –Digo e me dou por conta de que ela já tinha adormecido novamente.

–Srta. Nicole? –Uma enfermeira entra na sala. –Lamento, mas terá que se retirar.

Dou uma última olhada em minha deitada completamente imóvel, sinto uma dor interna terrível. Com muito esforço saio da sala e a enfermeira fecha a porta. Me apoio na porta enquanto tinha a impressão que minhas forças estavam se esvaindo. Sinto alguém me segurando. Era Lucas, ele me abraça e só então eu me permito chorar.

SOPHIE P.O.V.S

A Nathalie já tinha ido pra casa, e a Nicole e o Lucas desapareceram, já rodei metade do hospital e não os encontro. Saio para fora do hospital e vejo Lucas e Nicole abraçados em um banco. O Lucas estava conseguindo acalmá-la como ninguém, fato que me intriga, pois eles se odeiam, segundo os mesmos.

–Oi. –Escuto uma voz sussurrar ao pé do meu ouvido, reconheci a voz, era Thiago.

Minha vida mudou totalmente desde que nós começamos a namorar, ele é um fofo e meus pais o adoraram, não sei se amor é a palavra correta pra definir o que sinto por ele, mas eu gosto muito dele, ele mexe comigo de uma forma que ninguém nunca conseguiu antes.

–Oi. –Digo me virando para dar-lhes um beijo demorado. –Chegou agora?

–Foi. –Ele enlaça suas mãos em minha cintura e passamos a observar a cena do Lucas e da Nicole. –Eles se dão bem, né?

–Eles vivem dizendo que se odeiam, mas eu acho que eles se gostam. Ele faz bem pra Nicole, ta vendo como ela fica calma?

–Verdade.

LUCAS P.O.V.S

–Você precisa descansar. –Falo acariciando seus cabelos. –Quer ir pra minha casa?

–Acho que sim. –Ela diz com a voz fraca.

–Oi. Você conseguiu convencê-la? –Sophie fala se aproximando juntamente do seu namorado.

–Eu vou levar ela na minha casa pra ela descansar, a gente volta mais tarde.

–Tá bom, eu vou ficar aqui, ok, Nicole? –Nicole assente.

Entramos no carro e sigo em direção a minha casa. Chegamos algum tempo depois, desço do carro e vou até ela, na intenção de ajuda-la a caminhar.

–Obrigado, Lucas, mas não é como se eu estivesse aleijada. –Não consigo conter um riso. –Mas bem que você gostaria que eu estivesse né, seu safado? –Ela pergunta analisando o sorriso malicioso que eu estava dando em direção a ela.

–Quê isso! Eu sou um moço de família. –Digo ainda a observando.

–E o coelhinho da páscoa existe.

Entramos em casa e ela senta-se no sofá, e eu vou em direção a cozinha para preparar um chá, aparentemente não tinha mais ninguém em casa.

NICOLE P.O.V.S

–Nicole, de novo por aqui? –Era Laura, fico sem expressão. –Surpresa em me ver aqui?

–Um pouco. –Respondo sentando ereta.

–Já sei, a surpresa se deve ao fato que você achava que eu tinha terminado com o Lucas.

–Você alimenta cada ilusão. –Digo e ela ri.

–Deixa meu namorado em paz. Não é dever dele cuidar de você. –Ela fala indo até a cozinha voltando alguns minutos depois. –Tchauzinho, baby. –Dito isso, ela sai.

Eu odeio essa garota, mas ela estava certa.

–Prontinho. –Lucas fala me entregando uma bandeja com chá e biscoitos e nossas mãos se tocam. –Você...vai se sentir melhor já já.

–Obrigado. –Sorrio. –Mas a Laura tem razão, não é seu dever cuidar de mim.

–Eu faço isso porque eu detesto te ver triste. –Estamos tão próximos que eu já conseguia sentir sua respiração contra a minha. –A verdade é que se eu pudesse, nada tiraria esse seu sorriso lindo...

“Me responde por que você me deixa sem palavras, Lucas. Por que esse seu sorriso mexe tanto comigo hein?”

Ele apoia suas mãos em meu rosto e quando estávamos quase nos beijando eu recuo.

–O que foi, Colle?

Ninguém nunca havia me chamado assim antes, com isso não pude deixar de sorrir.

–Você tem namorada, Lucas. Isso não é certo, nós não podemos ficar nos beijando sempre que estivermos as sós. A partir de agora nós somos só amigos, tá?