Ela estava inconsolável. Nem a constante companhia de Thea amenizava sua dor. As duas tinham se apoiado uma na outra para tentar superar a perda. Não havia adiantado muito. A ausência de Oliver ainda era uma ferida aberta nos corações de cada uma.

Naquela noite Thea tinha ficado até mais tarde em sua casa e agora Felicity estava terminando de pentear seu cabelo apoiada na porta da sacada de seu quarto.

Uma sensação de estar sendo observada a invadiu, passou os olhos pela parte da cidade à sua frente a nada viu. “Pode ser impressão....ou desejo de que seja ele”...saiu dali, apagou as luzes do quarto e permaneceu somente com o abajur aceso.

Muito mais perto do que ela imaginava, Oliver a observava. Sua missão para Ra´s havia terminado mais cedo do que o previsto e ele só precisaria retornar a Nanda Parbat no dia seguinte. Seu coração foi mais forte que a razão e ele decidiu ver como ela estava. Estava ali tempo suficiente para ver ela e Thea juntas e sua irmã indo embora com o rosto avermelhado pelo choro. Doeu-lhe ver sua irmã assim...ele estava preocupado com ela. As conseqüências do mergulho no poço de Lázaro ainda podiam aparecer. Ele sabia que Malcon estava de olho nela, bem ou mal era alguém mais presente que ele no momento. Pelo que ele pode ver ela estava bem apesar do sofrimento estampado na sua postura.

O que doeu, no entanto, mais foi ouvir, quando se aproximou mais da sacada de Felicity, seu choro nada contido. Sua dor expressa em lamentos e sussurros...

Ele a viu adormecer em meio ao choro. Seu peito ainda era assolado por soluços, mesmo enquanto dormia e minutos depois de adormecer ela começa a se agitar e acorda aos gritos...grita por ele!

Oliver fecha fortemente os olhos e só agora se dá conta das lágrimas que eles derramam. Ele sabia que tudo só pioraria daqui pra frente...mas ele tinha um esboço de um plano. Ele não iria perder tudo que mais amava, as únicas pessoa que importavam em sua vida por causa dos delírios de um homem completamente insano. Já havia conseguido alguns aliados, mas tudo era lento e ele sabia que antes de estar livre e voltar para casa iria fazer quem amava sofrer ainda mais.

Ao ver a mulher que amava com todas as forças sofrendo daquele jeito, seu coração não suportou mais. Quando ouviu seu grito por ele decidiu arriscar-se e tentar de alguma forma fazê-la entender que ele retornaria, por ela e pelos que importavam.

Felicity havia tido mais um daqueles sonhos horríveis em que Oliver é morto pela espada de Ra´s, na sua frente, sem que ela possa fazer nada....só ver a vida esvaindo-se dos seus lindos olhos azuis.

Ela estava sentada na cama, ainda se recuperando do pesadelo, quando a sensação de ser observada a invadiu novamente. Mas dessa vez ao olhar para sua sacada o viu.

Oliver estava parado na entrada do quarto. Ainda segurava seu arco e vestia o capuz negro da Liga.

- Oli..Olver? – ele tirou o capuz e deu um passo incerto para entrar no quarto.

- Sou eu... – ela levantou-se num pulo e se aproximou dele com esperanças, que logo foram cortadas pela raiz.

- Não – ele levantou a mão a parando de imediato. O olhar de alegria dela tornou-se turvo de tristeza – só vim te implorar para que me perdoe seja o que for que eu faça de agora em diante.

- Não entendo, Oliver... – ela estava confusa...ele estava ali, tão lindo como nunca.....a saudade lhe apertava as entranhas e a vontade de se jogar em seus braços e ser amada por ele mais uma vez a estava enlouquecendo.

- A Liga...Ra´s...vão me exigir sacrifícios, provas, tarefas...que não sei quais são, mas sei que poderão causar mais mágoas a quem eu amo... – ele suspirou e fechou os olhos como que para forçar sua mente a parar de pensar em beijar todo aquele corpo e aquela boca...parar de pensar em amá-la novamente e sentir mais um ínfimo momento de felicidade – é provável que cause destruição, terei que matar pessoas... – ele calou-se não podendo mais continuar – só peço um pouco de fé em mim.

Ele virou-se em direção a saída e parou por um instante, seu corpo e sua alma impedindo-o de ir embora e nesse momento Felicity aproxima-se dele e lhe toca o braço:

- Sempre tive fé em você, Oliver...muito mais do que no Arqueiro...e nunca deixarei de ter... – ele ainda estava parado e ela lentamente se colocou na sua frente. Seus olhos estavam fixos nos dele e Oliver não pode deixar de olhá-la nos olhos – e você nunca precisou me pedir...e se agora você está pedido, minha fé em você será ainda maior, pois sei que você precisará dela...mas quero que você tenha junto de si – e ela colocou a mão no coração dele – o amor que sinto por ti e que é muito maior que qualquer outra coisa. – ela suspirou – Eu te amo, Oliver...nunca vou deixar de amar!

Ele não suportou mais a distancia, num impulso do qual poderia se arrepender mais tarde, a puxou para si e colou seus lábios nos dela num beijo violento e ao mesmo tempo cheio de saudade e amor.

Ela agarrou-se a ela como um náufrago á um bote salva vidas. O beijou com todo amor de sua alma e de seu coração. Ele a segurava firme na cintura e a puxava para mais perto de si. Quando precisaram respirar ele lhe deu mais um beijos casto nos lábios e fez menção de ir embora.

- Peça aos outros que me perdoem... – ele ia saindo, ela estava parada no lugar onde se beijaram.

- Oliver?

- Sim? – ele parou já na sacada.

Ela o abraçou pelas costas e espalmou as mãos em seu peito:

- Eu te amo...quando estiveres em batalha, ou quando duvidares de ser capaz de superar tudo isso e voltar para casa, lembre-se que eu te amo...que tua família te ama... – Oliver suspirou e voltou-se para olhá-la nos olhos.

- Eu sei. E é somente por isso que suportei tudo até agora – ele lhe fez uma suave caricia no rosto. Ele tinha que ir embora, se ficasse mais um minuto sucumbiria ao desejo de pegá-la no colo e levá-la para a cama... – eu preciso ir...

Felicity não suportaria vê-lo partir mais uma vez sem ao menos senti-lo novamente como seu. Ela precisava dele, queria amá-lo de novo pra poder ter lembranças para consolá-la nos momentos de tristeza e solidão.

- E eu preciso de você...fica comigo...só hoje... – sua voz estava embargada pelas lágrimas que tentavam cair.

Por forte que ele tentava ser vê-la ali em sua frente com lágrimas nos olhos, dizendo que precisava dele era demais...ele nunca a tinha visto assim tão frágil, nem mesmo quando o Conde a seqüestrou ou quando o Slade a tinha sob sua espada. Sua Felicity estava tão destruída quanto ele mesmo. E ele também precisava dela.

Sem poder mais se conter ele deixou o arco no chão e a pegou no colo a beijando fervorosamente.

Eles se amaram sem reservas, os desejos a flor da pele. Gemidos e suspiros invadiram o quarto e nada mais importava além dos dois.

O amor era mais forte que Ra´s...era mais forte que a vontade fer renha de Oliver em mantê-la segura...só não era mais forte que os dois juntos, lutando um pelo outro.

A cada beijo, a cada mordida em seu pescoço, a cada suspiro de prazer Oliver tinha mais certeza de que faria de tudo para voltar para ela. Ele teria forças para lutar e enfrentar tudo e todos. E esperava que ela lhe entendesse, que fosse tão forte a ponto de ter fé cega nele. Ele sabia que ela, acima de qualquer um, acreditava nele. De alguma maneira ele sabia que teriam um futuro juntos, não poderia mais negar que ela era forte o suficiente para enfrentar o que fosse que estava por vir.

Ele a olhou nos olhos e abriu seu coração:

- Eu te amo, Felicity...amo cada pedacinho seu...preciso que você nunca se esqueça disso. Só por você eu tenho coragem de enfrentar o mundo. Nenhum risco é grande o suficiente para me impedir de voltar para você... – ela estava emocionada, e só pode retribuir as palavras d ele.

- Eu te amo, Oliver...acima de tudo e por tudo o que você significa para mim e para tanta gente. Por seu coração bom e sua alma pura e por seu sorriso lindo – ela deixou escapar e ele sorriu verdadeiramente arrancando-lhe um suspiro. E te esperarei o quanto for preciso...e enfrentarei qualquer um para te ver voltar pra mim.

Já estava amanhecendo, agora ele tinha que ir embora. Não poderia dar motivos para Ra´s desconfiar que ele tinha visto Felicity...

- Hey – ele a acordou com um beijo, tinham adormecido em algum momento depois de se amarem – amor...

- Huum? - ela aconchegou-se nele e Oliver precisou de toda força de vontade para começar a levantar-se – Oliver...

- Eu tenho que ir...

Antes de partir ele a beijou e abraçou, sentiu seu cheiro e gravou cada pequeno detalhe do seu rosto.

- Eu vou voltar. .pode demorar e vão acontecer coisas ruins comigo e por minha causa...preciso...

- Oliver – ela colocou suas mãos em seu rosto – eu acredito em você, faça o que for necessário. Estaremos do teu lado. Se precisar de ajuda entre em contato de alguma maneira que daremos um jeito, ok? – ela falava com uma calma que não sentia. Ela estava mais uma vez despedindo-se dele e não era mais fácil por terem estado juntos mais uma vez...

Ele sinalizou um sim com a cabeça. Seu coração e sua alma ficavam com ela. Ela o abraçou mais uma vez:

- Continuo não sendo boa em me despedir de você...

- Não pense que é fácil para mim, Felicity – ele olhou para ela e percebeu algo que antes na ânsia de amá-la não havia notado. Em seu ombro direito, perto da cicatriz do tiro que tinha levado do Rei dos Relógios, havia algo...ele afastou o hobbie que ela usava e viu ali algo que o deixou extasiado e atônito.

Ela sabia que ele perc eberia, uma hora ou outra. Nunca arrepender-se-ia de tê-la feito. Era sua marca...a lembrança dele em sua pele...

- Felicity?

- Humm? – ela estava um pouco corada e Oliver tinha um sorriso nos lábios. Ele apontou para a tatuagem em seu ombro com a sombrancelha levantada numa pergunta muda – O que? Isso? – ela gaguejou um pouco – só uma coisinha para ter você mais perto de mim...é como se fosse tua marca em mim... – ela deu de ombros.

Era uma flecha simples em verde escuro. Não havia mais nada. Mas era o suficiente para ele ver o quanto era amado por ela...ela tinha gravado em sua pele algo que a ligava a ele. E era para sempre. Era ela lhe dizendo que era dele.

Oliver se aproximou mais uma vez e lhe beijou a tatuagem.

- Também sou teu... – ele lhe beijou uma ultima vez e partiu.

Felicity fic ou observando ele ir embora mais uma vez, mas agora ela tinha uma esperança a mais. Algo a que agarrar-se nos momentos de dor e saudades...ele tinha dito que voltaria... e ela confiava nele e lutaria por ele e com ele.

Oliver tinha o coração sereno quando partiu. Sabia que seriam tempos difíceis, mas a força que ele precisava provinha agora da certeza e da grandeza do amor que sentia por ela e pelo fato de ser correspondido na mesma proporção.

Poderia suportar tudo sabendo que tinha pelo que e para quem voltar. E pela segunda vez desde que entrou na liga ele sorriu...novamente por ela...era assim e sempre seria. Felicity era sua fonte de felicidade e sua fortaleza.

“...se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho eu gravaria no metal de minha pele teu desenho...feitos um pro outro, feitos pra durar...uma luz que não produz...sombras...” (3x4 – Engenheiros do Hawaii).