Sentada em sua cama, olhando para a janela e segurando um papel amassado, ela se perguntava se o veria outra vez. Era tão injusto ter admitido para ele — e para si mesma — que o amava e voltar para Starling City sem ele.

Felicty não conseguia dormir já fazia um tempo, desde que voltara de Nanda Parbat. Voltara para a sua rotina? Sim. Mas ela não conseguia parar de vê-lo em cada canto da cidade. Oliver estava em toda parte para Felicity. Até que ela olhava mais uma vez e tudo não passava de sua lembrança.

Lembrar era a parte essencial para Felicity. Se não se lembrasse, Oliver, o Arqueiro... não passaria de um tempo em que ela pensara que estava vivendo outra vez.

Mas tinha medo de que as lembranças pudessem ficar mais e mais distante. Como se lembrar de sua voz ou das vezes em que ele se exercitava sem camisa ou da noite de amor que tiveram. Deu um sorriso, mas logo tirou-o do rosto. Parecia piada de mau gosto, sorrir.

Ela desviou o olhar, segurando as lágrimas, que desceram do mesmo jeito. Apertou o bilhete com força, como se ele fosse apenas algo que sua cabeça fizera para que se sentisse melhor.

Felicity sonhava com Oliver na maioria das vezes. Não sabia para quem contar, até que Diggle viu como ela estava, após outra noite mal dormida.

— Eu o vejo, Digg. Todas as noites. — Confessara ela. — Ele sempre está lá, olhando-me. Ele tenta me alcançar, ele chama meu nome, mas eu não o escuto. Estou longe para ele. Mas ele está lá — Felicity fugou, enxugando as lágrimas que caíam de seus olhos. — Então, eu, finalmente, eu o vejo. Eu me viro e Oliver está parado, me esperando. Como se estivesse lá para me manter segurar, para me pegar, caso eu caísse. É nesse momento que eu corro até ele e eu acordo assim que consigo tocar seu rosto. — Ela olhou para Diggle. — Eu sinto sua pele e meus dedos formigam assim que eu abro os olhos. E, então, eu choro. É o mesmo sonho toda noite. Eu não consigo esquecê-lo, Dig.

— Felicity... — suspirou Diggle, abraçando-a. — Eu queria que ele estivesse aqui também. Oliver fez a escolha dele. Mas não esqueça dele. Nem de seu amor. Você o verá outra vez... Oliver não desistirá de nós... de você.

— Mas e se ele não puder?

— Temos que acreditar, Felicity — disse ele. — E, se ele não puder, dessa vez, nem a gente, e nem Oliver, vamos deixar que termine assim.

Felicity assentira e voltara para a casa exausta. Quando tentou dormir, teve o mesmo sonho.

****

Oliver estava parado em frente a casa dela. Felicity. Ele a viu chegar em casa, parar em frente ao sofá e olhar em volta, como se estivesse procurando algo. Como se algo estivesse faltando.

Ra's Al Guhl dissera que, para se tornar seu sucessor, Oliver precisava esquecer de quem era. E esquecer de todos que amava. Olhando para ela naquele momento, ele percebeu que não conseguiria. Fingiria, se fosse preciso. Mas esquecer dela? Ele não ia conseguir. Nem chegava a ser uma opção.

Ela desistiu e foi para dentro da casa, onde ele não podia vê-la. Estava de noite e, para Oliver, não era difícil se camuflar na escuridão. Depois de algum tempo, a luz do quarto foi acesa.

Felicity estava de robe e puxou a gaveta do armário. Escolheu o pijama, fez um rabo de cavalo, e tirou o robe. Oliver sentiu seu coração pular ao vê-la nua outra vez. Era como se cada visão que tinha dela, era uma nova surpresa bastante agradável e o fazia lembrar-se da primeira noite de amor com ela. Nunca havia sido tão feliz. Nem quando retornou para Starling City e pôde rever Laurel ele se sentira daquele jeito.

Não... Felicity era sua felicidade. Um dos motivos para mantê-lo são. Se ele pudesse, abandonaria tudo aquilo e tocaria a campainha, para, finalmente, tomá-la nos braços e beijá-la. Isso acalmaria todos os seus medos de se tornar o próximo Ra's Al Guhl.

Ela colocou o pijama e sentou-se na cama. Olhou para janela, mas não pôde vê-lo. E ele não podia ir até ela. Não era nem para ele estar ali; deveria estar voltando para Nanda Parbat, já que havia ajudado Barry.

Mas não podia seguir para lá sem vê-la. Ver Felicity outra vez, já que a imagem dela estava se apagando. Ele precisava ver os cabelos louros dela, os olhos azuis, o jeito que ela andava... ele a amava tanto!

Oliver a viu apagar a luz e deitar-se. Esperou mais alguns minutos, até ter certeza de que ela estava dormindo e foi até a janela. Ele abriu a janela com facilidade e entrou no quarto de Felicity com habilidade. Olhou para o quarto dela e sorriu ao ver algumas peças de computadores ao lado de um computador em cima de uma mesa. Era simples e era a cara dela.

Ele sorriu ao vê-la dormir. Pensou que nunca mais a veria assim. Não estava completamente feliz, mas, pelo menos, não estava tão perdido quanto antes. Ele a estava vendo. E ficou daquele jeito por um longo tempo. Mas não se segurou. Abaixou-se sem fazer barulho e a beijou, deixando um bilhete em cima da mesinha de cabeceira.

Felicity se mexeu e Oliver se levantou, saindo logo depois pela janela e a fechando novamente. Oliver ficou ali, sabendo que ela não acordaria naquela hora. Olhou para onde Felicity dormia por mais alguns minutos e, depois, foi embora.

****

Agora ela segurava aquele bilhete. Estava com raiva, estava triste, estava aliviada... por que raios ele deixara aquele bilhete? Por que não a acordara?

Ela abriu o bilhete e o leu pela quinta vez:

"Ra's Al Guhl me disse que eu deveria esquecer daqueles que eu amo. Como eu poderia esquecer de você, Felicity Smoak? Isso é impossível. Ninguém que já a conheceu, esqueceu você. Acredite, isso não é possível.

Não queria que nada disso acontecesse. Queria ter acordado você, mas não podia nem estar aqui. Quero que saiba que nada do que eu sinto por você mudou e nem vai mudar. Se algo acontecer, sei que você vai dar um jeito. Junto com Thea, Diggle, Laurel e até mesmo o Roy.

Felicity, lembra quando eu disse que eu estaria feliz, se você estivesse sendo feliz com a sua vida? Quero que leve a sério.

Mas... se estiver esperando, saiba que eu irei voltar. Não importa como. Eu irei. E, do mesmo jeito, eu estarei esperando. Sempre estarei com você, não importa como. Eu estarei.

Com amor, Oliver Queen."

Felicity fechou os olhos e, quando os abriu novamente, ela pôde sentir que ele esteve por perto. Não admitia que ele não a tivesse acordado, mas não conseguia parar de pensar no que ele havia escrito. Ele a amava. E ela também.

Ela seria feliz, quando ele voltasse. Até lá, ela apenas viveria. E, se ele também a estava esperando, era o que contava.

— Teimoso — ela balançou a cabeça e segurou o bilhete com mais força, sorrindo.

Ela ia esperar. Repetidas vezes, Felicity iria lembrar-se dele. E, quando ele voltasse, poderiam retomar de onde pararam. Porque, como ele dissera: aquilo não era um adeus.

Se você estiver perdido pode ver

Você vai me encontrar

Repetidas vez

Se você cair, eu vou te segurar

Eu estarei esperando

Repetidas vezes