Oito e meia eu já estava devidamente pronta, eu havia tirado do fundo do guarda roupa um vestido preto que prendia até a altura dos joelhos, eu nunca tinha vestido um vestido tão longo, mas ele era bem colado ao corpo, era de alcinhas e fazia com que meus seios ficassem juntos e empinados. Baguncei meus cabelos e ele ficou com um ar rebelde, mas lindos, passei uma maquiagem deixando o efeito para o delineador preto e passei um batom vermelho, coloquei meu alto scarpin cor de sangue e me olhei no espelho. É, parecia que eu havia voltado aos tempos antigos, fazia meses que eu não me arrumava daquela forma, nem mesmo quando eu estava com Pedro, com ele eu preferia me vestir recatadamente, a final, sua família era recatada e eu tinha que me vestir e me comportar como se eu também tivesse á mesma conta bancária que eles. Eu estava começando uma nova vida não era mesmo? Então eu tinha que voltar aos hábitos velhos… Ou quase. Desci as escadas e me deparei com minha mãe e meu pai sentados no sofá.

– Como estou? – Eles se viraram e eu dei uma voltinha.

– Minha filha, você está linda – Disse meu pai.

– Eu nem preciso falar né, já é linda por natureza, mas claro que você está maravilhosa.

– Own obrigada, vocês são o máximo.

– Você está à cara da sua mãe quando tinha sua idade Karina, vejo o reflexo dela em você – Ele se virou para minha mãe e sorriu, sorriu apaixonadamente. Uma dor latejante invadiu meu peito, Pedro costumava olhar para mim daquela forma. Eu sabia que nunca iria esquecê-lo, tanto tempo já havia se passado e eu ainda pensava nele todos os dias, então eu sabia… Eu sabia que eu jamais o esqueceria. Sentei-me e fiquei esperando as meninas, não demorou muito e elas chegaram.

– Nossa, nossa em Ka, vestida para matar – Vicky estapeou minha bunda.

– Sempre né baby – Gargalhamos e saímos de casa. João e Mateus nos esperavam no carro, nós entramos e fomos em direção à festa, como era festa de gente da escola eu sabia que todos estavam lá, mas eu não me importava, a final, todos nós éramos companheiros de festa.

Chegamos ao local que aconteceria a festa e o mesmo se encontrava lotado, várias pessoas já estavam bêbedas, várias pessoas já estavam suadas de tanto dançar e claro, como não poderia faltar, várias pessoas estavam se pegando.

– Eu vou pegar bebidas.

– Ahh claro, tem que ser né João.

– Eu vou com você amor. - Bianca

– E eu também… Você quer algo Vicky? -Mateus

– Traga qualquer coisa. - Vicky

– E você Ka? - João

– O mesmo que a Vicky – João rolou os olhos e saiu.

Eu e Vicky andamos até o lugar menos movimentado dali e nos sentamos.

– Ka, tente se divertir hoje, tente ficar com alguém…

– Eu não sei Vicky… Não sei se consigo.

– Caraca, se fosse há alguns meses atrás você só não tinha pego o João e o Mateus numa hora dessas, ahh mais quando ficasse bêbeda com certeza pegaria – Eu gargalhei.

– Não me orgulho muito disso, já passei pela cama de muitos.

– Ahh Ka, mas é muito bom vai, pelo menos você experimentou vários sabores, se é que você me entende – Ela me deu cotovelas e eu rolei olhos rindo.

– Você não presta… E você é outra né? Só tá com esse rabo sentado ai porque tá tendo um rolo com o Mateus

– Nem por isso minha filha, ninguém me segura, mas digamos que o Mateus foi, é e sempre será o melhor, e eu tendo o melhor comigo pra que eu vou correr atrás de outros?

– Ahh ê Vickizita, tirou a sorte grande.

– Você que o diga né loira.

– Ahh Vicky nem vem, foram só cinco vezes.

– Ainda fala só – Bufou – Mas tudo bem né, já foi.

– Claro que já foi e não volta mais, por isso, Mateuszinho é todo teu.

– Ahh disso eu sei né minha amiga, com uma deusa do lado dele pra que ele vai querer outra?

– Iiiii nem se acha né fia. – Ela gargalhou alto

Mateus chegou com as bebidas e eu preferi sair dali já que aqueles dois resolveram fazer uma orgia bem do meu lado. Vaguei pelo local e conhecia muitos rostinhos ali. Apoiei meus cotovelos em um balcão e fiquei observando todos a minha volta, até que meus olhos pararam em alguém que estava olhando diretamente para mim. Eu nunca havia visto aquele garoto, ele era bonito, ô se era e fazia muito bem meu tipo… Mas, eu ainda estava meio insegura, parecia que se minha boca tocasse a boca de um outro alguém eu estaria traindo Pedro, eu estaria tentando esquecer do seu gosto, mas ele havia partido e talvez nunca mais nos víssemos e minha cabeça estava um embaraço só. O garoto começou a se aproximar de mim, seus olhos eram de um verde esmeralda divino, seus cabelos negros, lisos e cortado apenas dos lados e atrás dava um ar bem de playboy a ele, seu rosto era quadrado, seus lábios carnudos e sua pele branquinha, parecia até um daqueles modelos internacionais.

– Oi – Quando dei conta ele já estava do meu lado, virei o rosto e meus olhos encontraram os seus.

– Oi – Sorri.

– O que uma moça tão bela faz ai só?

– Digamos que meus amigos me abandonaram.

– Ahhh só seus amigos?

– Só – Dei de ombros.

– Me chamo Érick.

– Prazer Érick… Karina – Pegou em minha mão e depositou um beijo – Eu nunca vi você em nenhuma festa por aqui e olha que já frequentei muitas.

– Ahh eu – Virou o rosto e olhou para a pista de dança – Sou um conhecido da Manuela.

– Entendo – Aquela festa era mais uma festa que Manuela dava, eu não ia muito com a cara dela, mas suas festas eram as mais comentadas da escola.

– Você quer dança? – Por que não?

– Claro.

Ele segurou minha mão e fomos para a pista de dança e como eu realmente estava voltado, pela metade, a ser a Karina de antes, minutos depois já estávamos nos beijando. Durante aquele beijo eu me lembrei de Pedro, lembrei-me de quando nos beijávamos com carinho, de quando ele sorria entre o beijo e eu amava isso, lembrando de tudo, mas eu fiz o máximo para me concentrar naquele beijo e ele era muito bom. Minutos se passaram e continuavam a nos beijar, horas passaram e continuamos juntos. Mais algum tempo passou e eu resolvi dá um perdido nele, não gostava de ficar muito com um garoto só em festas, ele já acharia que poderia rolar algo quando saíssemos dali.

– Ué Ka, cadê aquele moreno lindo, gostoso e sensual que você tava quase comendo? – Gargalhei.

– Dei um perdido.

–Ahh Karina qual é cara.

– Vicky, ainda não estou preparada para ter esse tipo de intimidade com um homem.

– Ahh lá Bianca – Vicky cutucou a morena que já estava mais pra lá do que pra cá – Falando assim até parece santa.

– Santíssima Victória, todo mundo beija e passa a mão.

– Vaca – Gargalhei – Eu vou pegar algo para beber, vocês querem?

– Eu não – Vicky e Bianca responderam.

– E vocês seus manés? – Bati na cabeça de Mateus que resmungou.

– Ai Karina, arruma qualquer coisa ai.

– O mesmo do Mateus – João disse.

Eu então fui atrás de algo para beber.