-Acorde logo verme miserável-É assim que Renne acordou naquela manhã de inverno gelada, e é assim que ela acordou os seis meses que viveu ali. Ela abriu os olhos lentamente, enquanto se preparava psicologicamente para se deparar com o falso sorriso da diretora, e ali ele estava.

-Hoje receberemos as novatas, seis meses, todos se foram e você continua aqui...isso me deixa triste Renne-Ela disse com uma falsa tristeza na voz. Jogos mentais.

Renne levantou-se penteou os cabelos negros e vestiu o uniforme preto.

Renne passou a mão pelos cabelos curtos, ela usava um corte masculino, era assim que ela gostava, mas o cabelo estava crescendo, ela estava sozinha, então pegou sua tesoura, que ela havia furtado na sua última tentativa de fuga, e cortou as pontas, lá tinham a impressão que seus cabelos não cresciam, mal sabiam eles dos constantes cortes, pôs os cabelos cortados dentro de um saquinho que jogaria no rio depois, dirigiu-se ao campo externo e posicionou-se na fila, notou todos olhando-a com repugnância, como se fosse uma criminosa, e para aquela gente, ela era.

-Bom dia, vermes- A diretora disse com o falso sorriso típico

-Bom dia, senhora- Todos responderam

-Antes de falar sobre regras e outras coisas, quero falar sobre Renne, ela está aqui a seis meses, ela é uma pecadora e não quer aceitar a luz, mês que vem ela fará 18 anos e irá embora ano que vem, temo que não consigamos fazê-la aceitar a luz, mas se Deus quiser...- A diretora foi interrompida por uma forte gargalhada vinda de Renne.

-Renne...isso é triste, não quero ter de mandar para “aquele lugar” e sei que você também não quer ir- Renne permaneceu em silêncio- nenhum de vocês terá o desgosto de dividir o quarto com Renne, ela está isolada. Sempre as 2:00 horas, depois do almoço, vocês virão para cá reconfessar seus pecados, hoje especialmente, faremos isso mais cedo, faremos isso agora! Vamos confessem-se, começando por você por você...Emma Harrison, por que você está aqui pequeno...verme? -A diretora completou com um sorriso obviamente falso.

-Eu desacredito de Deus e pratico Wicca-Renne olhou para o lado e chutou uma pedra, ao ouvir as palavras de Emma.

-Explique-nos melhor o que seria Wicca? –A diretora completou, adicionando um tom de desprezo na voz ao falar a última palavra.

-É uma religião que mexe com a magia elementar, senhora. -Emma completou, olhando para os olhos da diretora, ela não tinha vergonha de quem era ou do que fez. Era bonita tinha cabelos negros com uma franja bonita e mechas roxas na ponta e olhos azuis brilhantes como safira, tinha pele bem branca e era magra, ficava linda com o uniforme negro.

-Resumindo: bruxaria -A diretora disse.

-Exato, senhora –Emma disse orgulhosa.

-Ah, então temos uma bruxa assumida? Só não pegue sua vassoura e saia voando. –Era uma crítica desfaçada de “piada”, jogos mentais, não tinha graça ninguém riu, o tom de deboche na voz da diretora não afetou Emma.

-Próxima...Allisson Martin, o que te traz aqui Allison?

-Eu não quero falar-Allisson disse seca.

-Como?

-Sei lá, não estou afim. –A diretora deu uma falsa risada.

-Você não tem esse direito, aqui você só obedece, aqui você não tem vontades, apenas obedeça e fale –A diretora disse irritada.

-Sim, senhora –Allisson disse com um tom desafio na voz, a garota de cabelos vermelhos é uma rebelde nata.

-Desacredito em Deus e sou Therian.

-Não você não é, apenas acredita que seja Therian, casos como o seu são raros e repugnantes, explique a nós, o que é therianthropy?

-Therianthropy é a crença de que você tem um espirito animal, o que para nós significa que você não é humano, o meu espirito animal é um lobo e ... –Allisson foi interrompida pela diretora.

-Basta, Allisson! -A diretora voltou-se a Renne –Confesse seus pecados, Renne –A diretora disse seca, como um robô.

-Desacredito em Deus –Renne fez uma pausa, para fitar a diretora –Mas me tratam com tanta repugnância, simplesmente porque sou lésbica... –Renne foi interrompida

-Fique quieta, uma palavra assim não pode ser dita num lugar de Deus como esse. Você não é nada apenas fantasia que seja e ... – Renne a interrompeu aos gritos.

-Dane-se! Eu não ligo para porcaria nenhuma de lugar de Deus! Eu sou lésbica, sim! Não importa o que vocês digam!

-Isso é triste, Renne, eu sinto muito. –Não, ela não sentia.

Dois homens musculosos agarraram Renne e a arrastaram para um escuro corredor.

-Dane-se! –Renne gritou, a diretora bateu duas palmas. Dose-dupla. Renne foi empurrada para dentro do cômodo escuro.