River

– Olá, ruiva. – disse Draco abrindo a porta da cabine.

Meu irmão o olhou enfurecido, Harry fingiu que ele não tinha entrado. Hermione me olhou com censura e Luna parecia indiferente ao fato de ser Draco Malfoy ali.

– Oi, Draco. – respondi sorrindo.

– Tenho uma coisa pra você. – ele disse me entregando uma caixa. – Era bem pesado, e uma fita de veludo verde escuro fazia um laço pomposo nela – Espero que goste.

E então ele deu um sorrisinho e saiu da cabine.

Voltei a me sentar. Todos olhavam para caixa como se ela fosse explodir ou qualquer coisa assim. Puxei a fita e tirei a tampa.

Era um livro. Um diário.

– Ah, não! – ralhou Rony pegando aquilo e indo para a janela – Todo mundo se lembra da última vez que um Malfoy te deu um livro.

– Rony! Não! – ralhei pulando em cima dele e pegando o livro de volta.

– Gina! Isso pode ser perigoso! – ralhou Harry também tentando pegar o livro, mas foi Hermione quem o pegou.

– Esse diário pertence a Astaton Malfoy. – leu ela – O que é isso?

– Está de brincadeira! – ralhou Rony olhando para o livro com fúria. – Só pode ser. Astaton Malfoy?

– Quem é Astaton Malfoy?

– Ele é o motivo pelo qual Malfoys e Weasleys se odeiam! – respondeu Rony. Eu peguei o diário de Hermione e o abracei – Ele matou Lance Weasley há cem anos atrás. Sequestrou a filha dele, a estuprou, a transformou em sua escrava e quando Lance tentou resgatá-la, Astaton Malfoy cortou a cabeça dele fora e a jogou num poço sem fundo!

– Que horror. – disse Hermione.

– Isso é mentira. – disse Luna sonhadoramente. Todos olhamos para ela – Astaton Malfoy e Genebra Malfoy eram apaixonados. Todos sabem disso.

– Que? Está louca?

– Lance Weasley era um homem muito cruel. Astaton Malfoy a salvou e casou com ela.

– Foi o que Draco me disse... – murmurei.

– Isso é mentira! – ralhou Rony – DiLua está falando isso! Só corrobora mais que Astaton Malfoy era um cretino como todos os outros Malfoys e...

– Isso não é mentira. – insistiu Luna. – Astaton Malfoy se casou com Genebra Weasley e eles tiveram três filhos. Um homem e duas filhas. Uma delas se casou com Marcio Lovegood. – explicou Luna – Que era meu bisavô.

Olhei chocada para o que Luna disse.

– Não. Não foi isso que aconteceu. – insistiu Rony – Astaton Malfoy se...

– Ah! Me dá esse diário! – ralhou Hermione. Ela folheou um pouco e parou numa página qualquer minutos depois – Encontrei Genebra novamente hoje. Estou noivo de Helena Lestrange, mas não consigo parar de encontrar com Genebra. E a cada roxo que o maldito pai dela deixa em seu rosto inocente meu sangue ferve mais e mais. Eu quero me casar com ela. A amo profundamente. Mas ela tem medo. Ela sabe que o pai dela vai vir por mim. Ele vai querer minha cabeça... mas não posso mais aguentar ver minha amada sofrer nas mãos daquele homem cruel... – Hermione suspirou e olhou para Rony – Bem...

– Isso é falso. Só pode ser! – disse meu irmão teimosamente.

– Tem um jeito fácil de descobrir. – disse Hermione sacando a varinha e cutucando o diário. Dez notas musicais saíram da varinha – Tem pelo menos dez décadas que isso foi escrito... – riu ela – Quem diria que o Malfoy estaria falando a verdade?

– Isso é falso. Com certeza é falso. E deve ser perigoso! – insistiu Rony. Mas Hermione continuou folheando o diário.

– Genebra apareceu hoje em minha casa. – leu Hermione – Ela está dormindo em um dos quartos de hóspedes. Não vou deixá-la voltar. Os dedos de ambas as mãos dela estavam quebrados. Tive que chamar um curandeiro. E suspeito que esse seja o menor dos ferimentos. Vou me casar com ela e cancelar meu noivado com os Lestrange. E se Lance Weasley vier atrás de mim, eu o matarei. Ele nunca mais tocará num fio de cabelo de Genebra. Acho simplesmente inconcebível que um pai faça isso com a própria filha... Parecem até um Black sem modos...

– Isso é mentira! – disse Harry.

– Será? Sirius odiava a família, lembra? – perguntou Mione folheando o diário.

– Os Malfoy sempre foram a família do Diretório Puro Sangue que sempre foram conhecidos por serem muito amorosos com os filhos... desde épocas medievais. A família em primeiro lugar. – disse Luna sonhadoramente.

Aquilo era verdade... Tia Muriel sempre falava que Lúcio Malfoy era mesquinho e nojento porque Abraxas nunca tinha dado uma sova nele. E Draco era completamente devotado aos pais, não era?

– Eu acho que Lance era mesmo o vilão da história. – disse Hermione olhando o diário –Lance veio aqui e disse que ia levá-la embora. Ela pediu para que ele se retirasse, mas ele não quis. E disse que quando colocasse as mãos nela, iria esfolá-la... não vejo alternativa para proteger Genebra... não queria lutar contra o pai dela, mas se ele aparecer novamente, não verei alternativa a não ser matá-lo. É a minha esposa quem ele está ameaçando e, com isso, meu filho, que ela carrega no ventre.

– Gente. Isso ai ele deve ter escrito para se safar! – insistiu Rony. Hermione revirou os olhos e me devolveu o livro.

– Esqueça. Ele nunca vai se convencer. – resmungou Hermione. Peguei o livro e soltei um suspiro. Draco não mentiu pra mim... meus antepassados eram cruéis, quem diria...

Mas não era assim tão difícil de acreditar, na verdade... Tia Muriel era cruel até dizer chega, não era?

–--

– Estou dizendo que foi Miranda Yaxley! – insistiu Draco.

– Não! Certamente foi Lyssandra Maxwell. - retrucou Gina

– Não! Miranda jogou não só pelas Harpias, mas foi a goleira da seleção Inglesa durante anos!

– Draco! – resmungou Gina parecendo sem paciência – Lyssandra tem o maior número de defesas da história do time!

– Mas sempre amarelava em jogos importantes! E o número de arremessos livres que ela defendeu é ridículo!

Eu e Damian olhávamos aquilo com um sorrisinho no rosto.

– Acho que Draco vai ganhar a aposta. – disse sorrindo. Damian concordou.

– Acho que ele vai ganhar mais do que imagina. – adicionou Damian – Bom pro Draco. Ela parece ser legal.

– E Potter está se corroendo.

– Nem me diga! No fim das contas vou sair contente do mesmo jeito.

– Sim. Eita porra. – murmurei rindo. Estávamos observando o casal de longe e agora Draco tinha pegado Gina no colo e levado para uma sala qualquer – Malfoy sempre consegue tudo o que quer, não é?

– É um maldito sortudo. – riu Damian cruzando os braços.

–--

E a cada dia que passava eu não sabia mais diferenciar o que era teatro e o que não era... E a cada vez que eu evoluía com aquele armário, mais e mais eu me perguntava se aquilo era o melhor a ser feito.

Ele iria me matar.

Ele ia matar a minha mãe.

E ele ia matar o meu pai...

Mas se eu fizesse aquilo, Gina nunca iria me perdoar.

– O que eu vou fazer... – murmurei olhando o armário sumidouro na Sala Precisa.

–--

– Ok. – disse comendo o sapo de chocolate que Draco comprou pra mim na Dedosdemel – Vamos concordar que o momento mais épico foi quando Rodolfo Brand pediu Gwendolyn Morgan em casamento depois da partida que durou sete dias.

– Nop. O mais épico foi quando ela acertou a cara dele com o cabo da vassoura dela, logo em seguida. – respondeu ele. Ele me olhou com um sorrisinho e eu caí na gargalhada.

– Ok... você tem razão.

– Quando vai se aceitar que eu sempre tenho razão, Gina? – perguntou ele.

– Oh. Cale a boca, seu exibido. – resmunguei.

– Ok... vamos mudar de assunto um momento, certo? – perguntou Draco. Estávamos na altura da Páscoa.

– Ok. Sobre o que quer falar? – perguntei.

– O que nós somos? – perguntou ele me olhando com um sorrisinho debochado – Somos exclusivos? Porque a gente se agarra praticamente todos os dias... e eu meio que te convidei pra vir pra Hogsmeade comigo, então...

– Oh. Você está me pedindo em namoro.

– Céus. Eu nunca disse isso! – resmungou Draco fechando a cara – Eu só perguntei o que raios nós somos. Eu sou livre pra ficar outras garotas?

– Depende. Eu sou livre para ficar com outros garotos? – ele fez uma careta e depois outra. Entendi que ele estava com ciúmes e depois estava se censurando por estar com ciúmes. Então fiquei rindo dele.

– Eu sei lá. – respondeu ele.

– Ok. Vamos começar pelo início. – eu disse. Ele me olhou arqueando as sobrancelhas – Você me acha bonita?

– Sim. – respondeu ele – E você? Me acha bonito?

– Muito. – disse tranquilamente. Não via motivo para negar. Draco deu um sorriso presunçoso e jogou os cabelos para trás – Ok... Você aprecia minha companhia?

– Claro. E você?

– Sim.

– Minha vez de perguntar. – disse ele. Sorri e concordei – Você sente vontade de transar comigo?

– Por que eu sabia que você iria falar de sexo? – perguntei rindo.

– Hum... não sei... talvez porque eu te peço todos os dias? – perguntou ele me olhando com um sorrisinho sacana.

– É uma possibilidade.

– Ok, responda.

–Eu sorri novamente.

– Querer não é poder. Essa é minha resposta. – ele soltou um muxoxo descontente – Ok... você... você fica pensando em mim quando eu não estou com você?

– Sim. E você?

– Penso em você sim. – respondi – E você tem vontade de se pegar com outras garotas, ou me acha suficiente?

Draco fez uma careta.

– Eu fui criado pra ser machista, Gina... não me pergunte uma coisa dessas.

– Pergunto sim! É uma pergunta importante.

– Bem... – ele parecia completamente desconfortável – Eu sempre reparo nas mulheres... e sim... tenho vontade de aprontar com outras garotas, mas... mas eu prefiro... digo... meio que é melhor passar o tempo com você. – murmurou Draco. Ele fez uma careta, corando de leve – Você é muito divertida... com que outra garota eu poderia falar de igual pra igual sobre quadribol?

Soltei uma risadinha.

– Eu sei que sou foda. – respondi. E ele me olhou sorrindo.

– Depois eu sou o convencido!

– Mas você é convencido. E muito! – eu disse rindo.

– Ok. Minha vez de perguntar... – ele me olhou com aqueles olhos cinzas – Você está apaixonada por mim?

Showdown

– Ok. Minha vez de perguntar... – ele me olhou com aqueles olhos cinzas – Você está apaixonada por mim?

Aquela era uma pergunta difícil. Eu fui apaixonada por Harry durante toda a minha vida... eu certamente sentia algo por Draco... Mas... era a mesma coisa? Porque naquele momento eu achei que meus sentimentos por Harry nunca foram mais do que simples fascínio... Agora... o que eu sentia por Draco...

– Eu estou. – disse por fim.

– Você hesitou.

– Você não hesitaria?

– Não. Eu estou apaixonado por você. – ele disse duma vez. Sorri para ele, sentindo o rosto ferver – E isso é uma merda.

– Por que? – perguntei confusa. – Por conta das nossas famílias?

– Não. Porque eu apostei com Damian e Blair que eu conquistava você. – respondeu ele dando de ombros – E eu quem acabei conquistado.

O olhei com choque.

– Você o que?

– Está tão surpresa assim? – perguntou ele – Eu não queria participar disso, porque achava idiota. Mas eles implicaram tanto comigo que eu cedi... mas eu não fiz nada para tentar te seduzir... até o dia em que eu deitei no seu colo... – Ele desviou o olhar sem parecer estar arrependido. Parecia quase entediado – Eu me abri um pouco com você, para ganhar sua confiança e depois... depois tudo desandou. Porque eu realmente comecei a gostar de você. A gente começou a ficar... E agora eu estou apaixonado. E isso é uma merda. – ele suspirou e me olhou nos olhos – Não te chamei aqui pra te pedir em namoro. Vim aqui pra terminar com você.

– O-o que?

– Sim. Ou eu termino agora com você, que ainda não está completamente louca por mim e te magoo um pouco... Ou enrolo até estarmos envolvidos demais e então eu vou magoar muito você. E eu não quero isso. – explicou ele.

O olhei completamente perplexa.

– Você... você é um idiota! – disse furiosa.

– Eu sei. – ele respondeu parecendo levemente triste. – Eu sinto muito, Gina... mas você sabe que eu só vou te magoar no futuro.

– Sei?

– Sabe. Você vai lutar por Potter, contra o Lorde das Trevas. Você vai lutar pela Ordem da Fênix... Eu não. Eu vou estar do outro lado, Gina.

– Draco...

– Só me escute. – pediu ele carinhosamente, segurando as minhas mãos – Eu não posso ficar com você, porque eu sou um comensal de morte.

– Que?

– Eu já sou um comensal. – explicou ele – E eu já tenho uma missão, que eu estou tentando cumprir, para proteger a mim mesmo e a minha família. Eu não tenho escolha. Por isso... por isso eu estou terminando com você... fique a vontade pra me odiar... eu vou entender... mas eu prefiro ser honesto com você agora do que depois te decepcionar ainda mais... você entende?

O olhei chocada. Completamente chocada.

– Eu não acredito que está fazendo isso comigo!

– Nem eu. – riu ele meio sem jeito – Mas pense... é o melhor.

– Fale com Dumbledore, Draco. Ele poderá ajudar.

– E quando não houver mais Dumbledore? – perguntou ele.

– Você vai ter a mim... – murmurei o olhando nos olhos. – Me escolha, Draco... eu escolhi você.

Ele sorriu daquele jeito debochado.

– Aiai, ruivinha... – riu ele – Você é mesmo teimosa.

– O que vai fazer?

Ele me olhou no fundo dos olhos, hesitante.

– Gina, eu...

Mas então eu o beijei. Ele me beijou de volta e me abraçou.

E eu soube o que ele iria escolher.

Fim