Passei todas as aulas como um zombie. Obviamente, a Yann e o Dani perceberam e fizeram um questionário enorme. Eu disse apenas que explicaria depois, e, magicamente, eles aceitaram numa boa. Acho que pensaram que passei a noite em claro por causa do que aconteceu ontem na escola. Como estavam enganados…

Quando eu estava quase dormindo, o último sinal finalmente tocou e todos pudemos ir embora. O corredor estava lotado, como sempre. Passei reto pelo meu armário, hoje tudo que eu queria era voltar para casa e dormir.

Continuei andando perto dos armários, e procurando o James inconscientemente. De repente, senti uma mão quente puxar meu braço direito com força. Virei para trás, já tentando soltar meu braço, na defensiva.

Era ele.

James colocou o dedo indicador na minha boca, indicando que não era para fazer barulho. Fui rapidamente puxada para um pequeno e estreito corredor, que eu nem sabia que existia.

Ele pegou gentilmente minha mão, e me guiou até o final do corredor, onde havia uma porta dupla de ferro fechada, por onde uma frestinha da luz do dia conseguia escapar.

Ele pegou minha outra mão, e eu pude sentir minhas pernas tremendo e várias borboletas zanzando pelo meu estômago. Espero que ele não perceba, pensei, realmente torcendo por isso.

– Dianna… - começou ele.

– Humm?! - murmurei.

– Eu queria me desculpar por ontem. - disse. - realmente não pretendia beijar a Taylor, ela se jogou para cima de mim. Eu juro!

– Sei… - falei brincando, mas, aparentemente, ele não estava para brincadeira.

– Dinny, você precisa acreditar em mim! Eu nunca faria isso com você! - fiquei com pena nessa hora. Ele falou com tanta convicção…

Ri fraco.

– Eu acredito em você, James. - disse um pouco mais alto que um sussurro.

Ele sorriu. O sorriso dele era tão lindo…

OK, eu estou parecendo uma personagem de romance meloso apaixonada. Chega!

Ainda era MUITO estranho para mim estar apaixonada. Eu nem sabia se isso valeria a pena…

Que coisa! Pare de pensar! E pare de falar com você mesma dentro da sua cabeça! Daqui a pouco ele vai pensar que você tem problemas psíquicos graves!

Ele me abraçou, e eu apoiei minha cabeça na curva entre seu ombro e seu pescoço. Ali também era tão quentinho! Ficaria naquela posição pelo resto da eternidade se fosse possível.

– Eu te amo. - sussurrou ele ao pé do meu ouvido.

– Não é meio cedo para “eu te amo”?! - perguntei ainda brincalhona.

– Não acho. - disse ele sorrindo.

Eu podia sentir ele sorrindo no meu pescoço.

– Posso ser um pouco formal? - perguntou.

– Claro! - respondi.

– Quer namorar comigo?

– Como assim?! - perguntei me afastando alguns milímetros.

Espera, o que tinha acabado de acontecer?! Ele disse “eu te amo” e “quer namorar comigo?” em menos de um minuto de espaço de tempo! Era demais pro meu coraçãozinho inexperiente.

– James, - sussurrei antes que ele pudesse me responder. - eu também te amo.

Falei aquilo como se fosse um segredo.

Pensando bem, é um segredo. Meu e dele. Só nosso.

Ele sorriu novamente, e eu sorri junto.

Nos afastamos mais um pouquinho, e ele não esperou para selar nossos lábios. Ele me beijava de vagar e com carinho. Aquilo era tão bom! Beijá-lo. Era mágico! Indescritível.

Então, fui me afastando aos poucos, com medo de onde aquilo poderia chegar. Eu me sentia tão segura e tão livre perto dele, que às vezes me esquecia de que havia um mundo ao nosso redor.

– Eu preciso te contar uma coisa. - falei, ainda em segredo.

– Pode falar. - respondeu ele.

Então, como em um passe e mágica, meu telefone tocou. E você já pode até adivinhar quem era, mas, na hora, eu não fazia ideia do que estava por vir, nem de quão longo um dia pode ser quando você menos deseja.