Os Vingadores: Protocolo Duplo escrita por Rausch


Capítulo 1
Prólogo - Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu tenho uma dedicatória especial. Esta vai para alguém tão especial, que sempre esteve tentando arranjar um jeito de fazer este par acontecer. Vai para minha eterna e maior amiga, Taty, ou minha Rihanna. Vai ser emocionante realizar o meu maior sonho ao seu lado. És tão digna, que tens dois personagens. E como diria O Coisa: É HORA DO PAU!



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Stutgart - Alemanha

– Gata negra na escuta. – Ela disse ao tocar rápido no sensor comunicativo em sua audição direita.

O corredor ao qual ela percorria era deveras estreito. Após encarar um voo em meio à nevasca que castigava Stutgart, era de se imaginar que Aalyah se sentiria fortalecida. Poucas eram as situações em que ela sentia-se derrotada, aliás, isso nunca acontecia. Os cabelos estavam soltos e a cor vermelho intenso eram desproporcionais à sua pele de ébano, que em algum momento a diferença terminou por se tornar a sua marca registrada. Dando à Aalyah um visual sensual e bastante atraente, sem contar em sua característica totalmente intimidadora.

Desde que ingressou na S.H.I.E.L.D, a moça havia passado por um longo processo de mudança, sempre beirando as marcas do infrutífero e devastador passado. Um dos motivos pelos quais Aalyah adentrou par ao ramo de investigação, foi a vontade de vingar-se daqueles que dela tiraram a família, principalmente sua mãe. Impiedosa, fria, a agente mais fatal do grupo foi treinada pessoalmente por Natasha Romanoff, nutrindo por ela grande admiração pelo trabalho em prol da sociedade.

Pensando bem, nada daquilo teria acontecido se Elizabeth não a tivesse lembrado de tudo. Conhecidas de infância, as meninas estudaram juntas por um tempo, e tendo sido estigmatizada por ser uma nerd louca, Liz encontrou na menina problemática uma amiga verdadeira. As provações acerca da amizade com Aalyah sempre foram imensas, uma vez que, os pais não aprovavam a amizade. Para eles Aalyah não passava da filha de uma mulher tão drogada quanto ela. Isto era um dos pontos que mais a marcaram e fizeram se tornar o que era. Aalyah fora treinada pelo mundo antes de tudo, e cada partícula que dele provinha, era decorrente da injustiça de toda uma sociedade hipócrita e preconceituosa. Fosse por sua cor, por sua classe social ou por qualquer outro fato que a julgassem inferior.

– Acabei de passar pelo corredor cinco. Olha, acho que acertamos, estão seguindo a corrente da ventilação. Tenho a impressão de ouvir vozes. – O tom aveludado da voz de Liz era certeiro, aquela garota sabia o que fazia.

Elizabeth era diferente de Aalyah, muito diferente. Desde a infância a menina foi criada numa família a qual a religião e o dinheiro eram abundantes. Sempre deslocada e com a certeza de estar sozinha na maior parte do tempo, Liz aprofundou-se nos estudos. Era a única coisa que não dependia de ninguém para o fazer. Programou o futuro no mínimo umas cinco vezes, mudando drasticamente a cada tentativa.

Os conflitos com a família começaram ao fazer 15 anos, idade na qual resolveu não deixar mais que os pais moldassem a sua mente e a suas crenças, fossem elas de qualquer natureza. A primeira mudança que passou a fazer em si mesma foram os cabelos coloridos, que num determinado espaço de tempo apareciam com cores diferentes, apesar do preto ser a sua favorita. Com olhos azuis, tal qual o mar, Elizabeth possuía uma pele alva como a neve, ganhando o apelido de Branca de neve quando infante. Foi o porto seguro de Aalyah na sua descoberta por si, já que a outra não possuía ninguém por ela. Mal sabia Liz, mas Aalyah mantinha secretamente uma dívida por ela, dentre outros sentimentos.

– Tome cuidado, você sabe que o seu problema é ir rápido demais. – Aalyah disse ao comunicador.

– Relaxa, gata negra, eu sei me virar. Se não lembra, eu sou a prudente aqui. – Elizbeth brincou e desligou a escuta antes de avisar. Aalyah odiava aquilo.

Coma arma bem posta de ambos os lados das coxas, uma cinta sobre o macacão a prendia firme. O negro que Aalyah vestia era tão escuro quanto sua pele e tão obscuro quanto sua mente. Aquelas serpentes não podiam erguer suas cabeças novamente, era mais uma meta adquirida para si, jamais deixar que os desgraçados pudessem emergir. A Hydra acabou, era isso que seriam até o fim dos tempos, algo consumado.

Fury havia passado todo programa e todas as suspeitas até o momento, e antes a mulher questionara a si mesma se os próprios Vingadores não deviam fazer aquilo. Estavam velhos, era isso, cuidando cada vez mais das famílias. Ótimo, melhor para ela e Elizabeth galgarem suas preciosas carreiras no mundo do combate ao crime. Liz havia seguido no corredor oposto à ela, as mesmas pretendiam cercar quem quer que estivesse naquele esquema e por um fim. Nos passos ágeis que dava pela corredor pouco iluminado, Aalyah pisou em algo que a fez dar um sobressalto:

– Droga!

– Gata negro? – A voz de Liz soou no comunicador.

–Na escuta, Gata que ronrona.

Os apelidos foram algo espontâneo, já que haviam Aalyah como a gata negra, justamente por sua habilidade furtiva e traiçoeira. Não que gatos fossem exatamente assim, mas ela era. Logo quando se aproximou de Elizabeth, só restou à ela dar um apelido tão a altura quanto o seu. A gata que ronrona, se dava a sua calmaria em facilmente desvendar qualquer enigma ou achar qualquer pista. Sem contar na fofura em excesso de Elizabeth.

– Você tem de ver isso, eu acertei.

– Quantos deles? – Perguntou Aalyah.

– Quatro. Um deles está mexendo num computador e parece repassar dados.

Liz encostou-se na parede final do túnel e deixou as sombras cobrirem a silhueta do seu corpo. Os cabelos negros estavam amarrados num rabo de cavalo simplório, enquanto as curvas do corpo eram delineadas pelas vestes da S.H.I.E.L.D. Era inocentemente sensual, o termo costumeiro a atribuía este adjetivo por entre os seus. Após a passagem dos dados de Fury, Elizabeth logo traçou seu plano para infiltrar-se secretamente no antro das cobras. Obteve sucesso, estavam elas de lados opostos daquela sala escabrosa, cada uma numa saída diferente. Ela não podia ver Aalyah, nem tampouco a outra para com ela, no entanto, Liz sabia que ela estava lá.

O modo como um dos homens falava, terminava por lembra-la seu pai. Um dia o admirara tanto, porém o preconceito e a mesquinhez demonstrados na juventude dela, fizeram com que tudo se convertesse numa repulsa irreversível. Quando rompeu os laços com a família e decidiu estar por si mesma, a discussão tornou-se memorável, principalmente por parte dela condenar a má conduta de Liz, que segundo os pais eram decorrentes da convivência com a garota drogada. E então ela partiu, e tudo foi incerto até que finalmente o seu futuro definitivo veio aos olhos.

– Temos que agir agora, isso não é para amadores. – O homem de cabelos grisalhos disse ao bater a mão na mesa.

– Não, é mais seguro esperar. A Hydra ainda sofre da destruição, somos apenas resquícios. Não podemos arriscar os poucos. – O homem sentado na cadeira ao lado do computador protestou.

– E deixaremos o mundo com estas raças inferiores e que merecem ser exterminadas? Adolf teria vergonha de você, Rudolph.

– Olha, posso continuar tentando entrar no sistema deles? Com as vozes de vocês a incomodar-me tudo que farei é morrer na praia. – O do computador levantou a voz. Era o mais novo de todos. Ele era bonito, tinha cabelos loiros e uma pele extremamente branca. Os olhos eram tão claros quanto os de Liz.

Entrar no sistema deles? Elas não podiam se comunicar mais, à altura do campeonato em que estavam, algum deles poderiam ouvir o diálogo. A sensitividade seria a única arma para conseguir fazer algo. Em primeiro, precisavam descobrir quem estava por trás daquele esquema, em segundo, ensiná-los uma boa lição. A segunda regra fora bolada por Aalyah.

– Infortúnio de vida. Não vou mais querer seus serviços, Koslov, muito lento. Precisamos de pessoas ágeis.

– Eu estou fazendo o máximo que posso. – O rapaz do computador olhou para trás.

– Não é o bastante – Enquanto caminhava pela pequena sala, eis que o homem de cabelos grisalhos passava a mão direita no queixo. Só então ambas as agentes reparam em suas vestes militares. A ausência do cap não denunciou nada a princípio. E lá estava o brasão. A figura animalesca da criatura mitológica. A Hydra.

Elizabeth alcançou as armas de choque, como espadas, que deslizaram pelos suportes rentes aos pulsos. Aalyah sacou as duas armas. O homem continuou com seu discurso, desta vez anexando a palavra “podar” ao vasto vocabulário no que se referia à exterminar as classes inferiores.

– Nós temos visitas! – O coração de Elizabeth congelou à medida que os braços foram tomados por outros fortes. Este tentou imobiliza-la, saindo sem o efeito desejado. O golpe deferido com a arma na superfície de seu braço o fez gritar.

Estavam entregues.

– Quem está ai?

Aalyah chegou por trás do homem que estava passos atrás da figura de cabelo grisalho, uma coronhada do revolver esquerdo o fez cair no chão. O homem que encontrava-se com Liz já sacara a arma, estava pronto para atirar, no entanto, o movimento angular com a perna ao alto, fez com que o revólver do mesmo caísse ao chão e o conflito começasse.

Entre um soco e outro, a mulher tentava bloqueá-lo nas tentativas de derrota-la. Elizabeth segurou forte em ambos os braços do homem e forço o tronco a descer, de modo que, a cabeça do homem fosse contra seu joelho direito. O sangue surgiu nas narinas rapidamente.

Do outro lado, Aalyah encontrava-se de frente com o homem fardado. Ele a avaliava dos pés a cabeça, não fazia menção de atacar, nem tampouco o rapaz do computador o faria. Já encontrava-se com as mãos ao alto. Panacas, assim pensou a negra. A de tanta avaliação que lhe foi feita visualmente, ele falou:

– Vejo que a S.H.I.E.L.D investe nas inferioridades contra nós. Aliás, por que o fazem? Não estávamos ‘mortos’? – Ele foi irônico na frase.

– Sempre vai haver mais uma cabeça para pisar, e tenho a honra de poder fazer isso. – Aalyah soou tão debochada quanto o homem.

– E o que vai fazer? Vai me matar? Sinto informar, mas algo grande está para acontecer. Nenhum de vocês poderá prever nada.

– Ótimo, porque não somos cartomantes, somos ligados à justiça. Vocês infelizmente estão contra ela. – A negra empunhava as armas em posição de ataque, por mais que o homem nem fizesse menção a isso.

Liz travava seu combate solitário, o homem parecia mais forte do que aparentava. Mesmo sangrando no rosto, este não desistia de acertá-la. Após tantos golpes contra, ele finalmente acertou um contra seu queixo a fazendo pender para trás. Gemeu de dor e ao perder momentaneamente o controle do que fazia, o homem a dera uma rasteira. Ao cair no chão, Liz sentiu a cabeça chocar-se levemente contra o concreto. O pé direito do sentinela repousou em seu pescoço, pretendia sufoca-la:

– Vai, garota bonita, continua. – Ele apertou mais forte.

O homem dos cabelos grisalhos encarava Aalyah veementemente, ostentando na face o desprezo, feição que tanto ela vira na vida. O olhar da negra percorreu e parou no computador, havia um pen drive acoplado na máquina, enquanto vários rostos apareciam na tela. Stark, Rogers, Banner, Barton, Odinso e Romanoff. Era o sistema deles. Ela ergueu a arma na altura do rosto do mais velho:

– O que quer que esteja fazendo, pare!

– Atira, quero ver a força da famosa ‘gata negra’.

Então ele a conhecia. Sim, isso foi comprovado quando viu sua foto estampada ao lado da Elizabeth na tela. E ao pensar na outra foi que ela olhou para o lado oposto e viu a cena que se materializou diante de sua visão.

– Você vai se arrepender, desgraçado. – Acertou o rosto do homem velho e correu saltando por cima da mesa do computador com um impulso.

Aalyah acertou o sentinela com brutalidade e logo era ela quem estava batalhando com ele, enquanto Liz se contorceu ao chão.

– E tem a amiga? – Ele riu.

– Desgraçado! – Ela bloqueou sua arma e o chutou em meio as pernas. A dor o fez dar um passo para trás. Aalyah deu um giro e parou atrás do homem, permitindo que o cotovelo direito acertasse a sua nuca e o fizesse tombar ao chão, lugar ao qual ele nem chegou, o pé dela acertou sua boca com um chute. Alguns dentes voaram de sua arcada dentária, antes completa.

– Eles vão fugir, Aalyah. – Elizabeth já estava de pé, e mesmo com as dores pelo corpo, a moça começou a ir na direção do homem velho e do menino que pareciam adiantar-se para deixar o recinto.

Liz deixou Aalyah cuidando do sentinela e à movimentos rápidos, eis que saltou no ar e acertou as costas do homem. Ele caiu após ofegar. O menino, de tão assustado, rendeu-se novamente, era um molenga.

– Tão bonita, seria boa para nossa causa. Aceitaríamos você de bom grado, menina. Juntar-se com as pessoas erradas é que é o problema. – Ele disse esbaforido. Ria por entre as palavras.

Elizabeth entendeu a indireta para com a amiga, segurando apenas uma das armas de choque, a outra ficara no chão.

– Por siso vocês caíram, cabeça por cabeça, era a junção com pessoas tão erradas quanto vocês. Me passe os dados, sei que estão em algum lugar. – Ela ordenou e aproximou a máquina deferindo uma corrente elétrica no pescoço do velho. Por vezes olhava o menino caído ao lado – Quer ser o próximo?

– Não, não faça nada. Está aqui. – Ele levantou o pen drive preto.

Furtivamente, eis que Elizabeth pegou o material e o colocou por entre os seios da parte aberta do collant.

Com um golpe final no tronco, aquilo quebrou-lhe algumas costelas, Aalyah deixou o homem morto no chão. O que interessava era a nova cabeça, assim o levariam. A gata negra correu pela sala e encontrou a outra do outro lado, os cabelos vermelhos um tanto assanhados:

– Domou o ancião?

– Certamente. – Liz disse a concordar com a pergunta.

– Você e suas raças inferiores que serão domados, sua negra inútil. – O homem vociferou.

Um chute foi rápido e o acertou o rosto, poderia ter sido Aalyah, mas foi Elizabeth. Em seu chute a fúria foi completa, sobretudo pelas lembranças que tinha:

– Nunca repita isso, maldito!

Ela notou um agradecimento oculto na face consternada de Aalyah. Nunca deixaria alguém a ofender daquele modo, nunca mais. O homem foi algemado devidamente, enquanto que o garoto teve o mesmo destino. Quando estavam totalmente impossibilitados de fugir, Aalyah disse:

– Podemos seguir o curso – Falou no comunicador – Helicóptero, esperem-nos na saída da ala oeste. Estamos com a cabeça.

Com um chute nas canelas, a negra disse:

– Anda!

– Acredite, eu sou o menor de todos os seus problemas. Eles acham que são vingadores, mas estão perto de aprender o melhor tipo de vingança. – Com convicção no que dizia, o homem velho caminhou pelo túnel.

Podia parecer apenas mais uma ameaça sem fundo, no entanto, as agentes se entreolharam, sabiam que algo muito ruim estava para acontecer. E não, não era por tudo que haviam presenciado, mas por Aalyah ter visto algo de especial nas imagens ao monitor. A imagem de jovens, pessoas fora daquele círculo. Espantando toda a carga de tensão, a negra retirou algo da bota. Era de sua cor, em forma de um rosto de um gato, este que foi acionado com um botão. Ao olhar para Elizabeth, a mulher de cabelos vermelhos viu a distância, era propício:

– Uma pequena lembrancinha da gata negra. – E com habilidade ela lançou pelos ares o objeto. Ele caiu justo na mesa do computador. Tudo explodiu. A bomba fizera efeito.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é só. O primeiro capítulo vai ser hilário, bem como, um tanto tenso. Vejo vocês logo.



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