Bonnie era uma idiota! Uma pirralha idiota com esperanças inúteis. Hà meses que estamos aqui, mesmo com todo o esforço dela, não conseguiamos sair daqui, desse inferno! Longe de tudo e todos... Longe de Elena... E esse foi um dos motivos de nossa milionesima discussão.

- Porque não consegue ver que já era Bonnie? Não tem jeito. - falava enquanto pegava a segunda garrafa de whiskey. Me sentei no sofá a encarando compenetrada naquele grimório ridículo.
- Sempre há um jeito Damon. - ela não me encarava.
- Dessa vez não BonBon. - eu tentava abrir os olhos dela, mas não adiantava. Eu tentava evitar que criasse expectativa demais e depois quando não desse certo se machucasse mais.
- Damon, você pode ter desistido, mas eu não.
Bufei e revirei os olhos. Ela era o poço da teimosia e isso era uma das muitas coisas que me irritava nela.
- Droga! - ela praguejou. Ela mordeu os lábios em uma clara forma de concentração e continuava a ler nervosamente as linhas daquele livro.
- Bonnie, pare com isso. Você já o leu centenas de vezes e não achou nada. - continuei inutilmente insistindo.
- Eu posso ter deixado algo passar Damon... Na euforia de achar alguma coisa, eu posso ter pulado...
- Bonnie, não! - começava a me irritar. Teimosa.
- Damon, o que está fazendo? Me devolva!
Eu havia pego o livro de suas mãos e erguido no ar. Bonnie era baixinha demais, jamais alcançaria. Ela começou a socar meu peito e puxar a minha camisa para baixo enquanto tentava pegar.
- Bonnie, esqueça ele por enquanto. - pedi bebendo a garrafa de Whiskey direto no gargalo. - Vamos jantar, descansar e depois você continua.
- Não Damon! Preciso... Eu preciso... - ela parou de tentar alcançar e de me bater. Encostou a cabeça em meu peito - que era onde ela alcançava - e começou a chorar.
Joguei o livro no sofá e desajeitadamente a abracei. Bonnie era macia, pequena e quente. O cheiro dela me invadiu com força e eu tranquei a respiração quando senti coisas estranhas, como um aperto no peito, minha barriga afundar. Estranho...
- Eu sei BonBon...
- Eu preciso levar você de volta Damon. Sei que é difícil para você sem Elena... - ela circundou minha cintura com seus braços finos, eu sentia seu coração bater tão forte e rápido que parecia que o meu estava batendo também.
Essa sensação me fez lembrar do que um dia eu ouvi.
"Quando um vampiro sente seu coração bater ao mesmo ritmo de outra pessoa, como se fosse o seu próprio... É que ele encontrou a pessoa que compartilhará o resto da eternidade. Ele sente o coração de sua Alma-Gêmea."
Stefan sempre acreditou nessa lenda, mas eu não. Sempre foi besteira... Mas, sentindo o coração de Bonnie batendo dentro de mim eu me assustei. Com Elena nunca foi assim... Pra falar a verdade... Eu já prestei atenção em como o coração da Elena pulsa? Não me lembro... Mas se alguém perguntar como o de BonBon pulsa eu vou saber:
"Leve e calmo."
Era o único som que eu ouvia naquele inferno enquanto ela dormia. Eu prestava atenção, e as vezes contava as batidas... Quando estava forte demais eu ia até seu quarto ver se estava acontecendo alguma coisa. Em uma dessas vezes ela murmurou meu nome e sorriu. Ou quando estava fraco demais eu ficava ao seu lado pedindo para que não parasse, não por preocupação... E sim por... Medo de ficar sozinho... Inconscientemente sem ela também?...
Balancei a cabeça espantando esses pensamentos.
- Não se preocupe Bonnie, está tudo certo. - a consolava.
- Não Damon... Como será se ficarmos aqui para sempre? Tão longe de casa... Dos nossos amigos...
De casa? Eu estava em casa, não por estar na Mansão Salvatore, mas porque Bonnie me trazia a sensação de que eu estava onde eu deveria estar. Amigos? Não sentia tanta falta, apenas Stefan e Elena, mas Bonnie não... Bonnie tinha amigos, pessoas que ela amava... E nessas pessoas tinha Jeremy.
Jeremy!
Era por isso que ela tentava a todo custo voltar? Para voltar para aquele merda do "namoradinho" dela?
A afastei bruscamente de perto de mim e ela se assustou.
- Nossos amigos? Ou é do Jeremy que você fala Bennett? - perguntei acidamente.
- O que? - ela estava confusa e enxugava as lágrimas. Aqueles olhos grandes e doces me encaravam como se eu fosse um et.
- Não se preocupe Bonnie. Logo irá vê-lo. - voltei a beber.
- Damon, não é só dele que eu falava.
- Mas dele em especial não é? - a acusei e ela negou .
- Mas qual seria o problema? Você sempre fala de Elena e eu nunca falei nada. - ela se defendeu.
- E nem tem que falar nada Bennett! Quer saber? Que se dane! - peguei o livro e joguei em cima dela que o pegou antes que espatifasse no chão - Dane-se você e suas mágicas idiotas! Pode procurar à vontade. Pode criar as expectativas que quiser! Eu não me importo.
- Nunca se importou! - ela falou rindo sarcástica.
- Tem razão. - eu menti - Nunca me importaria com você. Ainda mais com você. Sua sujeitinha insuportável.
- Me deixe sozinha! - ela gritou enquanto chorava mais. Ver ela chorar por minha causa me fez sentir coisas estranhas de novo. Senti uma tristeza e uma raiva de mim mesmo. O que estava acontecendo? Eu queria abraça-lá e pedir desculpas. Mas ainda estava irritado demais.
- Sempre esteve sozinha Bennett. Sempre foi sozinha. - ouvi o coração dela falhar e ela começou a arfar. Abraçou com força o livro, queria parar mas é difícil quando eu começo a me irritar - Eu vou te deixar sozinha também Bonnie, - bebi mais um gole - como sua mãe também fez.
Sorri de canto vitorioso, mas meu sorriso se murchou quando vi Bonnie soluçar. Ela tremia muito e caiu no chão de joelhos. Eu havia dito... Merda mais uma vez. Puta merda Damon!
- Bonnie, eu não quis...
Ela se levantou e correu para o quarto. O barulho alto e rápido do coração da pirralha, os soluços dela, o modo como respirava fundo e pesadamente, tudo aquilo me enlouquecia. Estava me deixando claustrofobico.
Saí de casa empurrando e quebrando tudo o que estava a minha frente. Me afastei de casa, mas mesmo assim eu conseguia ouvir Bonnie.
Se antes eu sentia raiva de mim, agora eu sentia repulsa. Eu não devia ter dito todas aquelas coisas. Eu devia voltar e pedir desculpas para ela, dizer que sinto muito, que... Espera... Eu não me importo com isso. Eu não me importo com ela. Sou Damon Salvatore, o vampiro egoísta e malvado e ela é Bonnie Bennett a bruxa insuportável e boa. Eu jamais peço desculpas à ela, eu jamais me importaria de fazê-la chorar, eu teria que rir e sentir uma sensação de divertimento... Não de culpa e raiva de mim mesmo. Eu, devia gostar de ver ela assim... Afinal eu sou Damon Salvatore não é? Um grande idiota. Como eu...
- Merda! - gritei bebendo o resto da garrafa.
Estava uma confusão em minha mente... Eu não devia sentir muitas coisas por Bonnie, afinal somos Bonnie e Damon, somos... Quer dizer, nós nos odiamos! Eu odeio ela! Eu odeio ela! Eu odeio... Ela? Eu... A odeio?
"- Pode acreditar Bonnie, eu quero proteger você."
"-Você é um grande cara Damon, eu vou fazer de tudo para te levar de volta."
"- Você é aquela coisa boa que acontece na vida das pessoas quando elas já não tem pra onde ir. Você é o tipo de luz que todos precisam no momento de escuridão Bonnie."
"- Eu jamais te deixaria pra trás. Apesar de querer matar você na metade do tempo, na outra metade eu daria minha vida pra te salvar Damon."
"- Só está difícil Bonnie, eu não sei muitas vezes o que fazer. Quando eu saio de casa pra dar um tempo dessa loucura eu fico pensando que seria melhor eu andar sem rumo, pra qualquer lugar, mas... Eu penso em você. E quando eu penso em você eu sei que preciso voltar. Eu sempre vou voltar por você."
"- Agora eu vejo que dentre milhões de pessoas que poderia estar aqui comigo, eu escolheria você Damon."
"- Sei que quer voltar pra casa, mas pense assim Bonnie: Enquanto tivermos um ao outro, estaremos em casa."
"- Eu fiquei com medo de perder você Damon! Não me deixe sozinha de novo!"
"- Continua cantando. Sua voz é péssima, mas... Ela me acalma e não me deixa fazer besteira. E você sabe o quanto eu faço besteira BonBon."
"- Se não fosse por você eu estaria enlouquecendo. Eu sei que você me deixa louca. Mas eu prefiro a sua loucura. Eu prefiro ficar louca ao seu lado do que longe de você."
"- Adimita Bonnie Bennett, você me ama."
"- Adimita Damon Salvatore, você só me trata assim porque me ama."
Eu... A amo...
Não, é loucura. Eu amo Elena! Eu amo... Elena... Eu amo... Elena...
O coração de Bonnie batendo...
Elena... Eu amo...
A respiração de Bonnie...
Eu amo... Bonnie...
Joguei longe a garrafa e não ouvi bem ela se espatifando, o som de Bonnie era mais alto... Na verdade, eu me concentrava mais nela do que em qualquer coisa.
Quando dei por mim estava em seu quarto. Ela estava dormindo, as marcas das lágrimas ainda em seu rosto perfeito.
Me sentei no chão ao lado da cama dela. Ela respirava calmamente agora, tão serena. Era um som que eu jamais me cansaria de ouvir, o som pela qual eu viveria sem me queixar, para apenas ouvir.
Os lábios rosados e carnudos repuxados para cima. E em meio aquele doce sorriso ela sussurrou:
- Damon...
Eu soltei um sorriso também. Ela sonhava comigo, e eu daria tudo para ver do que se tratava.
Ela era tão linda... Passava tanto tempo brigando com ela que nunca consegui perceber com tanta clareza o quão linda ela é. Ou talvez, eu não a tenha enxergado com outros olhos, olhos de alguém apaixonado. Apaixonado por Bonnie Bennett, isso soa legal até.
Ela se mexe um pouco, se encolhendo mais e seu cabelo cobre seu rosto, eu o tiro para continuar a observando, a admirando.
Eu me deito ao seu lado. A olhando de cima a baixo. Me aproximo mais um pouco e sinto o ar que solta bater em meu rosto e eu nunca respirei nada tão bom. As mãos dela perto de meu rosto, eu tenho medo dela acordar e perder tudo isso que eu vejo. Toda a paz que ela tem e transmite quando se refugia em seus sonhos. Com o que será que ela sonha? Comigo?
- Damon... - ela suspira - seu idiota... - reviro os olhos e sorrio - Eu amo você...
O coração dela martela em meus ouvidos e eu sinto ele bater em mim.
"Quando ele encontra sua Alma-Gêmea."
E toda a incerteza e confusão que havia em minha mente se esvai. Não havia dúvidas, confusões. Havia a certeza.
Pego sua mão e a beijo. Eu nunca reparei também em como nossas mãos se encaixam tão bem.
- Eu amo você... Porque não vê? - ela falava ainda sonhando.
E naquele momento eu soube que eu queria ficar com Bonnie para sempre. Agradeço por ser eu a estar com ela aqui. Se fosse outra pessoa... Eu nunca teria a chance de ver como Bonnie era a melhor coisa que já me aconteceu. Com seu jeito doce e bondoso.
"- Nunca vou desistir de você Damon. Eu sempre vou arranjar um jeito de te trazer de volta a razão."
Nunca desistindo de mim. Sempre me colocando no caminho certo. Eu só quero ficar com ela... Pra sempre. Eu sei que pra sempre é tempo demais. Mas tenho a ligeira impressão de que ao lado dela ainda será pouco.
- Damon? - a voz dela era mais lúcida e curiosa - O que faz aqui? - e então ela pareceu se lembrar do que ouve, porque falou com mágoa na voz - Pensei que me deixaria sozinha também.
- Eu jamais deixaria sozinha Bonnie, você sabe que eu sempre volto por você. - eu falei acariciando sua bochecha. - Me desculpa. Eu fui um idiota. Eu não devia ter dito aquilo.
- Você faz muitas coisas que não deve. - ela falou seria e sorriu. - Fiquei com medo de me deixar.
E ela grudou em mim, me abraçando forte. Retribui sentindo de novo o estômago afundar e o peito arder gostosamente.
- Jamais deixaria minha vida para trás. - soltei, aspirando o perfume de seus cabelos. Eu senti ela estremecer e se afastar um pouco para me olhar. Aquela imensidão verde me engoliu e eu senti nosso coração bater mais forte. Ele parecia querer arrebentar as costelas.
- O que? - ela ainda agarrava minha jaqueta.
- Você ouviu. Não vou repetir. E sim, ouviu certo.
- Damon...
- Bonnie, eu demorei mas percebi, Okay? - eu encarava seus olhos enquanto mexia em seu rosto, desenhando com as pontas dos dedos os contornos do seu rosto - É loucura, mas eu não me importo. Você sabe que eu sempre amei Elena. - eu percebi a engolida em seco que havia dado - Eu sempre fui apaixonado por ela, ou pensava estar. Era mais... Saudades de Katherine que eu sentia, era o idiota pensamento de que Elena era ela e que eu poderia recomeçar... Sabe... Mas, ai você apareceu... Eu odiava você, e você também. Mas eu me perguntei: "Eu a odeio de verdade?". Sabe qual foi a resposta?
- Sim? - ela perguntou insegura e com a voz rouca.
- Eu pensei em tudo o que passamos, em tudo o que fizemos e em tudo que provamos um ao outro. E a reposta é "Não". Como poderia odiar quem nunca desistiu de mim? Quem sempre esteve ao meu lado, mesmo que fosse para brigar? E então percebi, que, ao invés de odiar você Bonnie, eu passei a amar você.
Ela estava com os olhos cheios d'água e apertava minha mão entrelaçada à dela.
- E você me pergunta: "E onde fica Elena nessa estória?". E eu respondo: "Foda-se ela. Eu encontrei o que precisava". Sabe o que eu preciso Bonnie?
Me aproximei dela, nossos corpos estavam colados. E ainda não era o suficiente para mim.
- De você.
Eu a beijei. E foi como se tudo o que eu passei, em todos os anos, em todas as horas, cada segundo e momento fosse apenas para sentir os lábios dela sobre os meus. Os movimentos eram perfeitos e as sensações eram indescritiveis. Ao final do beijo eu falei:
- Não há outro lugar em que eu queria estar senão com você. - vi ela sorrir e me beijar - Eu não me importo de não voltar. Eu só quero...
- Ficar com você pra sempre. - ela continuou e eu sorri abertamente - Eu também. Apenas com você. Todos os dias.
A abracei e a beijei novamente.
- Eu amo você Damon. E não me importa se é errado, se eu não deveria, eu só amo você. - ela chorava e me abraçava ainda mais forte.
- Eu só preciso disso.
- Elena ficará arrasada, Jeremy...
- Vai falar dele de novo Bonnie? - Bufei e ela sorriu.
- Com ciúmes Sr. Damon Salvatore? - ela perguntou rindo.
- Não seja ridícula BonBon. - eu fiquei por cima de seu corpo e beijei seu pescoço - Eu com ciúmes? Sou Damon Salvatore. Eu me garanto. Mas, se ele chegar perto de você, morre. Ele e qualquer outro. - ela me beijou sorrindo - E respondendo a sua pergunta: " Eles que se fodam! ".
- Você é um idiota. - ela ria enquanto mexia em meus cabelos.
- E você adora esse idiota gostoso. - sorri de canto e pisquei e ela suspirou apaixonada.
- Amo esse idiota gostoso.
E nos beijamos de novo.
E naquele momento eu não queria saber de mais nada. Como voltariamos, o que fariamos para voltar pra casa. Eu só sabia que se eu tivesse Bonnie ao meu lado para sempre, eu estaria bem.