Obrigado escrita por xYumex


Capítulo 1
Capítulo Único - Obrigado


Notas iniciais do capítulo

HUH. Sabe, ás vezes as minhas mãos digitam sozinhas no teclado e por mais ocupada que eu esteja, se eu não tirar as palavras da minha mente eu enlouqueço. Peço desculpas desde já pela fic. Sorry (not sorry) o_o



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Obrigado

Tenho milhares de anos e mais. No céu, na Terra, no inferno, e até mesmo noutras galáxias.

Apesar das grandes construções e realizações de vidas que eu testemunhei, há algo, um único momento de toda a minha existência que me mudou profundamente.

Pode ser uma suposição arrogante minha, reduzir-me a um momento transitório e mínimo.

No entanto, é onde tudo começou.

Onde realmente começou para mim.

Porque, e mais uma vez eu posso soar arrogante por dizer isso, naquele instante eu virei outra coisa. Eu mudei. Eu duvidei, eu tive os primeiros pensamentos próprios em vez de simplesmente ver o mundo como uma testemunha silenciosa que acena com a cabeça e aceita o que se desenvolve na frente dos meus olhos, mas que não pode tocar através do espelho.

Tenho eras de experiência, mas sempre que penso quando eu tive uma real epifania, minha mente sempre me arrasta para o mesmo espaço e tempo.

E não era o lugar mais brilhante ou o mais bonito.

Era podre e imundo. Cheirava a carniça, digerindo dentro de um estômago gigante de dor, mágoa; com bile e ácido flutuando dum lado ao outro, batendo nos cadáveres que colocaram lá pelo simples prazer de se divertir. Ainda assim, em um lugar abominável como este eu encontrei o que me deixou por breve segundos sem palavras.

Eu vi. Brilhando entre figuras negras, algo que foi corrompido, que havia sido tocado pela escuridão, mas de alguma forma ainda lutava para manter a sanidade, a brilhar, se concentrando em encontrar uma maneira de resistir ao mal que o rodeia, para não ser sugado para dentro do vácuo do nada. Ele lutou contra todas as probabilidades, onde todo mundo teria completamente desistido por agora, depois de tantos anos no fosso.

Oh, Dean.

Eu vi a sua alma antes de seu corpo e eu me apaixonei por ela desde o primeiro instante.

Não me ocorreu isso no momento. Não, eu ainda não tinha o que eu tenho hoje, o que os meus irmãos chamam de fraqueza. Eu tinha muito mais para descobrir sobre essas comoções pela qual os humanos se tornam tão distintos, as mesmas pelas quais eles também são diminuídos.

Eu costumava acreditar nisso também, como o bom soldado que eu era. Para sentir - independentemente de quão intrigado estávamos sobre esses novos seres que nosso pai criara - era algo exclusivamente deles; dos seres humanos. Nós não precisávamos disso.

Ou melhor: nós fomos ensinados que não precisamos.

Então, meu destino fora enredado à você no fosso. E, em cada passo meu de acordo com as minhas ordens e crenças, você quebrou todas e cada uma delas, tornando minha mente em nada mais do que um conjunto de perguntas.

No entanto, pela primeira vez em uma vida eterna eu tive a coragem de procurar por respostas.

Você me disse, em tantas ocasiões para "enfiar na minha bunda" o plano divino. A arrogância e audácia que é preciso para dizer isso a um ser como eu. Você devia mostrar respeito, porque eu poderia te jogar de volta ao inferno. Mas você não teve medo de mim, pelo menos não com essas intimidações.

Eram apenas as ameaças pairando sobre sua família e do mundo em geral que mais assustavam você. Sua vida não importava, mas os outros precisavam de você, e assim por medo de desapontá-los você me ouviu, ouviu a nós... Embora, no final, nós realmente enfiamos o fim nas nossas bundas. Porque você não se curvou ao destino. E isso também me surpreendeu.

Pensar que você mesmo ainda não tinha fé que deveria ser salvo.

Você nunca parou de me surpreender, Dean.

Você mudou o meu coração sobre o cerne da questão. Eu tinha dúvidas e busquei respostas. Eu estava livre para correr o mundo em busca delas.

É claro, eu cometi meus erros.

Mas todos nós cometemos em algum momento Dean, certo?

Você tentou me avisar tantas vezes. Eu fui tolo, eu sei agora, e eu nunca vou me arrepender o suficiente pelo o que eu fiz.

Apesar de saber ser seu trabalho me matar, pelo o que eu tinha me tornado, no momento em que me viu desaparecendo nas águas você pegou a única coisa que restava de mim. Você se agarrou a ele e escondeu-o do seu irmão e Bobby, porque eles nunca deveriam saber o quão difícil era para você me ver esvanecendo.

Eu estava lá o tempo todo, Dean. Assistindo através dos olhos das besta em meu receptáculo. Eu vi você - foi a última lembrança que eu tive - as suas mãos sobre o meu Trenchcoat.

Então, tudo tornou-se um espaço em branco por um tempo.

E assim você me encontrou, sem memória. Eu podia ver a duvida em seus olhos. A tristeza; arrependimento misturado com raiva, dor. Mas você não pode me odiar, não completamente.

Você me perdoou. Como, Dean? Como você conseguiu fazer isso? Foi o mesmo quando Sam te traiu?

Eu acho que eu entendo o seu irmão agora, o quão arrependido ele deve ter se sentido por ter que olhar em seus olhos sabendo o que ele tinha feito, carregando o peso de suas palavras de perdão.

Doeu e queima mais do que o fogo do inferno da onde eu te puxei.

Eu queria ficar lá, você sabe. No purgatório, para que eu pudesse finalmente me arrepender. Eu fugi de você. Minhas pernas me fizeram ir para o outro lado quando eu senti meu coração desejar correr na direção oposta - em direção a você.

Eu tentei deixá-lo ir, mas foi você quem me encontrou, Dean. Você procurou por mim, você matou criaturas. Deus, você se aliou a uma, tudo por causa de mim.

Eu gostaria de ter retribuído seu abraço lá.

E tantas vezes depois disso. Eu ainda quero.

Eu estava de volta a Terra, algum tempo depois, porque os meus irmãos tinham planos para mim. Você, mais uma vez me encontrou, com hesitação em seus olhos. Como eu estava lá? Você não tinha ideia. Eu também não, por um tempo. Mas eu estava feliz de ver que debaixo das dúvidas em você alguma maior parte estava satisfeita em ter-me de volta.

Você culpou-se por me deixar para trás no purgatório. Mostrei-lhe a verdade e nós nunca conversamos sobre isso novamente.

Nós deveríamos ter falado; conversar sem ameaças ou acusações, apenas sentar e falar como velhos amigos fazem, bebendo cerveja barata em um bar de estrada.

Eu vou sentir falta desses breves encontros em bares que tivemos, e eu vou sentir falta dessas conversas que nunca aconteceram.

Eu já te disse sobre meus pesadelos depois que minha graça foi roubada?

As primeiras noites de humanidade certamente foram as mais solitárias e severas. Eu estava sozinho, perdido, com fome, sede, sem a voz de meus irmãos. Sem você.

Eu tive sonhos ruins na primeira vez que eu dormi. Sonhei com a cripta. O peso do meu punho acertando seu rosto uma e outra vez, enquanto eu batalhava na minha mente para recuperar o controle.

Eu matei você tantas vezes no céu. Cópias de você, mas ainda assim, cada vez que um corpo caia, eu rasgava um pedaço do meu coração. No momento que eu vi você na cripta e a ordem foi desencadeada, eu pensei: é um mero fantoche enviado aqui para me confundir mais uma vez.

Eu soquei você, eu bati em você, eu derramei minha raiva sobre você, ouvi seus palavrões e súplicas.

Mas nenhuma dessas cópias haviam dito que precisava de mim.

Elas me condenavam, imploravam por misericórdia, chamavam-me de coisas desagradáveis, ​​tudo com o propósito de construir um muro de fúria em mim.

Você rachou essa parede no momento em que pronunciou aquelas palavras com a sua voz aflita, Dean.

Eu acho que, no final, o pesadelo me deu segundos de alegria. É claro que isso foi perdido no momento em que eu acordei em qualquer lugar, menos perto de você.

Eu aprendi da maneira errada a como não confiar em qualquer um. Eu morri naquela sala pelas mãos de uma ceifeira.

Contrariando todas as expectativas, assim como anteriormente, lá estava você me encontrando, me salvando. Como você faz isso Dean?

Se fosse comigo eu poderia dizer que eu tenho seguido o brilho de sua alma. É uma declaração romântica, desses livros ou filmes que você não aprecia. Mas, oh, Dean, o quão real é para mim.

Os primeiros momentos da humanidade, quando eu disse que os pesadelos me assustavam? Não, não foi assim. Outra coisa me assustou ao extremo, e era não ser capaz de ver a sua alma.

Eu tive que sair do seu lado no Bunker, e eu entendo o porquê. Não se sinta culpado por isso. Sam é sempre a sua maior fraqueza, assim como você sempre será a minha.

Eu gostaria de ter tempo para dizer mais. Para me fazer apresentável e veraz a você no fim.

Talvez essas palavras nunca cheguem até você. Estou atirando no escuro aqui, enviando-lhe uma carta através da minha voz diretamente em sua cabeça, usando minhas últimas forças. Não é o suficiente para impedi-lo ou a lâmina vindo em minha direção, mas é o suficiente para estar finalmente livre, para fazer você compreender, Dean.

Nunca foi uma rebelião contra a ordem e os anjos, contra o destino em si.

Ah, não Dean. Foi uma batalha que eu estava disposto a lutar por você.

Lembra-se o purgatório e do abraço? Eu ainda posso sentir seus braços, fortes e corajosos em torno de mim, seu corpo pressionado no meu. Eu gostaria de ter abraçado você de volta.

Você pode me abraçar, Dean? Você vai me abraçar de novo?

Por favor, é tudo que eu peço no final. Um único abraço.

Eu não me importo que ele virá junto dum golpe que acabará com a minha existência.

Dean, eu sou teu e sempre serei.

Portanto, pegue a lâmina. Venha a mim, se segure em mim e atravesse-me com ela, e nesse momento, eu serei um com você. Meu sangue em suas mãos, a minha graça em você mais uma vez, não numa marca em uma impressão da minha mão, mas esculpida em sua alma, sua bela alma que nunca deixou de me surpreender.

Vai doer, porém, não vê-lo nunca mais, não sentir a sua presença ao meu lado, com minha mente procurando o toque da sua em segredo, não o suficiente para ler seus pensamentos, mas apenas para proporcionar a alegria de estar ligado a você em algum nível .

Dean, você pode me ouvir?

Está tudo bem. Você pode acordar agora.

A lâmina está aqui, perto do meu coração.

Minha graça fluirá através da ferida e ela vai se envolver em torno da sua alma. Ela irá purificá-la duma vez por todas.

A mancha do inferno, os dias no purgatório, a Marca. Tudo vai sair de você.

É claro que você vai se lembrar. Nada é perfeito. Estas memórias dolorosas serão algo atormentando você, eu estou ciente disso.

Talvez se eu tivesse mais tempo eu poderia curá-lo totalmente.

Mas, Dean, se acontecer de eu morar em sua cabeça mais tarde, mesmo que seja nessas memórias dolorosas, você ficaria triste se eu te contar que essa ideia me traz paz e alegria?

Que eu vou habitar sua mente... Eu queria que fosse noutros termos, mas não consigo bloquear a felicidade que essa ideia causa em mim.

É vil e maravilhoso ao mesmo tempo, você não acha? Como dois sentimentos podem ser tão opostos e ao mesmo tempo consumir você por inteiro?

Dean, acorde. Está feito. A lâmina está dentro de mim. Ele não te avisou sobre isso? As palavras de Cain foram verdade, mas você lutou contra ele de qualquer maneira. O poder que sua alma carrega nunca vai parar de me surpreender.

Não se preocupe.

Não tema. Ele estava errado sobre Sam. Você não tem que matá-lo. Será somente eu, Dean. Ele previu isso, mas vai acabar comigo; você não mais tem que matar.

Meu destino foi decidido desde o início. Não sobre minha vida, mas de mim mesmo como eu, desde aquele dia no fosso, quando eu agarrei sua alma.

Acorde.

– ...Cas?

Acalme-se, Dean. Acabou.

Eu serei seu para sempre em sua alma, com a minha graça, com o meu coração, meu coração de anjo que é inteiramente e sempre seu.

Sua voz está trêmula. Eu a ouço ainda, reverberando em meus ouvidos. Você se sente culpado, mas não fique. Foi a minha escolha, afinal, isso nunca funcionaria sem o consentimento do anjo que dá a graça que ele possui para um ser humano, a fim de purificá-lo.

A lâmina está enterrada em mim. Os dentes afiados estão cravados profundamente dentro das minhas costelas. Você conseguiu, Dean. A maldição acabou. Alegre-se, porque eu sou feliz por ter salvo você mais uma vez.

Lembra-se do abraço, Dean? Eu posso sentir você me segurando firme agora. Há apenas alguns segundos antes de minha existência terminar, mas posso senti-lo com todo o meu ser, desperto do transe, me trazendo para perto de seu corpo num abraço.

Este receptáculo foi a minha casa por tanto tempo. É estranho deixá-lo sabendo que não haverá volta.

Por favor, Dean, compreenda.

Eu sou seu; foi de minha livre e espontânea vontade fazê-lo. Você foi levado à loucura por causa da Marca, você estava ficando louco e o último fio mantendo você no lugar é seu irmão.

Eu sei que você pode viver sem mim, mas você precisa de Sam. Então, eu estou feliz com a minha escolha - você me ouviu, Dean? Minha escolha. Você me fez capaz de escolher por conta própria, como eu ia morrer. Não pelo propósito de uma guerra injustificada, mas por uma causa maior, para um sentimento maior. Obrigado, Dean.

Estas palavras podem nunca chegar a sua mente. Eu estou fraco agora. Eu estou desaparecendo. No entanto, isto é o que eu queria dizer a você, não apenas sobre o agora, mas por tudo antes e no meio, as partes ruins, as partes boas. Obrigado.

Você ainda está me abraçando Dean? Enquanto a minha graça diminui marcando a sua alma?

Eu sinto que está acabando, me deixando. Suas mãos estão me segurando como você fez com o Trenchcoat. Você não quer me deixar ir, mas eu vou deixá-lo de qualquer maneira. É para o melhor.

Suas mãos são quentes sobre a minha pele, Dean. Elas estão desaparecendo, porém, essa sensação abandonando meu corpo.

Ainda assim você não me deixa ir. Você está me segurando apertado.

– Cas!

Eu já lhe disse como eu amo o jeito como você me chama? Não? Então obrigado, Dean.

– Não-Cas!

O som da sua voz está fraquejando ... Seus dedos demorando-se ao redor de mim. Há algo que você quer me dizer, mesmo agora, Dean? O que é? O que você está escondendo? Você nunca foi bom com palavras, hein? Mas suas mãos, sua voz, tudo que você faz, cada movimento conta uma história. Para mim, você é um livro aberto, Dean.

Está chovendo aqui?

Oh, Dean. Eu mal posso sentir, mas estão aqui, essas contas salgadas que rolam sobre o meu rosto. Eu vou apreciar essas lágrimas que você está dando a mim, Dean. O gosto delas em meus lábios. Eles podem ser o nosso beijo? Eu vou imaginar que é.

– Droga, Cas!

Você está descansando a cabeça no meu ombro, pressionando-o contra o meu pescoço. Você me ouve, não é? Minhas palavras, em sua mente? Essas coisas sobre a qual nunca falamos, porque não há tempo em nossas vidas para sentimentos.

Você sabe sobre eles?

Você sente isso?

Dean... Você também?

Obrigado.


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Notas finais do capítulo

Então... Sorry? Comentários, fav são bem vindos! Kissus (e sim, eu continuarei meus outros trabalhos! é que essa pequena história me pegou de jeito! Precisei escrever!) Kissus e até breve!