Estava em casa embaixo do meu cobertor refletindo sobre as últimas horas.

Nico tinha me deixado em casa depois daquele "incidente". Realmente aquilo foi estranho.

Depois de nos pegarmos um pouco (cofcofmuitocofcof) a gente voltou a assistir como se nada tivesse acontecido e quando fomos nos despedir ele me beijou como se fosse a coisa mais normal do mundo. E NÃO É PORRA

Se for me beijar desse jeito assim do nada pelo menos compra uma caixa de chocolate ou me leva pra jantar.

– Querida, venha jantar – disse minha mãe entrando no quarto

Revirei os olhos, mas fui sem reclamar

Meu pai já tinha começado a comer sem a gente (como sempre) e os garotos estavam descendo. Tyler sentou ao meu lado, ele era o mais velho, porém era filho apenas do meu pai e quatro anos mais velho que eu. De todas as pessoas naquela casa, ele era o que eu mais amava.

Minha mãe era uma pessoa difícil de lidar, meu pai nunca estava em casa e quando estava ele ficava trancado no escritório, acho que nem preciso falar sobre meu irmão mais novo, ele é irritante.

– Então… alguém quer falar sobre o seu dia? – minha mãe disse numa tentativa de começar uma conversa. Todos nós odiamos jantar em família, menos minha mãe

Todos ficaram calados comendo

– Ta, eu começo – ela disse – eu sai com a Elizabeth para fazer compras e depois…

– Com todo respeito Vivien, ninguém quer saber – Ty disse. Já falei que amo esse garoto?

– Tyler, essa não é a maneira que se fala com minha esposa – papai diz sem tirar os olhos do jornal que lia

– Desde quando você se importa? Já vai se separar dela mesmo

Espera. Como assim se separar?

Eu encarei os três boquiaberta

– Tyler eu disse que falaríamos disso depois – meu pai diz largando o jornal – agora coma, todos vocês parem de me encarar e comam

– Não – eu disse – quero explicações

– Alex, coma

– Mãe! – disse com uma voz ligeiramente infantil

– Depois falamos sobre isso, podem levar seus pratos para terminarem o jantar no quarto. Eu e o pai de vocês teremos uma conversa com o Tyler

Fred (meu irmão mais novo) pega o prato e praticamente sai correndo

– Alguém me explica o que está acontecendo – eu disse

– Alex Katherine, saia agora – meu pai diz num tom de advertência, mas eu saio? Claro que não. Apenas cruzo os braços e o encaro. Péssima ideia – Ta bom então, você que pediu

Então ele me puxa pelo braço e me leva até meu quarto, apertando cada vez mais. Quando chegamos ele me empurra e desabo no chão, dou uma olhada no meu braço e ele está com as marcas da mão dele.

Então vejo sua mão descendo em meu rosto. Sinto a dor no mesmo instante e as lágrimas já começam a brotar. Logo me encolho, já sabendo o que me aguarda.

Em poucos segundos meu pai consegue retirar seu cinto e levantar a parte de trás da minha camisa.

Vocês já sabem o que acontece depois.

Depois de uns 4 golpes com o cinto, ele para.

– Você sabe que não deve me desobedecer, eu sou seu pai e posso fazer isso o quanto quiser, só depende de você e essa sua revolta. E se contar para alguém, eu faço bem pior com você – ele diz e logo deixa o quarto, trancando a porta.

Continuo encolhida no chão com as costas ainda ardendo. Fazia um tempo que ele não me batia, mas tudo que é bom dura pouco.

Deixei as lágrimas escorrerem por um bom tempo, até que escuto passos e uma porta batendo. Tyler

Foi aí que eu decidi fazer algo. Não ia ficar ali nem mais um segundo. Peguei uma mochila e coloquei algumas roupas, escova de dente e etc. Então sai pela janela

Quando chego na garagem, começo a mexer na bolsa procurando as chaves do meu carro

– Droga – sussurro ao perceber que as deixei em casa, então sigo meu caminho a pé

Depois de um bom tempo chego ao meu destino e toco a campainha. Alguns minutos depois ela abre a porta e me olha sem entender, logo nota meu rosto (provavelmente horrível de tanto chorar) e me abraça, me puxando para dentro.

– Alex o que aconteceu? – Chloe pergunta, eram umas 23:00 e ela estava apenas com uma camisola

Não respondi, apenas soltei um soluço e afundei meu rosto no seu ombro. Ela me ajudou a ir até o sofá e fechou a porta, logo voltando para o meu lado

– Alex, seu rosto – ela disse passando a mão no meu cabelo e ficando mais séria do que antes – ele voltou a te bater?

Faço que sim com a cabeça e ela me abraça novamente

– Você não vai voltar lá, precisa falar com sua mãe

– Você sabe que ele me ameaça! – falei entre os soluços – se eu falar ela não vai bater só em mim!

– Você não pode continuar aguentando isso, sou ligar para o Nicholas agora – ela diz se levantado, mas eu puxo seu braço

– Não faz isso, ele ainda não sabe

– Ele vai vir aqui e eu vou conversar com ele, quer você goste ou não

Então ela pega o celular e digita o número dele

Em menos de 30 minutos ele já está lá e a Choe está contado tudo a ele. Os dois vão para a cozinha preparar algo para eu comer e parecem ter conversado muito lá

– Você não vai voltar pra lá tão cedo – ele diz me abraçando

– Mas… – ja ia começar a protestar

– A gente conversou e a ideia dele é boa, Alex – Chloe diz me encarando – você precisa sumir por um tempo