E se... escrita por Virgo


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Na verdade, os capítulos 8, 9 e 10 eram pra ser um só. Mas o bicho tava tão monstro que eu tive que separar.
Tenham uma boa leitura :)



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Os canhões rugiram e enquanto isso viu o Cavaleiro voar de volta as ameias. Depois de algum tempo, tempo este em que a situação aparentava ter se invertido, conseguiu ir assistir o que acontecia, sendo protegida o tempo todo pelo turco.

Havia pouco espaço de manobra para as tropas invasoras nas ruelas estreitas e, depois que os canhões haviam espalhado destruição, os homens começaram a atingir os inimigos sobreviventes com simples ataques de cosmo. Finalmente, os últimos remanescentes do Santuário foram expulsos e os Cavaleiros Negros que haviam conseguido resistir fora da cidadela conseguiram segurar as muralhas externas. Porém, a vitória teve um preço.

Diversas casas eram agora ruínas ardentes e, para salvar a cidade, não puderam evitar matar alguns de seus próprios concidadãos. E havia outra coisa a se levar em consideração, como Pegasus Negro não demorou a observar: eles expulsaram os inimigos da cidade, mas estes não ergueram o sítio.

Estava em pé nas ameias das muralhas exteriores ao lado dos Cavaleiros do Apocalipse, título conferido aos quatro, apenas observando os acampamentos dos invasores ao redor. Atrás deles os cidadãos faziam o melhor que podiam para devolver a ordem à cidade, mas com o fornecimento de comida e água cortados, não resistiriam, disso todos sabiam.

¬ E agora?— perguntou aos quatro homens. – O que fazemos? Isso que eles fazem não parece normal.

¬ Nem de longe é normal.— respondeu Dragão. – Eles parecem nós. Estão se organizando como se logo fossem voltar a sua rotina.

¬ Mas certamente ainda haverá mais um ataque.— disse Andrômeda. – Meu medo é que venham os próprios Prata que os lidaram.

¬ Ainda não os vimos, então é uma possibilidade.— volveu Cisne. – Mas o que eles querem afinal? Se queriam nos marcar, já marcaram o bastante. Perdemos um terço de nossas forças. Parte na população não passa de pedaços espalhados pela cidade. Nossos ideais foram quase que completamente destruídos. Já mostraram que não podemos contra eles. O que eles ainda podem querer?

¬ A traição veio do Wanáx Fênix.— comentou Pegasus. – Talvez queiram marcar ele, não a nós.

Imediatamente os olhares caíram sobre a virginiana. Aquela era a única possibilidade, queriam ela e a criança. A situação começou a preocupá-la, poderiam muito bem cogitar a ideia de entregá-la. Seu medo foi expresso por um mínimo passo que deu para trás antes de sentir pegarem em seu braço com cuidado.

¬ Tenha calma, minha senhora.— disse Cisne. – Não pretendemos entregá-la de forma alguma. Mas agora estamos ainda mais temerosos por sua segurança e achamos que deve se esconder longe da cidade, onde o Santuário não possa te encontrar.

¬ Não! Vou ficar e resistir ao lado de vocês e do povo! — ditou sua resposta para não perder a coragem. – Não vou deixar que paguem o preço por minha cabeça!

¬ Corajosa.— sentiu o medo tomar-lhe com a voz desconhecida. – Tão corajosa que se torna tola.

Não soube quem, mas um dos quatro a puxou para longe da ameia, gritou alguma coisa e a jogou lá do alto. Acabou caindo nos braços de uma Amazona Negra, que saio correndo consigo no colo para o mais longe que podia. Por cima do ombro dela, pode ver quem era o dono daquela voz e o que ele estava fazendo agora que fugia.

Era um dos Cavaleiros de Prata e, pela aparência familiar da armadura, era o de Altar. Era um homem grande, dono de um sorriso de raposa e, pelo que aparentava, alguém que gostava muito de machucar. Ele não tinha nenhuma dó dos quatro homens que ficaram para trás na tentativa de protegê-la, podia muito bem já ter acabado com suas vidas, mas estava se divertindo com seus sofreres.

¬ Temos que voltar!— disse em desespero ao ver Pegasus ser afundado na muralha. – Eles vão morrer assim! Volta! Volta!

¬ Não posso!— respondeu a Amazona. – Por favor. Foram eles que mandaram lhe proteger acima de tudo! Temos que ir embora!

Estava prestes a responder a mais velha, quando sentiu que agora ambas iam de encontro ao chão. A mais velha acabou empurrando-a pra longe enquanto caia a fim de não atingir sua barriga, derrapou alguns metros no chão, conseguindo apenas algumas escoriações. A Amazona Negra por outro lado, mal caio e já estava de pé, confrontando o novo inimigo e evitando que este chegasse perto da menor.

Quem as derrubou foi o outro Cavaleiro de Prata, ou melhor, a Amazona de Prata, que usava uma armadura idêntica a da Amazona Negra e tinha o mesmo sorriso de raposa de seu companheiro.

¬ Ora... Ora... Lutarei contra a minha cópia.— a Amazona riu como se visse graça. – Vai ser como lutar contra um espelho quebrado.

¬ Corra!— gritou a Amazona Negra antes de avançar contra a Amazona de Prata.

Mais uma vez receou, mas acabou obedecendo. Levantou-se um tanto dolorida e saio correndo pela cidade, não tinha ideia de onde se esconder ou por onde fugir, só corria tão rápido quanto podia.

¬ Pavão!— a voz do Cavaleiro de Prata soou. – A mulher é minha caça! Não se aproxime dela!

Não ouviu a resposta por parte da Amazona de Prata e temia o destino de sua adversária, só que não tinha tempo nem para pensar direito. Acabou correndo para a cidadela por instinto, tendo a certeza de que o Cavaleiro de Prata a acompanhava de perto, apenas estava brincando consigo.

Entrou por uma das inúmeras portas da construção, nem sabia onde aquilo iria dar, era uma escada que a levaria para cima, não tinha o que pensar, apenas subiu. A escadaria parecia infinita e se sentia cada vez mais fraca a cada degrau, não entendia nem como ainda estava de pé. Depois de um longo tempo, conseguiu enxergar uma luz. Apoiou-se no batente da porta para respirar um pouco e observar onde estava afinal, tendo uma infeliz surpresa com sua localização.

Fazia algum tempo que tinham inventado de fazer uma torre na cidadela, de onde poderiam ver inimigos chegando por mar, conectada a uma torre menor, que serviria de farol, por uma pequena passarela. E pra sua infelicidade, estava justamente nessa torre.

Tomou fôlego e saio correndo pela passarela em construção, sua única esperança é que estivesse quase completa, porque assim talvez conseguisse escapar pelo farol. Péssima escolha foi a sua. A passarela estava longe de ser acabada, tinha um espaço enorme entre uma ponta e a outra, nada que pudesse pular. Escorregou na tentativa de frear e quase caio naquele precipício.

¬ Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.— começou a se afastar daquele abismo em desespero.

Sentia lágrimas queimarem e escorrerem por seu rosto, aquele era o fim da linha. Só um milagre agora. O que ela, que mal tinha cosmo e estava grávida, podia fazer contra um Cavaleiro de Prata?

Olhou para os lados aflita, procurando por uma rota de fuga ou salvação viável. Tudo o que encontrou foi uma faca simples, usada muito provavelmente para cortar cordas, e a apanhou, escondendo entre as dobras de suas roupas.

Voltou a se levantar e saio quase correndo de volta para a torre. Uma forte explosão interceptou seu caminho, jogando-a para trás e abrindo outro abismo, estava cercada. Pegou a faca que escondera e virou com tudo para trás, no entanto o inimigo bateu em sua mão, fazendo a faca voar para longe. Tentou um outro ataque desesperado, acertando um soco no rosto do Prata. Ele a tinha encontrado e sorria como uma raposa, detendo seu próximo ataque e devolvendo-lhe o soco com força em dobro.

Cambaleou e agora se encontrava na bordo do abismo recém-feito, tudo o que tinha ali era a queda vertiginosa e as correntes e cordas que sustentavam a construção. O Cavaleiro se aproximou perigosamente, levando-a para mais perto da borda se é que era possível, sorriu como se fosse vencedor e a empurrou.

¬ SENHORA!!— urraram as vozes debilitadas.

Mesmo estando completamente esgotados, os Cavaleiros Negros novamente se atiraram na batalha na esperança de salvá-la. Um a um eles tentavam derrubar o Prata de qualquer forma. Em meio a luta, viram que a virginiana estava pendurada pelas cordas e corretes, tentando escalar de volta sem sucesso.

Um deles quase caio no abismo enquanto seus companheiros continuavam a tentar derrubar o Prata. Durante suas tentativas falhas de sair daquele abismo, notou que tinha uma corda enroscada no pé do Cavaleiro de Prata e que a corda estava presa num enorme peso. Com muito esforço conseguiu voltar para a segurança da plataforma e empurrou o peso com toda a força que tinha.

O Cavaleiro de Prata teve seu pé preso com mais firmeza e caio sendo arrastado para o abismo que forjara. Conseguiu se prender a uma das tábuas de madeira, mas o peso era muito grande e logo a tábua estourava, fazendo-o escorregar mais e mais. Em dado momento conseguiu cortar a corda que o arrastava e tentou subir, mas um dos quatro estourou a tábua em que se apoiava e agora estava dependurado pelas correntes e cordas.

¬ Merda!— bradou Andrômeda Negro. – Senhora, estamos indo ajudá-la!

¬ Não se eu matá-la primeiro.— disse o Cavaleiro de Prata tentando atingi-la com seus golpes.

Mais uma vez se via na boca do lobo e olhando aflita para os lados. Acabou pegando uma das cordas e jogando contra ele de forma que prendesse seu braço. Jogou outra e prendeu o outro braço, agora ele tentava alcançá-la de qualquer forma.

¬ Senhora!— bradou Andrômeda tentando alcançá-la.

¬ Darin!— tentava segurar sua mão em vão.

O Prata estava chegando perigosamente perto e o turco não conseguia chegar mais perto. Os outros três Cavaleiros Negros tentavam soltar as cordas e correntes que sustentavam o inimigo, mas não estavam conseguindo muita coisa. Não tinha para onde fugir e em desespero, ao invés de pegar a mão do turco, conseguiu puxar mais correntes e cordas, freando o Cavaleiro de Prata.

Enfurecido, o homem continuou tentando avançar, estourando várias correntes e cordas no processo, queria matar a virginiana de qualquer forma. Porém, não notou que estava cavando sua própria cova com a corrente que apertava cada vez mais seu pescoço.

¬ Para!— sua reação era instintiva. – Pare, Cavaleiro! Para!

Não deu-lhe ouvidos, continuou cegamente tentando se libertar para poder matá-la. Logo todas as cordas e correntes romperam, fazendo ambos começarem a cair.

¬ Senhora!— Andrômeda praticamente se jogou atrás dela.

Em sua queda conseguiu ser pega a poucos metros do chão, mas ao olhar para cima foi obrigada a tampar a boca para não vomitar. A corrente não sustentava nada, pois o tranco foi tão forte, que agora cabeça e corpo do Cavaleiro de Prata estavam jogados de qualquer jeito no chão abaixo.

¬ Tenha calma, senhora.— pediu o turco levando-a de volta para a passarela. – Tenha calma. Já acabou, pode descansar.

Foi levada para o mesmo grupo de senhoras que tinham lhe acolhido antes. Tremia muito e sentia frio, somente agora sentia os efeitos do chamado estado de choque. Era muito sangue que banhava seus pensamentos e lembranças, somente agora aquele horror estava a afetando. A adrenalina a deixara no momento em que Andrômeda a pousou no chão e agora toda a carga do estresse a tragara.

Não saberia jamais dizer o que aconteceu depois. Não soube o destino da Amazona Negra e muito menos a de Prata. Não soube se os soldados do Santuário desistiram ao ver um de seus lideres morto, ou foram caçados pelos Cavaleiros Negros dominados pelo espírito de vingança. Não saberia sequer dizer quanto tempo passou naquele estado. Só soube que quando retornou para realidade, a cidade estava quase de volta ao normal.

¬ Senhora.— chamou Cisne Negro.

¬ Diga Kalle.— respondeu de olhos fechados, estava tão cansada ultimamente.

¬ Wanáx Fênix está na Ilha Canon.— informou. – Pelo que nossos espiões andam dizendo, ele estava lutando ao lado dos Cavaleiros de Bronze, mas o braço que feriu na última batalha começou a trazer-lhe problemas. Dai, ele foi para Canon para se recuperar desse ferimento antigo e dos mais recentes.

¬ Alguma ideia de quando ele possa voltar? - perguntou com um nó na garganta.

¬ Na verdade, não é uma certeza, acreditamos que ele vai direto para a batalha depois de recuperado. - respondeu abaixando a cabeça.

¬ O que?! - levantou-se aflita.— Por quê?!

¬ Os Cavaleiros de Bronze e Saori Kido pretendem tomar o Santuário. - respondeu.— E é muito provável que Wanáx vá ajudá-los.

¬ E de onde eles tiraram essa loucura? - ninguém batia bem naquela família por um acaso?

¬ Saori Kido é Pallas Athena. - respondeu.— Ela é nossa deusa encarnada e eles desejam que essa verdade seja ouvida. Eles querem devolvê-la ao Santuário para que continue a defender-nos com sua força e luz.

Voltou a se sentar desacreditada. Quando as coisas ficaram assim? E como assim? Athena devia estar em seu templo no Santuário, não debaixo da asa de um milionário japonês que, pra completar essa história maluca, era avô de seu bebê ainda não nascido. E agora? O que podia fazer? Isso era uma loucura total! Não tinha como!

¬ Ei! Moça.— chamou uma voz de menino.

Cisne Negro a puxou para detrás de si assim que viu aquele menino sair do nada. Devia ter uns 8 anos e, pelas pintas que existiam no lugar de suas sobrancelhas, só podia ser um membro da tão falada sociedade lemuriana.

¬ Quem é você?— o tom do finlandês era de ameaça.

¬ Sou aprendiz do Mestre Mu de Áries.— sorriu. - Meu nome é Kiki. E antes de tudo, eu sou amigo.

¬ Quem te mandou aqui? - o mais velho ainda o considerava uma ameaça, todo cuidado é pouco no caso deles.

¬ Mestre Mu me mandou para cá. - respondeu.— Disse que a mulher de Fênix aguardava um bebê e que o Santuário corrompido ia querer feri-la de qualquer jeito. Perdoe-me por não ter chegado antes do ataque, mas agora estou aqui e vou protegê-la exatamente como Mestre Mu mandara.

¬ E como seria capaz de fazer isso?— perguntou em rosnado, foi quando o menino a sua frente começou a sumir e um peso começou a ser depositado em seus ombros.

¬ Sou bom em criar ilusões.— estava sentado nos ombros do mais velho o tempo todo. - Posso ser pequeno e não ter uma armadura ainda, mas com minhas ilusões e telecinesia, posso ajudar a derrotar qualquer inimigo. Não posso ir num combate corpo a corpo, até porque vou apanhar, mas no que diz respeito a avançar contra a mente do inimigo eu posso ser de grande valia.

Os mais velhos pensaram um pouco. A virginiana já estava convencida, tinha gostado do pequeno lemuriano, mas o finlandês ainda estava desconfiado do menino.

¬ Se pisar na bola uma única vez moleque, você está morto.— ditou o Cavaleiro Negro. - Agora desça de meus ombros que eu tenho mais o que fazer.

Depois de alguns minutos, o lemuriano e virginiana estavam sozinhos na casa. O menino a seguiu pela casa inteira enquanto ela pegava um pouco de água e açúcar para se acalmar. Os olhos do pequeno faiscavam quando a miravam e isso não passou despercebido.

¬ Algo errado, Kiki?— achava melhor chamá-lo pelo nome, o menino corou um pouco.

¬ Nada errado.— apressou-se em responder de cabeça baixa. - Mas é que... Eu nunca vi um bebê antes, o que dirá uma moça grávida.

Sorriu para o menino. Parecia as crianças da ilha, sempre querendo saber de seu bebê.

¬ Vem cá.— chamou estendendo-lhe a mão ao que o pequeno aceitou, então deixou a mão pequena pousar em sua barriga. - Sente o coraçãozinho batendo? Ou quem sabe os chutes?

¬ Wow...— o menino sorria maravilhado. - Que legal... Tá se mexendo!

¬ Tá sim.— riu com a animação do menor. - Vai querer conhecê-lo ou conhecê-la quando nascer? Acredito que o bebê vai gostar de saber que foi você a cuidar dele na ausência do pai.

¬ E eu posso?!— perguntou animado.

¬ Claro.— sorriu gentil fazendo carinho nos cabelos castanho claro quase ruivo. - Tenho certeza de que serão grandes amigos.

O menino lhe sorriu e continuou a mirar sua barriga cheio de admiração e expectativa.


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Notas finais do capítulo

Para quem acho que a Esmeralda é uma doida, procurem por essa mulher: Catherina Sforza (essa mulher liderou uma frente de batalha aos 16 anos e grávida de 7 meses, teve, se não me engano, cinco maridos e mandou matar três).
E Kiki... Ah! Minha gente, é o Kiki! Eu amo esse menino! Ele tinha que aparecer! Sem contar que eu não podia dar uma de Mu e deixar o menino largado no meio do nada, cercados por esqueletos de Cavaleiros vingativos, para defender a Casa de Áries (sendo que ele deixou o povo passar, porque que não deixou a casa sozinha logo de uma vez e ficou cuidando do pentelho?).
Agora vou corrigir os erros do próximo cap ¬¬ Preciso de paciência...
Bem, espero que tenham gostado :)

Bjs. L :3



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