Desligada do Perigo escrita por Cecis


Capítulo 7
A educação em pessoa




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Acordei com uma dor de cabeça daquelas e o celular tocando sem parar, tateei pela cama até encontrar o bendito e me esforçando para abrir os olhos, vi que o que estava causando tanto barulho e o motivo de ter me acordado era o grupo do whattsapp do Jornal, eram mais de 1000 mensagens. Passei as mãos com força nos olhos pra tentar acordar mais e conseguir ter algum discernimento e ler alguma coisa, pensei que tinha sido algum acidente ou protesto, mas eu não estava preparada pro que eu li. 

O Felipe Ferraz, o cara da corrida de ontem que foi acusado do homicídio por ter atropelado uma pessoa e não prestado socorro, tinha ontem a noite tentando fugir, mesmo após a polícia ter o convocado a prestar depoimento. Ele conseguiu ir para o Porto de Alegre e estava prestes a pegar um jatinho para os Estados Unidos ( vale salientar que acabou descobrindo que ele era filho de um magnata daqui, e que um senador amigo da família acabou emprestando o jatinho particular para o Felipe fugir. O senador negou que sabia o que tinha ocorrido que pensou que era pra uma viagem de negócios do amigo). Enfim o delegado foi rápido o bastante para expelir um mandato de prisão para ele, e antes de embarcar a polícia o prendeu no aeroporto e estavam mandando ele de volta.

As mensagens não paravam no celular, jornalista não descansa nem dia de domingo e agora com essa estavam todos loucos querendo saber o horário do avião, o editor estava distribuindo as pautas, mandando cada um pra um lugar, eu desejava pegar a matéria do Felipe, mas eu não poderia fazer isso ou acabariam me chamando de espiã e tirando do racha o que me faria perder o meu grande furo de reportagem. O Túlio (meu chefe), viu que eu estava calada mas online e me mandou pegar uma matéria que eu já tinha feito e não tinha sido publicada. Graças a Deus. Eu só ia precisar revisar o texto e adicionar umas coisinhas, então tomei um remédio pra dor de cabeça na cozinha e deitei no sofá. Após alguns minutos de constantes lutas para voltar a dormir, desisti pedi uma comida pelo dellivery porque não consegui nem pensar em cozinhar, esperei chegar, fiz a revisão da minha matéria pro jornal e fiquei assistindo filme até anoitecer. Quando deu umas 17h, recebi uma ligação dos meu pai e fui almoçar com ele, fomos num restaurante italiano que tinha no centro delicioso, estávamos lá matando a saudade e nos atualizando, enquanto meu pai dava rápida escapas da conversa pra olhar pra trás e acompanhar o jogo de futebol, só pra levar uma cotovelada da minha mãe reclamando do pouco tempo que tínhamos em família, no meio de uma dessas discussões que acabou se prolongando por causa de um gol que causou um pequeno derramamento de vinho pela animação, eu o vi. Vi o Dimitri sentado numa roda de amigos rindo alto e comendo, por um instante constei o quando ele era bonito sorrindo, sem estar carrancudo, e que sorriso, a mulher da mesa ao lado tentava chamar atenção dele o ponto dele do outro lado da mesa, mas ele parecia não notar. Então ele pediu licença e foi no banheiro, aproveitei aquele momento pra ir falar com ele, eu precisava agradecer por ele ter inventado aquela desculpa por mim, estávamos no corredor sozinhos que dá para os dois banheiros, quando toquei no seu ombro e o chamei.

—Dimitri.-

Ele virou e por ser pequeno o espaço entre nós, acabamos nos esbarrando um pouco, por um segundo eu vi que ele estava feliz em me ver. Tá feliz não, mas normal, então depois de 3 segundos ele começou a arregalar os olhos, me afastou pra perto da parede e falou num tom sério.

—O que você está fazendo aqui ? Como me encontrou ?

—Ei calma ai.- falei me soltando um pouco dele- Não é como se namorássemos escondido, eu só te reconheço dos rachas.

—Esse é o problema.- ele falou, olhando pros lados. – Olha, não podemos ser vistos juntos.

Uou. Um soco no estômago. Mas a raiva se apoderou de mim de um modo que eu não resisti, coloquei o dedo bem no peito dele e enquanto falava ficava batendo o dedo no seu peito.

—Só porque você não gosta de mim, não quer dizer que precisa ser grosso. Temos amigos em comum e ponto final, eu janto com a minha família onde eu quiser e quando eu quiser, se não quiser falar comigo não fale eu também não quero falar com você. Eu só tentei ser educada e agradecer por ter ajudado, mas parece que você não entende essa linguagem, então faça o favor de abrir o caminho porque eu que não quero ser vista conversando com você.-

Eu o empurrei, sai pisando forte e bufando de ódio. Que idiota. Eu não estava nem dando em cima dele. Cheguei na mesa onde estavam meus pais e sentei irritada, a discussão estava quase no fim, meu pai agora cansado de discutir só concordava esperando minha mãe parar de falar, eu estava de frente pra mesa do Dimitri e vi quando ele sentou na sua mesa meio estranho, e olhou pra mim com um cara de pasmo, virei o rosto, eu não queria nem mais olhar pra cara dele. Meus pais pararam de brigar e aos poucos eu fui esquecendo aquele momento constrangedor e voltei a conversar com meus pais, de vez em quando eu o via olhando pra mim de relance, mas ignorei totalmente, pedimos a conta e fomos embora, não olhei nem sequer uma vez para a criatura do pântano. Depois do restaurante, me despedi dos meus e fui pra casa dormir, resquícios da ressaca ainda restavam em mim então eu apaguei rapidamente.


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