Encare-me escrita por Lena V


Capítulo 23
23- Deixá-la ir


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei de novo... eu sei...
Ta meio grandinho espero que leiam tudo...



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Acordei sozinha na cama, de novo... mas eu nem me importei, já estava me acostumando com Roberta acordando cedo e preparando o café enquanto eu ainda durmo. Olhei para o criado mudo que ficava do lado de Roberta e vi seu celular com a luz acesa o que me chamou atenção e fui ver o que era. Estava aberto nas ligações recebidas. A ultima ligação durou duas horas e foi com a mãe de Roberta. Coloquei o celular de volta no criado mudo e desci para cozinha.

Encontrei Roberta parada olhando para o lado de fora da janela, estava tão distraída que nem percebeu que eu estava a observando. Fui chegando de mansinho e a abraçando por trás.

—Bom dia senhorita “Eu não estou bêbada” – Disse lhe dando um beijo na bochecha. Ela virou para mim e pude ver seus olhos vermelhos. Olhos de quem estava chorando. – Ei – Acariciei seu roto – O que foi? A ressaca ta tão forte assim? – Brinquei roubando-lhe um riso que foi oprimido por uma enxurrada de lagrimas

—Jess... – Me olhou seria

—Ta me deixando preocupada...

—Você precisa ir embora – Ela parecia estar segurando o choro

—Tudo bem... A gente se vê mais tarde? – Perguntei pegando uma xícara para beber café.

—Jess, você não pode mais ficar na minha casa. – Disse deixando uma lagrima escapar

—Temos a minha casa... – Roberta me interrompeu

—Você não esta entendendo... – Acho que eu estava mas não queria acreditar – Não podemos ficar juntas, isso é loucura

—O que aconteceu? Estava tudo bem até ontem!

"Was it something I did? (Foi algo que eu fiz?)
Was it something you said? (Foi algo que você disse?)
Don't leave me hangin (Não me deixe presa)"

—Não estava bem Jess. Você esta abrindo mão de toda a sua juventude por mim. Você não sai mais com seus amigos, não vai a festas, não vejo você andando com a Camila...

—Por favor, fala que esta brincando comigo...

"You were all the things I thought I knew (Você foi tudo aquilo que eu pensei que conhecia)
And i thought we could be (E eu pensei que poderíamos ter sido...)"

—Sinto muito...

—Não é possível que você tenha mudado da noite pro dia.

—Eu conversei com a minha mãe.

"I know what they say (Eu sei o que eles falam)
They tell you I'm difficult (Dizem que sou difícil)"

"But they don't know me (Mas eles não me conhecem)
Do they even know you? (Ao menos conhecem você?)"

—A sua mãe?! – Fiz uma pausa – Então ela não aceita e você vai fazer o que ela manda?

—Jess, por favor, não torne isso mais difícil. Minha mãe não me mandou terminar com você. Ela só me mostrou algo que eu já sabia. Estamos perdendo tempo uma com a outra, você tem a vida toda pela frente, não posso deixar você desperdiçar comigo. E eu... bom eu não posso perder meu emprego por uma aventura Jess. Nunca teríamos um futuro...

—Então é isso... Esta terminando comigo porque acha que eu não posso te dar um futuro?

—Não por isso. Mas você terá um futuro melhor sem se prender a mim.

Assim que ela terminou de falar foi como se tivesse arrancado meu coração e o despedaçado. Dei-lhe as costas e sai dali sem dizer mais uma palavra.

Não achava que ela estava certa. Mas não estava totalmente errada. Se eu fui apenas uma aventura como ela disse, não valeria a pena correr o risco. Eu correria todos os riscos necessários para ficar ao lado dela, mas não poderia obriga-la a fazer o mesmo se ela não estava disposta.

Cheguei em casa e fui recebida por Safira que pulava comemorando a minha volta. Dei-lhe ração e fui para meu quarto.

"Come to bed, don't make me sleep alone (Venha para a cama, não me faça dormir sozinha)
Couldn't hide the emptiness you let it show (Não poderia esconder o vazio que você deixou à mostra)"

Como ela pode me deixar? Como pode dizer que fui apenas uma aventura?

De todas as pessoas que eu conheço ela era aquela que eu nunca imaginei que me faria chorar. Ela sempre esteve ao meu lado me consolando, enxugando minhas lagrimas. A gora que ela é o motivo de meu choro quem irá me levantar?

Na verdade não sei se queria levantar, minhas lagrimas me confortavam, e eu não me sentia tão só quando estava chorando. Perdi mais de uma semana de aula apenas por não querer vê-la. Na verdade, eu queria vê-la mas acho que não suportaria ficar tão perto dela e não poder ao menos toca-la, isso seria tortura.

"It's nice to know that you were there (É ótimo saber que você estava lá)
Thanks for acting like you care (Obrigada por agir como se importasse)
And making me feel like i was the only one (E me fazer sentir como se eu fosse a única)
It's nice to know we had it all (É legal saber que nós tivemos tudo isso)
Thanks for watching as i fall (Obrigada por assistir minha queda)
And letting me know we were done (E me deixar saber que nossa história acabou)"

Eu não estava com raiva dela, isso seria impossível. Mas estava sentindo a dor de não tela ao meu lado a cada segundo do dia.

Sair do quarto era um desafio, eu não sairia da cama se não fosse para dar comida para a Safira que me forçava a brincar e me roubava risos em meio a toda aquela crise.

Vi a maçaneta do meu quarto se mover indicando que alguém iria entrar.

—Uma semana? – Camila parecia nervosa – Não vai dizer nada? – Abaixei a cabeça e comecei a acariciar safira que dormia no meu colo. – Já entendi, você esta mal. Eu entendo, mas não vou deixar você perder as ultimas aulas e repetir a droga do ultimo ano por causa de um termino.

—Que horas são? – Perguntei desanimada sem dar atenção ao que Camila falava.

—Querida, o namoro terminou, mas você continua viva, faça o favor de levantar dessa cama criatura – Fez uma pausa – 6hs – Informou o horário

—Ta fazendo o que na minha casa a essa hora? É basicamente de madrugada...

—Te levando pra escola.

Depois de muita discussão eu fui basicamente arrastada para a escola. Por sorte Rose não estava no portão e eu consegui entrar sem discutir com ninguém.

Entrei na sala e todos pareciam me encarar. Inclusive Inácia que estava escrevendo na lousa. Me sentei e logo fui abordada por Thais.

—Achei que tinha morrido. – Se sentou no meu colo.

—Bom eu to viva... – Disse fingindo animação

—O que tinha acontecido? – Perguntou curiosa, ela parecia estar preocupada com o meu sumiço, e eu queria poder explicar, mas não poderia.

—Acho que caiu a fixa da morte da minha avó ou algo assim... – Disse sem olhar nos olhos dela. – Agora saia do meu colo dona rosinha porque você esta me esmagando – Disse provocando ela que saiu me xingando.

—Jess – Chamou Arthur

—Que? – Olhei para ele

—Pode cantar comigo hoje? – Arthur gostava de levar o violão para cantar todo final de ano, mas quem cantava com ele era a Judith.

—E a Jú? – Perguntei estranhando e percebi que ela não estava sentada em seu lugar de costume.

—Esta lá no fundo – Apontou para ela que estava de cabeça baixa. – Ela não quer falar o que aconteceu, mas esta assim desde o seu sumiço.

Me levantei e caminhei até Judith que permanecia de cabeça baixa, me sentei em uma carteira ao lado da dela e a cutuquei para chamar sua atenção.

—Jess – Parecia surpresa em me ver

—Se falar que achou que eu havia morrido eu juro que dou na sua cara. – Brinquei para fazê-la rir mas foi em vão – O que aconteceu?

—Acho que, “você sabe quem” vai terminar comigo – Quase ri quando ela disse “você sabe quem” imaginando o Voldemort mas segurei o riso e permaneci com minha cara de seria.

—Estão brigando? Porque esta preocupada? – Perguntei curiosa

—Não estamos brigando. Mas você e a “sua você sabe quem” também não estavam brigando e olha no que deu. – Judith tinha medo que ouvissem nossa conversa então não falava o nome de ninguém.

—Esta assim porque eu e a Roberta terminamos? – Conclui

—Vocês eram o meu modelo, se vocês terminaram iremos terminar em breve também – Uma lagrima escorreu de seus olhos.

—Não viaja Jú. – Dei-lhe um tapa – Não misture as coisas. Somos pessoas diferentes e nossos relacionamentos também são diferentes. Não é porque o meu terminou mal que o seu ira terminar mal também. – Ela parecia estar mais calma então a levei para sua carteira de costume.

E logo depois o sinal tocou para que fossemos para o pátio.

Thais e Judith me contavam tudo que eu havia perdido durante meu sumiço. Inclusive o aviso que faríamos uma excursão e acamparemos no final da semana.

Arthur ao ver que eu estava com as meninas me puxou junto com Judith para que cantássemos com ele. Estávamos no centro do pátio quando ele começou a tocar e de longe pude avistar Roberta no corredor olhando para mim. Judith me cutucou para avisar que eu começaria a cantar a musica.

Não estou disposto, a esquecer seu rosto de vez... E acho que isso é tão normal...— Roberta fechou os olhos – Dizem que sou louco, por eu ter um gosto assim... Gostar de quem não gosta de mim...— Roberta se virou e saiu andando para longe do pátio enquanto eu dei o microfone para Judith e fui para a quadra sem dar explicações para ninguém.

—Obrigada por me ajudar com a Jú – Disse Inácia que havia me seguido até a quadra.

—Não foi nada.

—Olha... eu não sei se isso muda alguma coisa, mas a Roberta passou a semana inteira preocupada com você.

—Ela não foi me procurar foi?!

—Na verdade, ela foi... – Fez uma pausa – Depois da aula ela ia pra frente da sua casa te olhar pela janela.

"Mesmo quando eu não mais estiver
Lembre que me ouviu dizer
O quanto me importei e o que eu senti
Agora, só agora
Talvez você perceba
Que eu nunca vou deixá-lo ir"

—Ela o que?!

—Nunca te contei nada sobre isso! – Disse rindo – Só não pense que ela não se importa com você – Disse na tentativa de me confortar – Eai vai acampar com a turma? – Disse mudando de assunto ao perceber que eu estava mal com a situação.

—Sim. – Respondi num tom fraco.

—Eu vou ir atrás da Jú e pedir uma musica. E você deveria voltar pra lá se não quiser ser interrogada – Disse saindo da quadra.

Alguns minutos depois resolvi seguir o conselho de Inácia e voltar para o pátio, andando distraída de cabeça baixa acabei esbarrando em Roberta sem querer.

—Me desculpa - Disse antes de perceber que era ela.

—Oi... – Disse meio constrangida

—Oi... – Respondi no mesmo tom que ela.

—Inácia me disse que tinha uns alunos fumando na quadra. – Tentava me explicar o que estava fazendo desse lado da escola.

—Eu estava na quadra sozinha e sem cigarros...

—Acho que ela se enganou... – Disse desviando o olhar – Eu vou... voltar para a minha sala. – Disse se afastando.

Não vi Roberta novamente naquele dia. E nem no outro. Acho que ela estava fugindo de mim, não que eu estivesse a perseguindo nem nada. Mas era horrível saber que ela estava lá e não conseguia vê-la.

Camila decidiu que iria “morar” na minha casa até ter certeza que eu estava bem. E como eu não queria ficar sozinha e ela já tinha uma copia da minha chave e iria pra minha casa mesmo sem eu ter permitido achei melhor concordar. Camila me animava e não me deixava chorar. Ela dizia que eu acordava na madrugada chorando procurando por minha avó, assim como Roberta falava e eu nunca acreditava. Bom agora eu acredito.


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Notas finais do capítulo

Listinha das musicas:
My Happy Ending - Avril Lavigne
Lithium - Evanescence
Só Agora - Pitty
E a musica que a Jess cantou é:
Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de sapê) - Kid Abelha



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