Levamos Camila para a cozinha para não correr o risco de alguém acordar e escutar a conversa. Explicamos tudo para ela com muita dificuldade pois nem nós sabíamos definir o que tínhamos.

—Então estão namorando? - Perguntou Camila tentando entender a nossa relação.

—Não. – Me antecipei – Estamos? – Olhei para Roberta em duvida

—Ah... Nós... – Roberta foi interrompida por minha avó que chegou do nada.

—Assaltando a geladeira? – Perguntou se aproximando de nós.

—Lanchinho da madrugada dona Clarice – Disse Camila disfarçando

—Peguem o lanchinho e vão para o quarto. Já passou da hora. – Comentou minha avó.

—Vamos dormir na sala Vó – Lembrei-a

—Nem fodendo vão dormir no meu sofá. – Minha avó disse enquanto enchia um copo com água. – Vocês duas podem dormir no mesmo quarto como antigamente se prometerem conversar baixo. – Disse apontando para mim e para Camila

Por mais que eu quisesse era dormir com a Roberta concordei em dividir o quarto com Camila.

Me despedi de Roberta deixando ela em seu quarto e em seguida indo para o meu onde Camila me esperava.

—Se eu imaginasse que alguém do nosso quinteto fosse pegar a Roberta, eu apostaria em mim e não em você... – Comentou.

—Isso era pra ter sido um elogio? – Me sentei na cama.

—Ta mais para parabenizarão... Realmente eu não imagina que você gostava dela...

—Acho que eu disfarço bem...

—Disfarça tão bem que agarrou ela na minha frente... – Rebateu Camila me tirando um riso vergonhoso.

Nós deitamos, apagamos a luz e decidimos dormir.

—Ela é boa de cama? - Perguntou Camila.

—Mila! – A repreendi

—Que foi? To curiosa...

—Vai dormir. – Disse virando de costas para ela.

Na manhã seguinte acordei e para a minha surpresa eu não estava sozinha na cama. Eu sempre acordava antes dos meus amigos mas nunca ates de Roberta. Me levantei e fui para a cozinha em busca de café.

—Bom dia – Avistei Roberta sentada sozinha na mesa com um olhar preocupado.

—E a Camila?

—O que tem a Camila?

—O que conversaram? Ela vai contar alguma coisa?

—Não. Ela não vai falar nada. Pode ficar tranquila.

—Como você sabe?

—Para de ser paranoica Ruby. A gente conhece a Mila. Acha que ela vai falar alguma coisa? – Me juntei a ela na mesa.

—Eu acho que a gente precisa conversar.

Meu coração foi parar na boca com aquelas palavras de novo.

—Pode falar... – Disse desanimada com medo do que ela tinha a dizer.

—Não é o lugar nem o momento para falar sobre isso Jess...

—Bom dia para o casal mais confusamente fofo que eu conheço. – Disse Camila nos beijando.

—Bom dia Cami. – Respondeu Roberta saindo da cozinha.

—Eita... o que eu perdi? – Se sentou na cadeira em que Roberta havia deixado vaga.

—Eu to tentando saber o que foi que eu perdi.. – Confessei

—Talvez só tenha acordado de mal humor... – Tentou Camila

Não era do feito de Roberta acordar de mal humor. Mas eu não via motivos para ela ter ficado assim da noite pro dia.

—Eu devo ter feito alguma coisa... – Comentei

—É incrível como você sempre se culpa por tudo.

—Não é verdade! – Indignei-me

—É sim. Até quando terminamos com a Lucy você se culpou.

—Mas foi minha culpa.

Eu e Camila namoramos a mesma garota por um tempo e quando terminamos eu encasquetei que a culpa do termino era minha.

—Ela queria um relacionamento serio com só uma. E nem eu nem você queríamos. Foi só isso. Onde você tem culpa nessa historia?

—Eu não sei Mila... Mas a culpa é minha. Se não é sua, nem dela, é minha.

—Eu não vou discutir com você. Eu vou para a piscina aproveitar nosso ultimo dia aqui porquê vou voltar de carro com vocês hoje a noite.

Camila foi para o lado de fora da casa e eu voltei para o quarto.

Escutei batidas na porta e antes que eu pudesse perguntar quem era vejo minha tia abrindo a porta.

—Ta tudo bem? – Se sentou na cama

—Claro – Respondi forçando um sorriso que não foi nada convincente.

—Jess... Eu posso não ser sua mãe, mas eu sou sua tia e me preocupo com você...

—Ta tudo bem Tia mama – Brinquei

—Tia mama? Você definitivamente não esta bem – Riu – Mas tudo bem, não precisa me contar. Se precisar conversar sabe que eu estou aqui. Eu, a delicia da Roberta, seus amigos e até a amalucada da minha mãe...

Não gostei muito de ouvir Lanna se referindo a Roberta daquela forma, mas eu teria que me acostumar. Todos a minha volta olham para Roberta e eu não poderia ficar de mal humor toda vez que isso acontecesse.

—Talvez eu chame a delicia da Roberta para desabafar – Confesso que adorei chama-la assim em voz alta.

—Isso é um bom começo... – Comentou satisfeita por eu ter concordado em conversar com alguém - Se troca e vamos para a piscina, admirar aquela bunda num biquíni...

Eu queria gritar que aquela bunda era minha, e só minha mas eu não gostaria de outro interrogatório.

Coloquei um biquíni e segui para a piscina com minha tia. Judith que não sabia nadar, não desgrudava da minha avó pelo simples motivo de que Thais disse que iria afoga-la. Arthur resolveu que queria dar em cima da minha tia. Mas minha tia estava dando em cima da Mila que estava mantendo Thais longe de Judith e eu, bom... estava procurando Roberta no meio daquela bagunça.

—No lago. – Disse Camila piscando para mim.

Segui para o lago que não era muito longe Dalí.

Minha mãe costumava me levar no lago quando pequena e dizia que eu era uma sereia. Esse foi o único jeito de me fazer perder o medo da água e me ensinar a nadar.

—Então é verdade... Tem uma sereia no lago... – Comentei sentando na margem

—Vai ter duas se você resolver entrar... – Disse nadando até mim e me roubando um beijo fazendo com que eu entrasse na água.

Eu não queria estragar o momento mas o que ela disse pela manhã estava martelando na minha cabeça.

—O que foi aquilo no café?

—Esta se referindo ao pão, ao leite ou ao café? – Disse jogando água no meu rosto e rindo.

Ruby! – Aumentei o tom e revidei jogando água nela também.

—Acho que eu estava meio confusa pelo fato da Camila saber sobre a gente. – Disse se aproximando de mim novamente – Eu sei que ela não vai falar nada, é que eu sou paranoica, não é?! – Sorriu pondo uma de suas mãos em meu rosto e logo em seguida me beijando lentamente.

Ao romper o beijo e separar seu rosto do meu percebemos que nossos colares estavam enroscados um no outro e começamos a rir.

—Espera, deixa eu tentar desembolar – Disse em meio aos risos.

—Não. – Interrompeu – Não quero que nos desembole. Quero permanecer enroscada e ligada a você... – Disse Roberta quase sussurrando me deixando vermelha.

—O que diria se eu te pedisse em namoro? – Perguntei morrendo de medo, nós nos gostávamos, não podíamos negar. Mas um namoro é algo serio e ela havia acabado de sair de um casamento de anos, talvez ela nem quisesse um compromisso.

—Esta me pedindo em namoro? – Perguntou parando de rir e começou a me olhar seria.

—Não... – Desviei o olhar. – Quer dizer... Só se você for aceitar... – Disse ainda de cabeça baixa.

Ela nada respondeu, deixando aquele silencio constrangedor me torturando por alguns minutos, que pareceram uma eternidade para mim.

—Você é uma garota patética senhorita Ferrer – Disse tentando parecer furiosa mas seu tom de voz entregava sua farsa.

—E você ama essa garota patética, não é senhorita Marquês? – Me atrevi olhando em seus olhos.

—Você é muito atrevida sabia? Dês do primeiro momento em que nos conhecemos eu percebi isso... – Comentou – Mas é verdade eu amo essa garota patética...

Sorri em com a confissão

—Isso é um sim? – Disse me referindo ao pedido de namoro.

—Não – Respondeu rapidamente – Isso, é um sim – Disse se inclinando para alcançar meus lábios.

—Agora nos ficaremos ligadas, emboladas e enroscadas mesmo depois que desembolarmos os colares. – Comentei fazendo com que Roberta sorrisse para mim

—Ótimo...

—Não. Não é ótimo. – Disse Camila aparecendo do nada – A Lana precisa voltar exatamente agora e a gente precisa correr com as malas... E eu tenho a impressão que eu interrompi alguma coisa...