Um certo mordomo escrita por Draco Michaelis


Capítulo 1
Come dine with me.


Notas iniciais do capítulo

Kon'nichua,

Obrigada desde j por ler minha humilde fanfic.
Espero que gostem.
Sem mais delongas, boa leitura.



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Grell estava com uma garrafa de vinho branco vazio em suas mãos. Os cabelos ruivos estavam empapados de suor e os seus olhos verdes estavam injetados de sangue pelo choro recente. Seu semblante marcado por olheiras e pequenos cortes, um na maça do rosto da direita e outro entre o lábio e o queixo, também continha lágrimas. Fazia exatos seis meses que seu noivo, William, não respondia as suas cartas. No primeiro mês ele estranhou e se sentiu triste, porém ele não parou de escrever. A partir do terceiro me, Grell começou a pensar que William o havia abandonado, tal pensamento o fez entrar em depressão levando-o à bebida. O shinigami já não ligava para suas obrigações ou necessidades. Passou meses sem tomar banho ou mesmo trocar de roupas, apenas alimentando seu vício alterando entre vinho e cerveja barata.

Hoje ele acordara sóbrio o suficiente para tomar um banho e trocar de roupas, vestindo um dos ternos preferidos de William e se tornando apresentável, penteando aos cabelos e se barbeando. Limpou a casa também, jogando fora as incontáveis garrafas de vinho fora e esfregando o chão impregnado pelo cheiro da bebida. Com terríveis dores de cabeça lhe assombrando ele se manteve longe da tentação de acabar com outra daquelas garrafas antigas.

Ao meio dia, batidas são ouvidas na porta, o shinigami andou até ela e a abriu. Do outro lado estava um carteiro.

— Senhor Sutcliff? – perguntou o mesmo com um tom levemente irritado. Grell arrumou seus óculos e assentiu. O homem lhe entregou duas cartas, sendo que a primeira continha o selo de William. O ruivo fechou a porta e andou até sua sala dos livros, sentando-se na poltrona de tons alternados entre carmim e preto e passando os dedos até lacre, rompendo-o.

Seus olhos correram a folha com o mesmo repetindo algumas frases ali escritas que para um observador externo pareceriam sem nexo, mas para ele...

“Meu amor, não poderei retornar em breve (…) talvez morra (…) espero que me perdoe (…) não quero que sofra (…) eu te amo”

Com os olhos cheios de lágrimas, ele se levantou e pegou outra garrafa, derramando-a de uma só vez em sua garganta.

***

A garrafa caiu de suas mãos espatifando-se no chão, e acordando-o. Grell balançou a cabeça, tonto.

— Quem tá ai? — perguntou o mesmo com um tom bêbado, levantando-se da cadeira e cambaleando até o outro lado do cômodo.

Ele caiu por cima de uma mesa, nela havia quatro ou cinco garrafas vinho, e também a outra carta que o carteiro havia lhe entregado horas atrás. Grell passou sua mão sobre o envelope tentando pegá-lo, porém foram necessárias três tentativas para que ele conseguisse tê-lo em suas mãos. O shinigami aproximou-o de seu rosto para tentar compreender de quem era aquela carta, mas sua visão estava turva e embaçada demais para que pudesse compreender a letra, então o ruivo passou a mão no rosto, logo notando que havia perdido os óculos quando trombou com a mesa. Droga, pensou ele, semicerrando seus olhos tentando entender de quem era a carta.

Alguns minutos mais tarde ele identificou que quem era seu emissor, Sebastian Michaelis? O que ele quer? Questionou ele tentando afastar a névoa que a embriaguês punha sobre a razão. O ruivo tateou a mesa em busca dos óculos, assim que o encontrou, rompeu o lacre negro do envelope revelando uma carta escrita com uma bela letra.

“Venha jantar comigo,

Não espere que eu lhe trate como antes

Nem como você quer que eu lhe trate

Mas venha, sei que precisamos os dois de companhia.”

No verso da carta estava escrito o endereço aonde seria este “encontro”, caso não estivesse bêbado e arrasado, talvez tivesse hesitado antes de se decidir, mas ele se encontrava naquela situação e pensou que não seria menos do que justo. Assim que se decidiu, cambaleou até a porta de entrada, virou-se para o cabideiro e apanhou dali seu sobretudo, vestindo-o e em seguida escancarando a porta. Ao olhar para o lado de fora, um raio cortou o céu.

Grell cambaleou pela cidade escura, caindo algumas vezes numa delas caindo de joelhos e cortando-os. O ruivo se aproximou do local indicado na carta e uma chuva fraca começou a se manifestar sobre ele.

***

Sebastian já não estava mais preso a aquele maldito contrato com “aquele pivete irritante” ou como antes chamava “seu jovem mestre”. Ele sorriu ao lembrar-se de como aquele simples garoto sentia-se superior a ele. “Ingênuo” pensou. Seus olhos sangue retornaram para o livro que possuía em mãos, mais um clássico de uma infinidade que o mesmo já havia lido, devorando as páginas com rapidez, sobre a luz quente e acolhedora da lareira.

No divã, localizado no lado exatamente oposto, se encontrava Grell Sutcliff dormindo tranquilamente. Vários poderiam ser os motivos que o tivessem levado para lá, talvez pelo curioso convite feito pelo ex-mordomo, ou quem sabe por ter bebido demasiadamente.

Sebastian moveu seus olhos até o shinigami adormecido, seus cabelos ruivos estavam bagunçados e com alguns nós, fato que com toda certeza faria Grell ter um ataque de pânico ao acordar. As suas roupas estavam molhadas e amassadas por causa da forma desastrada que o mesmo havia chegado lá e de como estava dormindo. Um leve sorriso despontou nos lábios do moreno, não por saber que o ruivo surtaria com a condição em que se encontrava, mas sim por ver que por trás daquela figura insuportável, se escondia uma criatura tão bela. Sebastian voltou os olhos para o livro tentando se livrar de tais pensamentos coisa que, a cada palavra que lia do romance, lhe parecia cada vez mais impossível. Em fim ele desistiu da leitura, levantando-se e andando até a estante a sua esquerda, depositando ali o volume de capa negra com o título escrito com uma grafia em itálico dourada. Sebastian olhou a sua volta, procurando algo para fazê-lo esquecer da figura vermelha, que por algum motivo lhe despertar um estranho sentimento, que o mesmo nunca havia sentido. Ele pensara diversas vezes em acordar o shinigami e botá-lo para fora de sua casa, porém sempre se decidia pelo mesmo acabava desistindo achando que estaria sendo rude, já que o havia convidado, mas, por outro lado, talvez conseguisse se concentrar em algo.

Decidiu que faria um chá e depois o mandaria ir embora. Sebastian andou até cozinha e lá tomou uma chaleira em suas mãos, enchendo-a de água e levando-a ao fogão. O ex-mordomo moveu sua mão até o bolso retirando de lá o relógio de bolso prateado e o abriu, no mesmo marcavam 16h e 49 min. Tudo nos conformes, pensou enquanto separava os itens necessários para o chá. Os seus pensamentos voavam longe enquanto colocava o bule de porcelana e as xícaras em um carrinho de chá causando-lhe certa nostalgia aos tempos que servia seu Jovem mestre e por um momento até sentiu falta daquele tempo. Sebastian balançou a cabeça e mandou estes pensamentos para longe enquanto empurrava o carrinho para a sala.

Chegando à mesma ele “estacionou” o carrinho entre o divã onde o shinigami vermelho estava adormecido e uma poltrona de couro escuro, quase negro. O moreno deu mais uma rápida olhada para a figura carmesim, em seguida correu os olhos ao bule, tomando-o em suas mãos e despejando o líquido bege em uma das xícaras.

Sebastian moveu as mãos, sem luvas, até o açucareiro, retirando dele um único e pequeno cubinho de açúcar cristalino. Com uma pequena colher de prata ele mexeu seu chá vagarosamente observando seu pequeno cubo açucarando derreter em meio ao líquido quente, que se tornava doce.

Sebastian sentou-se na poltrona de couro e observou o trepidar das chamas na madeira da lareira enquanto assoprava de leve o líquido, levando-o aos lábios e sorvendo uma pequena quantidade.

— Urgh! — um leve (lê-se alto) gemido pôde ser ouvido vindo do hóspede adormecido. O ex-mordomo moveu seus olhos de cor sangue, para a figura vermelha no divã, que se movia. Ele se levantou e se ajoelhou diante do divã, ficando com o rosto na altura do de Grell.

— Bom dia. — murmurou Sebastian, que aguardava a resposta do shinigami. O ruivo abriu um olho e depois o outro, piscando algumas vezes para que sua visão se acostumasse com a luz. As pupilas de seus olhos contraiam e expandiam ao ritmo que ia se acostumando. Suas têmporas batiam junto com seu coração e sua cabeça doía, maldita bebida, praguejou baixinho. Ele movia os olhos de maneira rápida tentando identificar onde estava, como havia chegado lá e quem estava a sua frente. Ele pigarreou e disse — Eu disse bom dia. – repetiu o moreno de forma “levemente” (lê-se muito) arrogante.

— Sebby-chan? — questionou Grell de maneira confusa, ele se sentou e sua cabeça girou, fazendo-o cambalear para frente. Instintivamente Sebastian levou sua mão em direção ao peito de Grell, evitando que o mesmo caísse. O coração do ruivo acelerou com o toque e sentiu sua face queimar, e um projeto de sorriso surgiu no canto dos lábios dele.

— Caham! — pigarreou Sebastian, retirando sua mão do peito dele. – Já lhe disse para não me chamar assim... —falou arrumando a gravata negra em frente a uma janela.

— Oh, Sebb... — disse Grell com uma das mãos sobre a boca – Sebastian. Vejo que não é impassível, seu rosto... — o shinigami nem precisou terminar a frase, pois o ex-mordomo já havia visto o próprio semblante refletido na janela, o sangue pulsando nas bochechas.

- Isto é irrelevante. A propósito, já preparei chá, não venha pedir-me aquele líquido negro e energético chamado de café para espanta a enxaqueca que sente por causa da bebida. – disse ele tornando-se sério. Uma breve lembrança invadiu sua mente, a do dia em que quase o matara, impedido por William T. Spears, será que me arrependeria? Pensou.

- C-como sabe da bebida? – questionou o ruivo com um tom doce, despertando Sebastian de seus devaneios. Sebastian sorriu.

- Seu cheiro ceifador, você está fedendo a vinho. – disse o moreno andando até o carrinho de chá e servindo uma generosa quantidade do mesmo na xícara. Grell deu uma boa olhada em Sebastian e quando este veio em sua direção, em um movimento impossivelmente rápido, pôs seu pé na frente da perna do ex-mordomo, fazendo-o tropeçar, derramando o líquido fervente sobre Grell e caindo em cima do mesmo.

— Sebastian! Eu não conhecia este seu lado... — disse Grell com um tom malicioso. O moreno fez menção de se apoiar no acento e no encosto do divã ficando cara a cara com o ruivo.

— Seu... — começou a dizer sendo interrompido pelo colar de lábios, partido de Grell.

A reação de Sebastian foi surpreendente para ambos, em vez de afastar-se dele e enchê-lo de tapas, chutes e xingamentos, o demônio retribuiu o beijo, encostando seus corpos.

Grell reagiu rápido, aproveitando esta chance que poderia lhe ser a última, pôs-se a provar dos sabores que se escondiam atrás da figura imponente e “correta” do belo Sebastian Michaelis.

O moreno tinha em sua mente diversos pensamentos e questões, mas os deixou de lado agindo por impulso e passou a explorar a boca daquele que diversas vezes foi impedido de matar. Passou sua língua cuidadosamente nos dentes pontiagudos se deliciando com o sabor do vinho ainda impregnado neles.

Eles se separaram, da parte de Grell, mas ambos arfavam. Sebastian se levantou e arrumou suas roupas, que ficaram amassadas por tudo que aconteceu, sentindo os lábios ainda formigarem após aquele beijo alucinante.

— Venha. — disse ele após se recuperar, saindo para um corredor extenso, o mesmo que usara para ir à cozinha, passando por três portas antes de parar em frente a uma delas. Grell o havia seguido ainda em choque pelo que acabara de acontecer.

Eles entraram em um quarto, nele havia uma cama com um docel negro, uma penteadeira e duas portas. A primeira levava ao banheiro e a segunda a um closet, para quê tudo isso? Pensou o shinigami tocando o docel de seda negra.

— tire esta blusa suja e espere aqui enquanto eu procuro algo que sirva em você. — murmurou Sebastian desaparecendo pela porta do closet.

O shinigami retirou o sobretudo e o colocou sobre os pés da cama, ele deslizou suas mãos pelo tecido negro e macio do lençol, imaginando o motivo dele ali. Ele se sentou na beira da cama próximo aos travesseiros de penas. Grell desabotoou lentamente seu colete, que estava manchado, e em seguida começou a desabotoar a camiseta branca, porém antes que terminasse ele deitou de costas na cama deixando parte de seu tórax exposto.

— Lamento, mas foi tudo o que... — disse Sebastian surgindo pela porta segurando uma camiseta cinza de botões negros. Ele deteve seu olhar na parte exposta do corpo de Grell, ficando boquiaberto. A pele alva do rapaz continha certo brilho a luz das velas do castiçal que estava ao lado da cama. Sebastian deslizou ao lado da cama passando a mão pelo colchão até tocar a perna do shinigami, que deu um salto ao sentir o toque da mão de Sebastian.

O ex-mordomo subiu na cama e se sentou ao lado do tronco de Grell, então ele passou a mão sobre a pele nua indo em direção aos botões ainda abotoados. O shinigami sentia leves arrepios e disse:

— Acho que ainda não sei mais me trocar. — seu tom foi tristonho e Sebastian retirou sua mão olhando para ele com uma cara de interrogação.

— Quem gostaria que te ensinasse? — perguntou ele com um sorriso malicioso despontando em seus lábios.

— Um certo mordomo...


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Notas finais do capítulo

Agradeço se você leu até o final e me sentiria honrada se fosse agraciada com seu comentário.

Mais uma vez, muito obrigada.

p.s.: Feliz aniversário mega adiantado pra você Duda sua Diwva!



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