Picks of a Heart escrita por Vingadora


Capítulo 25
I have no control


Notas iniciais do capítulo

"A Vin abandonou a gente!"
Nãaaao! Não abandonei não! Nunca!
Eu até pensei que esse fim de semana seria mais leve, porém me toquei que era "fim de semana" das mães, então eu tive de correr contra o tempo para preparar uma surpresa legal pra minha (risos cansados). Estou mortinha de tanto cansaço, não dormir nada, não descansei nada, mas cá estou. Peço mil desculpas pelo atraso e espero que vocês me perdoem.



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Lá estava eu.

Usando meu melhor pijama, deitada de costas em uma das mesas menos utilizadas do segundo pavilhão do Bien Sûr, com as pernas esticadas e encostadas em uma das prateleiras de livros mais próxima, fazendo de conta que o pequeno lustre a cima de mim é a coisa mais importante da noite.

Toda vez que um carro passava em frente a vitrine e iluminava as frestas semi-abertas, eu prendia a atenção na pouca luz que entrava.

Qualquer coisa que se movimentasse naquele lugar era uma boa distração para que eu pudesse evitar ao máximo pensar nas escolhas que eu deveria fazer e no último sonho que eu tivera.

Pelo que me parecia ser, era mais uma lembrança do meu lado Ignis e eu acordara incendiando meu quarto. Esse meu novo lado já estava me angustiando e me deixando totalmente irritada. Era mais uma lembrança com Loki, porém dessa vez parecia ser de uma troca de afetos muito íntima.

Pensei em ligar para Natasha, que se oferecera no dia anterior para conversar comigo sobre o assunto, mas pensei melhor e percebi que iria parecer uma criancinha medrosa. E, no momento, já estou com problemas demais para ter Fury na minha cola tentando controlar meus passos milimetricamente.

Então, depois de apagar o fogo do quarto com o extintor de incêndio, desci para o Bien e deitei em uma mesa na expectativa de que aquilo fizesse o tempo passar mais rápido.

Mas não foi o que aconteceu.

Eu parecia estar ali há uma eternidade e meia, porém toda vez que eu olhava a tela do meu celular, se quer havia passado cinco minutos direito.

Eu nunca fui de fugir de problemas, isso é fato. Porém tudo o que passei no último ano acabou fazendo com que eu perdesse minha segurança e me tornasse dependente de meu lado medroso.

No início, todo o mistério dos meus poderes, do meu lado meta humana não passava do meu charme. Era realmente interessante demonstrar toda minha força e agilidade e sempre que alguém perguntava: "Como você faz isso?" eu tinha a única opção de responder: "Eu nasci assim. Sou uma meta humana." E fim de história, ninguém perguntava minhas origens, ninguém se surpreendia caso eu, de repente, adquirisse uma nova agilidade... Era quase tão fácil quanto respirar.

Mas agora? Agora que uma segunda opção me aparece feito um meteoro? Trazendo a notícia estampada na rocha: "Ei! Você pode ser uma deusa Phoenix que veio de outro planeta simplesmente porque era infantil demais e se apaixonou pelo pior homem deste mundo."

Como viver com isso? Como não querer correr e se esconder no buraco mais profundo da Terra?

E meu segundo problema era Steve.

Bem ou mal, meus sentimentos por ele ainda eram confusos demais. Quando eu imaginei que finalmente iríamos poder ficar junto, Loki me aparece e enfia um buraco negro entre nós dois chamado: Ignis.

Eu não sabia como lidar com isso, não fui treinada para resolver esse tipo de situação. Principalmente quando se trata do possível único amor da minha vida. O que será que Steve está pensando de mim agora? Bom, levando em conta a noite anterior, não me parece uma situação tão ruim da perspectiva dele. Porém da minha? Eu não sei o que sentir, o que dizer ou fazer quando estou perto dele. Minhas pernas idiotas tremem, meu coração bate tão forte que pode ser ouvido lá de Marte e minha respiração falha a cada vez que ele me olha. Que tipo de ser humano tem esse direito? Quando foi que dei esse direito a Steve Rogers?

Tudo bem, talvez eu esteja sendo um pouco dramática. Talvez eu simplesmente esteja tentando arrumar uma desculpa para pensar que Steve é um problema, porque simplesmente estou apaixonada pelo homem.

E, para completar toda minha confusão, eu ainda estava pensando na possibilidade de que Lok havia falado a verdade sobre a mulher de Asgard e sua ajuda. Isso era coisa para se resolver no dia seguinte em uma conversa com Thor.

Apesar do loiro ter se sentido superior, ter me escondido o pequeno fato de que sou Ignis e, principalmente, me chamado de anã, eu confiava nele. Era quase que inacreditável, mas Thor inspirava confiança. E seria através dele que eu conseguiria minhas respostas.

⊱❋⊰

Um homem de postura firme, olhos esverdeados, cabelos negros com algumas falhas grisalhas, pele tão pálida quanto a neve, me encarava de cima com o olhar mais duro e frio que eu recebera em toda minha vida.

─ Você irá casar-se com Thor. Não há escolhas, Ignis. ─ sua voz esbravejou pela segunda vez no sonho.

─ Eu já disse! Não vou me casar com Thor e meu nome não é Ignis. ─ grunhi enfurecida com o homem, meus braços ardiam, ansiosos para apresentar suas reais intenções, mas de alguma forma eu conseguia controlar.

─ Não adianta dizer que Loki a ama. ─ ele deu passos firmes pelo cenário de neve do sonho ─ Aquele asgardiano possui segundas intenções com você, princesa. Não permitirei seu casamento com ele.

─ Eu. Não. Amo. O Loki. ─ rebati estridente o homem enquanto tentava não perder o controle.

─ Levem ela daqui! ─ ele gritou para o além e vários homens imergiram da neve e agarraram-me no braço, puxando-me para longe.

─ Não! ─ eu gritei tentando me soltar ─ Me soltem! Me soltem! ─ foi então que perdi o controle e comecei a queimar os homens de feições congeladas pela neve.

─ Lilly! Lilly, acorde! ─ demorei um pouco para cair na realidade, mas quando o fiz levei um tremendo susto.

Steve me carregava em seus braços por uma longa linha de fogo que se formou a nossa volta. Não tive tempo para olhar em volta, porque em um piscar de olhos já estávamos sobre uma calçada do outro lado da rua, bem longe do Bien.

─ Steve?! ─ franzi o cenho e balancei a cabeça. O que raios aconteceu?

Ele deitou-me sobre o banco de madeira e fitou-me de modo apavorado. Olhei de soslaio para minha roupa e percebi que parte da minha camiseta estava queimada. Steve reparou a mesma coisa e logo se dispôs a me emprestar sua jaqueta.

─ Você está bem? ─ sua voz carregada de sentimentos um pouco distante de mim.

Minha audição estava voltada par ao som das chamas crepitarem a madeira do Bien.

─ O que aconteceu? ─ sentei-me, obrigando a tontura acabar e fitei a faixada da minha café-teca.

Uma fumaça negra escapava da vitrine destruída, bombeiros haviam acabado de chegar ao local, mas parecia tarde demais. O fogo já havia tomado conta do prédio e alcançado o segundo andar, onde se situava meu apartamento.

─ Steve, o que aconteceu? ─ tornei a perguntar, recusando-me a encarar outra coisa se não o Bien.

─ Não sei... Eu cheguei não faz um minuto para visitá-la. Os bombeiros já estavam desenrolando a mangueira e alguém disse a eles que o prédio estava vazio. Eu... eu sabia que você estava lá dentro então...

Foi então que fitei Steve e percebi a proporção de medo que era refletido de seus olhos.

─ Você me salvou. ─ sussurrei e perdi a respiração por poucos segundos.

─ Eu nunca mais vou permitir que você fique em perigo, Lilly. ─ sua mão pousou levemente em minha face e puxou-me para um de seus beijos ternos e rápidos.

─ Eu... ─ mordi o lábio inferior depois de me afastar de seu beijo ─ acho que fui eu quem fiz isso.

Ele encarou o prédio por um segundo antes de dizer:

─ Fury conversou comigo sobre a festa.

Meu corpo retesou por completo e eu tive de desviar o olhar em direção ao horizonte para não perder o controle e começar a murmurar pedidos de desculpas.

─ Você não tem culpa, Lilly. ─ ele ergueu meu queixo, fazendo com que eu o encarasse ─ Loki tem culpa. E ele vai pagar por isso.

Algumas pessoas se aproximaram de nós e uma senhora ofereceu-me um cobertor e avisou que a ambulância já estava a caminho.

─ Eu não posso estar aqui quando a ambulância chegar. ─ sussurrei para Steve que sentou-se ao meu lado no banco.

─ Eu posso te dar uma carona se quiser, minha moto está aqui perto. ─ ele passou seu braço em torno de meus ombros levando-me para mais perto de seu corpo, fazendo com que eu me acomodasse em seu peito.

─ Acho que a garagem não foi atingida, eu posso pegar minha moto e encontrar você...

─ Eu espero por você e vamos para meu apartamento. ─ ele sugeriu já cortando minha ideia inicial.

Ok. A ideia me deixou um pouco surpresa. Tudo bem que Steve já estivera várias vezes no meu apartamento, mas... eu no apartamento dele? Isso era um pouco... sério.

Apesar de ter ficado com receio de que a ambulância chegasse, decidi deixar um número para contato com o corpo de bombeiros caso eles conseguissem recuperar algum pertence meu. Um dos bombeiros até perguntou porque eu estava saindo e Steve deu a desculpa de que me levaria para um hospital. Bem pensado, Rogers. Eu quase deixei escapar na hora.

O apartamento de Steve não era tão distante do Bien, porém ele resolveu tomar alguns atalhos e, possivelmente, se perdeu algumas vezes.

Estacionei a moto logo atrás de sua Harley e, sem demora, Steve já estava entrando em seu prédio e me empurrando para dentro.

Olhei brevemente para a sua vizinhança e percebi que alguns homens que estavam caminhando nos encararam surpresos.

─ Vizinhança legal. ─ sorri zombeteira enquanto o seguia pelos degraus da escada.

─ Não nego que na minha época era mais tranquila. ─ ele comentou de forma breve.

Deixei escapar um sorriso quando o pensamento de que Steve estava falando feito um vovô me passou pela mente.

Uma mulher de cabelos curtos e castanhos, usando um uniforme de supermercado passou por nós e acenou para Steve com um imenso sorriso no rosto.

─ Bom dia, Steve. ─ ela o cumprimentou, mas logo voltou-se para mim com feições de surpresa.

─ Hã... Bom dia. ─ ele acenou e fitou-me rapidamente ─ Essa é... a...

Carly. ─ ela o lembrou sorridente, porém quando voltou a me encarar, lançou-me um olhar enojado.

─ Ellizabeth. ─ a cumprimentei da forma mais formal que consegui.

─ Amiga do Steve? ─ outro olhar enojado.

─ Na verdade, namorada. ─ a corrigi por instinto e ergui uma das sobrancelhas quando captei a decepção em seu olhar.

Só depois que ela se afastou de nós da forma menos sutil que conseguiu, percebi do que eu havia me chamado. Steve se quer escondia um sorriso contente enquanto caminhava pelo corredor.

─ Gostei daquilo. ─ ele apontou para trás.

─ Do que? Da sua vizinha com aquele uniforme patético? ─ zombei e não escondi um sorriso de deboche.

─ Não. Gostei de você. Com ciumes. ─ seu sorriso cresceu e fez com que eu revirasse os olhos.

Paramos em frente a uma porta no fim do corredor e Steve a destrancou sem demora.

─ Bem-vinda ao meu humilde apartamento. ─ abriu a porta e nós entramos.

A primeira coisa que pude focar minha atenção foi a pequena quantidade de discos de vinil que estavam alojados em uma estante próxima a sala de TV. A segunda coisa ─ que acabou me arrancando um sorriso ─ foi uma foto emoldurada em um pequeno porta-retratos ao lado dos discos. Lá estávamos Steve e eu, ambos com um sorriso idiota. Aquela foto eu tirara para mostrar ao Steve como as câmeras digitais funcionavam.

─ Bonita a foto. ─ apontei para o porta-retratos ─ Fico me perguntando como foi que a revelou. Foi alguma pesquisa no Google? ─ zombei.

─ Hill revelou para mim. ─ ele havia mudado seu tom enquanto caminhava em direção a foto ─ Eu não sabia como fazer, então...

Ele tocou de leve na borda do porta-retratos, mas logo voltou a caminhar pelo apartamento e mostrar cada cômodo.

Era um apartamento simples, pequeno e, para minha surpresa, organizado. Diferente da maioria dos apartamentos de homens que costumo encontrar, Steve possuía uma organização impecável. O que me levou a imaginar se ele realmente morava ali ou simplesmente o usava para dormir.

Steve passou o olho em meu corpo e pareceu um tanto incomodado com alguma coisa, retirou-se em direção ao quarto e eu resolvi esperar na sala.

Coloquei meu capacete sobre a mesa de centro, próxima ao jornal, e sentei-me em uma pequena poltrona encostada na parede ao lado da sua vitrola.

Era estranho estar ali no apartamento de Steve. E esse sentimento parecia ser tão errado. Qual é! A poucos minutos eu me declarara namorada dele e agora acho estranho estar no apartamento do cara?

─ Acho que estas irão servir em você. ─ Steve surgiu do corredor segurando uma muda de roupas ─ Eu não consegui encontrar um número menor de calça, então... eu encontrei estas com elástico na cintura. Devem servir.

Levantei-me e segui caminho até ele, peguei as roupas de sua mão e agradeci com um sorriso.

─ Posso usar seu banheiro?

─ Claro. ─ ele quase deu um salto para o lado, liberando a passagem do corredor.

Entrei no banheiro às pressas, fechei a porta e acomodei as roupas em cima de uma pequena prateleira vazia. Assim como todo o resto do apartamento, o banheiro era pequeno, porém muito organizado e limpo.

Fitei-me no espelho durante um bom tempo.

Lá estava a mulher ruiva, de olhos esverdeados e pele tão pálida que assustava. Eu parecia um fantasma. Um fantasma assustado e com uma enorme macha de cinzas no pescoço.

Eu comecei a me sentir suja, então acabei pegando uma toalha limpa no armário de Steve e me lançando em direção ao chuveiro. Não me demorei no banho, porque utilizando minha audição apurada, pude notar um movimento a mais no apartamento. Steve convidou alguém.

Sequei-me às pressas, vesti a camisa branca que mais me parecia um vestido e uma calça de moletom cinza que tive de dobrar as barras para não pisar nela com e saí do banheiro utilizando minha toalha para secar meus cabelos.

Quando cheguei ao fim do corredor, dei de cara com nossos ilustres visitantes. Thor, ainda usando roupas humanas e Fury, que de longe, parecia o menos humano com seu traje preto.

─ O que foi? Isso virou uma festa do pijama? ─ ironizei enquanto me aproximava do grupo.

─ Lilly. ─ Fury saldou-me de forma breve.

─ Olá, Ellizabeth. ─ Thor forçou um quase sorriso

─ Steve nos ligou e contou o que aconteceu. Viemos o mais rápido que pudemos.

Lancei a Steve um olhar zangado antes de me voltar a Fury.

─ Pelo visto vocês estavam bem perto, já que não demoraram nada a chegar aqui.

─ Eu e Thor estávamos a caminho do Bien quando o Capitão Rogers ligou.

─ Vocês, por acaso, pensaram que eu poderia estar dormindo? ─ ironizei.

─ Bom, até que isso poderia se tornar uma verdade eterna, caso o Steve não tivesse ido até lá. ─ Nick apontou para a TV ligada no jornal local que já apresentava as imagens ao vivo do Bien Sûr que há instantes ainda estava tomado pelo fogo ─ Parece que hoje não será um bom dia de trabalho.

─ Nem hoje, nem amanhã, nem nunca. Eu já estava com planos para vender o Bien. ─ deixei a toalha pousar em meu colo enquanto observava a surpresa de Steve e Fury.

─ Você ia vender o Bien? ─ Rogers perguntou perplexo.

─ Não estava lucrando. ─ menti ─ E além do mais, hoje em dia as pessoas buscam por acervos online. Não se dão mais o trabalho de folhear páginas.

Minhas explicações pareceram suficiente para Steve, porém a desculpa não passou através de Fury que me lançou um olhar acusatório.

─ E então... Acho que todos já sabem o que aconteceu lá, certo? ─ apontei para a Tv e todos a encararam de soslaio.

─ Por isso vim até você, Ellizabeth. Peço que reconsidere meu pedido e... ─ Thor tentou oferecer uma viagem a Asgard, mas eu ergui o dedo o silenciando.

─ Antes de mais nada preciso fazer uma pergunta. Quem é Ilidia?


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Notas finais do capítulo

Cara, eu ainda estou me sentindo mal por ter "abandonado" vocês. Desculpa meeesmo!

Espero que compreendam se eu sumir, de repente, de novo. É que eu estou no início do 2º bimestre e já estou cheia de trabalhos pra fazer.

Até o próximo capítulo! õ/