Caroline Forbes.

– Elena? - Eu chamei por minha melhor amiga, encontrando-a sobre o sofá. Alguma comédia romântica passava na tevê, daquelas em que a Katherine Heigl fazia um papel arrasador e no final das contas tudo dava certo. O amor prevalecia. Elena assistia ao filme chorando horrores, como se fosse realmente emocionante e não só um filme cheio de palhaçadas e palavrões. Fiz uma careta, sem saber de fato o que dizer para ela.

– Elena... – Eu suspirei, jogando-me ao seu lado, no sofá. Observei preocupada todos os lenços que Elena espalhara ao seu redor. Havia vários saquinhos de salgadinhos e também de chocolates. Seu cabelo, normalmente muito liso, estavam cheios de nós, o que provavelmente já foram cachos algum dia. – Você só o conhecia há duas semanas!

– Mas... – Ela soluçou. – Ele era o amor da minha vida! Dessa vez era pra valer, Care. – Ela voltou a chorar, gesticulando com as mãos e tentando explicar algo que provavelmente nem mesmo ela entendia. – Você não poderia entender!

– Duas semanas, Elena. – Voltei a dizer categoricamente.

– Foram as duas melhores semanas da minha vida. – Ela disse entre mais lágrimas. – Você não sabe como é. – Disse mais uma vez e eu assenti deixando-a chorar em meu ombro. Toda vez que Elena saia com um cara, ela sempre chorava. Eles sempre eram o amor de sua vida, eram perfeitos, maravilhosos, divertidos e quaisquer adjetivos que lhe parecesse interessante. E de fato, eu não entendia. Meus relacionamentos se resumiam em ser absurdamente irritante. Eu era o que se podia chamar de cupido. Isso. Eu trazia de volta os amores perdidos, a verdade, é que a maiorias dos caras só terminavam com suas namoradas porque queriam aproveitar com outras mulheres, ciscar no terreiro do vizinho para verificar se a grama realmente era mais verde. Eu provava a eles que não, ela não era mais verde. E provava isso sendo o pior tipo de namorada que existe: Chata, grudenta, ciumenta, meio surtada, muito exagerada, muito louca e muito burra. Eu não acreditava no amor, mas fazia com que todas essas mulheres como Elena continuassem acreditando. Era o que se podia chamar de namorada de aluguel, namorada de mentira, serviço completo no quesito “trago o amor de volta em sete dias” se ele era verdadeiro ou não dependia completamente da escolha. Na maioria das vezes, eles eram só idiotas.

O seu namorado da vez era Niklaus Mikaelson, um locutor de basebol, o cara estava sempre por trás dos jogos mais famosos e Elena o conhecera em um desses, há exatamente quinze dias atrás. E infelizmente, ela transara com ele logo no primeiro dia, o que resultou em uma paixão instantânea a aparentemente não retribuída. Eu já me cansara de quantas vezes Elena terminara no sofá, assistindo alguma comédia romântica, engordando horrores, simplesmente porque levara um fora. Ela até mesmo já tentara seguir os conselhos de Ele não está tão afim de você. Obviamente não dera muito certo.

Suspirei, juntando todos os saquinhos e lenços.

– Elena, você está horrível. – Murmurei. – Deve ter um rato no seu cabelo. – Indiquei a ela o espelho e Elena deu de ombros, soando deprimida. – Você está pior do que aquela noiva com quem negociei ontem. A mulher estava quase parecendo uma ratazana...

– É ISSO! – Ela saltou do sofá com um grito ensurdecedor que me fez dar um pulo e derrubar todo o lixo, Elena abriu um gigantesco sorriso encarando-me com os olhos castanhos quase saltando das orbitas, eu me afastei, encarando-a assustada pela repentina mudança. Ela quase se pareceu com Cheshire. – Você vai me ajudar! Essa é a solução perfeita... Porque eu não pensei nisso antes? Você ajudaria?!

– Claro, Elena! – Respirei aliviada. – O que precisa? Um dia de compras? Mais chocolate... Ou uma academia. Eu acho que você precisa muito mais da academia, mas não vou te julgar se quiser chocolates...

– Não! – Elena abanou as mãos em frente ao meu rosto. – Você vai seduzir Klaus e trazê-lo de volta para mim!

– Eu... O que?! – Minha voz soou duas oitavas mais alta do que deveria. Eu me aproximei de Elena, levando minhas mãos até sua bochecha. Tocando-a com a costa da mão. – Pobrezinha, está delirando. Vou trazer um remédio para você agora mesmo...

– Não estou delirando, Care. Você vai seduzir Klaus para mim.

Eu encarei minha melhor amiga em completo choque. Elena falava absolutamente sério. O sorriso gigantesco se estendia de ponta a ponta de seu rosto e eu abri a boca em completa surpresa. Era só o que me faltava. Ter que namorar o pseudo-amor-da-vida da minha melhor amiga. Porque Elena não podia ser como qualquer garota e simplesmente seguir em frente?

Eu a encarei em silencio, seus enormes olhos cheios de um pedido mudo para que eu aceitasse passar uma semana com Klaus, a verdade é que, eu acho que jamais poderia negar qualquer pedido de Elena, tudo que eu queria era vê-la feliz. Éramos como irmãs e Elena Gilbert era minha melhor amiga desde que éramos pequenas. Estudamos juntas em todas as fases de nossa vida, assim como Bonnie, éramos o melhor trio de amigas do mundo. E nenhuma das duas concordava com meu estilo lucrativo de vida, ainda que, eu quase sempre estivesse envolvida com a moda, maior parte do meu tempo era dedicado aos namoros. No entanto, para Elena me pedir para fazer todo esse circo em relação a Klaus, ela provavelmente estava muito desesperada. O que mais uma vez não fazia nenhum sentido.

Elena estava definitivamente... Louca.

– Por favor, Care. – Sussurrou pegando minhas mãos entre a sua, e eu gemi afundando-me no sofá. Elena deu um gritinho de felicidade quando notou que eu estava completamente rendida e abriu novamente o seu sorriso gigantesco.

– Eu ainda não aceitei. – Resmunguei para ela. Minha melhor amiga riu, abraçando-me tão forte que senti que podia quebrar um dos meus ossos.

– Mas vai aceitar, eu sei que vai! Obrigada, Care. Eu vou ligar para Bonnie! – Ela praticamente cantarolou, deixando-me sozinha na sala. Eu murchei encarando com pesar onde Elena estivera há pouco tempo.

Isso era uma loucura, definitivamente, uma enorme loucura.