Just Married escrita por DetRood


Capítulo 3
A Noiva Suicida




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No dia seguinte Ellen conversava com os filhos de John sobre um caso bem próximo dali.

 - Conversando com um dos reverendos do condado, descobri que a capela de St. Louis que fica cerca de 40 km daqui, está abandonada há dez anos, pois acreditam que ela é assombrada pela ‘Noiva Suicida’...Que acham, rapazes? Vocês querem dar uma olhada? – Ellen entregou uma espécie de dossiê com o caso.

Tratava-se da lenda regional da Noiva Suicida: Há dez anos atrás, foi marcado um casamento arranjado entre duas famílias de fazendeiros poderosos da região, mas a filha nunca concordou. Queria ser livre para escolher seu pretendente, o que infelizmente não aconteceu. Momentos antes do casamento, a noiva cortou seus pulsos, morrendo na sacristia. Seu vestido branco tornou-se vermelho, banhado no seu próprio sangue.

O próximo casamento depois desta tragédia foi marcado pela morte da noiva bem diante dos olhos de todos os presentes. Na hora da pergunta ‘Se alguém se opõe a este casamento, que fale agora ou se cale para sempre...’, o espírito apareceu na porta da sacristia, e a noiva (a viva) começou a sangrar pelos pulsos, como se tivessem sido cortados, caindo morta nos braços de seu ex-futuro esposo...

E desde então, nunca mais foi realizado nenhum casamento lá, pois acreditaram que a capela foi amaldiçoada.

 - Que acha, Dean? Já viu o filme ‘A Noiva-Cadáver’? – Sam lia o dossiê junto com seu irmão, já pensando numa solução para mandar aquele espírito atormentado pro seu devido lugar.

 - Claro, vamos queimar os ossos no cemitério e está tudo resolvido – Dean se levantava da cadeira, pensando em reunir seu arsenal e logo cair na estrada.

 - Acho que não vai funcionar... Seu corpo foi cremado pela família quando da sua morte... – Ellen limpava o balcão do bar, olhando em direção à entrada, onde Icarus, Rê, Flanny e Jo conversavam animadamente.

 - Então temos que descobrir o que está prendendo este espírito a este plano – Sam franziu o cenho, tentando encontrar a melhor solução.

 - Então vamos ter que atrair a ‘Miss-TPM’ (Tensão Pré-Matrimônio) (N/A – Essa foi infame!!) para vermos o que realmente ela é, e o que a prende aqui... – Dean já estava olhando para a porta onde o pequeno grupo estava.

 - E já sabemos como fazer! – Flanny gritou da porta.

Os três que estavam no balcão viraram-se curiosos.

 - Simples! Se o espírito é atraído pela cerimônia de casamento, então faremos uma cerimônia de casamento para ela! – Rê completou a idéia da amiga, olhando para Dean, que já sentia que ia se meter em encrenca...

 - Mas não é o que você está pensando, amore! – Flanny deu uma piscada de olho para o loiro, que sentiu um certo alívio – Vamos forjar uma cerimônia para que ela apareça, e daí a gente acaba com ela...

 - Hum, e como faremos? – Icarus perguntou curioso pela conclusão do plano no mínimo doido das amigas caçadoras.

 - Meu querido, você e Jo serão o casal, e eu, Dean e Rê seremos testemunhas e Sam será o padre! – Completou Flanny.

 - Mas por que eu? – Sam protestou de longe.

 - É porque você é o que tem mais cara de bonzinho da turma! – Icarus completou, já meio sem graça pela idéia de formar um par com Jo.

De fato, o pouco que conheceu dela o fez concluir que ela era uma mulher maravilhosa, e quem quer que fosse seu companheiro, teria muita sorte.

Jo também ficou sem graça diante do plano matrimonial das amigas, pois de certa forma sentiu-se atraída pelo belo moreno, e isso daria uma margem grande para que pudesse acontecer alguma coisa de fato entre eles...

E as caçadoras entreolharam-se, concluindo que esse plano era perfeito para unir aqueles dois corações!...

***

Naquela mesma noite chegaram na capela aparentemente abandonada, as amigas caçadoras e o mais velho dos Winchesters junto com Icarus, e desceram do Impala bem em clima de festa.

 - Cara, eu podia jurar que já andei neste carro! – Icarus comentou com Dean, ambos em trajes sociais, o que fazia com que eles ficassem mais bonitos do que naturalmente já eram, arrancando suspiros das garotas também trajadas de acordo com a ocasião.

 - Garanto a você que não, pois nunca deixei minha garota nas mãos de outra pessoa! – Dean deu uma leve batida no capô do carro, reparando no grande pingente que o moreno levava em seu peito.

Lembrou que seu pai tinha um igualzinho quando ele e seu irmão eram crianças...

 - Vamos, rapazes! Não podemos perder tempo! Sam e Jo chegam a qualquer instante! – Rê e Flanny puxavam os rapazes para dentro da capela.

Era um lugar bem sombrio mesmo... Devido ao abandono, estava coberta de poeira e folhas secas que entravam pelos vitrais antigos quebrados.

O corredor principal ainda estava com o tapete vermelho, porém rasgado provavelmente por ratos e insetos procurando alimento. E os batentes das portas foram comidos por cupins.

 - Bem, acho que o cerimonial não teve tempo de arrumar as coisas por aqui – Dean ajeitava discretamente sua arma de sal debaixo da jaqueta.

 - Vamos dar uma olhada por aí pra ver se descobrimos alguma coisa – Icarus olhava em volta andando com cuidado, tentando encontrar qualquer pista sobre o que prendia o espírito naquela construção antiga.

As mulheres foram pra perto do que restou do altar, olhando cuidadosamente também.

 - Ai amiga, coitada, né... Ser obrigada a casar com quem a gente não quer ou nem mesmo conhece... – Flanny comentava, olhando em volta das pilastras do púlpito.

 - Pior que já entramos no século vinte e um e ainda acontece este tipo de coisa... Me poupe! – Rê respondia, vasculhando com os olhos o lado oposto.

Logo ouviram o barulho do motor do Landau, e se posicionaram rapidamente nos fundos da capela.

Sam entrou placidamente, vestido de padre, com o cabelo partido de lado, carregado de gel. Dean se segurou para não rir da cara do irmão.

Trazia um som portátil nas mãos, que rapidamente ligou. Logo todos ouviram as primeiras notas de “I Don't Want To Miss A Thing”, do Aerosmith.

 - Pra noiva entrar, ué... – Sam fez sua cara mais inocente...

Em seguida entrou Jo, trajando um discreto porém lindo vestido na cor pérola, os cabelos adornados por pequenas flores a combinar com o visual.

A luz da lua cheia invadia o local através das vidraças quebradas e dava o toque final ao cenário inusitado para o casamento.

Mesmo sabendo que era tudo uma armação, Icarus estava feliz à beça. Reencontrara velhas amigas, fizera novos amigos, e agora quem sabe não tinha encontrado uma companheira?

Durante toda sua vida sentiu-se sozinho, como naquela noite em que estava na varanda da casa de seus avós. E agora acreditava que tudo podia ser diferente...

Jo chegou até o altar e Icarus estendeu a mão para ela, que a segurou delicadamente.

Ela trazia brilho no olhar, e quem não soubesse que era armação diria que ela estava radiante no dia mais feliz de sua vida...

 - Você está linda... – Icarus sussurrou no ouvido da loira, que deu um discreto sorriso, sendo observada pelos demais presentes.

 - Você também está bem convincente... – Jo à sua maneira retribuiu o elogio.

 - Aham... – Sam limpava a garganta pronto para iniciar a cerimônia.

Todos estavam armados, munidos com balas de sal. Estavam preparados para quando a Noiva aparecesse. Sam iniciou o rito matrimonial, todos atentos às palavras que ele dizia, e atentos ao redor, pois a qualquer momento a Noiva Suicida apareceria.

 - ... Portanto se alguém se opõe a este casamento, que fale agora ou se cale para sempre... – Sam disse a célebre frase, e no mesmo instante um vento soprou forte vindo da direção da sacristia, que ficava atrás do altar.

 - Ali está! – Flanny apontou para a porta da sacristia que ficava do lado direito do altar, e todos conseguiram ver a Noiva.

Um espectro flutuante em forma de mulher, era pálido como a claridade da lua, seu traje era vermelho por causa de seu sangue derramado, e tinha os pulsos cortados conforme a lenda que as pessoas contavam.

Rapidamente todos se espalharam e sacaram suas armas, atirando de forma certeira contra o espírito.

 - Cara, ela é rápida! – Dean corria na direção da Noiva, só que ela se movia muito rápido, reaparecendo em seguida em outro ponto da capela, mas sempre encarando Jo que permanecera no altar, também atirando contra a criatura.

Icarus estava na porta da capela, quando percebeu que Jo não estava bem. De longe ele viu nas mãos dela um tom avermelhado, por conta do sangue que começava a escorrer de seus pulsos.

 - Não!! – Icarus corria em direção a Jo, ainda atirando contra o espírito que não parava de se mover.

A esta altura a munição de Rê e Flanny havia acabado, e elas corriam na direção da saída para pegar mais no carro, quando Sam gritou sem parar de atirar contra o espectro.

 - Não garotas, procurem o que está prendendo o espírito aqui! Olhem na sacristia! – Sam corria junto com Dean, na tentativa de cercar aquele espírito, mas ela era muito rápida, e era como se as balas de sal não a afetassem.

 - Não vou perdê-la como eu perdi minha mãe! – Icarus gritava para a criatura, a arma cuspindo sua munição em uma mão, e na outra segurava Jo, que lutava para não enfraquecer.

 - Depressa, garotas! – Dean carregava sua arma, sem parar de correr.

Rê e Flanny adentraram a sacristia que antigamente era uma pequena ante-sala onde se guardavam os pertences religiosos. Devido ao abandono, tudo o que era de madeira estava aos pedaços por conta dos cupins, além da poeira que cobria toda a superfície dos móveis.

Vasculhavam o local, mas sem saber o que procurar.

 - Vejamos... O que poderia prender o espírito de uma noiva aqui? – Rê perguntava para si e para a amiga, que também olhava atentamente todos os cantos da pequena sala.

 - Humm... Aliança, vestido, sapatos, coroa, buquê... – Flanny pensava em voz alta.

Rê virou-se para a amiga, com uma cara de quem tinha descoberto a América.

- É isso! O buquê! Foi isso que esquecemos de arrumar pra Jo na correria! Vamos procurar, o buquê desta noiva deve estar aqui em algum lugar! – Rê corria os olhos em todo o canto, até que avistou um velho baú de couro gasto pelo tempo no outro lado da sala.

As duas deram um jeito de abrir o baú, e finalmente encontraram o artefato, intacto. Mesmo após dez anos, as flores vermelhas ainda estavam frescas, amarradas por uma elegante fita de cetim branca, ainda manchada de sangue.

 - Sinistro!... – Rê olhava para a peça em suas mãos, enquanto Flanny procurava um isqueiro ou algo do gênero para queimar aquilo que prendia o espírito ali.

Enquanto isso na capela, Jo quase se rendia à fraqueza nos braços de Icarus.

 - Andem logo, meninas!! – Gritava o moreno, amparando a noiva ainda viva...

Rê e Flanny após um rápido rito atearam fogo no buquê, e no mesmo instante o espírito da Noiva Suicida se dissipou no ar, deixando um forte perfume de rosas.

Os cortes nos pulsos de Jo desapareceram e parou de sangrar no ato. Fora a pequena poça de sangue no chão, ninguém diria que ela esteve perto da morte...

***


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