Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 18
O buraco é mais embaixo.


Notas iniciais do capítulo

BUH!
NÃO DESISTI DA FIC! MUAHAHAHAHAHA
E NEM VOU DESISTIR, MUAHAHAHA
KKK



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Eu estava chocada, sério. Será que minha vida até agora foi uma farsa? O que mais eu tinha para descobrir? Me arrastei até o sofá de couro escuro e me joguei ali, abaixando a cabeça entre as pernas, estava difícil respirar. Inspirei o ar lentamente, soltei-o depois de alguns segundos. Meus olhos ardiam, mas não iria chorar. Não aqui e agora, talvez quando estivesse sozinha em meu quarto. Não havia percebido que Patch sentara ao meu lado até que senti suas mãos macias e quentes segurando-me pelos ombros, me puxando para cima até que meu tronco ficasse ereto. Fechei meus olhos com força, não queria fitá-lo e nem ninguém naquela sala. Ainda estava em um estado não explicável de estorpor.

Nem mesmo minha melhor amiga estava a salvo dessa história. Meu pai me deixara um baita abacaxi para descascar e eu nem sabia por onde começar. Respirei profundamente, tomada de repente por uma vontade louca de acabar com isso, de deixar minha vida mais ou menos como era antes. Ou talvez, o máximo que fosse possível.

Todos estavam quietos, o único som provinha do telhado sendo chicoteado pela a tempestado que caía do lado de fora do casarão branco. Provavelmente estavam com pena de mim. Odiava que sentissem pena de mim.

Vee foi a primeira a romper o silêncio.

–Vou proteger você, baby- murmurou Vee com a voz convicta. Ela não sabia no que estava se metendo. Nem mesmo eu sabia!

Balancei a cabeça em negação, mas não sabia o que dizer. O que diria, afinal?

Patch me apertou mais contra si e percebi Vee estreitando os olhos. Voltei minha atenção para Bonnie que estava próxima à janela, fitando-a silenciosamento com os braços cruzados, aparentemente entrertida, mas sabia que estava atenta. Queria que ela desse alguma solução. Como não falou nada, a chamei.

–Bonnie, como posso acabar com isso?- Perguntei, minha voz soando meio estrangulada. Que ótimo.

Ela apertou mais o braços contra o peito, uma sombra pairava diante dos seus olhos e eu senti que a história de terror estava apenas começando.

–Primeiramente preciso fazer um feitiço para que Damon e Elena não voltem mais, sua casa está desprotegida, Nora.

Fiz um breve gesto de confirmação com a cabeça.

–E depois?- Eu quis saber.

Mais silêncio.

–E depois?!- Gritei, incapaz de me controlar, meus ombros desciam e subiam rapidamente e eu sabia que começaria a chorar em fração de segundos.

Não demorou nada depois disso para as lágrimas começarem a escorrer pela a lateral do meu rosto.

Passei as mãos pela a face, tentando seca-las de um jeito exasperado.

–Relaxa, baby- disse Vee, me olhando com os olhos muito abertos.

Me levantei do sofá num rompante, me desvincilhando de Patch com um pouco de violência.

–Relaxar? É sério, Vee? O que você sabe desse mundo? Não estamos num filme do Crepúsculo não! São vidas reais que estão em jogo!- Eu estava gritando de novo. Estava me humilhando, perdendo o controle. Mas que se dane.

Vee endureceu o rosto.

–Sou forte agora.

–Cale a boca, você não sabe do que está falando.- Resmunguei, cruzando os braços e fungando violentamente.

–E você sabe?- Ela me desafiou, olhando dentro dos meus olhos.

Dei de ombros.

–Sei o principal.

–Que é o que?- quis saber.

–A vida das pessoas que eu amo está em perigo.

Ela hesitou por um instante, depois a compreensão apareceu em seus olhos.

Vee caminhou em minha direção e me abraçou muito forte, muito forte. Por um segundo consegui forçar a minha mente de que tudo estava bem. Ela deslizou os dedos pelos os meus cabelos, mas o seu indicador acabou ficando preso em um cacho e teve que fazer um certo esforço para desmancha-lo.

Ela suspirou.

–Seu cabelo parece que foi criado pelo o capeta.- Resmungou ela.

–Idiota- respondi, me sentindo estranhamente agradecida pelo o seu comentário.

–Vou enfeitiçar a casa e preciso de toda a ajuda possível. Scott, Vee...Patch- falou Bonnie, aproximando-se mais de nós. Patch que estava com a mão na minha coxa desde que me levantara e assentiu. Havia uma convicção em seu olhar.

–Você sabe muito sobre a minha vida- murmurei para ela.

–Sei o suficiente para mantê-la em segurança.

Minutos depois Vee e Bonnie já se encontravam dentro do Chevrolet 1998 de Bonnie. Patch e eu estavámos na varanda da casa. Seus olhos negros pareciam que conseguiam derreter todo o gelo que estava no meu estômago e coração.

–Você é muito importante pra mim- sussurrou ele, soprando seu hálito quente no meu pescoço.

Me agarrei nele, mal me importando que tivesse gente nos observando. Queria que nossos corpos ficassem o máximo possível conectados.

–Promete pra mim que tudo vai ficar bem- eu pedi, as inuteis lágrimas já querendo transbordar novamente dos meus dutos lacrimais. Patch me empurrou delicadamente até que ficassemos próximos, mas de frente um para o outro. Olhei para o lado, para a copa das árvores que balançavam insistentemente no outro extremo do campo.

–Olhe pra mim, Nora- ele exigiu.

Não olhei, então ele puxou meu rosto para o dele. Sua mandíbula estava trincada e seus olhos mais escuros que o habitual.

–Tudo vai acabar bem, vou lutar pela a minha vida.- Ele aproximou seu rosto ainda mais do meu, até ficar apenas uma nesga de ar entre nós.- Minha vida é você, por você vale lutar.

Eu sorri. Não sabia que ainda era capaz de sorrir, mas sei lá...meus músculos do rosto fizeram um esforço e eu sorri.

Ele realmente gosta de mim.

–Isso é tão gay- eu falei.

Patch riu.

–Mas você gosta.

–Amo.

Já fazia mais ou menos uma hora que eu estava sozinha no casarão. A chuva cessara e agora o vento castigava a madeira antiga, fazendo-a ranger de minuto em minuto, causando-me arrepios. Bonnie já tinha recitado o feitiço, a casa toda estava com sal espalhado nas entradas e ela me confirmou que isso seria o suficiente para impedir que Damon e Elena entrassem. Bom, pelo menos eu estava segura referente a seres sobrenaturais.

Mamãe ligara logo após eles sairem e disse que ficaria mais um tempo fora, que houve um problema com a empresa de Hugo e eles teriam que viajar as pressas mas que amanhã voltariam. Eu fiquei grata por isso.

Estava olhando para o azulejo de fundo branco e pequenos pontinhos azuis escuro do banheiro. A água quente escorria pelas minhas costas, mas os espasmos de frio continuavam a balançar o meu corpo. Fechei o registro e peguei a toalha de mamãe, já que havia esquecido de pegar a minha. Vesti uma camisa de manga longa azul marinho e calça jeans. Já estava escuro lá fora, mas não me sentia à vontade o suficiente para vestir o pijama. Me olhei no espelho, meu cabelo estava bastante frizzado e eu não estava disposta a seca-lo com o secador agora. Suspirei e enrolei a tolha na cabeça.

Me sentei na ponta da cama, fitando a tinta da parede que estava começando a descascar. Não tinha nada para lavar, nada para secar, nada para limpar. Já gastara bastante água num banho de quase 30 minutos. Não tinha mais como fugir. Teria pensar sobre o fato de que minha melhor amiga era uma nefilim, que meu namorado era um anjo caído, que havia uma bruxa de verdade por aqui e que meu pai também era sobrenatural. Ao menos, mamãe e eu erámos normais. Ao menos mamãe estava parcialmente protegida desse mundo de contos de fadas ao avesso e faria de tudo para mantê-la assim. Mas eu...eu estava envolvida até o último fio de cabelo e nem sequer havia pedido ou merecido isso. Papai escolhera por mim e por um segundo senti raiva dele. Mas seria injusto, não? Como saberia seus motivos se ele mesmo não me contou?

Pensei sobre Vee, Patch, Scott e até mesmo Bonnie. Era, também, injusto que eles arriscassem suas vidas por mim. Ao mesmo tempo era injusto que meu pai tivesse colocado essa responsalidade em cima de mim. Estávamos todos envoltos em uma densa e enorme injustiça.

Fui retirada dos meus pensamentos quando meu telefone tocou. Atendi no quarto toque. Era um número privado.

Meu coração acelerou um pouco.

–Alô?- eu disse.

–Nora? É a mamãe.

Não havia reparada que estava prendendo o ar até que senti um alívio por voltar a respirar.

–Tá tudo bem? Sua voz ta um pouco estranha.

–Me resfriei...esse tempo! Hugo ficou para resolver tudo na empresa e eu quis vir para ficar com você, filha.

–Obrigada, mãe. To precisando- falei, sentindo que assim que a visse uma aura de normalidade pairaria sobre mim.

–Tô aqui na frente da porta, a chave reserva não está aqui e a minha deixei com o Hugo- ela falou. Podia ouvir o uivo do vento do outro lado da linha.

–Tô indo aí.

Desliguei.

Me levantei correndo e desci as escadas de dois em dois degraus. Girei a maçaneta da porta mas não havia ninguém na varanda.

–Mamãe?- Chamei, abraçando-me quando uma rajada de ar gélido soprou meus cabelos para trás. Minha nuca estava arrepiada.- Mãe?

Meu coração parecia que queria sair pela a boca. O desespero começava a despostar de cada poro meu.

–Mãe!

Sem pensar, saí para fora. No mesmo instante senti que alguém muito forte prendia meu corpo por trás. Tentei me libertar, mas parecia que estava sendo segurada por aço.

Demorei um pouco para assimilar o que estava acontecendo. Não conseguia gritar, nem me mexer. Um efeito retardado do pavor, eu acho. Ou meu insconsciente dizendo que era melhor assim, poupar energia, já que estava sozinha aqui e não adiantaria fazer estardalhaço.

Sozinha.

Elena apareceu com botas de salto alto marrons, calça jeans escuras e uma blusa justa de cor preta. Seu sorriso de lábios vermelhos fez todos os meus pelos se eriçarem.

–Sua mãe tem a voz comum.- Ela disse assim que se aproximou o suficiente.

–Elena é boa em imitações- murmurou Damon próximo a minha orelha. Era ele quem me segurava, óbvio.

Eu não sabia como descrever tudo o que eu sentia agora, mas o medo era predominante e o alívio por mamãe não estar realmente ali se misturavam.


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