Todos se assustaram com o estridente grito e entraram na caverna para saberem o que tinha acontecido.

Ayame estava deitada suando muito, e gritava de dor com as mãos na barriga, e o lugar por onde o veneno entrou, uma ferida no braço esquerdo que estava ficando preta.

– Deixem-me vê-la - Iza pediu.

Ela chegou perto da loba, e pediu que a segurassem para poder examina-la melhor, depois abaixou a cabeça de lado para poder escutar o coração dela e viu que estava disparado, colocou as mãos e a orelha na barriga dela e sentiu que o bebê também estava agitado. Não poderia fazer uma medicação a base de ervas sem antes saber o que foi usado para fazer o veneno, então achou melhor usar seus poderes de cura para ajudar a loba. Então posicionou as mãos perto do ferimento, fechou os olhos e começou a rezar, e em poucos segundos uma luz rosa saiu de suas mãos e os lobos que estavam ao redor se impressionaram com o poder.

Poucos minutos depois Iza abriu os olhos e colocou a mão na testa de Ayame e poder ver que a febre tinha baixado, depois ouviu o coração e o bebê e viu que ambos estavam bem.

– Não se preocupem, eles estão bem agora - ela falou.

Todos se tranquilizaram, Kouga já estava suando frio. Ayame estava grávida, o bebê poderia nascer a qualquer momento, temia pela vida dos dois.

– Já sabe o que a envenenou? - Kouga perguntou se pondo ao lado da esposa.

– Ainda não posso dizer, vários venenos podem fazer com que ela fique com febre - Iza falou olhando Ayame mais uma vez.

– Iza o que é aquele líquido saindo do ferimento? - perguntou Yue.

Iza direcionou seus olhos ao ferimento, este já não estava mais preto, estava bem melhor, mas da ferida saía um líquido incolor, então ela pediu para a irmã achar algum pano para poder pegar o líquido, assim que ela conseguiu pegar o líquido Kouga sentiu o cheiro e gelou.

– Eu conheço esse cheiro - ele falou - é veneno de lobo.

– Achei que esse veneno estava extinto - falou Seishirou.

– O que é esse veneno? - Raiko perguntou.

– Antigamente quando as tribos dos lobos ainda estavam se formando, tinham disputas por território e alimento, então faziam esse veneno que misturava algumas ervas, essa mistura é venenosa para nós - Kouga respondeu - também achei que não tinha mais esse veneno, pois a muito tempo as ervas que se faziam esse veneno acabaram e até onde sabemos elas só cresciam aqui em nossas terras. Eu só sei que é esse veneno pois meu pai há muitos anos quando eu era criança ainda tinham algumas pequenas disputas e o veneno ainda existia, foi esse veneno que matou meu pai.

– E tem alguma cura? - Iza perguntou.

– Sim, mas eu não sei as ervas, mas se eu vê-las eu posso reconhecê-las - ele respondeu pensativo.

– Muito bem, então vamos fazer isso: eu fico aqui com a Ayame caso ela tenha outra crise, e Kouga e Yue saem para procurar as tais ervas, enquanto isso Ryouji, Miya e os meu primos vão fazer uma varredura para ver se acham algum inimigo - Iza sugeriu.

Todos concordaram, e saíram para fazerem o que Iza tinha pedido. Ela pediu a Ginta e Hagaku para procurarem alguma comida. Assim que eles saíram, ela ficou cuidando de Ayame, fez um curativo no ferimento e colocou um pano molhado na testa dela.

– Izayoi peço desculpas pelo meu modo grosseiro - Seishirou falou baixinho e envergonhado.

– Não tem problema, não aconteceu nada e sinto muito pelo chute da minha irmã, ela é protetora até demais - ela falou sorrindo.

– Mais uma vez sinto muito, e obrigado por nos ajudar - ele falou - e a sua irmã chuta forte, está doendo ainda.

– Minha irmã é uma lutadora excelente, tanto nosso pai quanto nosso tio ensinaram ela a se defender quando no corpo a corpo quanto na espada, ou melhor dizendo acho que não existe arma que ela não vá saber usar - Iza falou sorrindo, pegando um pano o molhando com água que estava fresca, para colocar na bochecha que tinha sido chutada - a água não está gelada, mas pelo menos está fresca, vai diminuir a dor e o inchaço.

– Obrigado - o lobo agradeceu pressionando o pano na bochecha - por acaso vocês viram meu irmão no caminho?

– Hmmm, sinto muito mas pelo menos eu não o vi - a menina respondeu - por que pergunta?

– Ele saiu para ver se recolhia alguma informação, ele falou que voltaria em dois dias, mas já fazem quatro dias que ele saiu - o jovem lobo respondeu preocupado.

– Não se preocupe, depois que todos chegarem e descansarem um pouco vou pedir que procurem o seu irmão - ela falou.

Passado algum tempo, Hagaku e Ginta voltaram com alguns peixes, um javali, e algumas verduras e legumes e Iza pode fazer muita sopa, pois tinham muitos lobos que estavam com fome e vários deles estavam machucados.

Ela com a ajuda dos dois servos fieis de Kouga, alimentou os lobos que precisavam e fez curativos em todos, estes a agradeciam imensamente, alguns agradeciam verbalmente, outros mais fracos apenas assentiam ou sorriam.

Nesse tempo Ryouji, Miya, Raiko e Ryuho voltaram e por sorte trouxeram mais ervas medicinais e comida, a jovem Miko pediu para que Miya fizesse a comida enquanto ela terminava de fazer um curativo. Logo depois Kouga e Yue chegaram com as ervas, e Iza assim que terminou o último curativo pegou as ervas que começou a fazer a poção para o veneno e falou para os outros descansarem e comerem enquanto ela fazia o antídoto.

Demorou um pouco mas Iza conseguiu preparar a poção e deu para Ayame e ela pode ver que a loba tinha ficado melhor, estava mais corada então era questão de tempo para que acordasse por completo.

Depois disso foi falar com os outros e disso sobre Seishirou, Kouga ficou imensamente preocupado, tinha medo que o pior tivesse acontecido com ele e assim sendo todos iriam sair para procurar por Kouji.

O grupo estava em frete a caverna quando Yue sentiu cheiro de sangue e se virou para a direita que era a do cheiro e pode ver alguém vindo cambaleando e muito machucado, e pelas roupas viu que era um lobo.

– Ei Kouga quem é aquele? - Yue perguntou.

Todos se viraram e tanto Kouga quanto Seishirou gritaram e correram rapidamente para o lobo machucado que tinha acabado de desmaiar que na verdade era Kouji.

Iza correu o mais rápido que pode e viu que o lobo estava muito machucado, vários cortes e arranhões, o pobre jovem lobo estava tentando manter os olhos abertos, mas o cansaço ganhou e a última coisa que viu foram cristalinos olhos azuis.