Novamente Você escrita por Letícia Castanheiras


Capítulo 2
Capítulo 2




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– O que foi? Parece que viu um fantasma. – Disse ela provavelmente percebendo minha cara de espanto.
– Co... Como... Eu não entendo.
– Tá tudo bem. Sou eu, Teresa. Eu estou viva, pode me tocar pra ter certeza. – Ela disse já se aproximando mais. Mas Brenda barrou o seu caminho.
– Era pra você estar morta, eu vi quando aquele muro caiu em cima de você. Eu não estou acreditando nisso. – Brenda disse espantada e raivosa ao mesmo tempo.
– Era tudo o que você queria, não é? Que eu estivesse mesmo morta. Mas pra sua decepção eu não estou. Eu consegui me salvar, ou melhor, conseguiram me salvar. – Teresa disse abaixando o olhar, provavelmente lembrando naquele horrível dia. Eu não conseguia nem pensar o que ela deve ter passado ali antes de ser salva.
– Bem, como você disse, está salva, mas agora me diga o que veio fazer aqui, você e essa corja toda do CRUEL que está com você. Eu sempre soube que em todo o momento estava do lado deles. – Minho chegou perto dela quase que encostando em seu rosto e Teresa imediatamente se afastou e colocou a mascara de volta.
– O que foi? Não me diga que eles mexeram na sua cabeça de novo e você está achando que estamos infectados com o Fulgor? E o que aconteceu, não é imune mais? – Minho para provocar, a segurou pelo braço, ela tentou se soltar mas ele puxou mais forte ainda. Estava me aproximando para soltá-la, tentar protegê-la, mas alguém tomou a frente.
– Solte-a ou eu atiro na sua cabeça.
Só agora eu percebi que fora aqueles dois homens robustos e Teresa, havia mais alguém. Ele era do meu tamanho, talvez um pouco mais alto, corpo de quem malhava, olhos claros, quase do mesmo tom dos de Teresa, sua cabeça estava raspada, mas tava pra notar que era loiro, uma pele bem cuidada como se não precisasse enfrentar o sol torturante que enfrentamos, devia ter uns cinco anos a mais do que eu. Ele encarava Minho com ódio nos olhos, apontando uma arma pra ele, a certa distancia.
– Abaixe essa arma Andrew, Minho está apenas assustado com tudo isso, e eu não tiro a razão dele. - Teresa parecia estar com medo da reação desse tal Andrew.
Cheguei perto do meu amigo e puxei seu braço, ele soltou Teresa e fiz com que fosse pra trás de mim. Agora estava frente a frente com ela, e um turbilhão de coisas passou em minha cabeça. Queria fazer tantas perguntas, e ao mesmo tempo expressar o quão feliz eu estava em vê-la viva. Queria pedir desculpas, dizer o quão idiota eu fui, queria poder abraça-la. Mas eu não conseguia, meu corpo não me obedecia, eu estava em transe. Provavelmente Teresa percebeu meu desconforto e tomou a iniciativa.
– Sei que vocês estão todos confusos, assustados, sem entender nada, mas prometo que explicaremos tudo. – Ela disse se dirigindo para todos que estavam ali e depois focou seu olhar em mim. – Eu preciso conversar com os líderes desse lugar e tenho certeza que você é um deles, não é. – Ela disse me dando um meio sorriso.
– Sim, ele é, mas sou eu quem decide as coisas aqui. Vocês não são bem vindos, caiam fora. – Minho disse tentando se aproximar dela de novo.
– Teresa, minha querida, eu te disse que não valeria a pena vir aqui. Vamos embora. – O tal Andrew disse já puxando Teresa com delicadeza pelos braços.
– Por favor, Andrew, apesar de tudo eles são meus amigos, eu não posso simplesmente ignorar.
– Eu te dou cinco minutos para convencê-los e se não der certo nós partimos imediatamente. – Ele não esperou uma resposta dela, apenas deu as costas e subiu de novo para dentro do Berg.
– Thomas, por favor, vocês precisam nos escutar, nos dar uma chance para explicar o que está acontecendo, eu estou aqui pra ajudar. – Vi desespero no seu olhar.
– Eu acho que sei o que ela quer. – Brenda se aproximou de novo com um sorriso sarcástico no rosto. – Essa ai, de alguma forma sobreviveu, deve ter encontrado esses outros três que também faziam parte da CRUEL, eles ficaram sem lar porque ela foi destruída, agora estão aqui pedindo abrigo. Mas esquece ‘querida’, aqui vocês não ficam.
Se fosse realmente isso eu moveria céus e terra, mas não iria permitir que ninguém expulsasse Teresa daqui. Eu não iria abandoná-la mais uma vez.
– Eu não quero e nem posso ficar aqui, e nem vocês.
– Qual é a mais nova mentira que Teresa Agnes vai nos contar agora? – Minho perguntou nervoso.
– Que se não saírem daqui, vocês vão todos morrer.
A confusão se formou depois daquelas palavras. As pessoas do nosso grupo começaram a se agitar, umas querendo correr dali, outras fazendo perguntas para si mesmas. Minho me olhava sem reação, Brenda já estava a ponto de voar no pescoço de Teresa, eu tive que segura-lá.
– Sai daqui, sua traidora desgraçada, você só veio aqui pra trazer confusão. Entre dessa droga de Berg e vá embora pra nunca mais voltar. – Ela estava descontrolada.
– Se eu entrar naquele Berg não vou poder voltar, nem qualquer outra pessoa que possa salvar vocês. Deem-me uma chance de explicar o que esta acontecendo e se não acreditarem em mim, eu vou embora.
Pedi pra Gally segurar Brenda e fui até Minho, Aris estava do seu lado.
– De uma chance a ela cara, acho que eu sou um dos que mais conhecem realmente a Teresa aqui, e eu tenho certeza de que ela não está nos enganando.
Aris estava quase suplicando a Minho e suas palavras mexeram comigo. Ele a conhecia melhor do que eu. Ele sempre esteve do seu lado, acreditando nela, já eu...
– Minho, agora sou eu, seu melhor amigo que está te pedindo, a deixa falar, explicar o que está acontecendo, por favor. Eu vou enlouquecer se isso não acontecer. – Cheguei perto de seu ouvido – Eu não posso ficar na duvida sobre ela, não de novo.
– Você tem uma hora pra se explicar e depois te expulsamos daqui. - Ele olhou para mim – Daqui a quinze minutos leve eles pra nossa ‘sala de reuniões’ – E saiu dali.
Quando movimentei meu corpo para ir até ela, Teresa já estava na minha frente.
– Eu sabia que poderia contar com você, Tom. Obrigada. Não vou te decepcionar de novo – E sem eu menos esperar ela me abraçou e meu corpo inteiro se paralisou, de repente ela começou a sussurrar no meu ouvido – Não deixe que eles percebam que Vanessa está grávida, tente esconde-la o mais rápido possível. – E ela se soltou de mim.
E assim ela entrou no Berg, provavelmente para chamar aquele tal de Andrew, enquanto isso mesmo ainda em choque pelo abraço inesperado eu tinha que dar um jeito de tirar Vanessa dali sem ser percebida.
– Brenda, querida se acalme. – Disse me aproximando dela que ainda estava sendo segurada por Gally agora mais nervosa do que nunca.
– Como você ousa ficar de namorico com ela na minha frente? Thomas, ela te abraçou nem dando importância de que eu estava vendo tudo. Essa...
– Já chega Brenda, você está imaginando coisas. Teresa só está tentando ajudar. – Pedi pra Gally soltá-la e fiz com que encostasse sua cabeça em meu ombro. – Tire Vanessa daqui sem ser percebida e tente esconder a barriga dela.
– O que? – Ela levantou o rosto com meu pedido.
Notei que os dois guardas estavam tentando prestar atenção em nossa conversa.
– Apenas faça isso, ok? Depois eu te explico.
Por sorte Brenda não questionou mais, se misturou com os outros do grupo que estavam ali e quando se encontrou com Vanessa, se agarrou ao ombro dela cobrindo a visão do corpo dela com o seu, depois começou a chorar pedindo para a amiga a tirar dali, mas em nenhum momento se soltando dela, e ambas foram para fora visão. Tinha que assumir, Brenda interpretava muito bem.
– Podemos ir? – Teresa estava do meu lado com o tal de Andrew junto.
– Claro, vamos lá.
Chegamos a ‘sala de reuniões’, era um chalé que ficava afastado do resto dos alojamentos. Lá já estavam Minho, Aris, Gally, Jorge e mais quatro pessoas que faziam parte das tomadas de decisões da comunidade. Brenda chegou logo atrás de nós.
Fizemos assim como era na clareira, o conselho formava um circulo e os ‘réus’ ficavam no meio.
– Bem, não quero demorar, tenho muita coisa importante pra fazer hoje ainda, então falem logo o que tem pra dizer. – Minho tinha uma expressão de desdém.
– Vou tentar ser o mais objetiva possível. – Teresa se acomodou na cadeira – A maior parte do mundo se acabou de vez, como vocês já devem ter previsto.
– Eu disse, eu disse que ela está aqui pra pedir abrigo, mas pode esquecer – Brenda se levantava da cadeira a meu lado.
– Cala boca, Brenda, a deixe falar – Disse a puxando pra se sentar novamente.
– Vocês não são exclusivos, quão ignorantes vocês são em pensarem assim – Disse o tal Andrew, com ar de zombaria. – Acham mesmo que minha mãe seria tão idiota em deixar apenas um único grupo de sobreviventes. Acordem, vocês não são nada.
– O que estão tramando, falem logo seus dois mértilas antes que eu os mate com minhas próprias mãos. – Tivemos que levantar e segurar Minho, antes que ele levasse um tiro na cabeça.
– Andrew, você não está ajudando. Fique quieto e deixe que eu converse com eles. Se controle, eu sabia que não devia ter te trazido.
– Se eu não viesse, você também não poderia vir. Sabe muito bem disso Teresa. – Ela a olhava com raiva, já ele parecia que se divertia com o descontrole dela.
– Bem, se o casalzinho já terminou com a DR, será que podemos continuar. – Gally perguntou, e eu me incomodei com o que ele disse. – Você disse que sua mãe que nos trouxe pra cá?
De repente lembranças inundaram minha mente. Lembro-me da mulher me encarando assim que acordei, do mapa, do Transportal.
– Ava Paige? Você é filho de Ava Paige?
– Sim, sou Andrew Paige, filho da chanceler, um privilegiado imune ao Fulgor,um dos novos líderes da CRUEL e eu estou aqui para salvar ou matar vocês, tudo depende das circunstâncias.
Senti algo de ruim em seu olhar, eu não entendia como Teresa poderia se envolver com ele e novamente a angustia da dúvida sobre ela pairou em mim. Será que ela estava me enganando de novo?


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Notas finais do capítulo

Será que Teresa está mentindo de novo?
E o que eles realmente estão fazendo ali?
Tudo será explicado no próximo capítulo.



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