The Mafia escrita por Sverige


Capítulo 3
003 — Beginning




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— Chicago, Illinois, 15 de Maio de 2014. 06:34 AM.

A primeira coisa que minhas mãos encontram na cama é uma grande e proeminente quantidade de pelos macios. Percorro o corpo e encontro uma cabeça grande, que se vira e lambe minha mão antes de se deitar novamente. Moscou parecia cansado, como se tivesse passado o dia inteiro treinando na polícia e procurando criminosos, embora fizessem mais de três anos que aquele samoieda não chegava nem perto da porta de uma delegacia. Sorrio e me sinto aliviado; nenhuma mulher na cama. Pelo menos Albert não vai me chamar de “mulherengo” hoje e talvez ele me faça panquecas hoje. Faz tempo que não como panquecas.

Me levanto da cama no mesmo instante que Moscou, que late para mim enquanto me espreguiço. Ele se aproxima e eu o acaricio, murmurando um “bom dia” com uma voz cansada e completamente sonolenta. Vou para o banheiro ouvindo os passos de meu cachorro descendo da escada, e me lavo vagorosamente. Visto meu rotineiro terno Armani negro e arrumo meus cabelos para trás, logo depois passando um perfume qualquer — eram tantos no armário que eu admito que não ligo mais para qual usar — e calçando meus sapatos.

Desço da escada e dou de cara com um mordomo cozinhando panquecas enquanto cantarola uma música dos anos oitenta. Contratei Albert em 2002, então fazem doze anos que ele está comigo, e admito que ele é tão fiel à mim quanto qualquer outro membro do Sindicato; Albert preferiria morrer invés de me trair. Quando ele se aposentar, daqui há três anos, acredito que não haverá ninguém capaz de substituí-lo. Albert é um velhote único, uma joia no meio de carvões.

— Bom dia. — Digo de repente, mas sei que ele já sabia que eu estava de pé. Afinal, ele me conhecia melhor do que ninguém. Talvez melhor do que eu mesmo.

— Acordou cedo, patrão. Pensei que você tivesse passado a noite numa das boates do Sr. Turturro. — Ele não se vira para falar e olhar nos meus olhos, assim percebo que ele deve estar decepcionado comigo. De novo.

— Não trouxe nenhuma mulher hoje.

— Oh. Então o seu relacionamento com a Srta. Cazzola é tão sério ao ponto do senhor largar as prostitutas e strippers? — Ele não estava sendo irônico; era uma pergunta verdadeira.

— Não- Quer dizer, é complicado. — E era. Embora minha relação com Diamond seja quase que puramente sexual, ela é o mais próximo que eu já tive de “esposa” na vida e aquilo não era algo de se ignorar, mas... Não sei, não sei. — O que importa é que eu não fiz nada, certo? E por que você está fazendo panquecas?

Albert suspira.

— Patrão, que horas o senhor chegou ontem à noite?

— Meia-noite, por quê?

Outro suspiro. Sinto que devo me preocupar.

— Creio que não é minha obrigação informá-lo sobre assuntos relacionados ao trabalho do senhor — Outra coisa sobre Albert: ele nunca chama a organização de Sindicato de Chicago ou Sindicato ou até mesmo de Máfia. — O Sr. Turturro me pediu para dizer ao senhor que ele deseja encontrá-lo no Museu de Arte Contemporânea de Chicago. Imediatamente.

Não termino meu café da manhã. Na verdade, quase deixo o prato cair e se espatifar no chão. Lembro-me de correr igual um louco até meu carro e quase tropeçar em Moscou, e também me lembro de ter quase atropelado um adolescente no caminho para o MACC. O tom de voz de Albert havia me dito tudo; algo muito ruim havia acontecido com alguém. Algo ruim o suficiente para que ele fizesse panquecas, já que Albert só as fazia para me animar durante funerais. Merda, eu deveria ter notado. Bato no volante do carro várias vezes ao me ver no meio de um engarrafamento insuportável, apenas a quatro quilômetros do Museu. Posso ir correndo, mas chegar completamente suado seria deselegante e ainda havia a chance de que nada houvesse acontecido. Eu me agarrava nessa chance. Meu telefone toca e eu o atendo com o sistema do carro, ouvindo a voz de Alex soar como a de um leão rugindo.

— Chefe. — Ele diz, enquanto diminuo o volume. Alex está sério, sério até demais. — O mordomo já te disse para vir no MACC? É impor-

— Eu sei que é importante. Já estou chegando.

— Chefe, não podemos perder tempo. Daphne e os outros já estão aqui. Aconteceu uma coisa. — Suspiro, dando-lhe uma chance de falar logo tudo de uma vez. — Protocolo 26.

Paro o carro na hora.

Protocolo 26 significa “tentativa de atentado contra o Consigliere”.

Mariana estava no hospital.

***

— Alamanni. — Nick ouve seu superior, Robert, o chamar. No momento em questão, o americano estava observando seu parceiro Jonas concertar seu computador e contar piadas estranhas sobre ingleses. O homem mais alto se vira e encara o afro-americano com o esboço de um sorriso no canto do rosto, colocando as mãos no bolso. Robert era um cara negro, um pouco mais baixo que Nick e acima do peso. Tinha olhos cor de ônix e cabelos raspados, além de um rosto que deixava óbvio que ele era uma das maiores autoridades do FBI. Tinha cinquenta e seis anos, com trinta de carreira e uma ficha célebre invejável, além de que era a pessoa que Jonas mais admirava. — Tenho um caso para você e para o Ruffalo. Coisa fácil. Uma violinista da Ópera de Chicago sofreu um atentado ontem à noite e uma das colegas dela desconfia que a garota tem alguma informação importante para eles. — Robert o entrega o arquivo sobre o caso para Nick, que o apanha e lê algumas páginas antes de entregar para Jonas.

— Mariana Lenorya Klaus... Minha ex-mulher gostava de ver as apresentações dela. — Jonas diz, jogando o arquivo em cima da mesa e colocando as mãos no bolso. — Enfim, algum progresso no caso do Sindicato? Talvez eles tenham feito isso contra a garota ou algo do gênero.

— Não, não... O Sindicato anda um pouco calado nesses últimos meses. Desde que a Interpol tomou as rédeas do caso, parece que eles agora só cometem pequenos furtos em lojas pequenas ou algo assim. Além disso, praticar algo desse jeito contra uma violinista não parece ser do perfil deles. Eles não tentariam matá-la; apenas iriam lá e a matavam. A família e os amigos só saberiam que ela está morta quando e se encontrassem o corpo. — Robert diz, coçando a lateral da cabeça. — Eu acredito que a Chicago Mob tem algo a ver com isso. Vocês sabem, isso faz o estilo deles.

— Sim. Nick, vamos falar com ela. Talvez tenha visto o rosto do atacante na cena do crime e possa nos dar a descrição dele.

— Foi numa avenida movimentada. É inusitado. Geralmente criminosos desse calibre preferem atacar num beco ou algo do gênero. É mais fácil do que num lugar onde há várias possíveis testemunhas, além de que eles se arriscaram demais atacando alguém relativamente famoso.

— E esses são o Lobo de Chicago e... Você, Ruffalo. — Robert ri, enquanto Nick dá um rápido sorriso. Jonas também ri, levando a piada na esportiva. Nick era chamado de Lobo de Chicago ter sido o policial mais competente que a cidade já teve, um verdadeiro herói. Quando se transferiu para o FBI, não foi uma surpresa em juntá-lo ao ex-delegado Jonas Fitzgerald Ruffalo. Ambos eram fuzileiros e se davam tão bem que a maioria dizia que eles eram irmãos de coração, mesmo com personalidades diferentes. Jonas era alegre e um verdadeiro amante da cerveja, enquanto Nick era frio e indiferente. Mas era isso que os faziam quase uma “dupla dinâmica”. — Enfim, vou deixá-los aqui. Preciso preparar o pessoal para escoltar a campanha política daquele figurão dos armamentos militares semana que vem. Qual era o nome dele mesmo...?

— Tony di Aquila. Já tomei umas loiras com ele uns anos atrás. O cara realmente é um bilionário. Vodca mais cara, terno mais caro, com um bom discurso... Além disso, ele pagou a minha cerveja. Voto nele sem pensar duas vezes. — Jonas diz, se apoiando na mesa do escritório com um sorriso no rosto.

— É, ele deve ser um bêbado legal como todos os seus outros amigos bêbados legais. — Nick diz, com sarcasmo. Os outros dois riram e depois Robert se despediu, indo em direção ao seu próprio escritório. Os dois agentes se entreolharam, conversando em silêncio e preparando uma maneira de resolver aquele caso o mais rápido possível.

Porém, eles não imaginavam que aquele caso seria mais difícil do que qualquer coisa que já enfrentaram antes. E não imaginavam que ali se iniciava os eventos que levariam fim da mais poderosa organização criminosa do mundo. Nick e Jonas não sabiam de nada.


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Notas finais do capítulo

Oi, oi, oi! Eu fiz um tumblr para a fic! Alguns personagens já estão lá. Aliás, eu coloquei já coloquei atores para alguns dos que não me mandaram o nome ou imagem, para que não seja incômodo para vocês. Caso não gostem, é só me dizer que eu mudo. É essa: http://honestlythemafia.tumblr.com
Beijos e até a próxima!