Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 6
Radical


Notas iniciais do capítulo

Como o capítulo anterior era bem curtinho este aqui vem no limite das palavras >.< (sei lá por que eu sou tão obcecada com isso).



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Acordei com o meu celular tocando. Deveria ser sete horas da manhã pela claridade, olhei no relógio digital da escrivaninha e percebi que eram oito horas. Tateei debaixo do meu travesseiro para achar meu celular e ao olhar para ele vi que o número era desconhecido e eu nunca atendo chamadas desconhecidas.

Como o toque estava me irritando, eu desliguei meu celular e o coloquei dentro da gaveta da escrivaninha. Minha mente demora a processar que eu já acordei então até uns dez minutos depois que acordo eu fico neste estado meio vegetativo. Depois de mais cinco minutos eu levanto e vou direto para a cozinha.

– Bom dia pai – falo bocejando.

– Bom dia Roxy – ele afasta o laptop sorrindo para mim.

Ele estava sentado na mesa da cozinha com uma caneca preta com café e um pratinho com melancia, ou o que sobrara dela. Seu laptop estava com o Word aberto então estava escrevendo. Meus pais escreviam desde quando tinha a minha idade então eu sempre achei que nunca os veria sem escrever por mais de uma semana. Escreviam de tudo, mas minha mãe tinha mais gosto para livros de autoajuda e meu pai por romances.

Todos curtiam seus livros e já tinham ganhado o suficiente para vivermos em uma mansão, mas meu pai sempre disse que este dinheiro deveria ser guardado para o futuro, afinal, estávamos felizes naquele apartamento e com o estilo de vida que levávamos.

Eu sempre achei isso sensato da parte do meu pai e eu concordava com ele. Nunca precisei de muito para viver e aquele apartamento era grande e nosso já. Para que mais? Minha mãe nunca pareceu discordar ou concordar, ela nunca tocou neste assunto comigo.

Eu me sentei ao lado dele.

– Já escovou os dentes?

Levantei novamente. Ele riu baixinho e eu revirei meus olhos. Fui para o banheiro e escovei os dentes voltando para a cozinha, desta vez pegando um pratinho e um pedaço de bolo de milho. Eu abri o gabinete debaixo da pia e vi que faltava alguma coisa.

– Não tem mais chá?

– Sua mãe bebeu o último ontem.

– Ah – eu estava um pouco irritada por dentro, mas não era como se eu fosse demonstrar isso. – Cadê ela?

– Foi no mercado comprar o chá, tesoura e mais algumas coisas. Ela saiu um pouco antes de você acordar, acho que ela queria voltar com o chá antes.

Eu sorri levemente e assenti fechando o gabinete. Peguei meu bolo, sentei-me a mesa e o comi a seco mesmo. Eu gosto muito de chá e minha mãe também, mas ao contrário dela que consegue tomar café para começar o dia eu apenas gosto de chá de manhã. Fazer o que? Também tenho as minhas frescuras.

– Roxy... – meu pai me chamou e pelo seu tom eu já sabia o que ele iria dizer. – O editor ligou e...

– Quanto tempo passarão fora? – abocanhei um pedaço grande do bolo. Ele sempre tinha aquele tom quando dizia que teriam que viajar.

– Um mês – ele suspirou. – Vai ser uma das viagens mais longas que faremos e nós pensamos que...

– Vou ficar ótima sozinha – eu sorri para tranquilizá-lo. Não queria menções a casa dela. – É só me deixarem o dinheiro que farei o mercado.

Ele me olhou nos olhos e eu sustentei o seu olhar tendo certeza de que nenhuma dúvida existia ali.

– Bem – ele suspirou. – Sem problemas então garotinha – ele levantou da cadeira e deu um beijo na minha testa. - Só não compre coisas congeladas ouviu bem? Sabemos que tem paixão por esses negócios horríveis.

– Eu não tenho paixão por eles! Só gosto de como são práticos – eu revirei os olhos e ele riu. Continuei a comer meu bolo enquanto ele continuava a escrever em silêncio. Poucos minutos depois minha mãe chega gritando. Eu me endireitei na cadeira e esperei pela entrada dela na cozinha.

– Bom dia! – ela entrou e me viu sentada. Meu pai apenas olhou por cima do computador para ela com um meio sorriso. – Ah, droga! Por que sempre acorda tão cedo Roxy? – ela suspirou e colocou as compras em cima da mesa e vendo o meu olhar ela sorriu e disse. – Sim, eu trouxe seu chá. Eu trouxe de frutas vermelhas, limão com mel e erva-cidreira... Para mim – ela disse quando eu torci o nariz para o último. Você quer um agora?

– Quero. Frutas vermelhas.

– Bom, já que chegou – ele pegou o computador e deu um beijo na minha mãe. – Irei para o escritório.

Meu pai saiu da cozinha e eu e minha mãe comemos mais pedaços de bolo com chá. Eu tenho algo com chá de erva-cidreira que não me deixa gostar dele, enquanto isso, minha mãe odeia chá de frutas vermelhas. É como se fossemos um ao contrário da outra neste sentido. Não que isso fosse de muita importância para nós.

Conversamos sobre coisas banais. Ela falou e eu ouvi como sempre, e pelo fim da manhã ela disse que estava na hora de cortarmos o meu cabelo.

Fomos para a sala e de lá eu escutava os dedos do meu pai teclando no escritório. A sala não tinha uma TV por que nunca precisamos de uma, fazíamos tudo pelo computador e era isso. Apesar de sermos próximos nunca tivemos uma dessas cenas clássicas de uma família reunida em frente a uma TV.

Eu sentei em uma cadeira que minha mãe pegou na cozinha e ela cobriu minhas costas com um pano velho.

– Mãe?

– Hum?

– Eu não tinha que estar com o cabelo molhado para isso?

Eu quase ri da pausa dela. Ela suspirou e concordou com a cabeça, eu me levantei com um meio sorriso para tomar banho. Aproveitei e já coloquei uma roupa velha. Voltei para a sala de banho tomado e cabelo encharcado encontrando minha mãe com fones de ouvido e quase dormindo no sofá.

Eu não sabia se dava mais um passo e me arriscava a acordá-la eu se eu ia para o meu quarto e arriscava a aguentar o olhar magoado dela por que não a acordei.

Não tive tempo para pensar por que ela piscou e me viu ali. Minha mãe sorriu e pediu para que eu sentasse na cadeira. Ela pegou a escova e a tesoura me perguntando se eu queria um cabelo bem curto ou mais ou menos curto. Como eu realmente não sabia simplesmente dei de ombros e disse para que ela me surpreendesse.

– Você tem certeza disso?! – meu pai gritou do escritório e minha mãe riu.

– Cale a boca! – ela retrucou. – Vou te deixar radical.

Eu admito que fiquei com medo daquela frase, mas já estava feito. Durou por volta de quarenta minutos puxando ali, puxando aqui, cabelo caindo em todo o tapete e eu começando a me desesperar por que ela não parava de cortar. Para o meu desespero, meu pai saiu do escritório provavelmente estranhando o silêncio e quando me viu seu queixo caiu.

– O que foi? – eu perguntei com a minha voz muito mais calma do que eu realmente estava.

– O que sua mãe fez com você? – ele sorriu abertamente e minha mãe riu.

Antes que eu pudesse levantar correndo da cadeira minha mãe passou a mão no meu cabelo para arrumá-lo e eu senti cabelo na minha testa. Ela não fez isso. Eu sai correndo para o banheiro e vi.

É. Não estava nada mal. Nada mal mesmo.

Eu via no reflexo no espelho minha cara embasbacada emoldurada por um cabelo cortado em camadas, no começo da minha nuca, reto com uma franja. Quando diabos ela me fez uma franja?! De qualquer maneira, eu não sabia como um corte de cabelo poderia mudar tanto a minha aparência.

– Mãe...

– Eu disse que te deixaria radical – ela riu e logo parou. – Não está brava por causa da franja, não é?

Eu passei a mão no meu cabelo e peguei o secador no cabinete debaixo da pia e dei para minha mãe a ignorando completamente. Ela e meu pai riram e voltamos para a sala de estar onde ela secou meu cabelo. Era depois do meio-dia quando ela terminou tudo e nós estávamos tirando foto do meu novo cabelo.

– Gostou? – ela passou a mão no meu cabelo e eu assenti com a cabeça. – Que bom.

Senti a mudança no tom de voz dela e virei a cabeça para olhá-la. Meu pai já estava de volta ao escritório e nós duas estávamos na sala com já tudo limpo.

– Mãe? – eu perguntei vendo o olhar cansado dela.

– Vamos viajar amanhã.

– Vou sentir falta.

Deu para claramente perceber a surpresa dela e eu me perguntei que raio de filha que eu sou e depois imaginei se meu pai teria a mesma reação se eu dissesse que sentiria sua falta. Ela suspirou e com um sorriso me abraçou.

– Vamos almoçar, sim? – ela perguntou e logo depois chamou meu pai.

Nós três almoçamos macarrão (é o que geralmente almoçamos, ninguém ali tem dotes culinários) e depois cada um se separou. Minha mãe foi para o quarto com o seu laptop, meu pai voltou para o escritório só que dessa vez dava para ouvi-lo fazer telefonemas e eu fui para meu quarto, peguei o meu laptop e joguei-me na cama.

Como não estava frio eu resolvi abrir a janela e então me conectei ao Skype torcendo por uma pessoa em especifico estar online.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Bom, eu fiquei na dúvida se descrevi bem como estava o cabelo de Roxy então peguei uma imagem para que consigam vizualizar melhor ^^ http://www.mulherebeleza.net/img/fotos/cabelo%20curto%20com%20franja%206.jpg

Anyway, pessoal, obrigada pelo feedback de vocês



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