Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 21
Nada


Notas iniciais do capítulo

Só queria agradecer a Princess Bae por ter comentado em todos os capítulo e também a todos que comentaram no capítulo anterior, vocês são uns amores



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/611839/chapter/21

Irei resumir a minha semana já que nada demais aconteceu no resto dela... Bem, até sexta.

Logo após todas as apresentações, nós passamos numa papelaria e eu comprei cadernos de desenho e lápis diferentes do 2B. Para falar a verdade, eu nem sabia a variedade de lápis de grafite preto que existia. Fui para a casa de Sara e ficamos lá resolvendo alguns assuntos sobre um ou dois trabalhos que já tinham sido passados.

Nicolas não estava lá ou estava trancado em seu quarto. De qualquer forma, não o vi e também não era como se eu esperasse vê-lo. Voltei para casa e foi tudo igual. Exceto pelo fato de que conversei mais com Nicolas sobre bandas. Passamos mais o menos o mesmo tempo de antes conversando e quando falei que fui na casa de Sara, ele disse que tinha saído com uns amigos.

Enfim, a aula de artes no dia seguinte foi tranquila e eu me senti tão melhor quando coloquei meus fones e comecei a rabiscar uma rosa no caderno que até perdi a noção do tempo e quando vi já era hora de ir embora.

Mostrei meu desenho para ela e a professora se mostrou até que surpresa e vi que Nuno observava de longe, mas não falei nada. Na aula de sexta, ela começou a dizer que faríamos um trabalho em conjunto com o teatro e que participaríamos da confecção do cenário.

Acho que fiquei visivelmente animada e uma das garotas me deu uma cotovelada de leve com um sorrisinho. Eu não consegui evitar e sorri de volta para ela.

Só de pensar que estaria trabalhando com Sara durante as próximas aulas durante o mês inteiro era impossível não ficar animada. Ela deu uma breve explicação sobre tudo e disse que durante o resto da aula deveríamos fazer algo, com nossos respectivos materiais, sobre as coisas que mais gostávamos. Poderíamos fazer em dupla se quiséssemos.

Pareceu-me óbvio que faria sozinha e me sentei numa mesa próxima ao fundo da sala.

No grupo não tinha tanta gente. Deveria ter cinco garotas do terceiro anos, três meninas e dois meninos do segundo e eu mais quatro garotos do primeiro ano. Osvaldo disse em algum momento que a maioria das pessoas ia para a o grupo de artes para ficar escutando música, mas percebiam que não iam conseguir nada lá daquele jeito e então saíam. Parece que metade do colégio preferia teatro ou o jornal e a outra metade não estava nem ai para os grupos.

Aquilo somente me fazia mais feliz. Quanto menos gente melhor, mais calmo e tranquilo o ambiente fica.

Abri meu caderno de desenho e ao encostar o lápis no papel um desespero nunca sentido por mim apareceu. Eu não fazia ideia do que desenhar. Eu gostava de muitas coisas, mas nada – simplesmente nada – passava pela minha mente para desenhar ali. Era impossível e eu jurava que minha mão estava tremendo.

Assim que meu ataque de falta de criatividade começou, a cadeira a minha frente foi puxada e alguém sentou nela.

– Não consegue pensar em nada? – escutei a voz de Nuno e levantei a cabeça para vê-lo abrir seu próprio caderno e começar a esboçar algo. – Ela fez isso ano passado também, fiquei uma hora olhando para folha sem conseguir desenhar nada.

– O que você fez? – perguntei um pouco intrigada. Ele nunca fazia dupla ou falava com qualquer pessoa ali, além de Osvaldo quando pedia algo.

– Desenhei uma pessoa – ele deu de ombros.

– Alguém que você gosta... – eu pensei e suspirei. – É, mas não tenho habilidade nenhuma em fazer rostos.

– Desenha algo que te faz lembrar-se da pessoa – ele disse baixo e eu percebi que estava se debruçando tanto sobre o caderno parecia estar quase entrando no desenho.

Eu baixei minha cabeça e nem precisei pensar muito para saber de quem eu teria que desenhar algo. O sorriso dela apareceu na minha mente e eu franzi a testa, não fazia ideia do que desenhar para me lembrar dela. Olhei para Nuno na minha frente e percebi que ele estava desenhando um ursinho.

Aquilo me surpreendeu um bocado por que depois de ver a arte de Nuno eu não esperava por aquilo. Nuno era o tipo de desenhista que tem seu próprio traço, nada realista, um pouco assustador e muito de seus desenhos eram um pouco mórbidos. Eu não tinha visto seu caderno de desenho inteiro, mas eu sabia que alguns ali com certeza continham sangue.

Segurei um suspiro e então me lembrei. Encostei o lápis no papel e aos poucos fui fazendo um coração. O “quebrei” e fiz uma fechadura com profundidade e tudo. Eu tinha visto alguns vídeos de como desenhar isso só para não ficar muito atrás de todo mundo. Aos poucos fiz correntes saindo de todos os cantos do coração e em seguida, quando ocupei o fundo inteiro com elas, eu escrevi a letra S do lado direito e do lado esquerdo um R.

Era o colar preferido dela. Eu tinha dado para ela quando éramos crianças e ela o mantinha guardado dentro de uma caixinha para não perder. Assim que escrevi meu nome no cantinho da página o sinal bateu.

– Caraca - ele disse e riu. – Isso por que você não sabia o que desenhar.

– Eu não sabia – dei de ombros. – Você que me deu a ideia.

– E é o que? – eu virei o caderno para ele ver melhor. – Um coração? – ele me olhou e eu assenti. – As correntes atrás ficaram muito boas... – ele parou um pouco de falar e deu um sorrisinho de lado. – R e S?

Não sei por que, mas senti minhas bochechas esquentarem com o tom que ele usou e antes que eu conseguisse responder bateram na porta.

– Com licença! – Sara sorriu e a professora pediu para que ela entrasse. Não sei como, mas já tinham ficado amigas. – Vim buscar a Rexy – ela riu e a professora apontou para o fim da sala.

O sorriso dela vacilou quando olhou em minha direção e eu definitivamente fiquei confusa com aquilo. Ela andou em nossa direção e acenou para Nuno.

– Parece que vocês dois se deram bem – ela riu e Nuno levantou as mãos.

– Não tem com o que se preocupar – ele disse e fechou seu caderno. – Só vendo o desenho que sua amiga fez.

Ela pediu para que eu mostrasse e assim que levantei o caderno para ela ver seu queixo caiu.

– Rexy! Este é o meu colar?! – eu assenti e ela abriu um sorriso gigantesco. – Você realmente consegue desenhar muito bonito! Eu estou impressionada!

– Seu colar? – ele repetiu com um sorrisinho de canto. – Por isso as correntes... Entendi agora – ele se levantou fazendo com que Sara fizesse uma expressão um pouco confusa. – Bom, te vejo semana que vêm – ele disse pra mim e eu acenei enquanto ele saia com o seu material em mãos.

– Não entendi – ela se virou pra mim e eu dei de ombros.

– O tema era sobre coisas que gostávamos, mas eu não fazia ideia do que desenhar. Então Nuno disse para eu desenhar alguém que eu gostava e eu respondi que isto estava além das minhas capacidades – Sara riu e eu sorri. – Então ele me disse para desenhar algo que me lembrava alguém que eu gostava.

Nada daquilo me pareceu grande coisa até que eu finalmente parei de falar e escutei como aquela frase soava. “Alguém que eu gostava” não parecia algo que amigas falariam... Ou falariam? Este simples pensamento fez meu coração acelerar e minha mente repetir “nãos” sem parar.

– De qualquer forma... – ela começou e eu comecei a arrumar meu material. – Por que ele falou “não tem com o que se preocupar”?

– Sei lá – eu dei de ombros. – Nuno às vezes é estranho.

– O nome dele é estranho – ela disparou a rir.

– Sara! – eu chamei a atenção dela, mas comecei a rir também.

Levei meu caderno para mostrar para professora a minha “produção” da aula e ela realmente gostou. Acho, sinceramente, que ela não estava botando fé em mim no dia da inscrição e estava se surpreendendo incansavelmente. Isso me dava um sentimento muito bom. Guardei tudo e saímos da sala.

– Quer ir na minha casa? – ela perguntou quando saímos da escola e começamos a andar. – Para falar a verdade, vamos tomar um sorvete?

Não era estranho ela me perguntar coisas assim, sempre gostava de sair um pouco depois da escola em vez de ir direto para casa, mas algo estava estranho.

– O que foi? – eu perguntei com o meu melhor tom de “conta logo” e ela suspirou.

– Não tem nada – eu a olhei incrédula e ela reforçou. – É sério! E é esse o problema! Apesar de não ter nada errado, tem um clima estranho na casa desde quando papai subiu para falar com Nicolas ontem à tarde! Eles tiveram a maior discussão e eu não consegui escutar nada só gritos e depois Nicolas descendo as escadas correndo e saiu.

– O que...? – eu franzi a testa com aquilo e a olhei indignada. – E isso você classifica como nada?! – ela não se encolheu, mas eu percebi que estava se esforçando para não demonstrar nada. Eu controlei meu tom de voz e respirei fundo. – Mas quando ele voltou, eles se resolveram?

Sara suspirou e me olhou.

– Ai é que tá. Ele não voltou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

R e S hehehehehehe
Welp, espero que vocês tenham gostado gente (postei rapidinho, não foi?). Deixem-me um feedback nos reviews para que eu saiba o que vocês estão achando, ok?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dilemma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.