Depois da Morte - Edição Revisada escrita por adjr


Capítulo 8
Tengoku


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos pelos comentários.



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Quando Light finalmente me soltou percebeu o que havia feito. Ele desviou o olhar e começou a esfregar a nuca com a mão direita.

–Ham...

–A não seja bobo Light.

Ele me olhou e sorriu. Eu realmente tinha dito aquilo? Não era costume meu falar desse jeito. Mas na hora nem prestei atenção, apenas retribui o sorriso.

–Bem, agora que estamos livres do Near, acho melhor você trocar essas roupas.

–O que há de errado com minhas roupas? Ah... – Light olhou os furos em suas roupas. A morte dele parecia ter sido dolorosa se comparado a minha, mas agora estava tudo bem.

Eu fui andando entre dois galpões e não demorou para que Light me seguisse. O lugar onde estávamos já devia ter passado por dias melhores, hoje se resumia a vários galpões abandonados, guindastes enferrujados, cercas de tela aos pedaços. Ao longe se ouvia o barulho de carros, o que indicava que estávamos perto de uma rua movimentada.

–O que você acha de pegarmos um táxi Light? Light? – Eu olhei para trás. Light estava parado em frente a uma janela de um dos velhos galpões. Eu me aproximei. A janela não tinha nada de mais, estava um pouco suja, mas dava pra ver uma escada no interior do lugar. A escada era iluminada pelos raios do sol que entravam pela janela.

Olhei para Light. Ele parecia ter ficado em choque. Mordia o lábio inferior e lágrimas escorriam por seu rosto.

–Está tudo bem Light? – Eu disse me aproximando.

–Foi ali L, foi ali que eu vi a luz do sol pela ultima vez... Foi ali que eu...

Então era isso.

–Não precisa falar mais nada Light. – Disse colocando o indicador sobre seu lábio. Ver o local onde havia morrido devia ser um choque para ele. Eu me aproximei um pouco mais e segurei sua cabeça com as mãos fazendo-a repousar sobre meu ombro.

–Calma Light, já passou, nós tivemos uma segunda chance. Agora venha, você não precisa olhar mais para isso.

Eu peguei em sua mão e o puxei na direção da rua. Quando chegamos a calçada eu estendi a mão.

–Táxi.- Logo um táxi parou em nossa frente.- Para o aeroporto por favor.- O taxista apenas acenou com a cabeça e saiu com o carro.

O rosto de Light ainda estava molhado. Eu comecei a enxugá-lo com a manga de minha camisa.

–Agora teremos uma vida nova, vamos esquecer do passado.

–L... -Ele me abraçou. Eu fechei os olhos para me deliciar com aquele momento. Aquele breve e maravilhoso momento.

Não demorou para que chegássemos ao aeroporto.

–Espere aqui Light, eu já volto.

Eu saí e entrei no aeroporto, fui até um guarda-volumes no saguão torcendo para que ele ainda não tivesse sido aberto. Felizmente não tinha. Aproximei-me e usei a senha na portinha de metal. Ela se abriu e a velha mochila preta apareceu.

Fazia anos que aquela mochila estava ali, era incrível como ninguém nunca mexera nela. Peguei a mochila e sai em direção ao Táxi.

–Nos leve para o hotel mais próximo. – Eu disse ao taxista.

–L, enquanto você foi ao aeroporto eu fiquei pensando, como iremos pagar o taxista? Não temos dinheiro algum.

–Foi exatamente isso que eu fui arranjar para nós. – Dizendo isso eu abri a mochila para que Light pudesse ver seu conteúdo. Vários maços de notas de Iene.

–Onde conseguiu isso?

–Reserva. Nós guardávamos isso no aeroporto para alguma emergência.

Light apenas sorriu.

–Aqui estamos, hotel Tengoku.

Eu paguei o taxista e descemos. O taxi seguiu embora

É, parece que o motorista não tinha muita noção de quanto alguém pode pagar por um quarto de hotel. O hotel que ele nos deixou era imenso, devia custar uma fortuna, era uma sorte eu ter aquele dinheiro.

–Nossa. - Light disse erguendo a cabeça, medindo o prédio do hotel.

–É.

Eu comecei a andar na direção da entrada.

–Vamos Light. - Ele parecia ter ficado hipnotizado com o tamanho do hotel. Felizmente eu já havia ficado em hotéis maiores, então não me assustei tanto com o tamanho dele.

Chegamos a recepção e uma mulher loira, vestindo uniforme azul nos atendeu. Ela não devia ser do Japão, aparentava ser americana ou algo do tipo.

–Olá, no que posso ajudá-los?

–Nós queremos um quarto, e se possível, mande algumas mudas de roupa número... - Eu olhei para o Light.

–38.

–38, e um par de chinelos 42. Ah, e por favor, mande também um bolo de morangos e chá.

–E qual será a forma de pagamento?

–Em dinheiro.

A mulher tentou conter a surpresa olhando para baixo. Provavelmente poucas pessoas faziam esse tipo de pagamento naquele hotel. Eu retirei da bolsa algumas notas, uns mil Ienes e coloquei sobre o balcão.

–Isso é o suficiente?

–É... É, aqui estão as chaves, quarto 89. Precisam de ajuda com a bagagem?

–Não, estamos sem bagagem.

Light apenas assistia a cena. Pareceu surpreso vendo eu lidar tão bem com a situação, ele realmente não me conhecia direito.

Fomos até o elevador. O quarto ficava no oitavo andar. O elevador subiu rápido, mais rápido que de costume, talvez a tecnologia tivesse avançado um pouco mais. É, eu ainda nem havia pensado em que ano estávamos, mas, contando pela idade que Near aparentava, devia ter passado muito tempo desde a minha morte.

Entramos no quarto. Era bem espaçoso. Tinha duas camas de casal, uma TV, um sofá, uma mesa, um banheiro e uma sacada enorme.

–Acho que poderemos passar a noite aqui. – Light disse analisando o local.

–Se você não gostou desse quarto posso ver se a recepcionista pode conseguir algo melhor.

–Foi uma piada L, este quarto é ótimo. – Light disse virando-se para mim.

Eu fui até o sofá e sentei, como de costume, com os pés sobre ele. Light se jogou ao meu lado colocando um braço ao redor do meu ombro.

–Ah, vamos L, se alegre, afinal estamos no Tengoku. (Tengoku=Paraíso)

Eu olhei em seus olhos. Os olhos mais lindos que já vi na vida. Sorri de canto de lábio.

–Você tem razão Light, agora estamos livres, podemos fazer o que quisermos.

Eu sorri. Light foi se aproximando. Eu fechei os olhos. O beijo foi inevitável.


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