Não tive sonhos esta noite, como todas as outras, talvez minha vida deve ter se tornada sem graça, quando se consegue tudo o que quer. Quando se consegue tudo , não resta mais sonhos.

Por mais que seja o rei dos paladares, do aroma do cheiro , de fazer as pessoas se sentirem deuses mortais, posso dizer com toda a certeza que minha vida já não tem sabor, esse é o preço quando se consegue tudo que alvejava, o nada...

Olhei para o teto fixamente, fiquei ainda cinco minutos olhando para ele, Logo que levantei fui ao banho, não estava com pressa, porem ir para o trabalho o que posso dizer que seria diversão para mim. Era a única coisa que ainda me deixava vivo , era a mesma coisa que um goulash , um prato da culinária húngara , uma carne não marinada na páprica ... Completamente sem sabor , assim era minha vida atualmente

Toc...Toc... Duas vezes a porta se bateu e disse atrás da porta

–Senhor, o seu café da manha esta pronto. O senhor ira se sentar a mesa hoje? E também devo informa-lo que existe uma multidão de repórter em frente sua casa senhor

– Joffrey ... – Respirei e desliguei o chuveiro. - Por favor, com todo o respeito ,Mande eles tomarem no meio do cú.

– Infelizmente isso seria demasiado deselegante senhor, creio que o sucesso de seu novo livro depende exclusivamente da mídia.

–Aqueles babacas vão falar de qualquer jeito, nem fui eu que escrevi aquela merda de livro. Até por que qualquer coisa , eles querem falar , “David King foi encontrado bêbado nas ruas de Londres” , “David King Tem novo affaire” ,tomar no cú eles não querem. O que eles tem haver com o que eu faço ou deixo de fazer ?

–Senhor, este é o preço que tem que pagar pela fama...

Coloco minha toalha , e respiro profundamente, fico em frente ao espelho completamente embaçado, o limpo e olho para ele fico assim durante alguns segundos .

–Joffrey... hoje vai ser diferente , vou mudar.

– Desculpe senhor , mas o senhor já mudou ...Desde a morte de madame Elaine.

Abro a porta do banheiro com estupides, bufo de raiva , olho diretamente para joffrey .

–Nunca mais diga o nome dela na minha frente...

– Já fazem 6 anos senhor...

–6 anos! - grito indo em direção ao meu quarto deixando jofrey para trás – Os 6 anos que desisti de viver Joffrey!!! Os seis anos que não aguento este fantasma que me persegue!!! Sabe por que??

–O senhor não tem...

–Fui eu que matei ela!! Fui eu que deixei ela sair!! Fui eu que fez a maior merda que qualquer pessoa nesse mundo já tenha feito!!... ela morreu por minha culpa... - Me afasto de Joffrei bufando em direção ao meu quarto

Bato a porta do quarto com força, vou em direção ao espelho que existe a frente da minha cama , fico nu na frente dele , continuo me encarando. Eu tinha o corpo perfeito...Olhos perfeitos ...Um dos rostos mais belos do mundo. Uma das mentes mais geniais da gastronomia... para que tudo aquilo?

–Espelho , espelho meu... Existe alguém ... Mais perfeito do que eu?

O espelho apenas mostrava a minha imagem, apenas isso , a deplorável imagem do homem perfeito sem alma...

Com toda a minha força dei um soco naquele espelho, ele se despedaçou totalmente no chão , minha mão escorria o sangue, um sangue frio... um sangue mal, um sangue de um rei mal...

Joffrey entrou rapidamente no quarto para ver o que tinha acontecido.

–Joffrey , por que eu sou uma pessoa ruim?

Ele pegou o kit de primeiros socorros que estava debaixo da minha cama e retirou alguns gases

–Senhor , se vista , a madame não iria gostar de velo assim , estou certo que hoje será diferente.

ele enfaixou minha mão, logo depois me ajudou a me vestir , andei até a sala de jantar aonde o meu café da manha estava pronto.

Na mesa havia pães, frios e um suco da cor avermelhada, o que provavelmente poderia dizer pelo cheiro era cereja e na cesta de frutas a frente havia varias maças.

–Maça era a fruta preferida de Elaine – disse para joffrey que estava chegando a sala de jantar.

–Eram mesmo senhor. - Ele sorriu. - tomei a liberdade de preparar uma omelete recheada para o seu café da manha, se não for de seu agrado...

–Omelete esta ótimo joffrey. – sorri para ele .- Me perdoe por hoje, você não merecia aquilo.

Logo após o café da manha, precisava ir para o meu restaurante , desci para um dos meus 15 carros que tinha na mansão, era um hobbie pessoal.

Assim que saio de casa havia uma fileira de reportes no portão, uma garota loira com um câmera rechonchudo entraram na frente do meu carro enquanto estava saindo, já sabia o que eles queriam

– Senhor King, por favor uma entrevista . Sou Marissa Sparks - disse ela se aproximando de mim .

Apenas acelerei o meu carro para cima da repórter e do câmera eles rapidamente saíram da frente. Mas disse para Joffrey que hoje seria diferente, então parei o carro por um curto período.

–Senhor King? È um prazer conversar com o Senhor...queríamos falar sobre o novo livro ,será que...

–E quem não quer. - Interrompi.

–Bem...Então vou fazer algumas perguntas, tudo bem?

Respirei fundo e acenei que sim com a cabeça.

Poderia jugar Marissa como uma oportunista, para ser mais exato um morango , é linda , chamativa, com um aroma doce , irresistível, mas por dentro é acida e azeda...

– King, seu restaurante sendo o melhor de toda Inglaterra , como se sente sendo um chef tão renomado lançando seu primeiro livro de receitas?

–Ah...Acho que bem . _falei concordando com a cabeça , minha vontade no momento era dizer “Não fui eu quem escreveu aquela merda”.

–King dois dias antes do lançamento do seu livro você foi encontrado bêbado nas ruas de Londres falando coisas nada agradáveis, você acha adequado isso para um chef de cozinha tão renomado quanto o senhor?

Olhei fixamente Marissa e disse.

–Iremos falar do meu livro ou de minha vida pessoal?
–Eu pensei que...

–Você não tem o direito de pensar.- interrompi. - você foi mandada aqui para falar sobre o meu livro, se não for falar sobre isso , de meia volta e não apareça nunca mais na minha casa.

Marissa ficou sem graça.

–Ou , me desculpe , eu não sabia que não gostava de falar sobre assuntos pessoais, ia comentar que ontem fez dois anos que sua esposa morreu, mas acho que o senhor também não gostaria de lar sobre isso...-Ela sorriu maliciosamente. - Talvez falar com o acidente estranho que aconteceu com ela...E o por que esta sozinho ate hoje, um homem bonito como o senhor. Talvez...

Apenas acelerei meu carro ,logo depois mostrei o dedo do meio para aquele câmera e a reporter, sinceramente repórter é uma mosca varejeira fazendo drama da vida dos outros , sem se importar com a consequência eu suas palavras causam.

Estava na entrada do meu restaurante o le miroir est moi Simplesmente um dos restaurantes mais respeitados do mundo , sendo ele o melhor de toda a Inglaterra .

Alguém havia ocupado minha vaga com uma bicicleta vermelha, minha vontade era passar por cima dela com o carro , e assim o fiz, até por que não tinha motivo para ter uma bicicleta na vaga do carro do chef de um dos restaurantes mais respeitado do mundo, era realmente desrespeitoso

Respirei fundo e sai do meu carro , caminhei ate o meu restaurante abri a porta de entrada dele , bufei, estava uma confusão, leclair, SAUCIER (chef que prepara coisas mais delicadas como molhos e ensopados )estava andando para la e para cá inexplicavelmente, ela sempre foi meio estranha, Thompson o ENTREMETIER (chef que prepara sopas e pratos com ovos, suflês e quiches) Forchhammer o BOUCHER (chef que cuisa do açougue e as limpa) e prepara pratos tradicionais alemães quando solicitado e Rivera o POISSONIER ( chef que prepara os pescados em geral )
jogavam truco em uma das mesas do restaurante
– Você é um babaca Rivera . - Disse Forchhammer zombando dele.
–É muito engraçado com você sempre tem a carta pra ganhar né ? Devo ser um babaca. - Disse Rivera
–Eu tenho sorte! Não posso fazer nada se você é um azarado Hahaha! – Disse Forchhammer.
Rivera se levantou arrastando a mesa com fúria.
–Vou te mostra o azarado quando der um soco nessa sua cara feia seu ...

–Bom dia rapazes ! - disse interrompendo e me aproximando .
– King ! - Thompson se levantou imediatamente indo me abraçar. – Finalmente.
– Rivera esta com algum problema ? –perguntei.
–Esse filho da puta!!!
–Sim ele é um filho da puta, ele era uma criança que sonhava em matar judeus , todos nos já sabemos disso. - olhei Forchhammer. – Forch, você é um filho da puta. – Forchhammer riu , Olhei para rivera. – Mais feliz agora Rivera? Agora voltando ao trabalho, os peixes não se preparam sozinhos, o mesmo vale para os outro. Um bom dia de trabalho. - Me virei para leClair que ainda corria freneticamente de um lado para o outro. – LeClair você também. - dou um sorriso para todos. - Tenham um bom dia de trabalho , vai ser longo . – então saio em direção a cozinha.

–King ainda bem que chegou . - Disse meu subchefe Hunter . que me surpreendeu no momento em que pisei na cozinha.

Benjamin Hunter, meu grande amigo de infância , não me lembro de um momento que ele me desamparou , ele sempre esteve do meu lado , tudo que sou hoje agradeço ao Hunter , bem afeiçoado, olhos castanhos, e cabelos loiros escuros de corte bem curto, assim como sempre foi. Se fosse gay, Hunter com toda a certeza seria meu marido, mas não sou , ele que se contente com isso... ou não

–Agora não Hunter, só preciso tomar um bom conhaque, joffrey não em deixa beber depois do que aconteceu anteontem.

–Mas king...

Abri as portas da minha sala. Ao fundo da cozinha e alguém estava sentado me esperando em frente a minha mesa, pelo que vi uma garota de cabelos era negros e compridos sua pele era extremamente branca.

–Hunter quem é ela?

–Então...

–Alice Snow. – A garota Interrompeu Hunter e se levantou da cadeira. - É um imenso prazer rever você..David.

No momento que ela se virou para mim, pude ver Elaine, minha falecida esposa, não seria possível ela ter ressurgido dos mortos... Ou seria possível, a pele tão branca que me fazia lembrar-se da neve, Olhos azuis quase brancos, lábios tão vermelhos quanto uma maçã, cabelos pretos como o ébano.

–Elaine?... – disse eu maravilhado.

– Minha mãe falava isso. - respondeu ela. - dizia que eu era muito parecida com a tia Elaine.

–Tia?

Meu momento de deslumbre tinha acabado , mas a semelhança dessa garota era muito grande com Elaine. No fundo ainda estava maravilhado com aquilo.

–Muito bem , por que veio aqui? - Perguntei a ela andando em direção a mesa.

Ela se sentou na minha frente , evitou o contato com meus olhos olhando para baixo, e brincava com os polegares demostrando que estava nervosa.

–Acho que se lembra da minha mãe? Evellyn? – disse ela.

– Acho que sim ...era a irmã mais velha de Elaine. Não era?
– Me levantei para pegar um copo e a garrafa de conhaque. - Como ela vai?

Alice mordeu seus lábios apertou os braços da cadeira naquele momento.

–Ela...Ela...

–Sim diga... - Me sentei de volta a mesa com a garrafa de conhaque.

–Ela morreu .- ela virou seu rosto para o lado lentamente e mordeu os lábios novamente.

Apenas respirei fundo e levantei minha mãe ate minha testa , parecia que tudo que havia sobrado de Elaine estava desaparecendo pouco a pouco.

– E isso aconteceu quando? – Perguntei um pouco sem graça pela situação.

– 8 meses – ela disse.

– Qual foi o motivo ? - Perguntei.

– Câncer no cérebro, quando ela descobriu já era tarde demais, so tive ela por apenas mais um ano depois do diagnostico. – ela olhou para mim . - Isso não me preocupa tanto... foi o melhor ano da minha vida, e acho que o dela também.

–Desculpe ter abandonado sua família assim , deviam ter me procurado , tentaria fazer algo .

– Mamãe disse que não queria perturbar você...Já tinha problemas demais por causa da tia Elaine. Mas...eu precisei procurar você. - ela olhou para mim .

– Por que?- Perguntei colocando um pouco de conhaque no copo, ate por que despois disso , uma bebida era o que melhoraria meu animo.

–Eu preciso de um emprego... eu já tentei de tudo , mas esta muito difícil , você seria minha ultima esperança. – arrumou a mecha de cabelo que havia ido para frente quanto falava o colocando atrás do ouvido.

Bufei , tomei mais um gole de conhaque e pensei.

– Você não tem formação para trabalhar em uma cozinha profissional, apenas usamos homens como garçons. Por enquanto eu não posso te ajudar.

–Por favor! - ela disse se levantando. - Eu preciso muito, nossas economias já estão no fim , eu tenho sete irmão pequenos , apenas eu posso sustentar minha casa, o meu pai abandonou a casa quando eu tinha 10 anos . eu não sei mais a quem recorrer .

Meu coração se entristeceu naquele momento, senti como se o destino estivesse me dando outra chance , para concertar o que não consegui com Elaine, acho que tem que ser esse o caminho que devo seguir .

–King não é por nada não , mas a Senhora Gonzáles se demitiu esta manha... - disse Hunter se intrometendo ainda na porta da minha sala.

Neste momento havia ficado em um dilema ...Será que ...