Athena deu dois passos para trás olhando tal cena com certo pavor. Começou a tremer e suas palavras não saiam. O poder da anja era tanto que fazia o corpo da pequena ficar submisso, porém Athena não deixava seu subconsciente se abater. Ela mantinha sua espada erguida contra a inimiga em sua frente.

— O que... O que é você? – perguntou Athena. Seu olhar mesclava medo com valentia.

— Ora... Queria me pegar e pergunta o que sou eu? Você é engraçada... – Neoteni debochou com um sorriso no canto da boca.

— Só para lembrar... Eu não tenho medo de você, seja lá quem for. – Athena disse.

A anja olhou bem nos olhos dela, e só foi Athena piscar e Neoteni já estava a centímetros dela, acertando em seguida um chute na barriga que fez a pequena voar a metros dali. Athena levantou-se logo depois, porém, a anja não dava espaços. Deu-lhe um soco na boca e um chute no maxilar. Antes deixá-la cair, ela deu outro chute, fazendo sua inimiga rodopiar algumas vezes até cair finalmente.

— O que houve? Parece que está com medo de mim! – Neoteni falou com um tom sério

— É Você que é rápida demais! – respondeu Athena ajoelhada.

— Ora. Acha que consegue ficar mais forte do que eu? Acha que consegue me alcançar?

— Claro! Ainda estou começando na vida... Por isso... – a pequena levantou-se com dificuldade, limpou o sangue de sua boca e caminhou até sua espada, para pegá-la logo depois. —... Por isso você não me matará tão fácil!

— Você é bem valente... Tudo bem! Não vou matar você dessa vez... Meu humor está legal hoje, porém, você ainda me deve uma vingança por ter matado meu recipiente! Nos encontraremos novamente! – e assim, a anja virou as costas para Athena, que não recuou mesmo depois disso.

— Volte aqui, não acabamos! – Athena começou a persegui-la com a espada nas mãos até ser surpreendida pelas asas da anja batendo. Foi a única coisa que ela pode ver, depois disso, as mãos dela já estavam na garganta da pequena.

— Acabamos sim! Não quero me sujar... Não agora. Tem uma pessoa importante que eu quero ver, e não quero que essa pessoa me veja como um monstro. Porque... Eu não quero ser um monstro para ele. – dito isso, a anja negra bateu suas asas novamente e sumiu da vista de Athena, que ficou no chão com as mãos na garganta. Parecia ter visto a vida passando em seus olhos

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Takashi estava voltando à praça onde havia prendido Selion. Estava andando fingindo ir a algum lugar, mas só andava... Uma coisa parecia o intrigar. O moreno achava que estava sendo seguido, e estava certo.

— Tá! Chega disso! Eu sei que você está aí. Seja quem ou o que for... – disse Takashi olhando para trás. Logo a garota se apresentou a ele. Aparentava ser uma menor de idade. — Legal... Quem é você mesmo?!

— Hã? Hum... Bem... É... – a garota olhava para o chão e não conseguia falar de jeito nenhum.

— Não tem nome... Então tá ok... Até mais. – Takashi virou as costas e começou a andar.

— Você... – Takashi parou e olhou para trás. — Você... É o Takashi... Não é?

— Não. Sou o Batman! Por quê? – perguntou indiferente

— Er... Que... Você... Quer dizer... Eu... – a garota permanecia corada

— Ah... Fale logo! Não tenho seu tempo! – respondeu se fazendo de sério.

— E-Eu queria sua ajuda... – a garota disse tomando mais coragem.

— Em que?! – perguntou chegando perto da garota

— É que... Eu tenho que explicar de um jeito melhor... Mas, por favor, me ajude! – pediu se curvando.

— Pare de se curvar! Primeiramente eu nem te conheço. "Segundamente"... Essa palavra existe? Enfim... Sinto muito não poder ajudá-la nesse momento... Acabamos por aqui – e assim, Takashi deixou a garota quieta no meio da calçada, sozinha.

Minutos depois, ele chegou a praça e viu Selion preso no mesmo local, do mesmo jeito que estava antes. O mesmo estava com uma cara horrível.

— Seu filho da mãe! Onde você estava? To há quase duas horas aqui com o braço quebrado e minhas asas... – Takashi o cortou.

— Quieto safado! – o moreno gritou

— Ah, não me mata! – pediu Selion com medo.

— Ah, não vou matá-lo. Só quero que me diga quem são vocês e o que querem com a Neoteni e com a Soli. – disse colocando o braço no tronco, a centímetros do rosto de Selion. — E é bom falar, hein?

— T–Ta bem... Nós somos funcionários da HATE. – começou Selion com medo do braço de Takashi

— Nossa... Nunca pensei que seria tão fácil... – o moreno se distanciou um pouco e pôs uma das mãos no queixo. — Você me surpreendeu.

— Ah... – Selion fechou os olhos com certo alívio.

— Porém...! – Takashi gritou e bateu com força no tronco com seu braço, fazendo o garoto voltar a se assustar. — Eu quero que me diga tudo! Tudo! Tudinho! Ou você morre. Ok?

— T-tá. – Selion respirou fundo e explicou, fazendo voz e face séria. — HATE é uma organização que cuida de causas naturais fora do planeta terra. Há alguns anos atrás foi descoberto que várias criaturas não humanas vieram a terra aparentemente para viver em paz. Porém, nós não conhecíamos certas regras desses seres que vieram de outro planeta. Os que eram inofensivos ao planeta, como eu, eram soltos. Mas os que eram de extremo risco a terra, viviam em celas na sede da HATE até o fim de suas vidas...

— Legal, desenrola agora! – Takashi ordenou

— Suas duas amigas: Aquela ruiva e a anja são de extremo risco e fugiram há alguns anos atrás – argumentou Selion

— Sim, disso eu sei... Continue – pediu o moreno. Estava mais sério e calmo do que antes.

— A ruiva é filha dos reis do maior país de seu planeta. Ela é rebelde e fugiu para a terra prometendo matá-los. E a anja tem poder suficiente pra destruir o planeta. – disse Selion olhando nos olhos de Takashi.

— Sério?

— Acredite. Precisamos pegar a anja e extrair todo o poder dela. E também temos que capturar a ruiva e devolvê-la ao seu mundo.

— Calma aí... Você não disse agora a pouco que as criaturas não humanas de alto risco a terra viviam em celas até o fim de suas vidas? O que farão a anja quando retirarem o poder dela?

— Eu não sei se conseguirão retirar todo o poder dela de uma vez. E também... Há pessoas dizendo que o poder dela não tem fim! A ruiva não é um problema tão grande. O maior problema são os pais dela. Ouvi dizer que ela anda treinando para ser tão forte quanto eles, e se ela conseguir... Quem sabe o que ela poderá fazer... Também há a possibilidade de uma guerra intergalática.

Takashi olhou para Selion pensativo. Estava pensando no que poderia fazer... Acreditava no ruivo porque o obrigou a falar a verdade. Por isso estava preocupado. Estaria Takashi criando feras para combate? Bom... Não era essa a intenção.

— Tudo bem... Eu acredito em você. – Takashi soltou Selion — Vá embora e mande um recado pro seu chefe: Só pegarão Soli e Neoteni se passarem por cima de mim antes!

— Não sabe o risco que corre!

— Sim, eu sei... Eu sei muito bem... E eu adoro correr risco! Está no meu sangue!

— Seu... Tolo... – Selion saiu do lugar andando. Não tinha forças para nada, apenas andava.

— Seu idiota... Por que não voou? Falando nisso... To com um pressentimento de que tem alguém... “Voando” para me encontrar... Que intuição estranha. – Takashi falava para si mesmo.

— Takashi! – era a voz da anja gritando pelo nome do moreno

— Neo... – quando Takashi olhou para o alto, viu Neoteni voando em direção a ele. E foi tão rápido que nem deu tempo para reagir. Ambos se chocaram e caíram uns dez metros dali. Neoteni ficou em cima do moreno respirando ofegante.

O olhar de Takashi ficou fixado aos seus seios respirando rapidamente. Seus ouvidos ouviam claramente a respiração dela. A anja começou a falar e Takashi voltou a si.

— Takashi! Takashi! – chamou.

— Hã?! Fale... O que foi? – o moreno olhou para os olhos dela. Daí ele percebeu que agora a pouco ela estava voando, então, ela estava no modo anjo... Só que o comportamento dela era um pouco diferente comparado a quando ele a viu transformada pela primeira vez. Se bem que ele não se lembrava muito bem da primeira vez que a viu assim.

— Nós... Precisamos conversar. – ela pediu com hesitação.

Takashi apenas mudou seu olhar. Uns minutos depois, estavam os dois sentados na praça. Neoteni parecia insegura. Estava corada e não conseguia olhar nos olhos do moreno.

— Hum... Takashi. – ela chamou

— Fale...

— É que... Eu tenho algo a dizer...

— Diga. Aproveite que estamos a sós.

— Na verdade são muitas coisas... E eu nem sei como explicar.

— Se for algo que tem a ver com você, eu já sei boa parte... Já sei que você tem poder pra destruir o mundo...

— Já te disseram? – perguntou um pouco triste. — Agora eu pareço mais com um monstro, não é?

— Não sei ao certo. Pra mim você é um anjo e não um monstro. – os olhos da anja brilharam de alegria após ouvir isso.

— Obrigada Takashi... Mas eu tenho que te dizer algo sobre mim... Algo a mais.

— Então fale – Takashi sorriu e continuou a ouvir.

— Você sabe o que aconteceu quando eu e Soli conseguimos fugir daquele lugar... Então. Para eu me manter viva e escondida da sociedade, aprendi um poder. Esse poder me permitia dominar o corpo de uma pessoa e viver com esse “corpo falso” normalmente, podendo sair assim que pudesse. O tal corpo poderia ser qualquer um com poder inferior ao meu, ou também poderia ser de um defunto... Bom... Aprimorei esse poder... Porém o que aconteceu...

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Quando fui experimentar meu poder, tinha medo de sair para as ruas e me descobrirem. Eu simplesmente odeio lutar. E foi assim desde que eu me lembro. Quando saí, coloquei um capuz, óculos e saí escondida... Muitos me olhavam de um jeito estranho, e isso por que eu claramente estava agindo estranho. Andando daquele jeito em direção a um cemitério...

Eu entrei... Na verdade eu poderia muito bem destruir o portão, e foi o que eu fiz. E fui procurando. Lá eu vi uma menina caída na frente de um túmulo. Seus cabelos eram negros, sua pele era branca... O estranho é que ela lembrava muito eu. Foi quando eu percebi que ela estava morta.

O túmulo provavelmente era de alguém de sua família, já que os sobrenomes eram iguais... Ela se matou! Talvez não aguentasse viver sem essa pessoa. Deve ter doído demais. Foi com ela que eu testei meu poder. Inicialmente deu certo... Mas...

Quando eu comecei a usá-lo, um clarão branco envolveu nossos corpos e quando eu percebi, já estava dentro do corpo dessa menina. Eu voltei mais feliz para meu refugio, porém não havia percebido que haviam me perseguido. E eu só fui perceber anos depois...

Um dia eu estava com fome e saí para comer algo. Quando estava voltando, fui cercada por uns homens. E quando eu fui usar meu poder dentro do recipiente — O corpo Falso — eu simplesmente não consegui... Eles me levaram para um beco e me espancaram sem que eu pudesse fazer nada. Acho que foi ali que minhas memórias ficaram embaralhadas... Foi aí que você me salvou... Daí minha vida mudou.

Você me deu uma casa... Uma família... Uma vida de novo. E mesmo com todos sabendo quem eu sou e correndo atrás de você por minha causa, não me deixou para trás. Segurou minha mão e seguiu em frente...

— Então isso quer dizer que aquela menina na verdade nunca foi você?! Pensei que você tinha dupla personalidade, mas vi que estava errado. – disse Takashi rindo

— É... É só isso? Não vai ficar bravo por que eu menti? – perguntou olhando para o moreno rindo dela.

— “Só”? Eu pensei que tinha mais

— Er... Tem mais...

— Eu já sabia disso... Você não se lembrava de tudo antes...

— Eu me lembro agora... Lembro-me de poucas coisas. De onde eu vim... Mas não sei quem são meus pais... Só sei o que fizeram quando eu nasci... – Neoteni suspirou

— Conte-me. Conte-me tudo!

— Sim... Há 19 anos, acho que minha mãe era uma humana, e meu pai um anjo. Diz à lenda que deus criou a terra e fez criaturas perfeitas para viver em harmonia nela. Só que uma das espécies pecou e Deus como castigo deixou a terra nas mãos dessas espécies, dizendo que um dia eles pagariam pela traição a ele. Hoje os anjos são como as criaturas perfeitas, que cuidam dos humanos, pois Deus não conseguia guardar rancor deles... Mas os anjos só podiam se apaixonar por seres da mesma espécie... E o meu pai...

— Se apaixonou por sua mãe.

— Isso... Assim que descobriram que eu existia no ventre de minha mãe, Deus deu um jeito de me amaldiçoar... Assim como os poucos que existem, eu nasci uma anja renegada por deus. “Negada por ele, aceita por nós, seus pais... Não importa o que dizem! Nós sempre vamos te proteger, mesmo que você não perceba. Nossa pequena Neoteni.”

— Então... E o seu sobrenome?

— Saori... Eu acho. Na verdade, Neoteni é meu segundo nome.

— Hum... Pelo menos agora eu sei exatamente de quem estou tomando conta – riu

— Então... Você não vai me deixar? – perguntou Neoteni

— E por que deixaria? Quando eu a vi... Pensei que algo diferente em minha vida ia acontecer... E agora vendo o brilho... Dos seus olhos... – Takashi paralisou-se olhando para os olhos dela. E a reação foi recíproca. A anja mal piscava

— Takashi... Eu... – Neoteni se aproximou de Takashi, ambos fecharam seus olhos. Foi quando a mão direita dela encontrou a do moreno...

— Então vocês estão aí! – era a voz de Yui, que chegava junto a Soli e Watanuki.

— Hã?!?! – Takashi se afastou e Neoteni soltou a mão do moreno. Ambos coraram no mesmo segundo.

— Que lindo o Taka corado! – disse Yui com os olhos brilhando

— "Taka"... – cochichou Takashi com os olhos meio invocados. — E aí... Foi fácil dessa vez... – disse o moreno, rindo e mudando de assunto.

— Pra mim foi também! – disse Soli orgulhosa.

— Sempre é. – riu Watanuki concordando com a ruiva

— N–Nem tanto assim... – Yui ficou corada quando lembrou de Itachi.

— Logo você pegou o pior... – comentou Takashi

Todos riram logo depois disso. Todos ficaram naquela praça por um tempo. Takashi e Neoteni se olharam de relance e coraram novamente, porém trocaram sorrisos. Muita coisa ainda não estava bem contada para Takashi, mas nada que não tirasse o alívio dele e de todos por poderem ficar um tempo na rua sem ser perseguidos. Estavam apenas comemorando a vitória e um dia a mais na vida.

— Komuro Takashi... Você é meu ídolo! – sussurrou uma menina olhando a todos de longe...

Continua