All Of The Ways escrita por Rosenrot


Capítulo 17
Você gosta de pôquer?


Notas iniciais do capítulo

Hey! Tudo bom com vocês?
Obrigada pelos reviews do capítulo anterior! Muito obrigada mesmo! ♥
Eu demorei um dia a mais do que o planejado para postar o capítulo, mas, hum, eu talvez tenha meus motivos.
1) Eu deixei para escrever de última hora
2) Quando estava pronto achei que faltava alguma coisa, e eu demorei um pouquinho para pensar no que faltava.
De qualquer jeito, espero que gostem. ^^
Boa leitura!

PS: recomendo ouvirem a música, Riverside, assim que ela for citada no texto. É da Agnes Obel e é incrivelmente boa.
O link: https://www.youtube.com/watch?v=vjncyiuwwXQ



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Eu estava parada em frente ao quadro com as notas, meus olhos certamente estavam arregalados e eu nem acreditava. Sim, eu tinha tirado nota máxima em economia. Aquele dez bonito ali, fez com que meu nome ficasse no topo da lista.

Já fazia algumas semanas que o novo hobbie preferido do menino do cangote era encher o meu saco, e ele continuava com aquela insuportável mania de aparecer assim que eu estivesse disponível e até mesmo quando eu não estava.

Cumprindo sua mania, ele brotou atrás de mim.

— Alguém andou estudando? — sua voz grave me fez tirar por um segundo os olhos do quadro, olhando para ele.

Eu sorri e me virei, abraçando ele.

— Eu tirei dez em economia!

Ele deu risada da minha reação exagerada. Segurando um de meus braços delicadamente, ainda me envolvendo, me olhou com uma sobrancelha erguida.

— Por que está tão surpresa? Você não é burra, Ashton.

— Oras, eu sei, mas é que eu nunca estudo e economia não é exatamente meu forte...

— Oras, eu sei — ele fez uma vozinha afetada, me imitando — Desculpe então prodígio.

Fiz uma careta feia para ele e o fuzilei.

— Muito engraçado. E eu não falo desse jeito. E eu não quis me achar. Não que eu te deva explicações...

Ele deu risada e logo um grupo das admiradoras retardadas dele se aproximaram. Acho que talvez pelo fato de eu estar nos braços dele, não fui muito bem recebida por elas.

— Todo mundo viu seu dez Ashton, parabéns — umas das meninas forçou um sorriso falso em minha direção.

— Obrigada.

Uma delas tentou puxar conversa com o menino do cangote, mas ele se virou para o quadro de notas e estendeu uma mão para trás, aberta, como dizendo “espere um pouco”. A menina fez uma cara emburrada e o observei com curiosidade.

Ele se virou de volta. Sua voz grave com um tom de surpresa.

— O único dez da turma! Em economia. E você nem estuda! — ele sorriu, com uma cara engraçada para mim.

Dei uma risada e pisquei para ele.

— Tente aprender comigo.

Ele deu um sorriso de canto e eu saí dali. Podia sentir os olhares das meninas puxa saco do menino do cangote sobre minha nuca. E, não eram olhares amigáveis.

Elas pensavam que eu era uma ameaça ao desejo delas de conquistar o menino do cangote. Sorri. Impagável.

***

Eu andava pelo campus e o sol batia bem na minha cara, o que me obrigou a colocar uma mão na direção dos raios, tentando inutilmente conseguir alguma sombra para minha cara.

Frustrada, abaixei a mão e peguei minha garrafa d’água. Eu me sentia um lobo solitário naquele momento. Todos ali estavam sentados conversando em grupos, ou andando em duplas. Eu era uma das únicas sozinha. Mas eu não me importava, gostava disso.

E é claro que o menino do cangote tinha que estragar meu momento.

Revirei os olhos assim que ouvi o som de sua voz. Discretamente, coloquei os fones de ouvido, e apesar de não estar ouvindo música alguma, fingi que estava.

— Não estou te ouvindo! — exclamei para ele.

Ele parou na minha frente, com uma cara de bravo, o que me fez sorrir.

— Algum problema, bebezinho? Onde estão suas fãs? Deixe que elas resolvam a questão.

Ele me fuzilou.

— Ashton, o seu fone não está nem conectando no ipod.

Inclinei a cabeça e sorri falsamente.

— Talvez porque eu não tenha um ipod.

— Você entendeu o que eu quis dizer.

Sim, eu tinha entendido, o fone não estava conectado em nada. E eu tinha sido burra o suficiente para deixar isso aparecer. Não pude evitar rir.

— Enfim, o que você quer? — desviei dele e comecei a andar. Pensei que ele viria atrás de mim e responderia minha pergunta. Mas quando me virei para ver se ele não vinha, ele estava parado e de cenho franzido, olhando além de mim.

Franzi o cenho e quando me virei de novo, para a posição normal, dei de cara com um menino incrivelmente bonito. Olhei para os olhos azuis dele e seu cabelo castanho meio grande.

— Hã...Oi?

Por que ele estava tão perto?

— Rutherford.

— Como você sabe meu nome?

Ele sorriu.

— Tenho meus jeitos.

— Ok... — me limitei a dizer, achando aquilo no mínimo muito estranho.

— Você é muito bonita, sabia?

Senti minhas bochechas corarem violentamente.

— Er...Obrigada.

Ficamos em silêncio por um instante, ele não parava de me encarar.

— O que você acha de me ensinar economia um dia desses?

Dei risada.

— Tá bom.

— Então a gente se vê.

— Ok.

Ele sorriu. Rapidamente me deu um beijo estalado na bochecha e desapareceu tão rápido quanto tinha aparecido.

Me perguntei se ele viria mesmo me procurar depois para a aula de economia.

Sorri e me virei para olhar para o menino do cangote. Mas ele não estava mais lá.

***

Misa tagarelava aos montes me arrastando para o refeitório. Talvez eu não devesse ter contado para ela sobre o menino que me abordara. Eu nem sabia o nome dele e ela estava empolgada.

— O m.d.c. deve ter ficado tão bravo — ela deu uma risadinha.

— Bravo? Por que?

Ela revirou os olhos.

— Você não entende mesmo né?

Fomos interrompidas pela barulheira que Trenton e o menino do cangote faziam enquanto brincavam daquele jeito de menino. O m.d.c. sorria, assim que eles pararam seus olhos pousaram sobre mim e seu sorriso se desfez. Franzi a testa. Mas o que eu tinha feito?!

Mordi minha maçã, emburrada, e Misa percebeu, me deixando um pouco em paz. Por isso eu amava Misa, ela sabia quando parar.

Os meninos da mesa tinham se tornado mais meus amigos na última semana. E não sei como, nem por quê mas o fato daquele menino ter ido flertar comigo disfarçadamente se espalhara. Então eles perguntaram sobre isso. Meu humor melhorou um pouquinho e desfiz a cara de emburrada.

— Eu nem sei o nome dele, mas ele é fofo.

Todos os meninos ali, com exceção do m.d.c. e do Thomas, concentrado em seu cubo mágico, fizeram um “owwwn” coletivo, tirando com a minha cara.

Dei risada e murmurei.

— Como vocês são bobos.

Eles riram e Thomas parou de mexer em seu cubo mágico quando este estava terminado, piscando para mim.

— Já perceberam como ela tem essa mania de não saber o nome dos meninos?

Todos deram gargalhada e fuzilei-os.

— Não é verdade, só não sei o nome de duas pessoas! E uma delas é por opção — lancei um olhar para o menino do cangote, mas ele nem esboçou um sorriso.

Irritada com ele, resolvi ignorá-lo a partir daquele momento.

Os meninos me fizeram falar o nome de todos na mesa, e quando eu acertei todos, eles não gostaram de estarem errados e jogaram batatas fritas em mim.

— Meu cabelo! — exclamei, tentando desviar das inúmeras batatinhas que voavam em minha direção.

— Meu cabelooo! — me “imitaram”.

Dei risada e infelizmente tive de ir para uma aula de economia.

***

Eu tinha acabado de colocar meus fones de ouvido e estava saindo da aula quando o m.d.c. tirou um dos meus fones.

— Ei!

Coloquei de volta e ele o tirou novamente.

— Me escuta, porra.

Eu fiquei brava. Muito brava.

— Olha, vá se ferrar. Você ficou todo puto comigo por sabe-se lá o que! E agora quer que eu te escute?!

— Ashton...

— Eu tenho mais o que fazer!

Tirei meu braço da mão dele e fui sair, mas ele me segurou. Com delicadeza, porém me irritou mais ainda de qualquer jeito.

— Espera um pouco, merda!

Eu já ia gritar com ele, quando o menino de mais cedo apareceu.

— Ei, larga ela!

— Não se mete.

— Não me diga o que fazer.

Soltei o braço do m.d.c. de mim e me virei para o mesmo.

— Não fale assim com ele — murmurei, olhando para seus olhos amendoados, que ferviam de raiva.

— Ashton, você nem o conhece.

— Que seja.

Bufei e já ia saindo dali. Os meninos trocaram olhares furiosos. Os dois iam vir atrás de mim, mas quando o menino do cangote viu que o outro viria, ficou mais bravo ainda e foi em outra direção. Esse menino de olho azul me alcançou e sorriu para mim, como se nada tivesse acontecido.

— Então, nossa aula de economia ainda está de pé?

Eu estava um pouco irritada ainda, então acabei sendo um pouco grossa com ele.

— Não sei.

Ele franziu o cenho. Olhei para ele.

— Desculpe, eu só...Ele me irrita.

Ele riu.

— Eu percebi. Então pra se “des-irritar” que tal ensinar economia para mim?

Foi minha vez de dar risada.

— Não parece tão horrível quanto brigar com o m.d.c.

Ele sorriu.

— Então nos vemos! Na sexta?

Assenti.

— Pode ser. Ás quatro horas, ok?

— Sim, senhorita. Onde?

— Não sei, a gente decide na hora.

— E nos encontramos...

— Na cafeteria.

— Feito.

— Hu-hum.

— Então até lá, Ash.

— Até.

Por que o m.d.c. não podia ser simpático assim?

Bufei e subi na minha moto. Inferno de menino.

***

Eu estava na sala do piano, meu lugar preferido da minha casa. Uma interpretação da música Riverside, da Agnes Obel. Eu cantava junto. Eu sempre ficava bem assim.

“Oh my God I see how everything is torn in the river deep

And I don’t know why I go the way

Down by the riverside”

Eu finalizava a música, quando a campainha foi tocada. Bufei mas continuei até eu terminar. Me levantei do banquinho do piano e caminhei até as escadas, desci e abri a porta.

Arregalei os olhos para o menino do cangote. Ele tinha um olho roxo. Franzi a testa.

Eu queria perguntar o que tinha acontecido com o rosto dele, mas estava irritada demais com ele para isso.

Tentei fechar a porta, mas ele me impediu, espalmando a mão na porta e empurrando-a.

Suspirei.

— O que você está fazendo aqui?

—Eu sei que fui um idiota.

— Que bom que sabe.

Tentei fechar a porta novamente.

E ele não deixou novamente.

— Ashton...

— Você pareceu um louco descontrolado! Gritou comigo só porque eu não queria te ouvir! — falei, exasperada.

Ele passou as mãos pelo rosto, frustrado.

— Ashton, o que você está fazendo comigo?

Fiz uma careta, estranhando.

— Mas eu não fiz nada!

Ele se aproximou e engoli em seco. A irritação pareceu passar por um momento dando lugar ao nervosismo.

— Eu sei que não... — ele sussurrou. Engoli em seco novamente, encarando seus olhos amendoados bem de perto. Mais perto do que nunca. — Eu tenho que ir.

Ele se afastou. Fiquei observando ele subir em sua moto e ir embora.

***

Eu tinha conversado com Tessa no dia que o gato aparecerá. Ela mesma o trouxe. O que era muito louco, já que ela nem gostava tanto assim de animais. Ele estava abandonado quando ela o achará, molhado, debaixo da chuva, no frio. Sozinho...

Passei a mão na cabeça de Kishan, meu gatinho cinza, enquanto pensava nisso. Em apenas algumas semanas ele tinha crescido consideravelmente. Ele era magrinho e meigo. Dormia muito. Eu gostava agora de tê-lo.

A chuva começou a fazer aquele seu típico barulho confortável, e depois de um tempo, deu lugar a uma tempestade. Trovões assustavam ele, e eu morria de rir com sua carinha assustada. Sentada no sofá, ouvindo música, esperava por minha mãe.

Já fazia duas horas... E ela não chegava. Eu ligara para ela e ela não atendera. Mas eu não estava tão preocupada assim, talvez ela estivesse na casa da Nick. O novo namorado dela... Ou de Jack, seu melhor amigo.

Pelo menos era o que eu pensava...

Meu celular bipou e me estiquei um pouco para pegá-lo. Olhei para a tela.

Menininha,

Você gosta de pôquer?

Sorri, um pouco aliviada por ter um pouco de distração. Estava prestes a responder quando recebi outra mensagem.

Espero que sim, porque estou na sua porta com o jogo. E está meio frio aqui fora.

Arregalei os olhos e olhei para a porta. Duas batidas soaram, fortes.

Tirei Kishan calmamente do meu colo. Ele se espreguiçou lentamente e olhou para a mim. Peguei-o no colo novamente e caminhei até a porta.

Franzi o cenho, com a porta aberta, vendo o menino do cangote todo molhado, com uma jaqueta de couro preto e uma maleta de pôquer em uma das mãos. Na outra, uma sacola da qual saia um cheiro bom.

— Eu também trouxe o jantar.

Olhei para ele, que estava ensopado, seu cabelo de um jeito engraçado. Comecei a rir e deixei-o entrar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler :)



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