Dubai escrita por Bruna Glacy


Capítulo 7
Aqueles olhos.


Notas iniciais do capítulo

Novamente me desculpo pela demora em postar um novo capítulo e peço aos que acompanham, que assim permaneçam. Um beijão a todos e uma ótima leitura.



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Por um momento apenas, Ellie pensou estar na India. Tentando driblar a confusão de pessoas e roupas, ela olhava ao redor, perguntando-se se realmente estava no lugar certo. A loja era gigantesca , cheia de manequins e cabides com roupas de todas as cores e estilos. Dishdashas, burcas, calças, vestidos, keffieyhs, turbantes e tecidos; era tanta coisa que seria preciso muito foco para não se perder ali dentro.

Ellie sentiu-se subitamente deslocada. Sua roupa não parecia adequada e no seu rosto, mesmo que ela não pudesse ver, despontava uma certa preocupação. Onde estaria Ana? Ela havia prometido voltar logo, não? Então por que será que ela não aproveitava aquele momento para cumprir sua promessa?

Ellie, observando um tecido de linho fino, enquanto esperava por Ana, deu um passo para trás, esbarrando em alguém. Quando se virou, encarou uma mulher idosa, com roupa típica árabe e cara de poucos amigos.

– Sorry! – Disse Ellie, um tanto desconfiada.

– Don’t worry, it’s alright. – Respondeu a mulher; em seguida, saiu, serpenteando entre as roupas.

Ellie esboçou um fraco sorriso antes de avistar Ana vindo em sua direção. A moça trazia uma significativa quantidade de roupas sob os ombros.

– O que houve? – Ela perguntou, percebendo que Ellie não parecia tão animada quanto antes.

– Ah, nada, você simplesmente desapareceu pela loja e demorou esse tempo todo pra voltar. – Cruzou os braços.

Ana ergueu uma das sobrancelhas.

– Eu estava escolhendo roupas pra você. – Fez um gesto em menção às roupas.

Ellie a encarou.

– Ah tá. E que tal se você deixasse essa parte comigo? Tipo, eu escolher minhas próprias roupas?

– Ellie, você acabou de chegar a Dubai. Nem sabe o que está na moda.

Ellie a encarou com cara de nenhum amigo e lembrou-se da senhora.

– Esbarrei em uma mulher e quase a derrubei.

Ana arregalou os olhos.

– E o que ela fez?

– Nada. Eu pedi desculpas e ela disse que eu não me preocupasse porque estava tudo bem.

– Humm... – Resmungou Ana. Em seguida ergueu os braços com as roupas. – Vamos prová-las?

Diante da postura da amiga, Ellie teve vontade de rir, mas disfarçando, apenas respondeu:

– Tá né. Não tenho escolha mesmo.

Ana sorriu, as duas se dirigiram ao provador e Ellie iniciou sua jornada. O primeiro vestido foi negado com veemência. Era amarelo, brilhante, muito chamativo. Sentada no sofá, em frente ao provador, Ana verificava tudo.

– Não, essa é terrível!

– Então por que a pegou?

– Não faça perguntas, apenas prove as roupas.

Ellie bufou e entrou novamente no provador. Em seguida veio um vestido vermelho, tipicamente árabe. Era comprido, largo. Era feio.

Ana negou novamente.

– Você parece a minha avó.

Ellie fez uma expressão de incredulidade e entrou novamente no provador. Enquanto as roupas iam sendo provadas, uma música árabe tocava animadamente na loja. Ana, sorridente, ia dizendo não a cada nova roupa.

– Não, nunca te vi tão feia.

– Não, jamais!

– Ual!

Ellie esboçou uma expressão esperançosa

– O quê? Dessa você gostou?

Ana arregalou os olhos.

– Não, nunca achei que você fizesse o estilo hipopótamo.

Com isso, mais quatro vestidos foram rejeitados e Ellie não aguentava mais vestir e tirar roupa. Quando colocou o último, azul de mangas compridas, com bocas largas e um pouco abaixo dos joelhos, Ellie estava planejando desistir.

– Olha, se não gostou desse, sinto muito.

Quando Ana olhou pra ela e a observou de cima a baixo, seu sorriso foi inesperadamente satisfeito.

– É esse! – Ela falou.

Com um suspiro de alivio, Ellie agradeceu a Deus por finalmente ter encontrado um vestido árabe que lhe caísse bem. Era um pouco ocidental, tá certo, mas havia aquele toque especial de Dubai que não podia faltar. Especialmente em uma festa tão típica.

Depois de pagarem pelo vestido, ambas dirigiram-se para a Feira Anual de Dubai, onde pessoas de todo o mundo encontravam-se em busca de joias, tecidos, lenços, panos, artesanatos de todos os lugares e sandálias. A feira era enorme, estendia-se por um pátio gigantesco e era movimentada por apresentações de dança e truques de mágica. Ao passear por ali, Ellie e Ana ficaram encantadas com tudo. Ana já conhecia a feira, por já ter estado lá, mas muitas coisas estavam diferentes, melhores. E ao avistar algo de que gostava muito, Ana serpenteou entre as pessoas, deixando Ellie em frente a uma barraca de joias preciosas, ornamentadas com todo tipo de pedras, já que ela havia querido ficar. As joias misturavam-se. Havia brincos de todos os preços e tamanhos. Pedras coloridas, raras e até mesmo comuns. Os braceletes reluziam com a luz do sol e o resultado era ligeiramente ofuscante. Sentindo-se subitamente feliz, Ellie não notou, que mais a frente na feira, havia uma agitação maior de pessoas. O motivo? Parecia pouco importante. Neste instante – um instante pequeno e rápido –, ela se agachou para observar uma coleção de rubis. Eram lindos. As pedras mais lindas que ela já tinha visto. Distraidamente, ela olhou a fileira de bancas de joias preciosas que estendiam-se à frente e por um momento, foi pega de surpresa. Parado encostado em um carro enorme, prateado e cujo tal ela não pôde identificar, estava um rapaz. Ele vestia uma dishdasha branca, embaixo, uma calça marrom escuro e sapatos. Seu keffieyh era branco com vermelho e voava delicadamente com o vento. Mas o seu rosto... Era perfeito. Ellie sentiu-se compelida a olhar pra ele, como se aqueles olhos azuis sempre tivessem estado ali. Como não olhar? Um arrepio percorreu todo o seu corpo e seus olhos não podiam se retirar dos olhos daquele rapaz. Ele era alto, tinha pouca barba e a olhava de forma penetrante. Estava parado, simplesmente encarando-a.

Parecia que as pessoas haviam sumido. Por apenas um instante, o tempo parou naqueles olhos. Que tempo não pararia? Quem não ficaria vidrado?

E ao som da voz de Ana chamando-a, Ellie foi obrigada a desviar o olha do rapaz, minutos depois de voltar a si. Encarou a amiga.

– Está tudo bem Ellie?

Ana tinha o cenho franzido. Ellie engoliu em seco.

– Sim, está. Eu estava apenas olhando a feira. – E virou-se na direção de onde o rapaz estava.

Quão grande foi a sua decepção. Ele não estava mais ali. Nem ele e nem o carro onde estava encostado. Ellie procurou-o em meio às pessoas, mas não o encontrou. Ele não estava mais lá e ela não fazia a menor ideia de quem ele era. Teria sido um vislumbre causado por sua imaginação? Será que ele era mesmo real?

– Está procurando alguma coisa, Ellie? – Perguntou Ana, inclinando-se na direção do olhar da amiga.

– Não Ana, eu estava apenas observando a feira, já lhe disse.

Ana assentiu, mas continuou desconfiada. Na verdade, foi assim pelo resto da tarde. As duas continuaram a andar pela feira, procurando joias e sandálias que combinassem com o vestido azul de Ellie. Embora tudo fosse encantador ali, a moça não conseguia deixar de olhar em todo lugar, na esperança de encarar novamente aqueles olhos profundos que ela jamais havia visto antes. O frustrante foi que ele não apareceu novamente. Havia sido aquilo e mais nada. Como esses pequenos vislumbres rápidos de algo belo que temos na vida. O que passava pela cabeça de Ellie, na maioria das vezes era: quem será ele? Será que um dia o verei novamente?

Essas eram perguntas que somente o tempo responderia. Mas difícil, não? Dubai era uma cidade muito, muito grande...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e aguardem o próximo! Uma festa vem por aí! :D



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