— Ei Sirius, achou que podia ir embora sem se despedir? — James Potter parou o amigo antes que este virasse a esquerda, impedindo que sumisse de sua vista, correndo no processo para alcançá-lo.

Noites como aquela costumavam ser muito comuns, jantares na casa de James e Lily – quem diria! – com os marotos reunidos e uma grávida Lily, ora rindo ora gritando com os homens para que parassem com a algazarra. Não eram mais crianças, mas essa parte da essência dos amigos nunca os deixariam.

— Você estava conversando com a barriga de Lily, James. Não quis atrapalhar o momento. — Sirius, como o último a partir, falou com um quase riso saindo de sua garganta. James era o cara mais apaixonado e feliz que conhecia, e sim, ele tinha todos os motivos.

James riu também.

— Você terá isso um dia, cara. Então vai entender.

— É, talvez. — Black concordou, mesmo que descrente.

Não falaram mais nada, apenas passaram a andar lado a lado. Se olhavam e riam certas vezes. Não, não eram mais crianças. Era tudo diferente agora, porém aquilo, a amizade que partilhavam, tão pura e inocente nunca mudara. Nunca mudaria.

Sirius abriu os olhos repentinamente. Quando dormia e tinha aquele tipo de sonho quase esquecia-se de onde estava, que estava no meio da sujeira e do medo. Azkaban era caótica por si só. Então tinha os dementadores.

E a dor.

Ah, essa era a pior parte. Cada vez que a melancolia subconsciente levava Sirius Black de volta a lembranças passadas, todo o resto retornava. A mesma sensação de quando a notícia o pegara assim como a morte abraça antes da hora. Aquele momento em específico, fora um dos últimos de felicidade plena. Veio Harry, o que deveria ter sido a luz incandescente em meio a escuridão, contudo após o nascimento do único filho dos Potter, um desencadeamento de desgraças surgiram.

Aquela fora a última vez que Sirius Black soubera onde os amigos moravam. A ordem da fênix precisou se unir cada vez com mais força para combater o crescente exército de Trevas do Lorde Voldemort.

E o resto... Bem, é história. Todos conhecem o destino de James e Lily Potter e seu pequeno filho, sobrinho de Sirius Black. Também conheciam o causador e o culpado. Ou pensavam que sim. Sirius nunca traíria seus amigos e doía pensar que acreditavam realmente em tal coisa.

Os dias passavam longos demais sem James, seu melhor amigo, enquanto trancado em Azkaban para a vida culpado de trair sua confiança, matar Peter e outras pessoas. Não faria isso também, mas com certeza, matar Pettigrew não seria uma hipótese que descartaria. Queria vingar a morte de seus amigos, lutar contra Voldemort e conviver com o seu sobrinho, mas não podia por causa de uma calúnia.

Sirius olhou em volta, para onde estava e repassou o porquê. Foi tomado por uma raiva que sempre estivera ali, pela dor da perda mais uma vez. Seu melhor amigo! E Harry sendo seu pequeno milagre. Encontraria o menino, se tivesse sorte.

Contudo, por ora, Sirius Black, o animago, o prisioneiro de Azkaban, padrinho de Harry, membro da ordem da fênix e melhor amigo de James Potter, esperaria o momento certo. E estava louco para contar tudo para James assim que o visse de novo.