A Broken Soul escrita por CrazyDave


Capítulo 4
No Controle


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoas de my hort !Sorry pela demore, espero que alguém ainda leia!
E desculpe os erros!



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Capitulo Quatro

O que a incomodava eram os gritos.

Nunca se acostumara com eles. Finos, indignados, desesperados. Alguns não tinham forças para gritar, claro, então usavam todo o poder do olhar para transmitir o tanto que eles detestavam o que ela estava fazendo com eles. As mesmas palavras, as mesmas expressões faciais, o mesmo terror gravado em todo o rosto, o corpo congelado, as mãos enroladas em punhos, prontos para lutar até o fim, a sobrevivência sendo última estaca em que agarravam.

Bella deveria estar acostumada com isso até agora.

A verdade? Ela não estava e bem no fundo sabia que, não, nunca iria se acostumar com aquilo.

Permanecer em postura era difícil, especialmente naquele momento. No fundo de sua mente, uma voz racional, terrivelmente parecida com a de sua mãe, sussurrava o desprezo, o nojo pela aquela situação. Outra voz, no entanto, argumentava a importância daquele passo para a família estática na sua frente. O quanto aquilo era importante para eles.

Parecia a porra de um debate interno. E isso dava uma baita dor de cabeça.

Bella apertou a mandíbula com mais força quando seu paciente, deitado em seu leito de hospital, amarrado a cama com uma algema policial convulsionou para frente e começou a soluçar. O som era uma terrível mistura de gritos raivosos e tristeza, decepção. Como se sua famiia o tivesse traído de alguma forma, entregado seu corpo para uma assassina.

Apertou seus próprios punhos, a vontade enorme de se lançar para frente e abraça-lo, dizer que tudo ficaria bem, que ela estava ali para ajudar, que ele ficaria bem, que ele poderia ter uma vida normal quando tudo acabasse. Dizer que sua família o amava, que a decisão de interna-lo, manda-lo para longe era a precaução de não ter que vê-lo em um saco negro, enterrado a sete palmos da terra e se arrepender de não ter feito nada para impedir aquilo.

Mas Mike colocou a enorme mão em seu braço, quente e reconfortante, como se para lembra-la o que acontecia quando ela perdia o controle e tentava se aproximar de um viciado a essa altura.

Mortos, o vento sussurrava em seu ouvido, todos mortos.

Ela ainda tinha a marca em sua mandíbula, uma cicatriz feita por uma agulha, quando tentou reconfortar um deles. E pensar que Emmett se tornaria um de seus braços direitos.

Nem tudo está perdido, argumentou para a voz irritante em sua cabeça, eles podem ser salvos.

Mortos, insistia, todos mortos.

Bella não estava nem um pouco afim de debater com a replica de Rénee em sua cabeça. Então se voltou para a mãe do paciente, encolhida do outro lado da sala, os olhos em seu filho, o pânico escrito no rosto.

Bella sentiria pena , se não soubesse que ela havia deixado seu próprio filho chegar aquele ponto.

— Senhora Eleazar, eu quero que explique para seu filho o que está acontecendo. Em detalhes. O paciente precisa...

— Precisa do que?! — berrou o homem da cama, o rosto ainda manchado de lágrimas, mas com uma determinação, uma fúria nos olhos — Eu não preciso de nada! Vá para o inferno!

— Então vamos juntos —retrucou ela, a própria determinação correndo nas veias, porque ela sabia, sabia o que ele estava sentindo, sabia da decepção. Bella também sabia o quanto aquilo poderia ser fatal e inferno se ela deixaria um de seus pacientes gritar com ela — Vamos lá, Ethan. O que você acha? Que eu terei pena da sua bunda? Que suas lágrimas trarão algum tipo de remorso para essa pequena e indefesa mulher? Você fez uma escolha e sua família me chamou para catar a desgraça que ela lhe fez. Então não, não terei um pingo de pena de você quando o farei engolir cada lágrima que derramar a partir de agora.

O silêncio se estendeu no quarto branco e Ethan a encarava com olhos arregalados, puxando fracamente a algema, como se não se decidisse entre sair correndo ou ficar para encara-la com fúria.

Bella respirou fundo e recuou enquanto Mike explicava tudo para ele. Durante anos, havia aperfeiçoado seu controle. Sempre tinha sido uma mulher gentil. Sempre com uma palavra de conforto. Mesmo em seus dias mais escuros, seu temperamento nunca tinha passado de alguns gritos com Jéssica quando ela flertava com seus pacientes.

Não, Bella deixava para dar gritos no quartel, onde podia fazer o que diabos queria e no final ver o resultado no olhar de felicidade e gratidão das famílias.

Ultimamente , no entanto, controlar essa pequena parte escura, seus pesadelos, os flashbacks, havia ficado cada vez mais difícil, mais cansativo. Como se uma pequena parte aprisionada de seu ser quisesse sair, fazer uma aparição.

Como se ela fosse deixar.

Ela podia sentir o olhar de seu melhor amigo em suas costas quando saíram do quarto. O peso da questão que ele queria fazer, se ela estava bem, se algo estava errado.

Havia algo a se dizer sobre Mike. Ele era alto, quase tão alto quanto Emmett, seu corpo construído e braços maiores do que suas pernas. Obviamente atraente agora, olhos azuis incrivelmente profundos, uma voz ligeiramente rouca e uma seriedade quase sexy — e que Emmett não soubesse disso, iria sobrar piadas pelo resto da sua vida — e acima de tudo, seu melhor amigo e irmão de coração.

Claro que, não fora assim desde o começo. Quando começou a faculdade, Mike era magricela e extremamente chato —muito, muito persistente. Botou na cabeça que conquistar Bella Swan era seu objetivo de vida e não parou de importuna-la até que um dia ela lhe deu um soco. No nariz. Jéssica riu tanto na hora que caiu no meio do corredor segurando o estômago. Enquanto isso, Bella apontava um dedo para ele e dizia com todas as letras o que aconteceria caso insistisse continuar a pegar em seu pé.

Depois disse, claro, Bella se sentiu extremamente culpada, ofereceu um de seus amuletos da sorte e mandou parar de ser chato — para o bem do rosto dele.

Então, depois de uma semana, viraram colegas relutantes, então bons amigos, melhores amigos e irmãos para a vida.

Então sim, ela poderia dizer o que ele estava pensando enquanto saiam de perto de Ethan e sua familia.

— Bella — ele murmurou, segurando sua mão pequena na dele, como se isso bastasse e bastou. Bella o encarou e sorriu, como se seu pequeno mundo confuso entrasse em órbita e todo o estresse estivesse esquecido.

— Acho que ele vai ficar bem — disse — Ele é o último da lista, certo? Porque eu estou morrendo de fome agora!

— Ogro.

— Baleia.

Bella riu e se levantou nas pontas dos pés e o bateu na cabeça. Mike resmungou e tentou ajeitar o cabelo de volta ao normal.

— Eu totalmente não acredito que fez isso no meu cabelo!

Bella gargalhou com isso e estava prestes a retrucar quando seu celular tocou repentinamente.

Confusa, estendeu a mão para o bolso da calça social e o pegou. Levantou as sobrancelhas para quem estava ligando.

— Jess? —perguntou — O que você aprontou?

— Bella, meu amor! Onde está o meu oi?

Bella revirou os olhos mas sorriu — Olá, querida.O que você aprontou? Não era para você ter pego aqueles documentos com Taylor? Se ele ousar mandar por e-mail, diga a ele o que acontece com o computador.

— Seu nervosismo com tecnologia me assusta, amiga. E sim , eu vim pegar os documentos. Eu sou profissional! Me dá alguns créditos!

— Lembra da última vez que foi pegar alguma coisa para mim? Bem, eu lembro, mas prefiro esquecer.

— Não é minha culpa que o escrivão era um idiota. Ele totalmente merecia aquele soco.Enfim, eu preciso falar com você. Er...muito importante.

Bella franziu a testa, depois apertou os lábios — Jéssica

— Eu não fiz nada. Ainda. Escute, não dá pra convencer, digo, falar com você pelo telefone. Vem pro hospital do Taylor, por favor?

— Acabamos de falar com um paciente. Não estou com fôlego para ir em outro hospital, você sabe disso. Vamos falar em casa.

— Errrr...Bella, é muito importante. Você sabe que eu não pediria se não fosse nada. Quando voltarmos pra casa eu compro aquela sua pizza de maluco.

— É vegan, Jéssica. — Bella encarou Mike, que estava encostado no corredor, dando em cima de uma enfermeira e bufou — Ok, eu vou. Você paga

— Baleia

— O que há com vocês me chamando de baleia? Cadela.

Bella encerrou a ligação e foi para o lado de Mike, que estava com uma enfermeira ruiva de bronzeado duvidoso.

— Ei, amor —cumprimentou ela e Mike congelou — Mike, amor, você está se sentindo bem? Quero dizer, você esta conversando com uma enfermeira...oh, oi!

A mulher gaguejou, ficando vermelha — e piorando consideravelmente o bronzeado — e saiu em disparada pelo corredor.

Bella riu, olhou para a cara azeda que seu melhor amiga estava lhe dando e bufou —Isso que dá quando se fica dando em cima de enfermeiras no horário de trabalho.

—Eu estava trocando uma ideia! Entendeu? Eu estou na seca!

Bella balançou no ritmo de alguma música em sua cabeça enquanto caminhavam para o estacionamento.

— E quanto a Carmen?

— Ela tentou me matar, Bella, ela esta fora da minha mente agora.

— Pare de ser um maricas, ela só pegou uma faca e o perseguiu por vinte quarteirões. Nada demais.

Bella se sentia mais leve agora enquanto brincava com seu melhor amigo. Se sentia mais no controle, como se pudesse estar no comando, como se nada escuro estivesse a espreita no fim do caminho, como se ela pudesse estar em paz.

O que era, claro, uma mentira.

A voz em sua cabeça sempre estava presente, não importa como ou quando. Um aviso, um alerta do que a esperava quando abaixava a guarda ou deitava a cabeça no travesseiro.

Mas Bella podia controlar aquilo, viver como se nada de ruim tivesse acontecido em sua vida.

Como se ela fosse realmente em paz.

Mas quando ouviu o rangido de seu pequeno amuleto em sua mão, percebeu o aperto de morte que o dava, sua mão vermelha, as unhas machucando a pele da palma da mão e a pequena fileira de sangue onde uma havia conseguido romper.

Mortos, repetia o vento, todos mortos.

No fundo de sua mente, sua mãe deu uma gargalhada maléfica.

Talvez, ela pensou, ela não estivesse tanto no controle assim.



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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado e talvez comentem? Adorariaaaaa!
E ai, gostaram do pov da Bella? E do Mike? Deixe-me saber!



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