Eu acordei irritada comigo mesmo. O que havia dado na minha cabeça em andar de mãos dadas com o Thiago pelos corredores da escola. E ainda para piorar eu passei a noite inteira tendo sonhos com ele. O que será que estava acontecendo com o meu cérebro? Eu sabia perfeitamente bem que se apaixonar por Thiago era mesma coisa que pedir um coração triturado.
Ah mais essa agora. Quem disse que eu estava apaixonada pelo Thiago? Achar alguém bonito, interessante carinhoso, não significava nada. Eu tinha que parar de pensar tanto no Thiago eu disse para mim mesmo enquanto descia as escadas que me levavam para o salão comunal, e como para confirmar minhas palavras eu vi o Thiago parado na porta conversando animadamente com duas garotas.
Olhe bem para isso Sarah. Eu ordenei para mim mesma. Ele provavelmente estava falando a mesma coisa que sempre fala pra você. O Thiago era sinônimo de sofrimento.
Eu sentei no sofá ao lado do Pedro que estava lendo um livro.
-Bom Dia Sarah. -O Beto me cumprimentou gritando, e eu tive quase absoluta certeza que ele só fez isso para alertar o Thiago que abandonou rapidamente as duas garotas e se aproximou de mim.
-Bom dia. –Respondi num murmuro.
-Bom dia minha ruiva. -Ele me cumprimentou na maior cara de pau.
-Não me chama assim. -Eu gritei irritada com ele.
-E pelo visto a minha ruiva amanheceu de mau humor.-Ele disse com aquele sorriso bobo pregado no rosto.
-Eu não sou sua ruiva. -Eu gritei ainda mais irritada, como ele podia fala isso.
-É pelo jeito voltamos à estaca zero. - O Beto riu do Thiago que fazia a maior cara de coitado.
—O que foi que eu fiz?—O Thiago perguntou confuso.
—Nada. —Eu disse tentando ignorá-lo. —Só não de dei intimidade para me chamar assim.
—Não foi o que pareceu ontem. —A traidora da minha amiga surgiu de um buraco qualquer e me deixando vermelha.
-Pelo contrario, ontem ela pareceu gostar de ficar em cima do Thiago. -O Beto disse me fazendo ficar mais vermelha do que um pimentão.
-Foi diferente. –eu me defendi.
—A Sarah só não quer dar o braço a torcer. —O Pedro parou de ler pra falar aquele comentário maldoso.
—Eu não tenho que dar o braço a torcer de nada. —Eu protestei irritada, porque todo mundo achava que eu era apaixonada pelo safado do Thiago, eu o achava bonito, interessante, carinhoso, mais isso não quer dizer nada.
—Tava com ciúmes.
—Eu ciúme do Thiago, pelo amor de Deus.- Eu disse ao berros.
—Não precisa ter ciúmes de mim ruiva. —O Thiago disse isso se sentando ao meu lado.
—Não chega perto. —Eu disse me levantando.
—Ta com medo de não resistir. —A Dora perguntou me provocando.
Eu não me dei ao trabalho de responder a Dora, eu me levantei do sofá e sai batendo os pés. Que amigos eram esses?
Eu andei pelos corredores da escola até encontrar o Artur, ele tinha sido quase meu namorado. Na verdade ele ainda estava tentando, mais sem grande sucesso, posso dizer. Ele me convidou para sentar-se à mesa dele no refeitório e eu achei uma boa idéia aceitar já que eu não podia contar com meus amigos traidores.
Eu senti do lado do Artur na mesa e enquanto eu comia tinha a sensação de estar faltando algo. Eu vi quando meus amigos entraram no refeitório, e vi muito bem o olhar de incredulidade que a Bell lançou em minha direção, enquanto o Beto segurava o Thiago pra não ir à nossa mesa.
Assim que o café da manhã acabou eu corri para quarto, doida para me livrar do Artur eu não agüentava, mas aquele papo chato, mais foi só eu trancar a porta pra Dora e Bell aparecer com o maio cara de reprovação como se eu tivesse feito a pior coisa do mundo.
-Como você pode fazer isso?-A Bell foi logo me acusando.
-O que foi que eu fiz?-Eu perguntei me fazendo de inocente.
-Ir tomar café da manhã com o Arthur. -Ela disse fazendo uma cara de repulsa.
-E o que tem? Ele é simpático.
-Por Deus Sarah ele nem chega aos pés do Thiago.- Lá estava a Bell dramatizando.
-Mas pelo menos o Artur não vai me trocar pelo primeiro rabo de saia que passar na sua frente.
-O Thiago também não. -Bell disse prontamente o defendendo.
-Será que não?-Eu duvidei na cara dela.
-Ele esta mudando. -A Dora acompanhou Bell.
- Pau que nasce torto... –pode se disser que eu nem precisei completar o ditado.
-Foi o maior sacrifício pra segurar o Thiago naquela mesa. -A Dora disse indo para o banheiro.
-Chega. Eu não quero mais falar nisso. -Eu alertei-a.
Vamos para vila logo em seguida, depois de fazermos algumas compras decidimos parar em algum lugar para comer, entramos na nossa lanchonete preferida mais estava lotada. Então decidimos ir para outra, mais antes de sairmos o Pedro gritou a Dora de alguma mesa. E é claro que a Dora nos arrastou prá lá.
-O que fazem aqui?-O Pedro perguntou como se não fosse obvio.
-Estávamos procurando um lugar para comer. - A intrometida da Bell respondeu.
-Já acharam. -O Beto disse apontando uma cadeira para ela, e é claro que ela correu e sentou ao seu lado, para o meu desespero eu vi que o único lugar restante era do lado do Thiago, eu sentei sem olhar pra ele.
Eu procurei evitar ao máximo olhar para o Thiago, e ele também não fez nenhum esforço para falar comigo, como se tivesse direito de estar com raiva de mim.
-Vamos brincar de Verdade, desafio ou nota? -O Beto perguntou despachando o resto da cerveja no meu copo.
Eu tomei um longo gole, não estava com vontade nenhum de brincar disso, mais como sempre eu era voto vencido.
-Vamos. -Todo mundo concordou.
O Beto tombou a garrafa na mesa e girou, eu fiquei feliz de estar sentada ao lado do Thiago pelo menos assim não iria sair eu e ele.
Bell e o Pedro.
-Verdade, desafio ou nota?-O Pedro perguntou.
-Nota.
-Que nota você dá para os músculos do Beto?
-Cinco. -A Bell disse olhando para o Beto por um tempo.
-Cinco?-O Beto repetiu inconformado.
-Tá seis. - Bell disse sem jeito.
-Vai ter que malhar mais Beto. -O Thiago zoou do Beto que parecia inconformado.
-A verdade. - Eu falei para Bell a fazendo ela ficar vermelha.
-Mais...
-Verdade. -Eu repeti.
-TÁ sete.
-Mentirosa. -Eu gritei fazendo a Bell corar no mesmo instante.
-Oito. E é minha nota final. -Ela disse olhando para o chão para disfarçar.
-Eu ainda não acredito que recebi um oito. -O Beto protestou inconformado enquanto a Bell já rodava de novo a garrafa.
Beto e a Dora. Eu fiquei com dó da Dora.
-Verdade, desafio ou nota?- O Beto perguntou com um sorriso maligno.
-Verdade. -Dora sempre sem graça.
-Verdade que você só ficou com o Pedro pra fazer ciúmes para seu ex?-O Beto havia pegado pesado nessa, pois a Dora ficou vermelha na mesma hora enquanto o Pedro arregalava os olhos.
-Não...
-A verdade. -O Thiago pressionou.
-Só no começo. -Ela confirmou enquanto corava violentamente.
Thiago e Pedro.
-Verdade, desafio ou nota?-O Thiago perguntou.
-Desafio.
-Vai até o balcão e pede um copo de leite.
-Isso não vale. -O Pedro protestou mais regras são regras e ele teve que ir. Depois de algum tempo ele voltou vermelho, todo mundo na lanchonete riu da cara do coitado do Pedro.
Bell e o Thiago.
-Verdade. -Ele respondeu antes dela fazer a pergunta.
-Verdade que você dispensou a Amanda por causa da Sarah?
Em vez de o Thiago arregalar os olhos foi eu que fiz isso.
-Verdade. -Ele disse sem hesitar enquanto eu me engasgava com o copo de cerveja que eu tomava para disfarçar.
-Tudo bem com você?-Ele perguntou batendo levemente na minha costa.
Eu confirmei com um aceno de cabeça enquanto o Beto protestava.
-Essa foi muito fácil.
Sarah e Beto.
-Verdade.
-É verdade que vocês têm uma lista de quantas garotas vocês pegaram?-Eu falei aquilo e depois corei violentamente, como eu tinha tido coragem de fazer uma pergunta daquela.
Beto olhou por um momento pro Thiago que acenou com a cabeça pra ele.
-Se esses vocês quer dizer eu e o Thiago é mentira. Eu tenho, mais o Thiago parou a dele deste que conheceu certa ruiva.
Aquela expressão de espanto estava ficando freqüente na minha cara. Eu não conseguia acreditar, de maneirar alguma eles iam me convencer disso.
Bel e Sarah.
Eu senti dó de mim naquele momento. Era obvio que ela iria se vingar de mim agora.
-Nota ou desafio?
-Nota. Mais pega leve. -Eu pedi quando um sorrisinho brotou em seus lábios.
-Pode deixar. Que nota você da para o beijo do Thiago?
O Thiago se mexeu desconfortavelmente na cadeira do meu lado.
-Isso não vale?-Eu protestei. -Eu nunca beijei o Thiago.
-Eu quero mais uma cerveja?-Ele disse virando o copo dele.
-E aquele beijo...
-Foi roubado. -eu protestei no mesmo instante corando.
-Mas já deu pra sentir o sabor?- o Beto disse ajudando a Bell.
- Tá, oito. - eu disse corando violentamente enquanto o Thiago enchia novamente seu copo.
-Mentira. -A Bell gritou e ali eu tive certeza que ela estava se vingando.
-Tá dez.-Eu murmurei e todo mundo da mesa gritou menos o Thiago que se engasgou com a cerveja.
Eu pegue a garrafa e girei rapidamente, enquanto o Beto batia nas costas do Thiago.
Dora e Thiago.
-Quando foi a ultima vez que você ficou com uma garota?-Ela já foi perguntando.
O Thiago lançou um olhar na minha direção enquanto o Beto gritava.
-O Thiago não pode mais verdade.
-O que tem ele responder? Responde Thiago. -A Dora pressionou. Eu tinha que confessar que essa resposta muito me interessava.
O Thiago olhou de mim para o Beto, não precisava dizer mais nada, era obvio, que ele havia mentido quando dizia que não se interessara por mais ninguém deste que me conheceu. Eu abaixe minha cabeça infeliz, enquanto sentia uma pontada no coração.
-Vamos ao banheiro Sarah? -Bell me chamou vendo o desconforto dos meninos.
Eu concordei, e levantei rapidamente o que fez tudo a minha volta girar, eu devia der bebido demais, porque dei dois desengonçados passos para frente e me desequilibrei batendo em um garoto magro mais muito alto derrubando o copo de cerveja que ele segurava.
-Olha por onde anda sua cenoura ambulante. - Ele berrou para mim enquanto olhava para a camiseta molhada.
-Cenoura ambulante é a sua mãe. —Eu revidei no mesmo instante, o álcool já estava fazendo efeito.
—Olha com fala sua vaca. –Ele disse me encarando furioso.
Eu fitei ele com a boca aberta, eu tentei engolir mais para dar um grito decente mais parecia que a voz havia sumido então eu escutei uma voz firme soar atrás de mim.
—Que tal você se meter com alguém do seu tamanho. —O Thiago estava logo atrás de mim, foi impressionante como o medo desapareceu, o Thiago me empurrou levemente para trás de seu corpo.
—Com o maior prazer. -O garoto disse desferindo um soco contra o Thiago.
Um grito de pavor escapou de meu lado, enquanto o Thiago revidava no mesmo instante. Daí pra frente foi a maior confusão o Pedro e o Beto se juntou com o Thiago enquanto outros garotos se envolvia a briga só acabou quando o dono da lanchonete colocou todos pra fora.